quinta-feira, 3 de março de 2016

A CIDADANIA, A FORÇA DOS DIREITOS DO CORAÇÃO E O AMOR NA CONSTRUÇÃO DE UMA NAÇÃO (19/5)

(Março = mês 19; faltam 5 meses para a Olimpíada 2016)

“A racionalização da sociedade 
e o resgate da razão cordial
        Atualmente se constata fecunda a discussão filosófica sobre a necessidade do resgate da razão cordial como limitação da excessiva racionalização da sociedade e como enriquecimento da razão instrumental-analítica. Elenquemos aqui alguns direitos da dimensão do coração:
1.Proteja o coração, o centro biológico do corpo humano. Não sobrecarregue-o com demasiados alimentos gordurosos e bebidas alcoólicas.
2.Cuide do coração. Ele é o nosso centro psíquico. Dele saem todas as coisas boas e ruins. Comporte-se de tal maneira que ele não precise se sobressaltar face aos riscos e perigos.
3.Vele seu coração. Ele representa nossa dimensão do profundo. Nele se manifesta a consciência que sempre nos acompanha, aconselha, adverte e também pune. No coração brilha a centelha sagrada que produz em nós o entusiasmo.
4.Cultive a sensibilidade, própria do coração. Não permita que ela seja dominada pela razão funcional, mas componha-se com ela. É pela sensibilidade que sentimos o pulsar do coração do outro.
5.Ame seu coração. Ele é a sede do amor. É o amor que produz a alegria do encontro entre as pessoas que se querem e que permite a fusão de corpos e mentes numa só e misteriosa realidade.
6.Tenha um coração compadecido, que sabe sair de si e se colocar no lugar do outro.
7.Abra o coração para a carícia essencial. Ela é suave como uma pena que vem do infinito e nos dá a percepção, pelo toque, de sermos irmãos e de pertencermos à mesma família humana, habitando a mesma casa comum.
8.Disponha o coração para o cuidado que faz o outro importante para você. Quem ama cuida, e quem cuida ama.
9.Amolde diariamente o coração para a ternura. Se quiser perpetuar  o amor, cerque-o de enternecimento e de gentileza.
10.Purifique diariamente o coração para que as sombras, o ressentimento e o espírito de vingança nunca se sobreponham à bem-querença, à finura e ao amor.
Tem sentido estas cinco recomendações que reforçam o amor:
1.Em tudo o que pensar e fizer, coloque o coração. A fala sem coração soa fria e institucional. Palavras ditas com o coração atingem o profundo das pessoas. Estabelece-se, então, uma sintonia fina com os interlocutores ou ouvintes que facilita a compreensão e a adesão.
2.Procure, junto com o raciocínio articulado, colocar emoção. Não a force, porque ela deve espontaneamente revelar a profunda convicção daquilo que crê e diz. Só assim chega ao coração do outro e se faz convincente.
3.A inteligência intelectual fria, com a pretensão de tudo compreender e resolver, gera uma percepção racionalista e reducionista da realidade. Mas também o excesso da razão cordial e sensível pode decair para o sentimentalismo adocicado e para as proclamas populistas que afastam as pessoas. Importa sempre buscar a justa medida entre mente e coração, mas articulando os dois polos a partir do coração.
4.Quando tiver que falar a um auditório ou a um grupo, procure entrar em sintonia com a atmosfera ali criada. Ao falar, não fale só a partir da cabeça, mas dê primazia ao coração. É ele que sente, vibra e faz vibrar. Só são eficazes as razões da inteligência intelectual quando elas vêm amalgamadas pela sensibilidade do coração.
5.Crer não é pensar em Deus. Crer é sentir Deus a partir do coração. Então, nos damos conta de que sempre estamos na palma de Sua mão e que uma energia amorosa e poderosa nos ilumina e aquece e preside os caminhos da vida, da Terra e do universo inteiro.”.

(LEONARDO BOFF. Filósofo e teólogo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 26 de fevereiro de 2016, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 23 de fevereiro de 2016, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de LINDOLFO PAOLIELLO, jornalista, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), e que merece igualmente integral transcrição:

“País que se trata na terceira pessoa
        Está na Constituição, lei maior dos países. A dos Estados Unidos da América afirma, logo de início: “Nós, o povo dos Estados Unidos, visando a aperfeiçoar a nossa união, garantir a justiça...”; a Carta Magna do Japão começa assim: “Nós, o povo japonês, por meio dos nossos representantes na Assembleia Nacional...”; a da Índia: “Nós, o povo indiano, depois de ter solenemente deliberado...”; já a Constituição da Rússia registra: “Nós, multinacional povo da Federação russa...”; a Constituição Brasileira de 1988 começa assim: “Nós, representantes do povo brasileiro...” E afirma no inciso IV do artigo primeiro: “Todo o poder provém do povo”. Donde se conclui, pelo consenso das nações, que é do povo, e não de Deus (ou do Estado) que vem o poder democrático.
         No entanto, nós, brasileiros, agimos como se não percebêssemos esse consenso universal. Sob certo ângulo, o brasileiro nega sua cidadania. Somos “um povo que se trata na terceira pessoa”. Curioso é que a chamada de atenção não vem de um acadêmico, mas de um cronista de futebol, Juca Kfouri. “Nenhum outro povo do mundo, ao que eu saiba, faz isso” – depõe o cronista, e acrescente: “Ninguém fala como nós: “Ah brasileiro é assim mesmo!”. Nós nos tratamos como se estivéssemos de fora, como se fôssemos ou pudéssemos ser outra coisa”,
Nega-se a condição de brasileiro como se nega – por temê-lo – o desconhecido. O Brasil não conhece o Brasil. Desdenha-se de ser brasileiro a ponto de parecer denegar essa condição, no sentido freudiano pelo qual o sujeito, embora formulando um dos seus desejos ou sentimentos, continua a defender-se dele, negando que lhe pertença. Trocando em miúdos, a pessoa afirma negando, ou se recusa a perceber um fato que se impõe no mundo exterior.
         Vemos, a todo momento, o brasileiro se queixando de seus representantes, sem se lembrar, ou denegando, que eles foram escolhidos por ele. Um modo bem brasileiro de lidar com os próprios problemas é atribuí-los a terceiros. Então, há uma crise de representatividade. Mas, antes, há uma crise de identidade, por isso o brasileiro se refere a ele próprio na terceira pessoa.
         Retornemos à Constituição: “O poder vem do povo” e este é um conjunto de indivíduos que, para deter o poder, tem que exercer o poder. Não sendo mais do que a cooperação entre indivíduos, a sociedade não pensa e não age. Assim como também devemos entender que, com a palavra sociedade, não nomeamos uma entidade superior à qual os indivíduos devem servir com o sacrifício de seu próprio interesse, mas sim um meio para os indivíduos se realizarem como seres humanos, na medida em que realizam seus valores e desejos.
         Comento aqui o que entendo estar por detrás da crise, para que venhamos a entender o que precisamos pôr à frente das soluções para a crise. Refiro-me à incapacidade dos indivíduos de assumir suas responsabilidades. Mas também me refiro ao uso cada vez maior da força estatal para regular a vida dos indivíduos (a educação, por exemplo) e intervir desastradamente na vida das empresas e na economia. Controlando e intervindo, o governo fere de morte o desenvolvimento humano capaz de formar uma sociedade livre, próspera, formada de pessoas felizes capazes de construir seu próprio caminho.
         Fala-se tanto em um novo modelo para o Brasil. Seu enunciado é simples e será simples sua realização se for confiada a um modelo também novo de líderes, sem ligação com a trilha da velha política, dotados de uma formação cidadã e imbuídos do conceito de empreendedorismo: um modelo de país que parta da ampliação da liberdade das pessoas, com relação às suas capacidades e às oportunidades ao seu dispor, para que possam escolher a vida que desejam ter e ser aquele ou aquela que desejam ser.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em janeiro a ainda estratosférica marca de 410,97% para um período de doze meses; e mais, também em janeiro, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 10,71%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  

 
        




               

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