“Satisfação
em tempos de crise
O mercado de trabalho
está cada vez mais exigente e o perfil do profissional de alguns anos atrás não
atende mais às expectativas atuais. Há pressões de todos os lados, em um
cenário que promete cada vez mais competição e instabilidade. Os ciclos de
mudanças ocorrem em espaços menores. A todo momento surge uma notícia nova
sobre algo a se fazer para melhorar e alcançar os objetivos estabelecidos em
nossa vida pessoal e profissional.
Para
tempos assim, as exigências para um perfil mais competitivo assustam muito,
pois os critérios de competências estão, literalmente, cobrando que se tenha o
melhor em conhecimento, habilidade e atitude, especialmente dos líderes.
Enquanto
isso, o indivíduo envolvido nesse cenário busca sucesso, estabilidade e, acima
de tudo, felicidade. Tenta equilibrar sua vida profissional e pessoal da melhor
maneira possível. Contudo, sempre esbarra na rotina de processos, nas cobranças
infindáveis, na necessidade de equilíbrio emocional quando pressionado por
resultados, na busca por soluções para diversos problemas de sua vida, no
investimento caro em capacitação e na falta de tempo para ficar com a família,
além de todas as demais questões do dia a dia.
Fica
evidente que precisamos de novas orientações e de propostas mais humanizadas,
sensatas e cabíveis quando tratamos de satisfação pessoal, sucesso profissional
e desenvolvimento de lideranças nas organizações. Como se diz, não podemos mais
esperar as coisas novas tendo sempre os velhos comportamentos.
Primeiramente,
é preciso identificar os fatores que desencadeiam os problemas, sua natureza e
onde realmente eles moram. Deve-se começar pelas questões internas, que têm
relação com as dimensões física, mental, emocional e espiritual.
Em
poucas palavras, a dimensão física trata da nossa saúde e envolve hábitos
alimentares, práticas de atividades físicas, descanso e bem-estar. A dimensão
mental se refere ao modo como cuidamos de nossa mente para lidar com todas as
situações que vivemos, como, por exemplo, quando precisamos de produtividade
elevada, pensamento estratégico e análise acurada. Todas esses atributos
demandam uma mente treinada, clara e bem desenvolvida.
A
dimensão emocional está relacionada com as habilidades que temos de reconhecer
as nossas emoções e as dos outros e como as utilizamos para guiar nossos
pensamentos e comportamentos. Já a dimensão espiritual diz respeito à
importância de se refletir sobre as coisas que nos motivam e qual o nosso
propósito de vida. Afinal, descobrir e realizar nosso desígnio nos traz uma
satisfação mais duradoura.
O que
precisamos, portanto, é aceitar nossa “bússola interna”. Ela é o nosso mapa de
orientação comportamental para a tomada de decisões em todos os níveis de nossa
vida. É com ela que conseguiremos harmonizar as quatro dimensões do nosso ser
para, então, conquistar uma vida melhor no trabalho, em casa e em qualquer
lugar onde estejamos.”.
(TONY
LOUREIRO. Escritor e palestrante, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 6 de junho
de 2016, caderno OPINIÃO, página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de
30 de maio de 2016, mesmo caderno e página, de autoria de ARISTIDES JOSÉ VIEIRA CARVALHO, médico, mestre em medicina,
especialista em clínica médica e medicina de família e comunidade, e que merece
igualmente integral transcrição:
“Buscar
a coerência
A célebre frase de
Paulo Freire “é fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se
faz, de tal forma que, num dado momento, a sua fala seja a sua prática” tem
sido utilizada, com frequência, por movimentos acadêmicos e populares, que
defendem a coerência, uma palavra muito importante para os dias de hoje.
Discutir
sobre a coerência é fundamental, porque nos faz pensar na transparência, na
responsabilidade e na autenticidade. Mas é preciso cuidado: pode nos conduzir a
um discurso moralista, que aponta os deslizes e os atropelos dos outros e nos
cega para as nossas próprias contradições. E aí ficamos diante de uma situação
complexa: como lidar com esse tema de forma a nos incluirmos nas reflexões e
não usarmos apenas o olhar que se volta para fora e não vê as nossas próprias
ações?
Muitas
vezes nos angustiamos e sofremos por não alcançar a identificação entre o que
sentimos, dizemos e o que efetivamente fazemos e somos. A busca pela coerência
é um dos desafios que nos é colocado a cada dia e que, à medida que o
enfrentamos, nos tornamos mais humanos, mais autênticos. Afinal, não somos
perfeitos. Estamos em construção. E perseguir a coerência é tarefa para uma
vida inteira.
Sabemos,
entretanto, que as incoerências e as contradições não ocupam apenas o âmbito
das preocupações pessoais, individuais. Elas estão presentes também nos espaços
coletivos. A política é um bom exemplo. As atuações de alguns políticos
brasileiros expressam incoerências tão absurdas que – embora justificadas e
defendidas com naturalidade e de forma estranha – são vistas com crescente
indignação pela população. E aqui cabem algumas considerações.
Nunca,
na história do Brasil, se ouviu e se discutiu tanto sobre política. A
população, nos espaços de convivência, emite opiniões, troca de ideias e muitas
vezes discorda e se atrita. Recebe todos os dias, uma quantidade enorme de
informações. Certamente aprende com tudo isso. Mais amadurecida aprende, por
exemplo, que discursos inflamados, seguidos de aplausos e torcidas, não
significam compromisso efetivo com as mudanças e transformações necessárias. A
situação atual remete a ditados populares como “colocar a barba de molho” ou
“gato escaldado tem medo de água fria”.
Um
novo governo assumiu recentemente. Terá pouco tempo para provar a que veio. A
expectativa da grande maioria da população brasileira é a de que exista
coerência entre o que foi anunciado e o que efetivamente vai ser realizado.
Espera-se que os resultados sejam benéficos. Gerenciar pequenos negócios e
processos não é coisa fácil. Gerenciar uma nação, então, é algo muito complexo,
considerando os diferentes interesses dos grupos e organizações sociais. Por
isso, não se espera ações mirabolantes dos novos gestores e políticos, mas sim,
tendo em vista as manifestações populares e a grave crise sociopolítica e
econômica, muito dedicação, responsabilidade e coerência. Como dizia o cineasta
Stan Lee, “com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades”. Acrescentamos,
usando Paulo Freire: e a necessidade de coerência entre o discurso e a prática.
Com
certeza, mudanças substanciais não acontecerão se as grandes contradições não
forem combatidas com firmeza. Para além de ideias e teorias, é preciso avançar
em mecanismos concretos que impeçam o crescimento e a persistência de posturas
irresponsáveis e inconsequentes. Exigência semelhante podemos fazer em relação
às nossa vidas: não conseguiremos resultados bons e justos se não perseguirmos
a coerência no nosso dia a dia. O “jeitinho brasileiro” e outras invenções
criadas com o objetivo de levar vantagem em tudo deverão ser abolidos e
substituídos por práticas que defendem e garantem a dignidade do ser humano, a
responsabilidade com a vida em todas as suas dimensões e a construção de
relações solidárias, justas e humanitárias.
“Como
será o amanhã?”, pergunta o cantor. O amanhã dependerá das boas escolhas e
atitudes que tomamos no presente. Que elas sejam regadas pela coerência e
anunciem novos tempos.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a)
a educação
– universal e de qualidade –, desde a educação
infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em
pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas
crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –,
até a pós-graduação (especialização,
mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República
proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução
educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do
país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da
justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da
sustentabilidade...);
b)
o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são: I – a inflação,
a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se
em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco
Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em abril a ainda
estratosférica marca de 435,6% para um período de doze meses; e mais ainda em
abril, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 9,28%, e a taxa de juros do
cheque especial em históricos 308,7%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade –
“dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se
espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos
e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do
procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A
Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o
problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu
caráter transnacional; eis, portanto,
que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos,
pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina,
fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso
patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades,
também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis
(por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística
Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das
famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no
Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem
levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25
somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de
logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à
corrupção e à falta de planejamento...”;
c)
a dívida
pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e
municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do
Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros,
encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão
de R$ 1,044 trilhão), a exigir
alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que
possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e
potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos e que contemplam eventos como a
Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das
exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das
organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
- 55
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...
-
Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por
uma Nova Política Brasileira...