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sexta-feira, 10 de junho de 2016

A CIDADANIA, OS FASCINANTES DESAFIOS DAS CIDADES INTELIGENTES E A TRAVESSIA PARA A SUSTENTABILIDADE

“Cidades cada vez mais inteligentes
        Nas cidades inteligentes, o cidadão e os serviços essenciais estão conectados; utilizam energia limpa; reaproveitam a água; tratam o lixo; compartilham produtos, serviços e espaços, se deslocam com facilidade e usufruem de serviços públicos de qualidade. Além disso, a cidade inteligente cria laços culturais que unem seus habitantes, propiciam desenvolvimento econômico e melhoria da qualidade de vida.
         Em busca do status de Smart City, cidades de todas as regiões do planeta irão investir entre US$ 930 bilhões e US$ 1,7 trilhão ao ano até 2025. Porém, mais do que investimentos, a cidade para ser inteligente necessita de iniciativas inteligentes dos poderes Executivo e Legislativo.
         A iniciativa privada tem se reunido em fóruns mundiais, como o Smart Business America, para apontar soluções e oportunidades de negócios no mercado das Smart Cities. Entre as adaptações, que seguem o desejo da população, estão a adoção de conceitos e tecnologias sustentáveis; inclusão urbana, ao contrário do isolamento das periferias; educação agregadora para evitar a radicalização; foco total na educação presencial e inclusiva até os 18 anos; e planejamento urbano que contemple os espaços para ensino e educação, que hoje não é apenas uma questão acadêmica.
         Com essas novas características, as cidades inteligentes terão um aumento da oferta de emprego nos setores públicos, de hospitalidade e, principalmente, da economia criativa, área que tem crescido exponencialmente, tendo como processo principal o ato criativo e resultando, entre outros, na transformação da cultura local em riqueza econômica.
         Essa evolução social e cultural promete gerar novos desejos, fazendo com que a cidade seja utilizada cada vez mais por prazer e promovendo ideais como inclusão, aproximação, conectividade, relacionamento e compartilhamento. O conceito aborda, também, a verticalização das cidades, com práticas sustentáveis e encurtando distâncias com soluções inteligentes de transporte, com o carro deixando de ser sonho de consumo; e uma transformação legislativa, que deverá possibilitar e encurtar caminhos para o desejo da maioria.
         As novas tecnologias vão permitir, ainda, que as pessoas possam trabalhar em casa, além de não precisarem se deslocar para adquirir o básico ou resolver problemas burocráticos. Não tem mais lógica as pessoas se dividirem, diariamente, entre dois ambientes (residencial e comercial). Assim como não existe lógica no horário comercial padrão. Por qual motivo a maioria das pessoas é obrigada a se deslocar nos mesmos horários? Veremos, em breve, o fim dos prédios comerciais como conhecemos. Já os prédios residenciais ganharão novos conceitos e funcionalidades.
         Fica claro que os próximos anos serão de transformações intensas nos grandes centros urbanos. O conceito das Smart Cities tem ganhado força em todos os continentes e, em breve, seus benefícios estarão presentes em nossas vidas. Em um ambiente cada vez mais degradado e com dicotomias religiosas e políticas, as cidades inteligentes, apostando na inclusão, em soluções compartilhadas e em serviços públicos eficazes, podem representar a oportunidade de viver numa sociedade ideal.”

(CARLOS SANDRINI. Arquiteto e urbanista, fundador e presidente do Centro Europeu, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 8 de junho de 2016, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de LINDOLFO PAOLIELLO, jornalista, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas, e que merece igualmente integral transcrição:

“O Brasil em travessia
        Tenho em minha mesa de trabalho uma estatueta da Vitória de Samotrácia. É a réplica que se encontra no Museu do Louvre e chama a atenção por lhe faltarem a cabeça e os braços. Perguntam-me por que a preservo e respondo: ‘Para que eu não me esqueça de que a vitória nunca é completa’.
         Muita gente vive hoje no Brasil a sensação da vitória incompleta. O presidente Temer, em seus primeiros atos, errou aqui; acertou ali. Nossa estatueta da vitória terá perdido um ou dois dedos. Venhamos que tenha perdido uma das mãos. Mas agora é de um Brasil sendo esculpido que falamos. Convém termos consciência da encruzilhada em que estamos, no momento em que esta obra se inicia, para entendermos que a prudência é atitude crucial nesta travessia. Cabe, bem aqui, nos ancorarmos em um fato decisivo para a formação dos Estados Unidos: a atitude de Benjamin Franklin, no momento da aprovação da Constituição americana, em 1787. Ele não tinha menos incertezas sobre o momento do qual era protagonista do que temos agora, nós que temos que nos entender como protagonistas da reconstrução do Brasil: “Tenho que confessar que não estou inteiramente de acordo com esta Constituição no momento e, senhores, não tenho certeza de que eu a aprove inteiramente um dia”. Em seguida, o líder da criação da nação americana toma sua decisão: “Tenho que concordar com esta Constituição com todas as suas falhas porque acho que um governo geral é necessário para nós, e não existe forma de governo, quando bem administrado, que não seja uma bênção para o seu povo (...) Tentem junto comigo, nesta ocasião, duvidar de sua própria infalibilidade e, para manifestar nossa unanimidade, coloquem seu nome neste instrumento”.
         O governo Temer, com as suas falhas, é o que temos. Nós o constituímos, por meio de nossos representantes, para realizar aquilo que tantos gritaram e sobre o que tantos escreveram: “Mudar o Brasil”. Falamos tanto que o instrumento que defendíamos para mudar o Brasil não era um golpe e não vamos cometer o erro de querer que esta mudança seja feita como se faz um golpe: na pancada. Ao anunciarmos o posicionamento da ACMinas a favor do impeachment salientamos que apoiávamos o impeachment como ato saneador (portanto, urgente) cuja ação subsequente (de médio e longo prazo) deveria ser eficaz o suficiente para causar uma mudança salutar no organismo da nação. A prudência, à qual me referi acima, se expressa nessa etapa como a percepção do agora. O que precisa e o que pode ser feito já. Nesse sentido, o presidente Temer transmite uma atitude animadora: revela ter consciência de que, literalmente, precisa lançar mãos à obra. Agindo, assim, revela-se o “presidente do agora”. Essa atitude salta à vista em sua obstinação com o ganho do poder de articulação que irá lhe trazer governabilidade. Agilidade, articulação e governabilidade formam a trilogia que deve comandar essa travessia. A primeira ação a ser empreendida com a força dessa trilogia é a retomada de confiança na economia. Façanha que para ser realizada vai exigir um passo à frente por parte dos dois atores que até há pouco não se entendiam: o Legislativo e o Executivo. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) anunciada pelo ministro Meirelles, da Fazenda, estabelecendo um teto para as despesas públicas, pode abrir a temporada de medidas eficazes para uma travessia bem feita.
         Aonde vai levar essa travessia que o Brasil empreende? Eu diria: ao novo, naturalmente. Uma comoção nacional do porte daquela verificada entre março e junho de 2016, seguida da concertação que já reanima as decisões empresariais, não pode conduzir ao mesmo lugar. Fala-se tanto nas manifestações das ruas. Será imperdoável se for esquecido que a voz das ruas pede o novo. Novo modelo de país, novas e boas práticas de gestão, novo estilo de homens públicos. Seria muito esperar isso de temer. O respeitado doutor e professor de direito constitucional, político experiente e conciliador não tem como atuar fora do contexto em que se criou e se desenvolveu. Assim como não se espere, do governo, o novo. O próprio arcabouço do governo estabelece limites ao novo. A erradicação do atraso virá de propostas da sociedade e do associativismo, intervindo na criação de políticas públicas e monitorando sua implementação.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em abril a ainda estratosférica marca de 435,6% para um período de doze meses; e mais ainda em abril, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 9,28%, e a taxa de juros do cheque especial em históricos 308,7%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  




  

            

quarta-feira, 20 de abril de 2016

A CIDADANIA, AS VIRTUDES PARA O BEM COMUM E A PROMOÇÃO DA SAÚDE

“Sentido e significado
        A verdade existe antes e depois da mentira. O Brasil tem convivido com a mentira há mais de uma década. E não se sabe se o país desmoronou quando se conscientizou da mentira ou se a mentira o desmoronou. É fato que o hábito de mentir para conquistar implantou-se nas quatro últimas campanhas eleitorais para a Presidência da República e grassou durante os mandatos que se seguiram. A segunda campanha de Dilma Rousseff tornou-se um acinte e acinte tem sido a mentira neste mandato que agoniza.
         É fato que a “afirmação daquilo que se sabe ser falso” concorreu, entre outras mazelas e absoluta incapacidade de gestão, para detonar a economia, a saúde e a segurança pública, a infraestrutura e, ao fim, a credibilidade do país. Assim, como dói constatar que o convívio com a mentira e a gradativa percepção de que o Brasil vivia uma fantasia destruiu nos brasileiros um bem precioso: a vontade! Em uma só palavra é possível expressar o legado perverso da mentira no governo de Dilma Rousseff: anomia. A perda, no indivíduo, do reconhecimento de si mesmo; perda de objetivos, não reconhecimento de normas, leis ou regras, às vezes até mesmo perda da vontade de existir. Nesse estado de espírito em que o presente se torna a única realidade, o indivíduo se entrega ou, em oposição, adota uma fruição obsessiva do presente e o futuro é o nada. Em ambas as condutas, perde-se o sentido da vida.
         É tão grave essa perda que o impeachment, a renúncia ou a cassação do mandato por decisão do TSE, soluções postas à mesa neste momento, nenhuma delas terá real valor para o futuro se não se impuser uma visão ética que responda aos jovens esta pergunta: por que viver no Brasil?. É urgente devolver ao indivíduo e à população o sentido atrofiado, perdido ou ignorado do sentido da vida.
         A produção de sentido liga-se à noção de liderança. Essa é a questão crucial do momento. O fomento à criação de lideranças e, precedendo isso, uma tomada de consciência de que é o novo que se busca nessa golfada de ar puro que sentimos passar por nós neste outono. Não se quer mais saber de velhos modelos, velhos métodos, velhas posturas, velhos personagens. São eles os responsáveis por esse efeito trágico, a falta de significado, ao passo que só o líder é capaz de gerar o novo, porque tem a capacidade de valorizar o que recebeu e o desejo de elaborar a sua própria existência. É isso: o líder é aquele que deseja produzir significado.
         O professor Ricardo Carvalho, da Fundação Dom Cabral, trata da questão no miniensaio A obscura tensão entre o sujeito e a liderança. Chama a atenção para a distinção entre sentido e significado. Este tem caráter mais amplo, ao passo que sentido integra todos os significados. “O líder, diz ele, constrói o significado com o outro e o sentido vai sendo incorporado e internalizado na elaboração da experiência. É como a expressão ‘saquei’ ou ‘caiu a ficha’. Um fato marcante que se vive hoje é que se pode pinçar, na terra arrasada que nos deixa o governo Dilma, esta constatação: “caiu a ficha”. Agora é, enfim, percebido que estamos vivendo no deserto e decidimos não aceitar as condições do deserto.
         O momento requer também a consciência de que humanismo e república, desde a Antiguidade romana, caminham juntos quando se trata de possibilitar ao homem construir seu próprio destino. A esses dois conceitos se acrescente que a liberdade, entendida como faculdade dos homens de agir em conjunto pelo bem comum. É notavelmente atual a visão de Tocqueville, registrada no século 18: o mérito da democracia americana, segundo ele, residia no fato de, não descuidando do seu próprio bem-estar, serem as pessoas capazes de se preocupar com a felicidade de seus concidadãos. “Cidadãos podem agir concertadamente na elaboração de metas comuns”, ele escreveu. Constata-se que o autor de A democracia na América atualizou para a modernidade o antigo princípio da virtude. O que ele chamou de “o interesse bem compreendido” não tinha o valor da virtude dos antigos, mas era qualidade apropriada às necessidades dos homens do nosso tempo. Não conduzia diretamente à virtude, pela vontade, mas aproximava-se dela pelos hábitos.
         É essa visão do associativismo, como força capaz de fomentar em cidadãos a capacidade de gerar poder em favor do bem comum, que nos inspira em nossa atuação na ACMinas.”.

(LINDOLFO PAOLIELLO. Jornalista, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas – ACMinas, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 10 de abril de 2016, caderno OPINIÃO, página 11).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 13 de abril de 2016, mesmo caderno, página 9, de autoria de ARISTIDES JOSÉ VIEIRA CARVALHO, médico, mestre em medicina, coordenador da residência médica de medicina da família e comunidade do Hospital das Clínicas (UFMG) e da residência multiprofissional da Secretaria Municipal de Saúde e Hospital Municipal Odilon Behrens, professor do curso de medicina da Faseh, e que merece igualmente integral transcrição:

“Promover a saúde
        Em 1986 foi realizada na cidade de Ottawa, Canadá, a Primeira Conferência Internacional sobre a Promoção da Saúde. As discussões desse evento se irradiaram para o mundo e produziram bons frutos. Muitos países entenderam a mensagem e a levaram a sério: criaram leis, estratégias, construíram políticas públicas voltadas para uma melhor qualidade de vida da população.
         A perspectiva da promoção da saúde contempla a proatividade, o olhar positivo que mobiliza e se empenha na construção de hábitos, ambientes e cidades saudáveis. Em vez de focar na doença, volta-se para a conquista da saúde. Substitui a atuação fragmentada dos profissionais por atividades multi e interdisciplinares.
         Quando o pensamento e a condução da política e da assistência à saúde priorizam apenas o controle e o tratamento das doenças, os investimentos se voltam para a construção de serviços de saúde, aquisição de medicamentos e ambulâncias. Sem dúvida, essas medidas, na dependência de cada contexto, são importantes, fundamentais. Mas se relacionam com apenas uma das facetas da saúde.
         Se, por outro lado, o olhar se volta para a promoção da saúde, além das intervenções assistenciais, há uma maior compreensão dos fatores determinantes da saúde e outras iniciativas são tomadas. Em outras palavras, se queremos promover a saúde, nosso olhar e nossa prática devem mudar. Para que as mudanças ocorram na nossa saúde e na saúde das nossas cidades, é fundamental que tenhamos sensibilidade, usando uma das palavras do filósofo Emmanuel Levinas quando se referia à ética. Sim, as mudanças não acontecerão apenas com o conhecimento, o discurso ou a informação. Passam pela sensibilidade; por deixarmo-nos tocar pelos problemas e seus desafios e buscar de forma determinada a sua superação. Isso tem a ver com a nossa adesão a práticas saudáveis e com investimento de nossos governos em políticas públicas. Nesse sentido, fazendo uma analogia com Levinas não nos basta a convicção, temos que estar verdadeiramente sensibilizados, tocados para podermos intervir sobre os fatores e situações que nos impedem de alcançar a saúde.
         Felizmente temos, em nosso meio, muitos exemplos positivos de iniciativas de promoção da saúde em nível coletivo: as academias da saúde (Academia da Cidade, em Belo Horizonte), os trabalhos educativos desenvolvidos em diversos serviços de saúde, as diferentes atividades realizadas em escolas da rede pública e privada, em serviços de assistência social, os trabalhos sociais desenvolvidos pelas igrejas, associações, sociedades de profissionais de diferentes categorias, entre outros. O que nos falta é torná-los conhecidos, divulgá-los, integrá-los, fazê-los conversar entre si, e mais do isso, valorizá-los – o que requer investimento em pessoal e recurso financeiro para que possam atuar e crescer.
         O desconhecimento dessas iniciativas tem uma explicação: ainda estamos voltados para a perspectiva biológica da saúde. Quando falamos e pensamos em saúde nos vem com frequência a imagem dos cuidados com o corpo e a cura das doenças orgânicas. Nossa concepção de saúde é restrita e precisa incluir, em nível individual, a introdução de hábitos saudáveis (atividade física, alimentação adequada, combate ao tabagismo, às drogas ilícitas, ao uso abusivo do álcool, ao estresse, entre outros) e, em nível coletivo, políticas públicas de saúde (saneamento, transporte, lazer, educação, habitação, assistência à saúde etc).
         Na perspectiva individual, para além dos hábitos, é fundamental ambientes/relações saudáveis na família, no trabalho e nas relações sociais. Costumamos negligenciar esses aspectos. E mais, valorizar fatores que estão sendo, atualmente, resgatados – e não menos importantes – como o cultivo da espiritualidade, que cria perspectivas novas e dá motivação ao viver.
         Abril, o mês em que se comemorou o Dia Mundial da Saúde (7/4), deve nos deixar uma pergunta: estamos de fato promovendo a saúde? Não podemos nos esquecer que precisamos iniciar em nós mesmos o movimento da mudança, vencendo o comodismo que nos leva a aderir a hábitos e práticas que podem nos trazer problemas futuros e impactar na nossa qualidade de vida. Devemos sim, de forma determinada e proativa, fazer escolhas que tenham repercussão positiva em nossa própria saúde, na saúde de nossas famílias e reivindicar políticas públicas que contribuam para que nossas cidades sejam mais saudáveis.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em março a ainda estratosférica marca de 432,24% para um período de doze meses; e mais, em fevereiro, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 10,36%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  




         

quinta-feira, 3 de março de 2016

A CIDADANIA, A FORÇA DOS DIREITOS DO CORAÇÃO E O AMOR NA CONSTRUÇÃO DE UMA NAÇÃO (19/5)

(Março = mês 19; faltam 5 meses para a Olimpíada 2016)

“A racionalização da sociedade 
e o resgate da razão cordial
        Atualmente se constata fecunda a discussão filosófica sobre a necessidade do resgate da razão cordial como limitação da excessiva racionalização da sociedade e como enriquecimento da razão instrumental-analítica. Elenquemos aqui alguns direitos da dimensão do coração:
1.Proteja o coração, o centro biológico do corpo humano. Não sobrecarregue-o com demasiados alimentos gordurosos e bebidas alcoólicas.
2.Cuide do coração. Ele é o nosso centro psíquico. Dele saem todas as coisas boas e ruins. Comporte-se de tal maneira que ele não precise se sobressaltar face aos riscos e perigos.
3.Vele seu coração. Ele representa nossa dimensão do profundo. Nele se manifesta a consciência que sempre nos acompanha, aconselha, adverte e também pune. No coração brilha a centelha sagrada que produz em nós o entusiasmo.
4.Cultive a sensibilidade, própria do coração. Não permita que ela seja dominada pela razão funcional, mas componha-se com ela. É pela sensibilidade que sentimos o pulsar do coração do outro.
5.Ame seu coração. Ele é a sede do amor. É o amor que produz a alegria do encontro entre as pessoas que se querem e que permite a fusão de corpos e mentes numa só e misteriosa realidade.
6.Tenha um coração compadecido, que sabe sair de si e se colocar no lugar do outro.
7.Abra o coração para a carícia essencial. Ela é suave como uma pena que vem do infinito e nos dá a percepção, pelo toque, de sermos irmãos e de pertencermos à mesma família humana, habitando a mesma casa comum.
8.Disponha o coração para o cuidado que faz o outro importante para você. Quem ama cuida, e quem cuida ama.
9.Amolde diariamente o coração para a ternura. Se quiser perpetuar  o amor, cerque-o de enternecimento e de gentileza.
10.Purifique diariamente o coração para que as sombras, o ressentimento e o espírito de vingança nunca se sobreponham à bem-querença, à finura e ao amor.
Tem sentido estas cinco recomendações que reforçam o amor:
1.Em tudo o que pensar e fizer, coloque o coração. A fala sem coração soa fria e institucional. Palavras ditas com o coração atingem o profundo das pessoas. Estabelece-se, então, uma sintonia fina com os interlocutores ou ouvintes que facilita a compreensão e a adesão.
2.Procure, junto com o raciocínio articulado, colocar emoção. Não a force, porque ela deve espontaneamente revelar a profunda convicção daquilo que crê e diz. Só assim chega ao coração do outro e se faz convincente.
3.A inteligência intelectual fria, com a pretensão de tudo compreender e resolver, gera uma percepção racionalista e reducionista da realidade. Mas também o excesso da razão cordial e sensível pode decair para o sentimentalismo adocicado e para as proclamas populistas que afastam as pessoas. Importa sempre buscar a justa medida entre mente e coração, mas articulando os dois polos a partir do coração.
4.Quando tiver que falar a um auditório ou a um grupo, procure entrar em sintonia com a atmosfera ali criada. Ao falar, não fale só a partir da cabeça, mas dê primazia ao coração. É ele que sente, vibra e faz vibrar. Só são eficazes as razões da inteligência intelectual quando elas vêm amalgamadas pela sensibilidade do coração.
5.Crer não é pensar em Deus. Crer é sentir Deus a partir do coração. Então, nos damos conta de que sempre estamos na palma de Sua mão e que uma energia amorosa e poderosa nos ilumina e aquece e preside os caminhos da vida, da Terra e do universo inteiro.”.

(LEONARDO BOFF. Filósofo e teólogo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 26 de fevereiro de 2016, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 23 de fevereiro de 2016, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de LINDOLFO PAOLIELLO, jornalista, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), e que merece igualmente integral transcrição:

“País que se trata na terceira pessoa
        Está na Constituição, lei maior dos países. A dos Estados Unidos da América afirma, logo de início: “Nós, o povo dos Estados Unidos, visando a aperfeiçoar a nossa união, garantir a justiça...”; a Carta Magna do Japão começa assim: “Nós, o povo japonês, por meio dos nossos representantes na Assembleia Nacional...”; a da Índia: “Nós, o povo indiano, depois de ter solenemente deliberado...”; já a Constituição da Rússia registra: “Nós, multinacional povo da Federação russa...”; a Constituição Brasileira de 1988 começa assim: “Nós, representantes do povo brasileiro...” E afirma no inciso IV do artigo primeiro: “Todo o poder provém do povo”. Donde se conclui, pelo consenso das nações, que é do povo, e não de Deus (ou do Estado) que vem o poder democrático.
         No entanto, nós, brasileiros, agimos como se não percebêssemos esse consenso universal. Sob certo ângulo, o brasileiro nega sua cidadania. Somos “um povo que se trata na terceira pessoa”. Curioso é que a chamada de atenção não vem de um acadêmico, mas de um cronista de futebol, Juca Kfouri. “Nenhum outro povo do mundo, ao que eu saiba, faz isso” – depõe o cronista, e acrescente: “Ninguém fala como nós: “Ah brasileiro é assim mesmo!”. Nós nos tratamos como se estivéssemos de fora, como se fôssemos ou pudéssemos ser outra coisa”,
Nega-se a condição de brasileiro como se nega – por temê-lo – o desconhecido. O Brasil não conhece o Brasil. Desdenha-se de ser brasileiro a ponto de parecer denegar essa condição, no sentido freudiano pelo qual o sujeito, embora formulando um dos seus desejos ou sentimentos, continua a defender-se dele, negando que lhe pertença. Trocando em miúdos, a pessoa afirma negando, ou se recusa a perceber um fato que se impõe no mundo exterior.
         Vemos, a todo momento, o brasileiro se queixando de seus representantes, sem se lembrar, ou denegando, que eles foram escolhidos por ele. Um modo bem brasileiro de lidar com os próprios problemas é atribuí-los a terceiros. Então, há uma crise de representatividade. Mas, antes, há uma crise de identidade, por isso o brasileiro se refere a ele próprio na terceira pessoa.
         Retornemos à Constituição: “O poder vem do povo” e este é um conjunto de indivíduos que, para deter o poder, tem que exercer o poder. Não sendo mais do que a cooperação entre indivíduos, a sociedade não pensa e não age. Assim como também devemos entender que, com a palavra sociedade, não nomeamos uma entidade superior à qual os indivíduos devem servir com o sacrifício de seu próprio interesse, mas sim um meio para os indivíduos se realizarem como seres humanos, na medida em que realizam seus valores e desejos.
         Comento aqui o que entendo estar por detrás da crise, para que venhamos a entender o que precisamos pôr à frente das soluções para a crise. Refiro-me à incapacidade dos indivíduos de assumir suas responsabilidades. Mas também me refiro ao uso cada vez maior da força estatal para regular a vida dos indivíduos (a educação, por exemplo) e intervir desastradamente na vida das empresas e na economia. Controlando e intervindo, o governo fere de morte o desenvolvimento humano capaz de formar uma sociedade livre, próspera, formada de pessoas felizes capazes de construir seu próprio caminho.
         Fala-se tanto em um novo modelo para o Brasil. Seu enunciado é simples e será simples sua realização se for confiada a um modelo também novo de líderes, sem ligação com a trilha da velha política, dotados de uma formação cidadã e imbuídos do conceito de empreendedorismo: um modelo de país que parta da ampliação da liberdade das pessoas, com relação às suas capacidades e às oportunidades ao seu dispor, para que possam escolher a vida que desejam ter e ser aquele ou aquela que desejam ser.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em janeiro a ainda estratosférica marca de 410,97% para um período de doze meses; e mais, também em janeiro, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 10,71%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  

 
        




               

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

A CIDADANIA, A LUZ DO UNIVERSO E O HORIZONTE DA VERDADE

“Como multiplicarmos em luz 
o que o universo nos entregou
        É o destino de todos os homens despertarem para a vida interior consciente.
         Em sua existência formal, o Cosmos irradia ordem e manifesta leis superiores, divinas. Observando isso, o homem poderia obter todo o ensinamento de que necessitasse. Não há uma partícula sequer dentro de tal imensidão que, seguindo essas Leis, não tenha sua posição definida. Nem mesmo um pequeno raio de luz é emitido que não seja para cumprir determinada tarefa. Nada se move ou vive fora da Grande Presença.
         Assim, se uma pessoa é encarregada de uma tarefa que faça parte do Plano de Deus, seus corpos mental, emocional e físico vão sendo preparados para desempenhá-la. É fato que o homem terrestre trilhou caminhos fora da Lei Universal e traz gravadas nas células de seus corpos as marcas dessa trajetória.
         Vivendo neste planeta, ao indivíduo cabe lidar com seus corpos mental, emocional e físico procurando elevar-lhes a vibração. Todos os cuidados nesse sentido devem ser tomados desapegadamente (inclusive a alimentação, a higiene e a postura), sabendo que o verdadeiro processo é o desenvolvimento da consciência. Cabe à pessoa contatar o propósito interior e cumpri-lo em todos os níveis. Esses cuidados, no entanto, não precisam ser excessivos.
         É necessário apenas que ela esteja desperta e que possa cumprir em pura e sincera entrega aquilo que lhe foi designado pelo Alto.
         A parábola dos talentos, mencionada na Bíblia, ensina o valor que há em multiplicarmos o que o Senhor nos entregou; mas multiplicar em Luz, e não materialmente, como é de uso comum compreender essa instrução.
         Energias especiais, sutis, incidem sobre aquele cujo contato com a vida espiritual esteja mais aberto. Se estiver em inteira disponibilidade para o serviço, poderá adequar-se prontamente às rápidas transformações que se façam necessárias no cumprimento de sua tarefa.
         É importante que se esteja desidentificado das suas emoções, da sua própria mente, dos seus condicionamentos, de respostas mecânicas, que se esteja pronto para renascer a cada momento – preparado, portanto, para a todo instante morrer para o que se é em aparência. Na presente situação planetária, na qual profundas transformações estão ocorrendo, é hora de entregar mais profundamente a própria vida – vida que ilusoriamente  pensamos ser nossa, quando na verdade é do Único.
         Pela percepção da mente bem pouco se pode saber sobre os movimentos da energia sutil espiritual. Para que nossa consciência participe desses processos é preciso colocarmos de lado as expectativas, os sonhos e até mesmo o desejo de servir; enfim, é preciso calarmos. O silêncio é o melhor instrumento de serviço e também a única e verdadeira oferta que se pode fazer aos trabalhos internos.
         Se o impulso da devoção permear o nosso ser, devemos deixar que ela arda e incendeie cada passo que dermos; se por momentos ou dias estiver sobre nós presente de maneira especial a energia da ordem, devemos manifestá-la, permitindo que ajuste e conduza às exatas posições aquilo que nos cerca. E, diante de tudo isso, se nos dispusermos a nada querer e a não impor obstáculos, participaremos de um movimento cósmico que, como um bailado, move universos, levando-os a realizarem o trabalho do Plano de Deus em completa harmonia.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 13 de dezembro de 2015, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 15 de dezembro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de LINDOLFO PAOLIELLO, jornalista, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), e que merece igualmente integral transcrição:

“O Brasil diante da verdade
        O Brasil precisa se conscientizar de que o presente em que vive já é passado e afastar o passado da frente do futuro. Vivemos o cotejo entre um modelo exaurido, e que insiste em se manter, e um novo modelo de nação em franca gestação, mas que não queremos perceber que nasce, porque precisa de nós para ganhar vida. A árdua abertura do impeachment da presidente Dilma Rousseff coroa o confronto de um país consigo mesmo.
         Mas, afinal de contas, quem somos nós? As raízes do Brasil foram estudadas a fundo por Sérgio Buarque, que sintetiza assim o espírito brasileiro: “Desejamos ser o povo mais brando e o mais comportado do mundo. (...) Tudo isso são feições bem características do nosso aparelhamento político, que se empenha em desarmar todas as expressões menos harmônicas de nossa sociedade, em negar toda a espontaneidade nacional”. No entanto, é dele este alerta: “Com a cordialidade (somente) não se criam bons princípios”.
         Domenico De Masi, sociólogo italiano que comentou a obra de seu colega brasileiro, parte desse ponto para destacar: “Não basta ser cordial para ser democrático. Uma verdadeira democracia exige um sólido elemento normativo, regras capazes de assegurar oportunidades iguais para todos, uma superação dos personalismos através de uma disciplina social e uma série de regras baseadas no consenso. Exige o primado das instituições e a soberania popular”. E De Masi prossegue em sua visão crítica em relação ao “brasileiro meigo”. Cita Stefan Zweig que escreveu: “Essa delicadeza do sentimento, essa ausência de toda forma de veemência, me parece qualidade mais característica do povo brasileiro (...). Todos os estágios do bem-estar e da felicidade estão misturados nessa pacífica indolência”. De Masi cai em cima, quase cruelmente: “É exatamente a propensão para a tranquilidade que permitiu a Portugal dominar o Brasil por quase quatro séculos com um número exíguo de soldados”.
         Para fundamentar as razões do temor e postergação quando o Brasil se vê frente a frente consigo mesmo, como hoje acontece, vale a pena conhecer o que escreveu Darcy Ribeiro, outro estudioso da sociologia e antropologia do Brasil. Em uma das coletâneas sobre sua obra, intitulada O Brasil como problema, ele comenta que o atraso do Brasil e a pobreza de seu povo foram, de tempos em tempos, atribuídos a falsas causas naturais e históricas: ao clima tropical, à mistura racial entre brancos, negros e índios, ao papel desempenhado pela religião católica, à péssima colonização lusitana contraposta à colonização holandesa, mitificada como esplêndida, e a uma suposta infantilidade do povo brasileiro. É quando procura mostrar como fator do atraso o caráter daqueles que detiveram, durante séculos, o poder político e econômico: “Não há como negar que a culpa do atraso nos cabe a nós, os ricos, os brancos, os educados, que impusemos, desde sempre, ao Brasil, a hegemonia de uma elite retrógrada, que só atua em seu próprio benefício”.
         Entendida essa elite, efetivamente retrógrada, como “direita”, o drama brasileiro tomou jeito de tragédia quando a “esquerda”, fomentada por forte contingente dos intelectuais brasileiros e – convém lembrar – por uma parcela dos empresários, pôs em prática uma plano de governo coletivista. Convém definir: um projeto que, em nome dos ideais de justiça e igualdade social, exercita o aumento da concentração do poder do Estado e se propõe a conduzir a sociedade a caminhar em determinada direção, para a prometida realização do suprassumo dos milagres: proporcionar a todos a felicidade, por um “gesto de mágica” do Estado. Gesto movido pelo dinheiro da poupança das famílias, supostas beneficiárias de uma eterna boa vida, e dos tributos extorquidos da produção empresarial.
         Os resultados são esses que destruíram um país que havia conquistado a estabilidade política, monetária e que estava assim preparado para conquista a inclusão social pela realização do sonho empreendedor de cada indivíduo, pelo trabalho e pelo fomento de uma política pública sustentável. Para as famílias que comemoravam a supressão da miséria e a integração da Classe C a uma nova classe média, resultou uma triste “civilização do retorno”, com a marcha de cerca de 3 milhões de família de volta às classes D e E. Para as empresas, a falência, o fechamento e, o pior: a prisão daqueles que se agregaram a um projeto de poder e corrupção. Para o país, a recessão, que, depois de arrasar tudo e todos, destrói a autoestima e a capacidade de pensar e agir.
         É desse quadro – que o Brasil não pode resumir em uma só edição por representar a consumação de um comportamento e de fatos seculares – que nascem as manchetes diárias que soam como gritos de um país que se debate em suas contradições. É a partir desse quadro que precisamos definir o projeto do Brasil que queremos ser.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a
      a)      a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)      o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em novembro a também estratosférica marca de 378,76% para um período de doze meses; e mais, ainda em novembro, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 10,48%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

     c)       a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”