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quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

A CIDADANIA, A MENTE ILUMINADA E A FORÇA DO JORNALISMO NA CONSTRUÇÃO DE CIDADES SUSTENTÁVEIS

“A mente deve estar receptiva 
diante da luz interior
        A tendência de se criarem rótulos, padrões meramente externos que caricaturam os fatos e as pessoas, tem de ser superada para se chegar ao interior e à verdade de uma situação. É preciso ser capaz de estar diante de cada indivíduo como pela primeira vez, sem projetar sobre as próprias ideias preconcebidas ou deixar que ideias criadas pelos demais influenciem esse contato.
         Transcender essa tendência de se criarem rótulos é fundamental, pois só assim pode-se colaborar na dissolução de formas-pensamentos que impedem o trabalho de cura da estrutura energética dos indivíduos.
         Principalmente quando se convive algum tempo com outras pessoas, a mente é levada a tachar: “eu sou assim”, “ele é desse jeito”, o que vai criando capas que contribuem para confirmar o estado no qual cada um se encontra. Evidentemente, o discernimento tem de já ter sido depurado para que se abandone tal inclinação sem perder o equilíbrio, pois é preciso reconhecer também os hábitos do indivíduo, enquanto se tem em conta que ele é um ente imortal, cuja existência profunda, a alma, é desprovida de idiossincrasias. Quanto menos se ressaltarem ou confirmarem essas limitações, mais a verdade pode emergir.
         Embora a transformação e a elevação da mente humana tenham sido atingidas por poucos até a presente fase, o fato de esse processo já ter sido iniciado em certa proporção é algo de valor inestimável para a evolução da humanidade.
         Quando uma definição, por exemplo, consegue fazer com que a mente se aquiete e possa estar receptiva à luz interior, ela é benéfica; mas não se pode deixar que a mente nela se acomode ou cristalize, pois uma definição é limitada, e ainda que verdadeira em certo nível, revela-se falsa ou incompleta num nível superior.
         Se a mente indaga, que dirija as suas perguntas ao centro do ser, e o que dele emergir resultará em um trabalho frutífero, mesmo que seja o completo vazio. Ao aprender a escutar o que vem desse centro, a mente recebe as emanações positivas de níveis libertos da ilusão. Muito provavelmente não obterá definições, mas, se for tocada pelo silêncio onisciente, compartilhará de uma existência na qual tudo é conhecido. Assim as dúvidas se desfazem. Querer respostas prontas e acomodar-se a elas é um vício da mente. O trabalho a ser por ela empreendido é, diante do desconhecido, procurar abrir-se ao mistério.
         Há limites que a mente humana não pode ultrapassar. Todos sabem disso, mas é necessário que, ao se deparar com esses limites, coloquem em prática os ensinamentos espirituais; do contrário, não é possível prosseguir a jornada sem percalços. São João da Cruz afirma, de modo claro e direto: “No caminho da perfeição, deixar e ir adiante é recuar”.
         Uma vontade férrea é requerida para se transcenderem a mente e os temores que ela alimenta. Se não houver fé, não se podem superar certas provas. A fé é uma energia cujo poder a maioria desconhece. Quem é pouco experimentado nas trilhas da ascensão olha-a com desdém; no entanto, quem já cruzou determinadas fronteiras curva-se diante dela em reverência, pois não há maior bem para os que assumem a evolução.
         Para São João da Cruz a fé é fonte que mana, mesmo durante as noites da alma; uma eterna fonte escondida, mas que bem sabemos onde tem sua guarida. Diz ainda: “Os céus e a terra bebem dela, mesmo de noite”.”.

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 22 de novembro de 2015, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 21 de dezembro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de CARLOS ALBERTO DI FRANCO, jornalista, e que merece igualmente integral transcrição:

“Cicatrizes da cidade
        As pautas não estão dentro das redações. Elas gritam em cada esquina. É só pôr o pé na rua e a reportagem salta na nossa frente. Essa percepção, infelizmente, é a que mais falta aos jornais. Os diários perderam o cheiro do asfalto, o fascínio da vida, o drama do cotidiano. Têm o gosto insosso de hambúrguer em série. O crescimento dos jornais depende de uma providência muito simples: sair às ruas, fazer reportagem. Só isso.
         Estive, recentemente, no Centro Antigo de São Paulo. Um concerto em homenagem à Justiça, no encerramento do mandato do desembargador José Renato Nalini na presidência do Tribunal de Justiça, levou-me ao Theatro Municipal. Um belo espetáculo. Deparei-me na saída, às 22 horas, com uma cidade assustadora: edifícios pichados, prédios invadidos (o edifício do antigo cinema Marrocos é um favelão), gente sofrida e abandonada, prostituição a céu aberto, zumbis afundados no crack, uma cidade sem alma e desfigurada pelas cicatrizes da ausência criminosa do poder público. A cidade de São Paulo foi demitida por seus governantes. E nós, jornalistas, precisamos mostrar a realidade. Não podemos ficar reféns das assessorias de comunicação e das maquiagens que fala de uma revitalização que só existe no papel. Temos o dever de pôr o dedo na chaga. Fazer reportagem. Escancarar as contradições entre o discurso empolado e a realidade cruel. Basta percorrer três quarteirões. As pautas estão quicando na nossa frente.
         Jornalismo é isto: mostrar a vida, com suas luzes e suas sombras. São Paulo, a cidade mais rica do país e um dos maiores orçamentos públicos, é um retrato de corpo inteiro da falência do Estado.
         Também o Brasil, um país continental, sem conflitos externos, com um povo bom e trabalhador, está na banguela. Os serviços públicos estão à deriva. Basta pensar na educação. A competitividade global reclama crescentemente gente bem formada. Quando comparamos a revolução educacional sul-coreana com a desqualificação da nossa educação, dá vontade de chorar. A assustadora falta de mão de obra com formação mínima é um gritante atestado do descalabro da “Pátria Educadora”. Governos sempre exibem números chamativos. E daí? Educação não é prédio. Muito menos galpão. É muito mais. É projeto pedagógico. É exigência. É liberdade. É humanismo. É aposta na formação do cidadão com sensibilidade e senso crítico.
         O custo humano e social da incompetência e da corrupção brasileira é assustador. O dinheiro que desaparece no ralo da delinquência é uma tremenda injustiça, uma bofetada na cidadania, um câncer que, aos poucos e insidiosamente, vai minando a República. As instituições perdem credibilidade numa velocidade assustadora.
         Os protestos que tomam conta das cidades precisam ser interpretados à luz da corrupção epidêmica, da impunidade cínica e da incompetência absoluta da gestão pública. Há uma clara percepção de que o Estado está na contramão da sociedade. O cidadão paga impostos extorsivos e o retorno dos governos é quase zero. Tudo o que depende do Estado funciona mal. Educação, saúde, segurança, transporte são incompatíveis com o tamanho e a importância do Brasil.
         Nós, jornalistas, temos um papel importante. Devemos dar a notícia com toda a clareza. Precisamos fugir do jornalismo declaratório. Nossa missão é confrontar a declaração do governante com a realidade dos fatos. Não se pode permitir que as assessorias de comunicação dos políticos definam o que deve ou não ser coberto. O jornalismo de registro, pobre e simplificador, repercute o Brasil oficial, mas oculta a verdadeira dimensão do país real. Precisamos fugir do espetáculo e fazer a opção pela informação. Só assim, com equilíbrio e didatismo, conseguiremos separar a notícia do lixo declaratório.
         As cicatrizes que desfiguram o rosto de São Paulo e do Brasil podem ser superadas. Dinheiro existe, e muito. Falta vergonha na cara, competência e um mínimo de espírito público. Façamos reportagem. Informação é arma da cidadania. E votemos bem. Seu voto, amigo leitor, pode virar o jogo.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em novembro a também estratosférica marca de 378,76% para um período de doze meses; e mais, ainda em novembro, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 10,48%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”  

 
        

  

  

quarta-feira, 13 de maio de 2015

A CIDADANIA, A ENERGIA DO AMOR E OS DESAFIOS DA GESTÃO PÚBLICA

“O relógio dos ciclos prenuncia uma nova vida
        A energia do Amor – tão pouco conhecida e tão misteriosa em sua expressão mais profunda – se manifestada com pureza por uma pessoa, pode permitir que uma outra se aproxime ou contate seu próprio núcleo interior, sua alma.
         Principalmente nesta época, essa energia do Amor encaminha rapidamente os indivíduos ao encontro desse núcleo interno, o que poderá se realizar por meio de situações agradáveis ou não para a consciência. O trabalho da energia do Amor não é alimentar as emoções, mas transfigurar efetivamente o que por ela é tocado. Assim, o que está limitado amplia-se, dissolvendo-se no que é superior e que se encontra em sua própria essência.
         Essa energia impessoal trabalha ampliando e alargando aquilo que é restrito e limitado. Ela é como uma torrente poderosa que chega e inunda tudo, e a tudo mergulha em sua vastidão.
         Até que o Amor seja compreendido e plenamente manifestado na vida aqui deste planeta, há ainda um longo percurso que deve ser cumprido. É o caminho que o próprio planeta deve percorrer para, finalmente, vir a expressar uma imagem que seja a face do Cristo. Tal qual o Sol, que manifesta profundamente a energia crística e desperta em cada um a gratidão e a reverência pela energia trazida em seus raios, também a Terra tem um padrão energético de Amor cósmico para expressar. Esse Amor, tão distante e oposto do que é a realidade da vida humana neste planeta, vive latente na aura de cada partícula que o constitui.
         A manifestação externa da energia crística por intermédio de um ser humano veio estabelecê-la definitivamente nos planos espirituais e físicos. O sangue de Cristo Jesus, derramado para redenção de todo o planeta, simboliza a penetração dessa energia nos planos da vida física e a consolidação, na Terra, da luz e da chama do Amor cósmico, bem como da plena existência superior.
         Para que o homem possa romper as cadeias da ilusão material em que vive é preciso que transcenda a predisposição mental de ter o mundo físico-material, como referência; é também essencial não fundamentar em fenômenos o caminho espiritual que precisa percorrer. Uma místico cristão do século XVI, são João da Cruz, dizia: “... para chegares a possuir tudo, não queiras possuir coisa alguma; para chegares a ser tudo, não queiras ser coisa alguma; para chegares a saber tudo, não queiras saber coisa alguma; para chegares ao que não sabes, hás de ir por onde não sabes...”.
         Todo o Universo percebido pelo homem é como a folha de um livro infinitamente volumoso; basta virá-la e surge outra folha, com outra configuração energética. Mas todo o livro é ainda uma criação de quem o escreveu, que não é visto nem percebido, que não é contido pelo livro, mas que o contém.
         A areia desliza velozmente no relógio dos ciclos, indicando que os tempos se aproximam. Tempos de júbilo e de revelação; tempos de glória e esplendor para os que puderam permanecer fiéis ao legado que do Cosmos receberam. Mas serão também tempos de lutas e tribulações para os que se deixaram iludir pelo apego e pela identificação com a vida material e os seus bens.
         Para se chegar ao real, deve-se abrir mão do que é transitório. O eterno contém o temporal, mas este deve ser transcendido para que a plenitude divina se revele totalmente.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 10 de maio de 2015, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 11 de maio de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de CARLOS ALBERTO DI FRANCO, jornalista, e que merece igualmente integral transcrição:

“Serviços públicos à deriva
        Dengue bate recorde em São Paulo: 400 mil casos. Equipe da TV Tribuna assaltada ao vivo, no Guarujá. Obras paralisadas, ou em ritmo de Quarto Mundo, infernizam o cotidiano de quem vive na maior cidade do país. São informações selecionadas num rol infindável de mais notícias patrocinadas pelos governos. Os serviços públicos estão à deriva. Não são suposições. São constatações.
         Autoridades de saúde não conhecem, ou fingem desconhecer, as causas do avanço da dengue. Não tratam o assunto como problema de saúde pública. Terceirizam responsabilidades. A culpa é nossa. O foco está no descuido dos moradores. Fantástico! E os terrenos públicos abandonados? E o lixo acumulado nas ruas das cidades? E o fumacê, alguém viu? O eficiente procedimento e combate ao mosquito da dengue desapareceu. Razões? Falta dinheiro? Falta planejamento? Sei lá. Trata-se, agora, de esperar a chegada do frio. Com menos chuvas e temperaturas mais baixas, as condições de proliferação do mosquito devem minguar. O inverno, e não as ações do governo, pode minimizar a epidemia.
         E a segurança pública? Basta uma notícia, amigo leitor. Uma equipe de reportagem da TV Tribuna, afiliada da Rede Globo na Baixada Santista, foi assaltada enquanto fazia uma entrevista ao vivo sobre dengue na frente da Prefeitura do Guarujá, no litoral paulista. A repórter entrevistava o diretor de Vigilância em Saúde da cidade quando a equipe e o entrevistado foram abordados por um ladrão armado. Toda a cena foi transmitida ao vivo no jornal local do meio-dia. Enquanto sociólogos e comunicadores esgrimam argumentos a favor e contra a diminuição da maioridade pela, a bandidagem faz a festa.
         O Brasil, um país continental, sem conflitos externos, com um povo bom e trabalhador, está na banguela. A competitividade global reclama crescentemente gente bem formada. Quando comparamos a revolução educacional sul-coreana com a desqualificação da nossa educação, dá vontade de chorar. A assustadora falta de mão de obra com formação mínima é um gritante atestado do descalabro da Pátria Educadora. Governos sempre exibem números chamativos. E daí? Educação não é prédio. Muito menos galpão. É muito mais. É projeto pedagógico. É exigência. É liberdade. É humanismo. É aposta na formação do cidadão com sensibilidade e senso crítico.
         O custo humano e social da incompetência e da corrupção brasileira é assustador. O dinheiro que desaparece no ralo da delinquência é uma tremenda injustiça, uma bofetada na cidadania, um câncer que, aos poucos e insidiosamente, vai minando a República. As instituições perdem credibilidade numa velocidade assustadora. Os protestos que tomam conta das cidades precisam ser interpretados à luz da corrupção epidêmica, da impunidade cínica e da incompetência absoluta da gestão pública. Há uma clara percepção de que o Estado está na contramão da sociedade.
         Políticos e governantes estão de costas para a sociedade. Nós, jornalistas, temos um papel importante. Devemos dar a notícia com toda a clareza. Precisamos fugir do jornalismo declaratório. Nossa missão é confrontar a declaração do governante com a realidade dos fatos. Campanhas milionárias, promessas surrealistas e imagens produzidas fazem parte do marketing de alguns políticos e governantes. Assiste-se, diariamente, a um show de efeitos especiais capazes de seduzir o grande público, mas, no fundo, vazio de conteúdo e carente de seriedade. Nós jornalistas somos (ou deveríamos ser) o contraponto a essa tendência. Cabe-nos a missão de rasgar a embalagem e desnudar os políticos. Precisamos fugir do espetáculo e fazer a opção pela informação.
         Transparência nos negócios públicos, ética, boa gestão e competência são as principais demandas da sociedade. Memória e voto consciente compõem a melhor receita para satisfazê-las. Devemos bater forte na pornopolítica. Ela está na raiz da espiral de violência que sequestra a esperança dos jovens e ameaça nossa democracia.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (assim sendo, já é crítica a superação da marca de 8% no acumulado de doze meses...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a simples divulgação do balanço auditado da Petrobras, que, em síntese, apresenta no exercício de 2014 perdas pela corrupção de R$ 6,2 bilhões e prejuízos de R$ 21,6 bilhões, não pode de forma alguma significar página virada – eis que são valores simbólicos –, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (haja vista as muitas faces mostrando a gravidade das crônicas paralisações de obras e serviços públicos...   );

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2015, segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!...