(Março
= mês 19; faltam 5 meses para a Olimpíada 2016)
“A
racionalização da sociedade
e o resgate da razão cordial
Atualmente se constata
fecunda a discussão filosófica sobre a necessidade do resgate da razão cordial
como limitação da excessiva racionalização da sociedade e como enriquecimento
da razão instrumental-analítica. Elenquemos aqui alguns direitos da dimensão do
coração:
1.Proteja o coração, o
centro biológico do corpo humano. Não sobrecarregue-o com demasiados alimentos
gordurosos e bebidas alcoólicas.
2.Cuide do coração. Ele
é o nosso centro psíquico. Dele saem todas as coisas boas e ruins. Comporte-se
de tal maneira que ele não precise se sobressaltar face aos riscos e perigos.
3.Vele seu coração. Ele
representa nossa dimensão do profundo. Nele se manifesta a consciência que
sempre nos acompanha, aconselha, adverte e também pune. No coração brilha a
centelha sagrada que produz em nós o entusiasmo.
4.Cultive a
sensibilidade, própria do coração. Não permita que ela seja dominada pela razão
funcional, mas componha-se com ela. É pela sensibilidade que sentimos o pulsar
do coração do outro.
5.Ame seu coração. Ele
é a sede do amor. É o amor que produz a alegria do encontro entre as pessoas
que se querem e que permite a fusão de corpos e mentes numa só e misteriosa
realidade.
6.Tenha um coração
compadecido, que sabe sair de si e se colocar no lugar do outro.
7.Abra o coração para a
carícia essencial. Ela é suave como uma pena que vem do infinito e nos dá a
percepção, pelo toque, de sermos irmãos e de pertencermos à mesma família
humana, habitando a mesma casa comum.
8.Disponha o coração
para o cuidado que faz o outro importante para você. Quem ama cuida, e quem
cuida ama.
9.Amolde diariamente o
coração para a ternura. Se quiser perpetuar
o amor, cerque-o de enternecimento e de gentileza.
10.Purifique
diariamente o coração para que as sombras, o ressentimento e o espírito de
vingança nunca se sobreponham à bem-querença, à finura e ao amor.
Tem sentido estas cinco
recomendações que reforçam o amor:
1.Em tudo o que pensar e
fizer, coloque o coração. A fala sem coração soa fria e institucional. Palavras
ditas com o coração atingem o profundo das pessoas. Estabelece-se, então, uma
sintonia fina com os interlocutores ou ouvintes que facilita a compreensão e a
adesão.
2.Procure, junto com o
raciocínio articulado, colocar emoção. Não a force, porque ela deve
espontaneamente revelar a profunda convicção daquilo que crê e diz. Só assim
chega ao coração do outro e se faz convincente.
3.A inteligência
intelectual fria, com a pretensão de tudo compreender e resolver, gera uma
percepção racionalista e reducionista da realidade. Mas também o excesso da
razão cordial e sensível pode decair para o sentimentalismo adocicado e para as
proclamas populistas que afastam as pessoas. Importa sempre buscar a justa
medida entre mente e coração, mas articulando os dois polos a partir do
coração.
4.Quando tiver que
falar a um auditório ou a um grupo, procure entrar em sintonia com a atmosfera
ali criada. Ao falar, não fale só a partir da cabeça, mas dê primazia ao
coração. É ele que sente, vibra e faz vibrar. Só são eficazes as razões da
inteligência intelectual quando elas vêm amalgamadas pela sensibilidade do
coração.
5.Crer não é pensar em
Deus. Crer é sentir Deus a partir do coração. Então, nos damos conta de que
sempre estamos na palma de Sua mão e que uma energia amorosa e poderosa nos
ilumina e aquece e preside os caminhos da vida, da Terra e do universo
inteiro.”.
(LEONARDO
BOFF. Filósofo e teólogo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 26 de
fevereiro de 2016, caderno O.PINIÃO, página
18).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 23 de
fevereiro de 2016, caderno OPINIÃO,
página 7, de autoria de LINDOLFO
PAOLIELLO, jornalista, presidente da Associação Comercial e Empresarial de
Minas (ACMinas), e que merece igualmente integral transcrição:
“País
que se trata na terceira pessoa
Está na Constituição,
lei maior dos países. A dos Estados Unidos da América afirma, logo de início:
“Nós, o povo dos Estados Unidos, visando a aperfeiçoar a nossa união, garantir
a justiça...”; a Carta Magna do Japão começa assim: “Nós, o povo japonês, por
meio dos nossos representantes na Assembleia Nacional...”; a da Índia: “Nós, o
povo indiano, depois de ter solenemente deliberado...”; já a Constituição da
Rússia registra: “Nós, multinacional povo da Federação russa...”; a
Constituição Brasileira de 1988 começa assim: “Nós, representantes do povo
brasileiro...” E afirma no inciso IV do artigo primeiro: “Todo o poder provém
do povo”. Donde se conclui, pelo consenso das nações, que é do povo, e não de
Deus (ou do Estado) que vem o poder democrático.
No
entanto, nós, brasileiros, agimos como se não percebêssemos esse consenso
universal. Sob certo ângulo, o brasileiro nega sua cidadania. Somos “um povo que
se trata na terceira pessoa”. Curioso é que a chamada de atenção não vem de um
acadêmico, mas de um cronista de futebol, Juca Kfouri. “Nenhum outro povo do
mundo, ao que eu saiba, faz isso” – depõe o cronista, e acrescente: “Ninguém
fala como nós: “Ah brasileiro é assim mesmo!”. Nós nos tratamos como se
estivéssemos de fora, como se fôssemos ou pudéssemos ser outra coisa”,
Nega-se a condição de brasileiro como se nega – por
temê-lo – o desconhecido. O Brasil não conhece o Brasil. Desdenha-se de ser
brasileiro a ponto de parecer denegar essa condição, no sentido freudiano pelo
qual o sujeito, embora formulando um dos seus desejos ou sentimentos, continua
a defender-se dele, negando que lhe pertença. Trocando em miúdos, a pessoa
afirma negando, ou se recusa a perceber um fato que se impõe no mundo exterior.
Vemos,
a todo momento, o brasileiro se queixando de seus representantes, sem se
lembrar, ou denegando, que eles foram escolhidos por ele. Um modo bem
brasileiro de lidar com os próprios problemas é atribuí-los a terceiros. Então,
há uma crise de representatividade. Mas, antes, há uma crise de identidade, por
isso o brasileiro se refere a ele próprio na terceira pessoa.
Retornemos
à Constituição: “O poder vem do povo” e este é um conjunto de indivíduos que,
para deter o poder, tem que exercer o poder. Não sendo mais do que a cooperação
entre indivíduos, a sociedade não pensa e não age. Assim como também devemos
entender que, com a palavra sociedade, não nomeamos uma entidade superior à
qual os indivíduos devem servir com o sacrifício de seu próprio interesse, mas
sim um meio para os indivíduos se realizarem como seres humanos, na medida em
que realizam seus valores e desejos.
Comento
aqui o que entendo estar por detrás da crise, para que venhamos a entender o
que precisamos pôr à frente das soluções para a crise. Refiro-me à incapacidade
dos indivíduos de assumir suas responsabilidades. Mas também me refiro ao uso
cada vez maior da força estatal para regular a vida dos indivíduos (a educação,
por exemplo) e intervir desastradamente na vida das empresas e na economia.
Controlando e intervindo, o governo fere de morte o desenvolvimento humano
capaz de formar uma sociedade livre, próspera, formada de pessoas felizes
capazes de construir seu próprio caminho.
Fala-se
tanto em um novo modelo para o Brasil. Seu enunciado é simples e será simples
sua realização se for confiada a um modelo também novo de líderes, sem ligação
com a trilha da velha política, dotados de uma formação cidadã e imbuídos do
conceito de empreendedorismo: um modelo de país que parta da ampliação da
liberdade das pessoas, com relação às suas capacidades e às oportunidades ao
seu dispor, para que possam escolher a vida que desejam ter e ser aquele ou
aquela que desejam ser.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais
como:
a)
a educação
– universal e de qualidade –, desde a educação
infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em
pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas
crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –,
até a pós-graduação (especialização,
mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República
proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução
educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do
país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da
justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da
sustentabilidade...);
b)
o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são: I – a inflação,
a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se
em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco
Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em janeiro a ainda
estratosférica marca de 410,97% para um período de doze meses; e mais, também
em janeiro, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 10,71%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a
lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato,
Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso
específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e
que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c)
a dívida
pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e
municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do
Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros,
encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão
de R$ 1,044 trilhão), a exigir
alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade);
entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que
possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e
potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos e que contemplam eventos como a
Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das
exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das
organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
-
Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por
uma Nova Política Brasileira...