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sexta-feira, 23 de abril de 2010

A CIDADANIA, A BIOÉTICA E A EDUCAÇÃO

“É NECESSÁRIO MUDAR O OLHAR ADORMECIDO QUE ACEITA ESTE BRASIL CORRUPTO SEM COGITAR A POSSIBILIDADE DE MUDÁ-LO POR MEIO DA EDUCAÇÃO”

Mais uma IMPORTANTE, OPORTUNA e PEDAGÓGICA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 21 de julho de 2007, Caderno PENSAR, página 3, de autoria de MAIRA DE FREITAS, que é consultora da Comissão de Bioética da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seção Minas Gerais, e co-autora do livro Bioética e Educação (Bioeditora, 2007), que merece INTEGRAL transcrição:

“Bioética e EDUCAÇÃO

Quando pensamos em bioética, quase sempre nos vêm à mente temas polêmicos como clonagem, alimentos transgênicos, meio ambiente, aborto e eutanásia. A bioética ajuda a encontrar soluções para questões em que as leis se mostram falhas, uma vez que a ciência e tecnologia avançam de forma vertiginosa e não há tempo hábil para que a legislação se adapte à realidade. Porém, devemos pensar também em bioética na educação, em como essa atitude pode fazer grande diferença no conteúdo da aprendizagem.

Pensar assim é acreditar que podemos formar cidadãos capazes de atuar e modificar a realidade, e não apenas se inserir em modelos já existentes – muitos deles completamente ultrapassados, em que ética e autonomia são valores completamente esquecidos.

Para Potter, “a bioética é a ponte entre a ciência e as humanidades. Proponho o termo bioética como forma de enfatizar os dois componentes mais importantes para se atingir uma nova sabedoria, tão desesperadamente necessária: conhecimento biológico e valores humanos.”

Entre os fundamentos da bioética estão quatro princípios básicos: autonomia, não-maleficiência, beneficiência e justiça. A autonomia busca viabilizar a iniciativa de cada indivíduo, resgatando valores como liberdade e independência. Precisamos aplicá-la na educação, mesmo que isso implique trabalho árduo para os professores. A educação é nossa arma contra a arbitrariedade e a dominação.

Se pensarmos em educação como saída para a crise que estamos vivendo, ela deve levar o ser humano a se tornar melhor para o outro, não apenas para si mesmo. Ao nos depararmos com a imensa quantidade de guerras travadas no mundo, verificamos que a educação contribuiu muito para nos fornecer tecnologia de ponta para armas de destruição que, além de matar seres humanos, causam males ao meio ambiente, muitas vezes irreversíveis. Nesse conceito se inclui o cuidado com a Terra. Tudo que fizermos à nossa volta poderá ter impacto no universo.

Se pensarmos no homem das cavernas, lutando com pedaços de pau para que o outro não invada o seu território, compreenderemos que, de lá para cá, evoluímos muito em armas; porém, quase nada na forma de ver o outro. Ainda queremos o melhor para nós e o pior para o outro, não interessa se lutamos por campos de petróleo ou por um pedaço de chão. O princípio é o mesmo: sempre repetimos o gesto de expulsão do outro.

INCLUSÃO

Se a educação não leva em consideração do outro, jogamos lenha na fogueira, alimentando mais o nosso ego e intolerância. Com isso, criamos seres cada vez mais munidos de tecnologia para o domínio e cada vez mais carentes de valores éticos, sem os quais a vida neste planeta será inviável. Pensar nas condições existenciais é pensar no humano, no que aflige os indivíduos e na convivência entre eles. Experimentamos uma crise ética em que o outro (alter) foi expulso do campo do indivíduo (ego). Percebemos a ampliação das práticas de conduta orientadas para a expulsão do outro. Distanciamo-nos da convivência em grupo. O individualismo afasta o outro e fragmenta a vida social.

Atualmente, a educação está voltada para discursos antiéticos, como a cultura do vencedor a qualquer preço, a imagem sobre o conteúdo, o individual sobre o coletivo. O ensino de bioética nas escolas é essencial para a correção dessa miopia social, pois entre seus princípios básicos estão valores fundamentais para se pensar o eu, o outro e essa estreita relação.

Não se pensa bioética em nível individual. Ao contrário, é necessária a inclusão do outro, e essa visão é que faz desse ensino fundamental para o mundo atual. Em palestras em escolas, nota-se total falta de criatividade e até mesmo de fé do jovem em si mesmo para melhorar o mundo. Não há envolvimento emocional com os problemas do ser humano e do planeta. O atual modelo educacional precisa, urgentemente, ser reavaliado, considerando-se o estímulo à criatividade, ao senso crítico. É necessário mudar esse olhar adormecido que aceita este Brasil corrupto sem cogitar a possibilidade de mudá-lo por meio da educação. Ela deve ser não apenas voltada para o vestibular, mas para o exercício da cidadania, no qual o sujeito se vê como ator da história, não mero espectador. Como pensar cidadania diante das estarrecedoras condições subumanas a que estão submetidas milhares de pessoas? Como falar em desenvolvimento tecnológico se boa parte do Terceiro Mundo é analfabeta?

MASSACRE

Em 2005, morei um ano em Timor Leste, trabalhei com educação e cooperação internacional em projeto do Ministério da Educação. Assisti ao massacre da cultura, crenças e valores de um povo por parte da comunidade internacional, que, em minha opinião, pouco fez para mudar aquela dura realidade. Mais convencida fiquei de que só poderemos mudar alguma coisa se cada ser humano se conscientizar de sua responsabilidade consigo mesmo e com o outro. Esse processo envolve obrigatoriamente o meio ambiente.

É preciso estimular o diálogo e a construção da ética da responsabilidade, em que cada um reflita sobre o seu papel no mundo, sobre a importância de cada parcela da população na construção do bem-estar coletivo. Torna-se fundamental discutir a relação entre bioética, cidadania e educação, pois neste momento surgem novos valores a partir da demanda do próprio ser humano. Podemos chamar de bioética a reflexão sobre as nossas ações e suas conseqüências, sobretudo o que podemos ou não fazer, ou o que devemos ou não fazer.

Na sociedade marcada pelo lucro, o despossuído, o não-consumidor é a nova figura a ser apedrejada. Estar forma do mercado é a sentença imposta ao ser humano. De um lado, a cultura consumista da modernidade engole tudo, em sentido figurado, potencializando as aspirações de inclusão social por consumo (ter). De outro lado, as expectativas são esvaziadas pela desigualdade econômica e baixa geração de oportunidades (ser).

Enquanto o ter for mais importante que o ser, não haverá espaço para política, sociedade ou solução viável à construção ético-cidadã. Ao se incluir o ensino da bioética nos currículos escolares ou atividades extracurriculares, vamos nos abrir ao diálogo, às diferenças, ao respeito. Um aluno do Nordeste não terá as mesmas demandas de um aluno do Sul do país. Cada região brasileira tem suas particularidades, que deverão ser levadas em conta ao se elaborar essa pedagogia voltada para o diálogo.

A cultura da responsabilidade social ainda não está amuderecida para a eeducação. Continua-se a falar em cidadania, mas não se fornecem instrumentos para que o aluno possa mudar o seu ambiente de convívio. Ainda não se percebeu o profundo relacionamento entre a educação e os compromissos políticos do povo.”

São, pois, reflexões como a que nos é colocada pela riquíssima relação entre a BIOÉTICA e a EDUCAÇÃO que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE visando a construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUES E POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, e especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS como os previsto para a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL...

Este é nosso SONHO, a nossa LUTA, o nosso AMOR, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...