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segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

A CONSCIÊNCIA DA CIDADANIA E O EXEMPLO DE ZILDA ARNS

“Serviços essenciais melhoram a qualidade de vida, permitem que comunidades pobres se tornem participantes ativas na sociedade e promovem a economia. Adequadamente financiados, serviços públicos de boa qualidade são meios cruciais para se combater a desigualdade e redistribuir o poder e a participação de uma geração a outra. Por outro lado, serviços públicos de má qualidade e subfinanciados marginalizam ainda mais os excluídos, fazendo com que a desigualdade crie raízes mais fortes.

Os serviços públicos afetam significativamente a desigualdade de gênero. A ausência de serviços essenciais de boa qualidade tem um impacto duplamente negativo sobre mulheres e meninas. Em primeiro lugar, quando serviços públicos precisam ser pagos, homens e meninos sempre têm mais acesso a eles. As famílias pagam, em primeiro lugar, as matrículas e outras despesas escolares de seus meninos e o custo para tratar pais doentes tem primazia em relação a qualquer gasto com mães doentes. Em segundo lugar, na ausência de serviços públicos essenciais, as mulheres e meninas é que acabam sendo forçadas a compensar essa deficiência. São elas que precisam percorrer distâncias quilométricas para buscar água e é um exército de mulheres do lar em todo o mundo que arca com o ônus de cuidar de parentes na ausência de serviços públicos. Serviços públicos gratuitos e a emancipação das mulheres são dois lados da mesma moeda.”
(DUNCAN GREEN – In DA POBREZA AO PODER – Como didadãos ativos e estados efetivos podem mudar o mundo; tradução de Luiz Vasconcelos. – São Paulo: Cortez; Oxford: Oxfam International, 2009, página 44).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 22 de janeiro de 2010, Caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, que merece INTEGRAL transcrição:

“Zilda Arns, pela fé

O apóstolo Paulo, em exortação na Carta aos romanos (14, 18-19), tem uma palavra que se aplica, plenamente, no juízo que se pode, com justiça, fazer a respeito da vida e do testemunho da dra. Zilda Arns: “É servindo a Cristo, dessa maneira, que seremos agradáveis a Deus e teremos a aprovação dos homens. Portanto, busquemos tenazmente tudo que contribui para a paz e edificação de uns pelos outros”. A história de sua vida ultrapassa, simplesmente, as mais nobres causas e motivações políticas. Oportuno é recordar que a intuição que originou a Pastoral da Criança se aplica, em primeiro lugar, em Florestópolis, no Paraná, na Arquidiocese de Londrina, com o incentivo do irmão dom Paulo Evaristo Arns, e com o apoio decisivo de dom Geraldo Magela Agnelo, então arcebispo metropolitano naquela região.

A origem desse projeto, que chegou a motivar a sua candidatura ao Prêmio Nobel da Paz, nasceu no meio dos mais pobres, sem os holofotes habituais dos interesses eleitoreiros e da mesquinhez de se tirar proveito de algo, particularmente no âmbito da projeção política. O olhar fixado nos mais pobres, endereçado às crianças, patrimônio a ser defendido e promovido, com todo esforço, fez brotar do coração da dra. Zilda essa intuição. Um discernimento visionário que se concretizou com simplicidade, fazendo a diferença, mudando estatísticas na mortalidade infantil, com traços de milagre operado pela força do amor que toma conta do coração de tantos voluntários, exemplares curadores e promotores da vida.

Os custos baixos e o efeito significativo da operação da Pastoral no cenário da exclusão social e da desnutrição não podem deixar de envergonhar e fazer pensar mil vezes todos aqueles que se apropriam e usufruem de aparatos caros e sofisticados, produzindo tão pouco efeito no quadro das mudanças urgentes. O legado da dra. Zilda, com o exército de voluntários de todas as classes sociais, na Pastoral da Criança e na Pastoral da Pessoa Idosa, não poderá servir de âncora para alavancar candidaturas ou para promover plasticamente figuras políticas. Mas deverá ser uma realidade que continuará a fazer o bem, ganhando o mundo, a custo de safrifícios e, sobretudo, da convicção amorosa de tantos, incluindo mesmo a oferta abnegada da própria vida – o segredo desse sucesso. Essa realidade está sacramentada na tragédia do terremoto do Haiti, onde a dra. Zilda se encontrava, por razões humanitárias, imolando sua vida ali ofertada com o sangue derramado. Tombou como um jequitibá, num grande mistério de fé e da existência humana.

Começou em Florestópolis, no Paraná, e concluiu no Haiti. Sempre entre os mais pobres e na luta pela vida. Há uma pergunta que precisa ser feita por todos, contemplando o conjunto dessa trajetória, graças a Deus situada numa limpidez que não se mistura com os óleos da corrupção e do uso indevido do que é para o bem de todos. Essa pergunta respondida fará compreender de onde nasce o segredo de uma intuição da qual uma médica e sanitarista se tornou depositária, fazendo a diferença, mudando cenários e vencendo as estatísticas alarmantes da mortalidade infantil. De onde nasce essa intuição e o que mantém a sua força? É preciso começar a responder essa pergunta dizendo logo, para não perder tempo, que o sustento e a moldura de todo esse patriomônio – a Pastoral da Criança e a Pastoral da Pessoa Idosa – , serviço da Igreja Católica na sociedade pluralista contemporânea, não nasce de motivações políticas. Se o fosse não avançaria com a mesma força, é incontestável. A intuição e a audácia corajosa desse serviço à vida nascem da fé. A pessoa de Jesus Cristo é o nascedouro e o ápice desse segredo. A fé banha e fermenta a formação técnica e a consciência de cidadania. Quando dela se prescinde, o percurso é mais árduo e falta a sabedoria do coração.

O papa Bento XVI, na sua carta encíclica Deus é amor (nº 31), lembra que não basta por si só a competência profissional e que os seres humanos necessitam sempre de algo mais do que um tratamento apenas tecnicamente correto: “Os seres humanos têm necessidade de humanidade, precisam da atenção do coração”. O trabalho profissional, a vida e os afazeres não atingem suas metas apenas por execuções habilidosas, menos ainda por artimanhas políticas, mas, sim, pelas atenções e intuições sugeridas pelo coração. A formação do coração é capítulo indispensável, e a fé é insubstituível nesse processo. É o encontro com Deus em Cristo que suscita o amor, gera sabedoria enquanto força que faz perseverar, e abre o íntimo ao outro de tal modo que o amor do próximo não seja uma imposição, mas, diz o papa Bento XVI, “uma consequência resultante da sua fé que se torna operativa pelo amor”. É preciso refletir e proclamar aos corações que a excelência da dra. Zilda e seu legado vêm pela fé.”

São testemunhos como esse e outros diversos que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA e QUALIDADE, como elementos essenciais para a construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa VENCER as INTOLERÁVEIS e vergonhosamente BRUTAIS DESIGUALDADES SOCIAIS e REGIONAIS, permitindo que as nossas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS façam BENEFICIÁRIOS diretos e efetivos TODOS os BRASILEIROS e TODAS as BRASILEIRAS...

É o nosso SONHO, a nossa LUTA, a nossa FÉ e ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...