quarta-feira, 8 de junho de 2016

A CIDADANIA, A LUZ DA BÚSSOLA INTERNA E A TRANSCENDÊNCIA DA COERÊNCIA

“Satisfação em tempos de crise
        O mercado de trabalho está cada vez mais exigente e o perfil do profissional de alguns anos atrás não atende mais às expectativas atuais. Há pressões de todos os lados, em um cenário que promete cada vez mais competição e instabilidade. Os ciclos de mudanças ocorrem em espaços menores. A todo momento surge uma notícia nova sobre algo a se fazer para melhorar e alcançar os objetivos estabelecidos em nossa vida pessoal e profissional.
         Para tempos assim, as exigências para um perfil mais competitivo assustam muito, pois os critérios de competências estão, literalmente, cobrando que se tenha o melhor em conhecimento, habilidade e atitude, especialmente dos líderes.
         Enquanto isso, o indivíduo envolvido nesse cenário busca sucesso, estabilidade e, acima de tudo, felicidade. Tenta equilibrar sua vida profissional e pessoal da melhor maneira possível. Contudo, sempre esbarra na rotina de processos, nas cobranças infindáveis, na necessidade de equilíbrio emocional quando pressionado por resultados, na busca por soluções para diversos problemas de sua vida, no investimento caro em capacitação e na falta de tempo para ficar com a família, além de todas as demais questões do dia a dia.
         Fica evidente que precisamos de novas orientações e de propostas mais humanizadas, sensatas e cabíveis quando tratamos de satisfação pessoal, sucesso profissional e desenvolvimento de lideranças nas organizações. Como se diz, não podemos mais esperar as coisas novas tendo sempre os velhos comportamentos.
         Primeiramente, é preciso identificar os fatores que desencadeiam os problemas, sua natureza e onde realmente eles moram. Deve-se começar pelas questões internas, que têm relação com as dimensões física, mental, emocional e espiritual.
         Em poucas palavras, a dimensão física trata da nossa saúde e envolve hábitos alimentares, práticas de atividades físicas, descanso e bem-estar. A dimensão mental se refere ao modo como cuidamos de nossa mente para lidar com todas as situações que vivemos, como, por exemplo, quando precisamos de produtividade elevada, pensamento estratégico e análise acurada. Todas esses atributos demandam uma mente treinada, clara e bem desenvolvida.
         A dimensão emocional está relacionada com as habilidades que temos de reconhecer as nossas emoções e as dos outros e como as utilizamos para guiar nossos pensamentos e comportamentos. Já a dimensão espiritual diz respeito à importância de se refletir sobre as coisas que nos motivam e qual o nosso propósito de vida. Afinal, descobrir e realizar nosso desígnio nos traz uma satisfação mais duradoura.
         O que precisamos, portanto, é aceitar nossa “bússola interna”. Ela é o nosso mapa de orientação comportamental para a tomada de decisões em todos os níveis de nossa vida. É com ela que conseguiremos harmonizar as quatro dimensões do nosso ser para, então, conquistar uma vida melhor no trabalho, em casa e em qualquer lugar onde estejamos.”.

(TONY LOUREIRO. Escritor e palestrante, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 6 de junho de 2016, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 30 de maio de 2016, mesmo caderno e página, de autoria de ARISTIDES JOSÉ VIEIRA CARVALHO, médico, mestre em medicina, especialista em clínica médica e medicina de família e comunidade, e que merece igualmente integral transcrição:

“Buscar a coerência
        A célebre frase de Paulo Freire “é fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal forma que, num dado momento, a sua fala seja a sua prática” tem sido utilizada, com frequência, por movimentos acadêmicos e populares, que defendem a coerência, uma palavra muito importante para os dias de hoje.
         Discutir sobre a coerência é fundamental, porque nos faz pensar na transparência, na responsabilidade e na autenticidade. Mas é preciso cuidado: pode nos conduzir a um discurso moralista, que aponta os deslizes e os atropelos dos outros e nos cega para as nossas próprias contradições. E aí ficamos diante de uma situação complexa: como lidar com esse tema de forma a nos incluirmos nas reflexões e não usarmos apenas o olhar que se volta para fora e não vê as nossas próprias ações?
         Muitas vezes nos angustiamos e sofremos por não alcançar a identificação entre o que sentimos, dizemos e o que efetivamente fazemos e somos. A busca pela coerência é um dos desafios que nos é colocado a cada dia e que, à medida que o enfrentamos, nos tornamos mais humanos, mais autênticos. Afinal, não somos perfeitos. Estamos em construção. E perseguir a coerência é tarefa para uma vida inteira.
         Sabemos, entretanto, que as incoerências e as contradições não ocupam apenas o âmbito das preocupações pessoais, individuais. Elas estão presentes também nos espaços coletivos. A política é um bom exemplo. As atuações de alguns políticos brasileiros expressam incoerências tão absurdas que – embora justificadas e defendidas com naturalidade e de forma estranha – são vistas com crescente indignação pela população. E aqui cabem algumas considerações.
         Nunca, na história do Brasil, se ouviu e se discutiu tanto sobre política. A população, nos espaços de convivência, emite opiniões, troca de ideias e muitas vezes discorda e se atrita. Recebe todos os dias, uma quantidade enorme de informações. Certamente aprende com tudo isso. Mais amadurecida aprende, por exemplo, que discursos inflamados, seguidos de aplausos e torcidas, não significam compromisso efetivo com as mudanças e transformações necessárias. A situação atual remete a ditados populares como “colocar a barba de molho” ou “gato escaldado tem medo de água fria”.
         Um novo governo assumiu recentemente. Terá pouco tempo para provar a que veio. A expectativa da grande maioria da população brasileira é a de que exista coerência entre o que foi anunciado e o que efetivamente vai ser realizado. Espera-se que os resultados sejam benéficos. Gerenciar pequenos negócios e processos não é coisa fácil. Gerenciar uma nação, então, é algo muito complexo, considerando os diferentes interesses dos grupos e organizações sociais. Por isso, não se espera ações mirabolantes dos novos gestores e políticos, mas sim, tendo em vista as manifestações populares e a grave crise sociopolítica e econômica, muito dedicação, responsabilidade e coerência. Como dizia o cineasta Stan Lee, “com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades”. Acrescentamos, usando Paulo Freire: e a necessidade de coerência entre o discurso e a prática.
         Com certeza, mudanças substanciais não acontecerão se as grandes contradições não forem combatidas com firmeza. Para além de ideias e teorias, é preciso avançar em mecanismos concretos que impeçam o crescimento e a persistência de posturas irresponsáveis e inconsequentes. Exigência semelhante podemos fazer em relação às nossa vidas: não conseguiremos resultados bons e justos se não perseguirmos a coerência no nosso dia a dia. O “jeitinho brasileiro” e outras invenções criadas com o objetivo de levar vantagem em tudo deverão ser abolidos e substituídos por práticas que defendem e garantem a dignidade do ser humano, a responsabilidade com a vida em todas as suas dimensões e a construção de relações solidárias, justas e humanitárias.
         “Como será o amanhã?”, pergunta o cantor. O amanhã dependerá das boas escolhas e atitudes que tomamos no presente. Que elas sejam regadas pela coerência e anunciem novos tempos.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em abril a ainda estratosférica marca de 435,6% para um período de doze meses; e mais ainda em abril, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 9,28%, e a taxa de juros do cheque especial em históricos 308,7%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  





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