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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

A CIDADANIA, AS NOTÍCIAS E OS VALORES QUE DÃO SENTIDO À VIDA

“A difícil busca da autorrealização num mundo erodido de valores

Hoje vigora vastamente uma erosão de valores éticos que normalmente eram transmitidos pela família, escola e sociedade. Essa erosão fez com que as estrelas-guia do céu da ética ficassem encobertas por nuvens de interesses danosos para a sociedade e para o futuro da vida e o equilíbrio da Terra.

Não obstante essa obscuridade, importa reconhecer a emergência de novos valores ligados à solidariedade internacional, ao cuidado para com a natureza, à transparência nas relações sociais e à rejeição de formas de violência política e da transgressão dos direitos humanos. Mas nem por isso diminuiu a crise de valores, especialmente no campo de economia e das finanças, que são as instâncias que definem os rumos do mundo e dos assalariados.

As crises recentes denunciaram especuladores instalados nas bolsas e nos bancos, cujo volume de rapinagem de dinheiros alheios quase levou à derrocada o sistema financeiro mundial. Em vez de estarem na cadeia, tais velhacos voltaram à especulação e à apropriação dos bens comuns da humanidade.

Essa atmosfera de anomia e de vale-tudo, que se espraia também na política, faz com que o sentido ético fique embotado e as pessoas se sintam impotentes, condenadas à amargura ácida e à resignação humilhante. Nesse contexto, muitos buscam sentido na literatura de autoajuda. Outros procuram psicólogos e psicanalistas. Mas, no fundo, tudo termina com o seguintes conselho: “dada a falência das instâncias criadoras de sentido como as religiões e as filosofias, devido à confusão de visões de mundo, da relativização de valores e do vazio de sentido existencial, procure você mesmo seu caminho, trabalhe seu Eu profundo, estabeleça você mesmo referências éticas que orientam sua vida e busque sua autorrealização”. Autorrealização: eis uma palavra mágica, carregada de promessas.

Não serei eu que vá combater a “autorrealização” depois de escrever “A Águia e a Galinha: Uma Metáfora da Condição Humana” (Vozes, 1999). A autorrealização resulta da sábia combinação da dimensão de águia e da de galinha. Quando devo ser galinha, quer dizer, concreto, atento aos desafios do cotidiano, e quando devo ser águia, que busca, em liberdade, realizar potencialidades escondidas. Ao articular tais dimensões, cria-se a possibilidade de uma autorrealização bem-sucedida.

Penso que essa autorrealização só se consegue se incorporar seriamente três outros dimensões.

A primeira é a dimensão de sombra. Cada um possui seu lado autocentrado, arrogante, e outras limitações que não nos enobrecem. Essa dimensão não é defeito, mas marca de nossa condição humana, feita da união dos contrários. Acolher tal sombra, cuidar que seus efeitos maléficos não atinjam os outros, nos faz humildes, compreensivos das sombras alheias e nos permite uma experiência humana mais completa e integrada.

A segunda dimensão é a relação com os outros, aberta, sincera e feita de trocas enriquecedoras.

A terceira dimensão é alimentar certo nível de espiritualidade. O importante é abrir-se ao capital humano/espiritual que, ao contrário do capital material, é ilimitado e feito de valores como a verdade, a justiça, a solidariedade e o amor. É nessa dimensão que emerge a questão impostergável: que sentido tem, afinal, minha vida? A volta ao pó cósmico ou ao abrigo num útero divino que me acolhe assim como sou?

Se esta última for a resposta, a autorrealização traz profundidade e uma felicidade íntima que ninguém pode tirar.”
(LEONARDO BOFF, Filósofo e teólogo, em artigo publicado no jornal O TEMPO, edição de 4 de novembro de 2011, Caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma IMPORTANTE, PEDAGÓGICA e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 16 de dezembro de 2011, Caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“Noticiando impactos

É incontestável a força impactante das notícias veiculadas diariamente, das mais variadas formas e tipos. Há uma imensa demanda por novidades que são consumidas como um verdadeiro alimento de cada dia. O ato de divulgar uma informação quase toma o lugar importante da reflexão e da contemplação.

Cada vez mais é decisivo ser bem informado. O mundo desafiador da informação, obviamente, alavanca avanços, tem lugar determinante nas análises e pode indicar horizontes novos. É fácil concluir, no entanto, que a notícia é mais do que a produção de impactos, o alcance de metas planejadas e buscadas a todo preço ou a simples alimentação comum da necessidade contemporânea de apropriar-se da informação mais nova. A busca apenas daquilo que é impactante resulta numa avalanche de informações não assimiladas, mal localizadas, que impõe superficialidades e passa por cima, não raras vezes, de pessoas, instituições e horizonte intocáveis da sociedade.

Quando uma direção é considerada importante ou se quer fazer crescer a cotação desse, daquele ou daquilo, a informação produzida, de variados modos, se torna uma força avassaladora que convence, derruba adversários e produz vítimas. Muitas vezes, faz valer perspectivas e convicções de quem tem o poder de impor certos interesses. Não raro nesse quadro, vê-se produzir um jogo perverso, com a absolvição de quem é merecedor de penas, a projeção de quem nem tanto é fonte de referência, com riscos de dar lugar largo à mesquinhez. Assim, impede a indispensável e permanente configuração da consciência ética e moral.

Não se pode tomar como princípio que a notícia boa é a notícia ruim, que causa impactos. Noticiar a verdade deve ser a meta principal, um importante caminho para elucidar a vida como ela é. Trata-se de um serviço comprometido com a justiça, o bem e a paz. De modo especial, a notícia tem força e tarefa de não apenas produzir emaranhados de compreensão, de juízos e pareceres, dispensando o discernimento, a capacidade de escolha e a competência humanística para posicionar-se, a partir do compromisso com o bem da sociedade.

Neste tempo de preparação para o Natal, que seja escutado um anúncio antigo, mas cheio de novidade, feito pelo profeta Isaías. Ao noticiar que uma virgem conceberia um filho e lhe colocaria o nome de Emanuel, o profeta possibilitou ao povo ver uma grande luz que resplandece e muda o rumo da vida de quem habita nas sombras da morte. O anúncio do nascimento de um menino, o filho que foi dado, é a notícia que gera um novo tempo.

A novidade do profeta causa impacto. Poeticamente ele convida ao entendimento de que um broto vai surgir do tronco de Jessé. O Natal é genuinamente o anúncio de um acontecimento que não se esgota numa novidade momentânea. Produz nova compreensão, com a consequente abertura de um novo tempo. O Natal é a notícia de que Jesus Cristo, o Filho de Deus feito homem para a salvação de todos, convida à consciência do amor vivificador de Deus n’Ele, oferecido abundantemente. Quem escuta e acolhe essa notícia experimenta a sua força transformadora. Abre-se a possibilidade de não se perder por outras novidades. O anúncio do nascimento de Cristo suscita permanentemente o desejo de buscar a fonte da vida. É uma notícia que dialoga com a liberdade de cada um, sem massacrá-la ou cegá-la.

A partir de Jesus nasce o gosto por uma vida diferente. Ele, Cristo, não tira nada e dá tudo. Noticiá-lo, o grande propósito do Natal, é colocar-se a serviço da vida, promovendo a compreensão de que a fraternidade solidária, em todas, em todas as circunstâncias, é a mais alta expressão de Jesus. Essa é uma informação que permite elevar a condição humana, caminho para desenvolver plenitude na dimensão pessoal, familiar, social e cultural. Trata-se de um verdadeiro antídoto ao consumismo hedonista e individualista, preservando a vida de ser reduzida ao prazer imediato e sem limites, antídoto para a insensibilidade diante das condições de muitos abandonados, ignorados em sua miséria e dor. Boa e justa é a notícia que gera dignidade e fraternidade universal.”

Eis, pois, mais páginas contendo IMPORTANTES, ADEQUADAS e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que acenam para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de PROFUNDAS MUDANÇAS em nossas estruturas EDUCACIONAIS, POLÍTICAS, ECONÔMICAS, SOCIAIS e CULTURAIS de modo a permitir a inserção do PAÍS no concerto das POTÊNCIAS mundiais LIVRES, SOBERANAS, DEMOCRÁTICAS e DESENVOLVIDAS, a partir da PROBLEMATIZAÇÃO de questões CRUCIAIS como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, como PRIORIDADE ABSOLUTA de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;
b) a INFLAÇÃO, a exigir PERMANENTE e DIUTURNA vigilância;
c) a CORRUPÇÃO, que campeia por TODAS as ESFERAS da vida NACIONAL, gerando inestimáveis PREJUÍZOS e COMPROMETIMENTOS, quer MATERIAIS, COMPORTAMENTAIS, ÉTICOS e MORAIS;
d) o DESPERDÍCIO, em TODAS as suas MODALIDADES;
e) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, já atingindo o gasto ASTRONÔMICO de R$ 635 BILHÕES no ano de 2010, a título de JUROS, AMORTIZAÇÕES e REFINANCIAMENTO DA DÍVIDA, do ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO de R$ 1,414 9TRILHÃO – 44,93% (Fonte: AUDITORIA CIDADÃ DA DÍVIDA)...

URGE, desse modo, a implantação – e DEFINITIVA – a cultura da DISCIPLINA, do amor à PÁTRIA, à VERDADE, à JUSTIÇA, da PARCIMÔNIA, do respeito MÚTUO e, sobretudo, da ÉTICA em TODAS as nossas relações.

São, e sabemos bem, DESAFIOS GIGANTESCOS que, de forma alguma, ABATEM o nosso ÂNIMO nem ARREFECEM nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, LIVRE, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para EVENTOS como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO + 20) em 2012; a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE no RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA DAS CONFEDERAÇÕES de 2013; a COPA DO MUNDO de 2014, a OLIMPÍADA de 2016, as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO XXI, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das EMPRESAS, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um NOVO mundo, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...