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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A CIDADANIA E O ENCANTAMENTO DA QUALIDADE NO JORNALISMO

“Imprensa, a hora da qualidade

A história da imprensa de qualidade está marcada por uma harmoniosa combinação de ousadia, talento e criatividade. Grandes saltos de qualidade foram dados em momentos aparentemente inoportunos. Não é por acaso que, em japonês, crise e oportunidade têm o mesmo ideograma. A trajetória do New York Times, um dos maiores jornais do mundo, encerra uma lição interessante.

Quando eclodiu a II Guerra Mundial, as autoridades norte-americanas reagiram às dificuldades do comércio internacional racionando o consumo do papel de imprensa. Todas as empresas jornalísticas passaram a discutir que setor arcaria com o ônus. Alguns jornais, entre eles o New York Herald Tribune, optaram por manter o espaço as páginas de publicidade e reduzir o espaço informativo. O New York Times, contrariando o imediatismo e investindo no futuro, fez exatamente o oposto. Soube honrar o lema que encabeça a sua primeira página (“All the news that’s fit to print” – todas as notícias que merecem ser publicadas). A guerra era um acontecimento cuja transcendência história impunha uma cobertura de qualidade. O jornal optou pelo leitor. Reduziu a publicidade e manteve o noticiário. Hoje, o New Herald Tribune está morto e o New York Times é um dos jornais de maior prestígio do mundo.

O jornalismo impresso, preocupado com o impacto da televisão e com a diminuição alarmante do hábito de leitura, tem desencadeado sucessivas operações de marketing. As promoções estão na linha de frente da estratégia. O recurso, embora válido e eficiente, não deve ser supervalorizado. De nada adiantará o esforço, se o jornal negligenciar uma regra básica: somente a qualidade e a credibilidade de uma publicação são capazes de garantir uma boa clientela de leitores e anunciantes.

A mídia impressa, superada a etapa do rejuvenescimento gráfico e dos investimentos tecnológicos, precisa travar a revolução nos conteúdos: a conquista pela qualidade editorial. Trata-se de um desafio empolgante. Impõe-se, por isso, uma reformulação profunda nos conceitos e na operação jornalística. A revalorização da reportagem de qualidade e o revigoramento do jornalismo analítico devem estar entre as prioridades estratégicas. Os responsáveis pelas redações precisam desenvolver um permanente exercício de autocrítica. Estamos conseguindo surpreender o leitor? Estamos oferecendo ao consumidor um produto instigante? Precisamos, numa palavra, atrair pela criatividade das pautas, pela profundidade das matérias, pela correção e confiabilidade das informações.

As redações não podem ser redomas invulneráveis ao mundo real. O jornal precisa ter a sábia humildade de moldar o seu conceito de informação, ajustando-o às necessidades do público ao qual se dirige. O lugar do jornalista é a rua, ouvindo o povo, dialogando com as pessoas, garimpando a informação. Recentemente, Marco Uchôa, repórter de Cidades de O Estado de S. Paulo, subiu o Morro de Santa Marta, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, para ouvir um dos líderes da delinqüência. A matéria, carregada de realismo, produziu um retrato acabado do drama que espartilha a Cidade Maravilhosa. A reportagem, desprovida de adjetivos, resultou numa denúncia substantiva. É por aí. O que vai conquistar novos consumidores é a resposta competente às suas necessidades concretas, é a matéria que ultrapassa a superficialidade eletrônica, é a denúncia consistente e responsável, é o texto inteligente e bem escrito. É preciso ter a coragem e a rebeldia de repensar o produto. Todos os dias.

Só uma metamorfose na cultura das redações será capaz de modificar a tendência a um trabalho rotineiro e pouco criativo. Mecanismos de avaliação e premiação podem mudar a cara de redações sem alma. A incompetência deve ser punida, mas a competência precisa ser reconhecida e valorizada. O jornalismo moderno, mais do que qualquer outra atividade humana, reclama atualização, formação permanente, treinamento. É preciso, contando também com o diagnóstico e a colaboração de profissionais independentes, investir seriamente no aprimoramento do produto. Chegou para a imprensa a hora da qualidade.”
(CARLOS ALBERTO DI FRANCO, em artigo publicado no JORNAL DO BRASIL, de 14.11.94, e transcrito no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 20 de novembro de 1994, Caderno POLÍTICA, página 3).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 7 de fevereiro de 2011, Caderno OPINIÃO, página 9, de autoria do mesmo autor, Professor de ética, doutor em comunicação pela Universidade de Navarro (Espanha), que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“O encantamento do jornalismo

Gay Talese, um dos fundadores do novo jornalismo, com uma maneira de descrever a realidade com o cuidado, o talento e a beleza literária de quem escreve um romance, é um crítico do jornalismo sem alma e sem graça. Seu desapontamento com a qualidade de certa mídia pode parecer radical e ultrapassada. Mas não é. Na verdade, Talese é um enamorado do jornalismo de qualidade. E a boa informação, independentemente da plataforma, reclama competência, rigor e paixão.

Segundo Talese, a crise do jornalismo está intimamente relacionada com o declínio da reportagem clássica. “Acho que o jornalismo e não o Times,está sendo ameaçado pela internet”, disse Talese. “E o principal motivo é que a internet faz o trabalho do jornalista parecer fácil. Quando você liga o laptop em sua cozinha, ou em qualquer lugar, tem a sensação de que está conectado com o mundo. Em Pequim, Barcelona ou Nova York. Todos estão olhando para uma tela de alguns centímetros. Pensam que são jornalistas, mas estão ali sentados, e não na rua. O mundo deles está dentro de uma sala, a cabeça está numa pequena tela, e esse é o seu universo. Quando querem saber algo, perguntam ao Google. Estão comprometidos apenas com as perguntas que fazem. Não se chocam acidentalmente com nada que estimule a pensar ou a imaginar. Às vezes, em nossa profissão, você não precisa fazer perguntas. Basta ir às ruas e olhar as pessoas. É aí que você descobre a vida como ela realmente é vivida.”

A crítica de Talese é um dignóstico certeiro da crise do jornalismo. Os jornais perdem leitores em todo o mundo. Multiplicam-se as tentativas de interpretação do fenômeno. Seminários, encontros e relatórios, no exterior e aqui, procuram, incessantemente, bodes expiatórios. Televisão e internet são, de longe, os principais vilões. Será? É evidente que a juventude de hoje lê muito menos. No entanto, como explicar o estrondoso sucesso editorial do épico O senhor dos anéis e das aventuras de Harry Potter? Os jovens não consomem jornais, mas não se privam da leitura de obras alentadas. O recado é muito claro: a juventude não se entusiasma com o produto que estamos oferecendo. O problema, portanto, está em nós, na nossa incapacidade de dialogar com o jovem real. Mas não é só a juventude que foge dos jornais. A chamada elite, classes A e B, também tem aumentado a fileira dos desencantados. Será inviável conquistar toda essa gente para o mundo mágico do jornalismo? Creio que não. O que falta, estou certo, é ousadia e qualidade.

A fórmula de Talese demanda forte qualificação profissional. “A minha concepção de jornalismo sempre foi a mesma. É descobrir as histórias que valem a pena ser contadas. O que é fora dos padrões e, portanto, desconhecido. E apresentar essa história de uma forma que nenhum blogueiro faz. A notícia tem de ser escrita como ficção, algo para ser lido com prazer. Jornalistas têm de escrever tão bem quanto os romancistas.” Eis um magnífico roteiro e um formidável desafio para a conquista de novos leitores: garra, elegância, rigor, relevância.

A revalorização da reportagem e o revigoramento do jornalismo analítico devem estar entre as prioridades estratégicas. É preciso encantar o leitor com matérias que rompam com a monotonia do jornalismo declaratório: menos Brasil oficial e mais vida; menos aspas e mais apuração; menos frivolidades e mais consistência. Além disso, os leitores estão cansados do baixo astral da imprensa brasileira. A ótica jornalística é, e deve ser, fiscalizadora, mas é preciso reservar espaço para a boa notícia. Ela também existe. E vende jornal. O leitor que aplaude a denúncia verdadeira é o mesmo que se irrita com o catastrofismo que domina muitas de nossas pautas. Perdemos a capacidade de sonhar e a coragem de investir em pautas criativas. É hora de proceder às oportunas retificações de rumo. Há espaço, e muito, para o jornalismo de qualidade. Basta cuidar do conteúdo. E redescobrir uma verdade constantemente negligenciada: o bom jornalismo é sempre um trabalho de garimpagem.”

Eis, portanto, mais REFLEXÕES e PONDERAÇÕES que nos acenam para o FASCINANTE, EXIGENTE e BELO exercício DEMOCRÁTICO, que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um mundo da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...