“O
que a pandemia revela sobre a globalização
O processo de
globalização tem sido objeto de ataques de intelectuais, políticos e
governantes mundo afora. Enquanto as esquerdas o denunciavam como instrumento
de maior exploração das classes trabalhadoras, de concentração de renda e de
ampliação das desigualdades em escala mundial, a direita se regozijava de seus
feitos na ampliação dos mercados e na geração de riquezas.
Com o
passar do tempo, as esquerdas mais radicais, talvez entusiasmadas com o
espetacular avanço econômico da China, se silenciaram, deixando a cargo da
direita os ataques mais ferrenhos aos efeitos “perversos” do fenômeno, como o
desemprego no mundo desenvolvido, as migrações e seus impactos nas culturas
locais.
Tais
críticas servem, quando muito, para promover a instabilidade política mundial,
dado que a globalização é um processo estrutural e, portanto, imune a críticas
ou à vontade política. Trata-se de um fenômeno resultante da trajetória do
capitalismo avançado que, com o auxílio decisivo das novas tecnologias,
enfrenta a ferrenha disputa por mercados na realização de seus lucros.
Esse é o
pano de fundo da emergência, nos últimos anos, de movimentos e governos
populistas de extrema direita embalados por teorias da conspiração que atribuem
os males da sociedade contemporânea ao chamado “marxismo cultural” de
inspiração gramsciana. Vem daí o ódio à diversidade, aos intelectuais, à
ciência moderna e às organizações supranacionais como a Organização das Nações
Unidas (ONU) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), para não falar das
organizações não governamentais que, a serviço do comunismo, visariam à
implantação de um governo mundial.
Por
outro lado, nada como uma pandemia para revelar os impactos mais insólitos da
globalização sobre as economias dos países ocidentais avançados, em especial o
da vulnerabilidade da superpotência norte-americana.
Ancorados
nos elevados lucros de suas empresas de tecnologia de ponta, os Estados Unidos
deixaram a cargo de outros países toda a produção industrial intensiva em mão
de obra. A China, que durante anos enviou centenas de milhares de estudantes
aos Estados Unidos, soube combinar a absorção e o aprimoramento das novas
tecnologias com a multiplicação de indústrias intensivas em mão de obra,
tornando-se a maior supridora mundial de panos de prato a insumos para a
indústria farmacêutica e os laboratórios de pesquisa.
O
combate à pandemia tem sido dificultado pela carência, em muitos países, de
respiradores, equipamentos de proteção para os profissionais da saúde e insumos
para pesquisa e testes de pacientes. Ironia das ironias, o Brasil se viu na
contingência de buscar rotas alternativas às que incluem escala nos Estados
Unidos para evitar o confisco dos equipamentos importados da China pelas
autoridades daquele país. Só nos resta esperar pelo fim da pandemia para ver o
que o futuro nos reserva.”.
(Flávio Saliba
Cunha. Sociólogo e professor (UFMG), em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 15 de
maio de 2020, caderno OPINIÃO,
página 17).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a Excelência
Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 18 de maio
de 2020, caderno A.PARTE, página 10,
de autoria de VITTORIO MEDIOLI, e
que merece igualmente integral transcrição:
“Versos
áureos
Entre os ensinamentos morais que não deveriam faltar
na mesa de um homem de poder, ou de quem tem apreço a si e à humanidade, estão
os “Versos Áureos”, de Pitágoras. Confesso que muitas vezes me esqueço de
consultá-los e, assim, afundo-me em meus erros. É sempre bom lembrá-los antes
de uma decisão.
Aos deuses, segundo as leis, presta justas
homenagens; respeita a palavra dada, os heróis e os sábios; honra teus pais,
teus reis, teus benfeitores; escolhe para teus amigos os melhores dos homens;
sê obsequioso, sê fácil nos negócios; não odeies tem amigo por faltas leves;
serve com teu poder à causa do bom direito; quem faz tudo o que pode faz tudo o
que deve.
Sabe reprimir, como um mestre severo, o
apetite e o sono, Vênus e a cólera.
Não peques contra a honra nem de longe,
nem de perto. E só sê juiz severo de ti mesmo; sê justo em ações, e não em
palavras; não ofereças pretextos frívolos ao mal.
A sorte não enriquece, ela pode
empobrecer-nos. Fracos ou poderosos, devemos todos morrer.
Não sejas refratário a tua dor,
aceita-a; aceita o remédio útil e salutar e sabe que os homens virtuosos são os
menos infelizes dos mortais aflitos; que teu coração se resigne aos injustos
colóquios (à calúnia).
Deixa falar o mundo e segue sempre teu
caminho, mas não faças nada levado pelo exemplo que seja sem retidão e sem
utilidade.
Faze caminhar à frente o conselho que te aclara para que a obscuridade não venha atrás.
A tolice é sempre a maior das
desgraças; não faças nada sem saber, sê cioso para aprender. Dá ao estudo um
tempo que a felicidade deverá retribuir.
Não sejas negligente em cuidar de tua
saúde e toma o necessário com sobriedade; tudo o que não pode prejudicar é
permitido na vida.
Sê elegante e puro sem excitar a
inveja; foge à negligência e ao fausto insolente; o luxo mais simples é o
excelente.
Não procedas sem pensar no que vais
fazer e reflete, à noite, sobre toda a tua jornada: “O que fiz”, “o que ouvi”,
“o que devo lastimar”.
Por essa via de justiça divina, assim
tu poderás escalar a excelência.
Dispensam comentários.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em março a estratosférica marca de 326,4%
nos últimos doze meses, e a taxa de
juros do cheque especial chegou ainda em históricos 130,0%; e já o IPCA, em
abril, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,40%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega,
do direito e da justiça:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Destarte,
torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência,
eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com
menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem
o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida,
que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas,
oportunidades e potencialidades com todas
as brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além
de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do
século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da
informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da
sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da
paz, da solidariedade, da igualdade
– e com equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
- Pelo
fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares
do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e,
ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A
alegria da vocação ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de
infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre
pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.