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quarta-feira, 3 de junho de 2020

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS LUZES DA ESPERANÇA NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E OS FUNDAMENTOS CIVILIZATÓRIOS NOS NOVOS HORIZONTES DA SUSTENTABILIDADE


“Manifesto de esperança
        Em tempos de pandemia da Covid-19, temos consumido muitas informações, sobretudo as vinculadas na internet. De que modo reagimos às intempéries? Como bom mineiro, me faço a seguinte pergunta: como nosso espírito mineiro enfrenta tudo isso?
         Trazemos conosco a mesma realidade do rio, que contorna os percalços e acidentes geográficos. Na linguagem atual, o mineiro é resiliente. A resiliência é a capacidade de se recuperar de situações difíceis e aprender com elas. É o poder de recuperação diante dos desafios.
         Minas é marcada pelas montanhas e acidentes geográficos. As Gerais, ao contrário, têm uma vegetação rala, mais seca, mais planícies. Ambas trazem, a seu modo, as dificuldades em seu bojo. Político mineiro e mais longevo ministro da educação do Brasil, Gustavo Capanema retrata um pouco além: “no do Sul, a calma, a paciência, a serenidade; no da Zona da Mata, a bravura, a dureza, a teimosia, a energia, a pugnacidade; no das montanhas e da mineração, o idealismo, o sonho, a filosofia, o quixotismo.”.
         O mineiro não enfrenta, não bate de frente, encarapaça-se, engaiola-se para não se magoar, nem se ferir, nem ferir o outro. Sente antecipadamente a dor do seu próximo. É a forma que encontra de cuidar carinhosamente do seu semelhante. O quanto isso é valioso agora! Para isso, é preciso força. Aquela que vem de dentro da gente e que, se a gente acredita, brota como uma semente lançada.
         O olhar que se volta para os desafios de hoje é o mesmo que se dirige para o horizonte e nos traz a esperança de que seguiremos nessa odisseia humana para tempos mais fraternos, mais geradores de vida. Por isso é preciso ter clareza de que precisamos seguir uma rotina adaptada ao momento, fazer coisas que nos dão prazer, não nos isolar do contato afetivo, pelos meios possíveis, e ter consciência de que este momento vai passar.
         Mineiro reclama, esbraveja. Faz isso como um desabafo, mas logo está disposto a recomeçar. Ele é um louco-teimoso! Mas, ao mesmo tempo, tem a paciência de esperar e prosseguir renovando suas energias. É assim que a cor da esperança do mineiro tem a marca de sua persistência e ânimo. Esperamos um amanhã, breve e cheio de reencontros.
         O escritor mineiro Rubem Alves, ao se perguntar onde está sua esperança, escreve: “Minha esperança está numa multidão de indivíduos, independentemente do seu lugar social ou econômico, que vivem possuídos pelo sonho da vida, da beleza e da bondade”. Por isso, esperança, Minas Gerais! Siga sua missão, levadas por bons mineiros e mineiras de alma e corações leves, porque os dias logo voltarão ao normal.”.

(Geraldo Trindade. Bacharel em filosofia e teologia e padre na Arquidiocese de Mariana, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 1 de junho de 2020, caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo e edição, página A.PARTE, página 2, de autoria de VITTORIO MEDIOLI, e que merece igualmente integral transcrição:

“Em breve
        A passagem da pandemia deixará o mundo diferente. As previsões são de um ambiente socioeconômico revolto, segundo a McKinsey & Company, uma das maiores consultorias de gestão, que atende as mais importantes corporações e fundações do planeta. Distribuiu aos seus clientes no mês de maio um estudo global de tendências comportamentais e mercadológicas decorrentes da pandemia e no qual analisa o quadro que desponta no horizonte pós-Covid-19.
         Nas considerações iniciais encontram-se a China e o continente asiático, passando pela Europa, pelo Norte e pelo Sul da América, seguindo o percurso do coronavírus e traçando os momentos vivenciados em cada país.
         O estudo lista as perdas dos setores econômicos mais atingidos. Em primeiro lugar a indústria aeronáutica, seguida por petróleo e gás, instituições bancárias, seguradoras, automotivo, moda, agricultura, financeiro, eletroeletrônicos, alimentação. Só a tecnologia digital não perdeu espaço, e apenas o farmacêutico cresceu – 20%.
         A queda do PIB prevista para 2020 encontra o Brasil como o país mais penalizado do planeta, com queda de 8,6%, e o menos impactado, a China, com queda de 4,4%. A média mundial é prevista em 6,5% em relação a 2019. Nessa triste realidade pesa a qualidade dos políticos nacionais. Se em outros países se uniram contra o inimigo (Covid-19), aqui a instabilidade levou a maioria a se aproveitar para incendiar o ambiente. Sempre usando da estratégia surrada do “quanto pior, melhor”, dos pedidos de impeachment. Políticos sem responsabilidade social, refratários às consequências, com visão que não vai além do próprio umbigo, blindados em salários e prerrogativas escandalosas, despreparados moral e socialmente.
         Se a China voltará aos níveis de produção de 2019 já em 2021, a previsão da McKinsey para o Brasil é de retornar ao “antes” apenas em 2023. Os três meses de isolamento custarão três anos para recuperar a perda de empregos e receitas públicas. Mais uma vez o despertar do gigante, deitado em berço esplêndido, sofrerá atraso imperdoável.
         Os Estados Unidos e a Europa também se recuperarão plenamente apenas em 2023.
         A China já está batizada a conquistar mais penetração nos mercados globais com suas gigantescas corporações, as mais capitalizadas, e, ainda, apoiadas por um governo centralizado, determinado e sem oposição interna. Superará em ordem de grandeza os rivais e assumirá o vértice mundial.
         O Brasil desponta como uma das fronteiras de expansão dos interesses da China, com destaque para matérias-primas estratégicas e produtos agrícolas que abastecem suas distantes indústrias de transformação e alimentam 1,4 bilhão de habitantes.
         O Brasil, que prefere exportar seus recursos em vez de transformá-los, que abdicou de seu potencial estratégico, será teatro de uma nova colonização asiática.
         A previsão de retorno à plena normalidade sanitária é prevista para o fim de 2021, quando uma vacina deverá desmontar as medidas excepcionais. Até lá não se registrarão novas explosões de contágio, mas retornos de ocorrências que encontrarão barreiras numa população mais prevenida, protegida e retraída.
         Viajará menos, consumirá em casa, cuidará mais de sua estética, ficará mais tempo no mundo virtual, consumirá mais alimentos frescos, privilegiará a proteção de sua saúde, escolherá produtos mais econômicos, confortáveis, ambientalmente corretos.
         Assistiremos a uma escalada de atitudes para ter ar e águas mais limpas, de cuidados com a reciclagem, com produtos sustentáveis que colaboram com a despoluição do planeta e do clima.
         As fontes energéticas renováveis deixarão o carvão e o petróleo como última e rara opção em 2030.
          O consumo será mais consciente, as compras pela internet crescerão em ritmo vertiginoso, e as pessoas exigirão informações claras do que vão consumir. A fidelidade às “marcas” sofrerá uma reviravolta, a afetividade com as antigas poderá ser substituída por uma ligação mais forte com outras marcas alinhadas com o “novo” tempo. Nisso uma oportunidade enorme para quem souber entender a nova onda.
         A incerteza econômica levará à procura por lojas e marcas com preços menores, que ofereçam uma relação custo-benefício mais conveniente. Entretanto, a “origem correta” e consoante a sustentabilidade ambiental pesará nas escolhas como nunca, em detrimento do preço.
         A permanência em casa com a família crescerá, pois nelas se terá um local mais seguro, sem risco de contágio. Disso as melhorias habitacionais e adaptações das residências para atividades profissionais e de convivência prolongada com seletas companhias.
         As metrópoles, em geral poluídas e barulhentas, perderão seu apelo. Haverá migração para locais “naturais”, que ofereçam saúde e qualidade de vida, e acessibilidade.
         O estudo detecta que as empresas “resilientes” terão oportunidade de se expandir em detrimento das mais conservadoras e acomodadas.
         A consultoria McKinsey sugere a urgência em qualquer empreendimento de reequilibrar custos, fechar setores não estratégicos, enxugar despesas, repensar as rotinas, rever a linha de produtos, simplificar, reinventar à luz da nova realidade.
         Dois terços dos entrevistados acham “mais importante do que antes limitar impactos de mudanças climáticas”.
         A experiência pandêmica deixará, em breve, as empresas realmente resilientes, mas contundentes em revelar seus propósitos, em gerar ação, tomar partido e reforçar a conexão afetiva com os consumidores, as vencedoras do novo tempo.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em março a estratosférica marca de 326,4% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 130,0%; e já o IPCA, em abril, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,40%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.





sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, O PODER DAS HABILIDADES COMPORTAMENTAIS E A LUZ DOS NATIVOS DIGITAIS NA SUSTENTABILIDADE


“Habilidades podem ser desenvolvidas
        Aqueles que desenvolvem adequadamente as chamadas soft skills (habilidades comportamentais) duplicam seu rendimento nas hard skills (habilidades técnicas), aponta estudo desenvolvido pela McKinsey & Company, renomada consultoria empresarial americana. Em outras palavras, os desempenhos escolar, acadêmico e profissional são potencializados pelas habilidades socioemocionais como criatividade, pensamento crítico, empatia, afeto, tolerância, colaboração, resiliência, positividade, liderança, comunicação interpessoal, gestão do tempo, resolução de problemas etc.
         Deste modo, não foi coincidência quando na atmosfera de bits e bytes do Vale do Silício – onde estivemos há poucos meses em visita oficial a nove empresas que desenvolvem conteúdos e produtos educacionais – a expressão mais ouvida por nós foi soft kills. O recado é eloquente em meio a tanta tecnologia: o desenvolvimento cognitivo é importante, porém o ambiente abundante em habilidades socioemocionais  traz produtividade, felicidade e inovação. De fato, o Silicon Valley é apontado por pesquisas como a região dos EUA mais feliz para se trabalhar, detém o menor índice de criminalidade e tem a maior diversidade étnica – cerca de 40% dos que lá trabalham provêm de mais de 60 países.
         Até a década de 1980, reinavam absolutos os testes de QI (quociente de inteligência) para mensurar a aptidão acadêmica dos estudantes ou o potencial dos funcionários de uma empresa, razão pela qual quem tinha QI aquém de 80 era alvo de pilhérias e bullying. Foi, então, que surgiu a teoria das inteligências múltiplas, tendo à frente Howard Gardner, professor e psicólogo da Universidade de Harvard, que investiu sua ira santa contra os testes de QI e uma significativa transformação aconteceu na psicologia da aprendizagem e, mais tarde, no ambiente corporativo.
         Os testes de QI, criados em 1905 pelo pedagogo francês Alfred Binet, basicamente mensuravam as aptidões linguísticas, motoras e de raciocínio lógico. Gardner, por sua vez, deu um novo enfoque a estas três habilidades e propôs mais seis: interpessoal, intrapessoal, artística, espacial e, mais recentemente, a naturalista e a existencial. Hoje incorporadas e valorizadas nos mundos acadêmico e corporativo, conquanto o maior mérito de Gardner foi reconhecer como tipos de inteligência a interperssoal (empatia, capacidade de se relacionar bem com outras pessoas, liderança etc.) e a intrapessoal (virtudes, autoconhecimento, ética etc.). Destas decorrem avanços, mas em boa parte não passam de variações semânticas.
         A teoria gardneriana tem por fulcro duas premissas básicas: as pessoas são dotadas de inteligências diferentes (as nove já enunciadas) e, apesar de admitida herança genética, elas podem e devem ser desenvolvidas – pelos estímulos do ambiente, família, escola e esforço pessoal. Todos temos potencialidades e limitações. Einstein, por exemplo, foi reprovado nas disciplinas de humanas, quando buscou o ingresso na Escola Politécnica de Zurique, porém conseguiu a vaga pelo elevado desempenho em matemática e física. Picasso, por sua vez, foi um péssimo aluno nas disciplinas de exatas, porém um gênio nas habilidades artísticas. Assim, Goethe se faz oportuno quando afirma: “Nem todos os caminhos são para todos os caminhantes”.
         Gardner esteve no Brasil em 2009, a convite da Universidade Positivo, e fui agraciado como um dos 100 educadores convidados. Afável e empático, o seu primeiro gesto antes de iniciar a palestra foi abrir as cortinas e saudar o sol ainda titubeante daquela congelante manhã de inverno. E, ao final, quando lhe perguntaram qual a habilidade mais admirada no mundo contemporâneo, deu-nos a impressão de que hesitou como se tivesse que escolher das nove filhas a mais bela. Porém, não ficamos sem resposta: “É a combinação do pensamento lógico com a capacidade de lidar com as pessoas”. E finalizou: “Inteligência é a capacidade de resolver problemas”.”.

(JACIR VENTURI. Coordenador da Universidade Positivo, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 18 de dezembro de 2018, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 19 de dezembro de 2018, mesmo caderno e página, de autoria de BRUNO RONDANI, fundador e CEO do movimento 100 Open Startups e professor na FIA, e que merece igualmente integral transcrição:

“Nativos digitais
        Vivemos, talvez, a primeira geração em que os netos ensinam os avós. Como nativos digitais, essas crianças absorvem e incorporam inovações que posteriormente serão transferidas no âmbito familiar. Algo similar vem ocorrendo no mercado: a transformação digital tornou-se um assunto obrigatório em quase toda grande empresa, dos mais diferentes setores. Ao mesmo tempo, temos uma geração de startups nativas digitais buscando ocupar escala e posição de liderança nos espaços deixados pelo mercado tradicional.
         As startups, em geral, nascem com o objetivo de resolver um problema relevante de mercado e criar um modelo de negócio disruptivo e escalável. Empresas estabelecidas, muitas vezes, procuram, como parte do seu processo de transformação digital, oportunidades para atualizar ou melhorar processos ou modelo de negócios existentes.
         O dilema do inovador é decidir quando implementar uma inovação. Para a startup, não pode ser muito antes de o mercado estar pronto para recebê-la, pois pode ficar sem recursos e morrer no meio do caminho. Também não pode ser muito tempo depois, quando o mercado já estiver sendo explorado por concorrentes que podem estabelecer vantagens de posicionamento e criar barreiras para novos entrantes. Para a grande empresa, a maior dúvida estratégica é quando a inovação potencial se torna relevante o suficiente para justificar a substituição de um processo ou um modelo consolidado que ela já tornou eficiente com melhorias contínuas ao longo dos anos.
         Hoje, vemos serviços digitais originados por startups ou por grandes grupos tradicionais convivendo e competindo no mercado. Por exemplo, o ZAP Viva Real, antigo Zap Imóveis, nasceu como iniciativa do Grupo Globo para ser uma plataforma de aluguel de imóveis residenciais, e se uniu à startup Viva Real. Por outro lado, temos QuintoAndar, um nativo digital que acaba de se tornar um unicórnio com o aporte da empresa de investimentos General Atlantic.
         No mercado de fintechs observamos o Nubank, um nativo digital se tornando referência em usabilidade para serviços financeiros, acelerando a movimentação de bancos como Itaú e Bradesco, em rápido processo de transformação digital.
         No setor de transporte de cargas, a CargoX, empresa nativa digital que conecta os caminhoneiros com quem precisa desse tipo de serviço, une tecnologia, inovação e big data no transporte de carga, enquanto grandes empresas líderes do setor, como a TNT, passaram por um rápido processo de transformação para também oferecer projetos atualizados digitalmente a seus clientes.
         Duas décadas atrás, a disputa que prevaleceu entre o modelo de inovação corporativo e o modelo de inovação empreendedor era a aposta em pesquisa e desenvolvimento (P&D), por parte das grandes empresas, e no venture capital (VC), por parte do empreendedores. Quem tinha recurso para fazer P&D em escala mantinha a posição de liderança em inovação e um grupo muito seleto de empreendedores tinha acesso a investimentos de VC. Hoje, o jogo da inovação está completamente mudado e muito mais democratizado. Os modelos de inovação corporativa e empreendedora utilizam métodos similares, além de ser cada vez mais comum startups se aliando a grandes empresas e vice-versa.
         As grande companhia têm aprendido rapidamente a se comportar como startups e a se relacionar com essas comunidades. As novatas têm aprendido a inovar em parceria com organizações estabelecidas, de forma a acelerar seu crescimento. Médias empresas, antes com pouco papel no desenvolvimento de inovação disruptiva, passaram a fazer cada vez mais parte do jogo estabelecendo parcerias com startups, inclusive de forma mais ágil.
         Universidades no mundo todo, antes focadas na transferência de tecnologias, começaram a trabalhar de maneira muito mais diversa, como verdadeiros motores de redes de inovação. Políticas públicas, antes mais orientadas a estímulo de investimento em P&D e VC, passaram a enfatizar estratégias de fomento a redes de inovação. Passamos a viver um ambiente onde a inovação acontece cada vez mais em rede e de forma distribuída.
         Em pouco tempo, não será mais o neto ensinando os avós, mas todos aprendendo juntos!”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em novembro a ainda estratosférica marca de 279,8% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial se manteve em históricos 305,7%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,05%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
57 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2018)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.





       

quinta-feira, 25 de junho de 2015

A CIDADANIA E OS GRAVES DESAFIOS DA EFICIÊNCIA E DA QUALIDADE NA GESTÃO DAS ORGANIZAÇÕES

“2016: marco na gestão do país?
        O ano de 2016 pode acabar sendo, por força das circunstâncias, um importante divisor de água para a organização da gestão pública no Brasil, em todas as instâncias. Principalmente, por oportunizar o abandono definitivo do modelo populista genérico, hoje majoritário no imaginário e na realidade do país, que gera custos crescentes e uma grande dificuldade de gestão.
         A situação financeira crítica de União, estados e municípios é a face mais aparente de um colapso institucional, gerado principalmente por uma procrastinação de 30 anos, pelo menos, na busca de um modelo institucional mais apropriado a um país de renda média e com maior inserção tecnológica, como é o Brasil de hoje. O resultado do crescimento vegetativo e descoordenado das estruturas, em todas as instâncias, assim como a falta de melhor entendimento sobre atribuições e prioridades governamentais levou a operações municipais e estaduais que se tornaram impagáveis e difíceis de se administrar. A perspectiva de tornar-se gestor público no Brasil, na persistência desse modelo, pode aproximar-se de um pesadelo. A maioria das estruturas municipais e estaduais do Brasil cresceu vegetativamente entre 30% e 50% nos últimos dez anos. A grande questão é que há um desajuste entre as necessidades e a capacidade de suporte da nação brasileira em relação ao tamanho e funções da sua gestão pública. A falta de colocação em prática de planejamento e direcionamento estratégico das gestões, quando existem, talvez tenha um reflexo tão grave quanto esse crescimento desordenado de sua estrutura. E é, sem dúvida, também uma de suas principais causas. O ano que vem, a partir do agravamento das crises financeiras e institucionais, poderá ser o início da busca por um modelo de gestão pública mais adequado às reais necessidades da sociedade brasileira, em seus diversos segmentos de população, e na abertura de alguns tabus regulatórios que são anacrônicos e já se mostrarão inviáveis no curto prazo. Esse tema deve ser alvo de debate nacional, de incorporação de melhores práticas e novos modelos institucionais, em prática no país e no exterior, e de descontinuidade e desvalorização de práticas populistas e soluções “mágicas”, com o crescimento, entre os agentes políticos, da noção de que gestão responsável também gera votos; e que não há como tornar uma gestão mais profissional se ela não ocorrer em paralelo com a revisão de privilégios corporativistas.
         Configura-se uma inédita situação potencialmente geradora de um pacto diante do possível colapso de todo o sistema. Os limites para se repassar o aumento de custos por meio de ajustes fiscais convencionais, com aumento da carga tributária, já foram atingidos, e talvez ultrapassados. Portanto, é preciso que o ajuste, em todas as instâncias, avance também do outro lado da conta, da organização da gestão pública. De forma sistêmica, e não emergencial. A crise está colocada, a oportunidade é concreta. Na persistência do problema, todos perdem. Na possibilidade de uma solução, o possível início de um avanço institucional de 50 anos.”

(GUSTAVO GRISA. Economista e especialista do Instituto Millenium, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 20 de junho de 2015, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 19 de junho de 2015, mesmo caderno e página, de autoria de JOÃO CORDEIDO, coach, consultor de gestão, pesquisador, especialista de desenvolvimento profissional e escritor. É autor do livro Accountability, a evolução da responsabilidade pessoal (Editora Évora), e que merece igualmente integral transcrição:

“Sem tolerância com a baixa eficiência
        A maioria dos gestores brasileiros não está acostumada a extrair de seu time os melhores níveis de entrega. Com isso, esses profissionais perdem a oportunidade de gerar uma contribuição maior à sua companhia. Além de não alcançar a alta performance, acabam comprometendo os objetivos empresariais, o atingimento de metas e, por fim, os resultados operacionais e financeiros. Essa declaração pode parecer exagerada. Mas, acredite, não é. Simples assim.
         Com a economia recessiva, consumo interno andando devagar e competidores fazendo o possível para não perder as suas participações, é imperativo que o gestor reaja e gere um ambiente criativo, inovador e de agilidade. É preciso também que o gestor tenha uma visão positiva do futuro, sensibilidade e percepção para se antecipar aos movimentos de mercado, cavar oportunidades e conquistar resultados. Isso também não é novo. Essas são ações esperadas e básicas de todo gestor. Dessa forma, já não basta ser apenas responsável. É preciso ir além, e aí sim é a grande novidade do universo corporativo e mantra dos gurus da administração contemporânea.
         Empresas de alta performance resistem melhor a momentos de crise e saem rapidamente de situações difíceis por causa de uma nova variável: ter gestores com a habilidade de pensar, agir como dono e gerar resultados excepcionais. E é esse profissional, como essa competência, que começa a ser disputado pelas corporações.
         Esse conceito está relacionado a algo incomum em nosso idioma: a accountability pessoal, apresentada aqui como uma virtude moral, que leva o ser humano a evoluir a sua percepção da responsabilidade, encontrando oportunidades de deixar uma contribuição maior. Também encoraja os indivíduos a assumir um papel de protagonista em vez de se comportarem como vítimas. A conclusão é prosaica e eficiente: a accountability pessoal é o atalho para se ter profissionais mais completos, sem desculpas ou justificativas, com entrega de resultados consistentes. Assim, cada pessoa é um potencial influenciador e inspirador de seus stakeholders. O modo accountable de trabalho beneficia a todos e faz do gestor um profissional focado, exigente consigo mesmo e intolerante com baixos níveis de performance.
         Aristóteles (385-322a.C.) não acreditava que nascêssemos prontos, do ponto de vista moral. Nessa direção, as virtudes deveriam ser apresentadas ao indivíduo, incorporadas e aprimoradas ao longo da vida. Assim, como a definição original do pensador grego, também a accountability pessoal pode ser aprendida e aprimorada. O antivalor de accountability pessoal é desculpability”, que é a habilidade de afastar de si a responsabilidade, culpando os outros ou as circunstâncias.
         A perversidade, nesse caso, é que a desculpability” é inata e instintiva. Explico: nascemos prontos para nos proteger, defendendo-nos das críticas. Assim, ela pode ser aprimorada e contamina as famílias, a sociedade e, consequentemente, o trabalho. Se fizermos uma comparação com a teoria de mecanismos de defesa, elaborada por Sigmund Freud (1856-1939), talvez a projeção seja o mecanismo de defesa que mais se aproxima da “desculpability”, no qual sentimentos próprios e indesejáveis são projetados a outras pessoas.
         É por meio da “descupability”, portanto, que revivo a primeira provocação deste texto. O executivo brasileiro, de tanto ouvir desculpas, tornou-se tolerante com a baixa performance do seu time e, apesar de termos por aqui excelentes modelos de cultura de alta performance, muitos gestores ainda desconhecem as ferramentas para reverter esse quadro. E uma dessas ferramentas é a accountability pessoal.
         Parte dessa complacência advém do próprio modelo do pensamento nacional, facilmente observado pela tolerância que temos em relação aos problemas que enfrentamos no dia a dia. São condições que afetam indiretamente a nossa estima, o nível de exigência e que, inconscientemente, refletem nas decisões dos gestores. Ser accountable é pegar para si a responsabilidade, sem medo.
         Não estou sozinho nesse fórum de reflexão. Segundo estudo global da McKinsey & Company, publicado no McKinsey Quartely de abril de 2014, accountability é uma das nove dimensões da saúde organizacional, resultado de uma ampla pesquisa com empresas privadas. Que vivencia esse conceito extrai de dentro de si o que há de melhor do ser humano, a coragem para agir como dono do seu destino, tornando-se uma pessoa mais completa em diversas dimensões.
         Um profissional accountability  se transforma em protagonista, e não em mero espectador da vida corporativa, tornando-se um embaixador da cultura proativa das nossas organizações. Eu convido-o a refletir e, se assim decidir, a vivenciar a accountability pessoal tanto na dimensão pessoal, quanto na profissional, encontrando, dessa forma, papéis cada vez mais nobres para a nossa sociedade.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito subiu 1,7 ponto percentual em abril e atingiu 347,5%  ano ano...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a simples divulgação do balanço auditado da Petrobras, que, em síntese, apresenta no exercício de 2014 perdas pela corrupção de R$ 6,2 bilhões e prejuízos de R$ 21,6 bilhões, não pode de forma alguma significar página virada – eis que são valores simbólicos –, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, e segundo o estudo “Transporte e Desenvolvimento – Entraves Logísticos ao Escoamento de Soja e Milho, divulgado pela Confederação Nacional do Transporte, se fossem eliminados os gastos adicionais devido a esse gargalo, haveria uma economia anual de R$ 3,8 bilhões...);

     c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir IMEDIATA, abrangente, qualificada e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!...