“Empresas
e seus talentos
No atual cenário em que
vivemos, com crise financeira em diversos países, catástrofes ambientais e
diferenças sociais, engana-se quem acredita que esses problemas são exclusivos
dos governantes. Está mais do que na hora de todos enxergarem que já ultrapassamos
há tempos a era em que as iniciativas privadas não prestavam atenção nessas
questões. E, mais, as empresas que não discutem e não se preocupam com os
problemas do mundo ao seu redor estão fadadas ao fracasso.
As
companhias que pensam somente em gerar lucros têm de se reinventar. É preciso
enxergar que empresas são agentes de mudanças, que também têm um real
compromisso com a sociedade, devem participar ativamente, extrapolar as
exigências do capitalismo e ter um reposicionamento de comportamento empresarial.
A
mudança de paradigma do sistema em que vivemos está em um termo conhecido como
“talentismo” – ou seja, no fato de pensar no conjunto da obra, e não apenas na
organização em si. A finalidade desse novo conceito é a capacidade de inovar e
circular ideias por meio do talento, da educação e do empreendedorismo, sempre
com uma visão clara de compromisso junto à sociedade, ao meio ambiente e às
causas sociais que envolvem a realidade ao seu entorno, seja na cidade ou no
país todo. Isso significa um reposicionamento do comportamento empresarial.
Para
compreender um pouco melhor, o Fórum Econômico Mundial reúne anualmente chefes
de governo, representantes empresariais, de bancos, entre outros executivos,
com o intuito de debater temas presentes e propor caminhos para o futuro.
Porém, é claro, nada adiantará se essas questões não saírem do papel.
Além
de colocar as iniciativas em prática, as organizações precisam seguir os Dez
Objetivos do Pacto Global, iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) elaborada
sobre os pilares dos direitos humanos, princípios e direitos fundamentais no
trabalho, respeito e preservação do meio ambiente e o combate à corrupção. A
missão do Pacto Global é engajar as empresas para que aceitem as metas propostas,
apoiem e busquem alcançá-las dentro de suas dependências e também nas esferas
de influência.
O
“talentismo” nada mais é que a valorização de uma empresa ao seu capital
humano, seja ele parte da equipe de colaboradores, da carteira de clientes ou
da comunidade que, de alguma forma, participa de sua atuação. Toda companhia
que atua no cenário moderno do capitalismo precisa estar de acordo com esse
conceito e perceber que as pessoas são mais importantes que o dinheiro.”.
(WELLINGTON
RODGÉRIO. Diretor financeiro do Grupo Sabará, empresa especializada no
desenvolvimento de tecnologias, soluções e matérias-primas de alta performance,
em artigo publicado no jornal ESTADO DE
MINAS, edição de 21 de janeiro de 2017, caderno OPINIÃO, página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de
19 de maio de 2017, mesmo caderno, página 11, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO,
arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral
transcrição:
“Reformar
é preciso
A sociedade brasileira
enfrenta uma das mais difíceis fases de sua história, indicativo incontestável
de que reformar é necessidade urgente para abrir horizontes novos. Essa tarefa exige
audácia capaz de promover dinâmicas, encontrar respostas e configurações
normativas que tornem a sociedade mais civilizada, com igualdade e respeito à
dignidade humana. Nessa direção, devem ser superados privilégios que causam
exclusão. Também é momento para se cultivar o sentimento patriótico de
pertencimento, que sustenta o relacionamento harmonioso entre diferentes
segmentos da sociedade. Uma nova realidade que deve ser configurada com
esforços dedicados à promoção de reformas arquitetadas com clarividência,
comprometidas com a busca de solução para as aflições que pesam sobre todos e,
de modo mais forte, na vida dos pobres.
Instituições
diversas podem e devem procurar o caminho das mudanças. A própria Igreja
Católica tem na sua configuração o princípio Ecclesia semper reformanda,
mencionado em documentos e contextos históricos, levando a Igreja a
compreender-se como passível de revitalizações em sua dimensão institucional. A
exigência de reformas é, desse modo, inquestionável, quando se busca oferecer
respostas a novos desafios. O tratamento adequado e inteligente das demandas
contemporâneas e a consideração da inevitáveis mudanças culturais requerem que
organizações diversas desenvolvam novos planejamentos, avaliem impactos das
transformações e adotem vetores diferentes, com o objetivo de alcançar
equilíbrio e a sustentabilidade. Por isso, que fique bem claro: quando a Igreja
Católica, nas suas configurações institucionais, a partir de diferentes
líderes, questiona processos de reformas, não significa que é contrária às
mudanças.
A
própria Igreja reconhece a importância de reformar-se para corresponder às
necessidades dos fiéis, a seus propósitos missionários e fortalecer seus muitos
serviços sociais de amparo aos pobres. Ao posicionar-se sobre o grave momento
nacional da sociedade brasileira, apontando suas causas e consequências, a
Igreja não se manifesta contrária às reformas. Diferentemente disso, coloca em
questão processos, conteúdos e operações nos procedimentos das reformas
propostas, pois muitos condutores das iniciativas de mudança sofrem com a falta
de credibilidade, em razão de suas posturas pouco alicerçadas na moral. Esses
condutores, que têm a força da voz e do voto, agem na sombra da falta de ética
e do pouco apreço pela honestidade. Disso resulta um incalculável déficit na
sociedade brasileira e a confusão se instala: as vozes desafinam, e as
intuições interpretativas para propor as reformas inadiáveis ficam
contaminadas, enfraquecidas.
Olhar
a realidade social e política da sociedade brasileira atual e não admitir
reformas seria, minimamente, insanidade. Sem as mudanças, acelera-se o processo
que leva ao colapso ou à inadequação das instituições, sejam civis,
governamentais, culturais ou religiosas. Assim, não admitir reformas é prova da
falta de inteligência. Só mesmo razões ideológicas, com parcialidades
comprometidas – ou interesses coletivos e partidários, guiados pela tirania,
por horizontes balizados na imoralidade, no desrespeito a princípios e valores –
ignoram essa urgente necessidade. As reformas são a única saída para tirar a
sociedade do lamaçal de práticas abomináveis que fazem o país submergir no
fosso do fracasso da sua economia, política e cidadania. É preciso mudar, e com
urgência! Não tem sentido ser contra reformas, nos mais diferentes âmbitos, mas
elas precisam ser capazes de imprimir novos rumos, resolver gravíssimos
problemas. Para isso, não se pode esperar que as transformações necessárias
sejam conduzidas por mentes contaminadas ou condutas moralmente comprometidas.
Conta
agora estabelecer o amplo diálogo exigido, para limpar os trilhos de obstáculos
advindos da desonestidade, e assim ser possível avançar rumo às inadiáveis
reformas. Um percurso construído a partir das atitudes cidadãs de homens e
mulheres competentes e com credibilidade. As reformas têm a urgente tarefa de
começar a construir uma virada civilizatória e cultural no Brasil. O desafio
maior é como efetivá-las, diante do momento abissal vivido no país, de
fragilidade política e moral. Um contexto que exige ainda mais lucidez,
sabedoria e sentido de cidadania. Trabalhe-se de modo cidadão pelas reformas,
como a que resultou na Constituições Cidadã de 1988, no que pese seus limites e
fragilidades, para efetivar amplas transformações e se construir um Brasil
novo.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em março/2017 a ainda estratosférica
marca de 490,3% nos últimos doze meses,
e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 328,0%; e já o IPCA
também no acumulado dos últimos doze meses, em abril, chegou a 4,08%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a
lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato,
Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso
específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e
que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável
desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão,
a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com
esta rubrica, previsão de R$ 946,4
bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
- 55
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por
uma Nova Política Brasileira...