“Emprego,
tecnologia e automação
Uma grande preocupação
atual é a geração e manutenção do emprego. O desemprego atinge todos os níveis sociais:
operários, executivos, educadores, artistas etc. O Brasil se debate com dois
problemas interligados: o crescimento econômico e a tecnologia. Como estamos
ainda muito atrasados em relação ao chamado primeiro mundo, a modernização é
imperativa, mas, inexoravelmente, “rouba” os empregos com a automação. Um só
robô pode substituir dezenas de funcionários de uma empresa. A única solução é
o maior crescimento econômico, cerca de 5% ao ano, para equilibrar e recuperar
perdas.
A
paralisação do país pelos caminhoneiros foi uma ducha de água fria no que está
sendo feito e um golpe colossal na economia. Aumenta, portanto, o risco de o
país não conseguir controlar suas contas públicas e, sobretudo o governo
federal, que detém a maior fatia da receita fiscal. Entretanto, a inflação de
cerca de 3% ao ano e juros de 6,5%, como atualmente, ainda continua a ser um
alento.
O
trabalho deveria ser um direito natural, como comer e dormir. O ensinamento
bíblico nos lembra “comerás o pão com o suor do teu rosto”. Faltam pão e
dignidade onde exatamente falta trabalho. O mundo se mostra impotente de ter
pleno emprego. A Espanha que chegou a tomar o lugar do Brasil no posto de
oitava economia do mundo, hoje está com desemprego de 17% e, atualmente, amarga
a décima quarta posição. A Alemanha, maior economia da Europa e maior produtora
de bens de capital do planeta, nas últimas décadas consegue manter o desemprego
na faixa de 3%. Não é hora de ver como ela faz, mesmo com tecnologia
avançadíssima, sobretudo robótica.
Numa
visão uniforme, talvez a explicação mais forte do desequilíbrio do emprego
esteja na ganância do homem. Junto ao seu instinto inovador, esconde também o
desejo desmedido de ganhar mais com a automação. Soma-se, ainda, certa covardia
diante das responsabilidades sociais: pessoas custam mais, já que nenhum robô
irá à Justiça do Trabalho. A gerência capitalista, nos países em
desenvolvimento, é imediatista e exercitada meramente no resultado econômico da
relação custo/benefício. Entende-se por benefício apenas o dinheiro.
Se o
avanço tecnológico, mesmo com crescimento econômico. Reduz mão de obra, vejo
que o caminho é depositar nossa crença na gerência holística, tão esquecida. Um
registro histórico na contramão do holismo foi o governo Reagan gastar um US$ 1
trilhão em um só ano, com os programas espaciais, armamento e defesa (“guerra
nas estrelas”). Esse valor foi três vezes o PIB do Brasil, que na mesma época
era de US$ 350 bilhões, e tão astronômico que daria para construir 100 milhões
de casas populares. A esperança, portanto, está na convicção de que a gerência
holística possa penetrar na alma dos empreendedores, que o homem passe a ser o
centro das coisas e não só o lucro. Pode-se até aceitar determinadas vaidades e
diletantismos, tais como ter motorista particular, mordomos, carregadores de
taco de golfe, desde que visem à geração de empregos. Lembremo-nos das palavras
de Michel de Montaigne: “Tomemos cuidado para que o tempo não nos enrugue mais
o espírito do que o rosto”.”.
(GILSON E.
FONSECA. Sócio e diretor da Soluções em engenharia e geotécnica
Ltda-Soegeo, em artigo publicado no jornal ESTADO
DE MINAS, edição de 2 de junho de 2018, caderno OPINIÃO, página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de
1º de junho de 2018, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo
Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:
“Lições,
Brasil
Os acontecimentos da
vida, que é uma escola, são lições. Por isso, é muito comum ouvir o dito
popular “vivendo e aprendendo”. As lições são muitas e o desafio maior é
aprendê-las. Só as aprende quem se coloca no lugar de aprendiz. Há quem se
arvora em mestre dos outros e perde a capacidade para aprender, pois acredita
que já sabe de tudo. Aprende mais quem está disposto a escutar. A incompetência
para o aprendizado atinge seu patamar avassalador quando incide no de tecido
cultural da sociedade, revelando um fenômeno: muitos se julgam na condição de
ensinar, e acreditam que não precisam mais aprender.
Consequentemente,
há o travamento das dinâmicas que promovem as evoluções na compreensão. Falta
lucidez para a solução dos problemas e a sociedade permanece ameaçada pelos
extremismos. Nesse contexto, convive-se ainda com desmandos e corrupção. Falta
vergonha aos que se permitem usufruir de privilégios, que alimentam exclusões e
discriminações. Eis a névoa que confunde as feições e paira sobre a sociedade
brasileira, obscurecendo a verdade e tornando a mentira a protagonista da
história. Tudo vale para defender interesses particulares, até mesmo ações
inconsequentes.
Não
deveria ser assim, pois a sociedade brasileira, em seus mais de cinco séculos
de história, já deveria ter assimilado muitas lições. Mas a incapacidade para
aprender pode explicar o desenvolvimento pífio do país. Se as lições da
história fossem aprendidas, a classe política brasileira poderia, agora, ajudar
o Brasil a sair do caos dos desencontros e aproveitar melhor as oportunidades
deste tempo, valendo-se das riquezas ambientais e culturais da nação. Em vez
disso, vê-se um pavoroso “bate-cabeça” entre os que ocupam os lugares de
lideranças sem serem líderes. A consequência é a disseminação de um jeito de
ser que contamina também os espaços políticos. A demagogia torna-se a tônica
principal, contracenando com a desconfiança e os ataques mútuos.
Os
posicionamentos polarizados, quando se transformam em hostilidades, ferem
visceralmente o andamento da vida do povo, enfraquecem as indispensáveis
alianças, obscurecem os diálogos e instalam o caos. Há uma completa perda do
sentido de limite. A insistência nos equívocos e as miopias que impedem
enxergar as soluções agravam os problemas e multiplicam os pesos sobre os
ombros de todos. Assim, o cidadão se distancia das lições que o possibilitariam
ajudar na construção de um país melhor. Passa-se a enxergar apenas a própria
causa, a considerar como único e intocável o discurso que se defende. O resultado
é a gravíssima perda da sensibilidade para se abrir a uma inadiável dinâmica de
conversão, capaz de inspirar atitudes com força de mudanças.
Sem os
aprendizados necessários, contenta-se apenas com o conforto institucional do
lugar ocupado e seus privilégios – a incapacidade para se colocar no lugar do
outro, a quem se deveria servir e ajudar. Para mudar essa postura, devem-se
habilitar os olhos para enxergar além dos próprios interesses e comodidades.
Admitir que o exercício qualificado da cidadania não pode conviver com os
conchavos, os privilégios e a busca por vantagens a partir da corrupção.
A
sociedade brasileira clama precisada de um novo ciclo de aprendizagens das
muitas lições que estão inseridas em sua história. As instituições e segmentos
da sociedade carecem de gestos corajosos para aprender, por meio do diálogo, a
cuidar do bem comum a todo custo. A transformação do país, para conseguir sair
dos limites perigosos a que chegou, exige de todos um gesto de conversão, bem
concreto. É preciso modificar funcionamentos para recuperar a credibilidade
perdida, importante para o urgente processo de mudança: um tempo novo para o
aprendizado das lições, Brasil!”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 128 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em abril a ainda estratosférica marca de
331,57% nos últimos doze meses, e a taxa
de juros do cheque especial em históricos 320,96%; e já o IPCA, também no
acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,76%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade –
“dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se
espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e
irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito,
a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato,
Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso
específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e
que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade);
entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
56 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2017)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
- Pelo
fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares
do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e,
ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita
misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra
sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.