“O
ecossistema de TI em Israel
Recentemente, passei
uma semana em Israel para conhecer um pouco sobre a veia empreendedora da
região, que se tornou o terceiro maior ecossistema de tecnologia do mundo. A
gênese deste fenômeno de empreendedorismo ocorreu no início dos anos 90, quando
o governo resolveu fomentar a indústria de venture capital por meio dos fundos
Yozma (Iniciativa em hebraico).
Por
meio desse programa, o Estado passou a oferecer incentivos fiscais para
investidores interessados na nascente indústria de tecnologia do país. Em
alguns casos, o governo chegou a oferecer retorno mínimo para os interessados
ou o direito de recompra de sua participação a uma taxa prefixada. De lá pra
cá, os resultados foram formidáveis.
Hoje,
existem mais de 6.000 empresas de tecnologia ativas em Israel. Existem mais
startups em Israel, um país com 8 milhões de habitantes, do que no Brasil. O
sucesso foi construído com ingredientes fundamentais: a tolerância ao erro e a
contestação do status quo. Os israelenses fazem isso melhor do que ninguém.
Eles
criaram a expressão chutpah (é a
qualidade da audácia, para o bem ou para o mal), parte da cultura local. Dos
funcionários das empresas aos recrutas da IDF 8200, unidade de elite do
Exército responsável por desenvolver tecnologia de ponta e maior celeiro de
empreendedores do país, todos podem contestar os líderes e desafiar
autoridades. Ou seja, os líderes precisam aprender a conviver em um ambiente em
que a contestação faz parte da busca pelo sucesso e pelos melhores resultados,
característica ainda difícil de encontrar nas startups brasileiras.
Outro
ponto que atraiu bastante a minha atenção na viagem foi o aguçado senso de
comunidade que os israelenses têm. Eles sentem um profundo orgulho do
ecossistema que criaram e sempre procuram promovê-lo. Não é incomum ver
fundadores citando outras empresas e outras pessoas, exaltando as
características únicas que fazem o país se destacar.
Durante
a semana em que estive por lá, visitamos diversas empresas e conversamos com
muitos fundadores. É impressionante como o discurso é alinhado. Quase todos
repetem os mesmos princípios que guiam a indústria: “conteste tudo”; pense como
uma empresa global”; trabalhe duro”; “encontre as melhores pessoas” e “não
tenha medo de errar e falhar”. Mais do que frases, esses pensamentos estão
cristalizados e refletem o senso comum do que é preciso para fazer uma empresa
dar certo. São passados de geração a geração de empreendedores e aplicados
diariamente.
Então,
o que precisamos fazer para mudar a mentalidade no Brasil? Por que nós buscamos
tanto a utopia da “estabilidade”? Creio que as respostas para essas perguntas
estão na própria comunidade empreendedora do Brasil. Precisamos nos engajar
mais, desenvolver um senso de coletivo e nossa própria maneira de construir
empresas de sucesso. Essa receita precisa ser comprovada com casos reais de
empresas brasileiras e divulgada amplamente com o intuito de influenciar novas
gerações de empreendedores.
Essa
mudança já está ocorrendo, porém, ainda não atingimos o tipping point. Ainda precisamos coordenar melhor os diferentes stakeholders: empreendedores,
investidores, incubadores e aceleradoras, governo, universidade e grandes
empresas. Só a combinação das capacidades de cada um desses grupos permitirá
que o Brasil atinja um novo patamar de desenvolvimento da indústria de
tecnologia.”.
(FRANCISCO
FERREIRA. Sócio-fundador da BizCapital, fintech que tem como principal
objetivo desburocratizar e tornar mais eficiente o processo de concessão de
crédito para o micro e pequeno empreendedor, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 20 de
dezembro de 2017, caderno OPINIÃO,
página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição,
caderno e página, de autoria de RENATA
AMBROSINI, psicóloga com mais de nove anos de experiência na área de
seleção de profissionais em TI e consultora de recrutamento e seleção na Yoctoo,
e que merece igualmente integral transcrição:
“Mulheres
e tecnologia
O mercado de trabalho,
pouco a pouco, está se transformando para alcançar a igualdade de gênero. Há
quem acredite que essa igualdade já ocorre na maioria das áreas. Mas a verdade
é que ainda precisamos trilhar um longo caminho em busca da diversidade dentro
das empresas, em especial na área de tecnologia e digital, onde o número de
mulheres é ainda menor do que vemos em outros setores.
A
reduzida presença feminina nas áreas de tecnologia é difícil de ser explicada,
uma vez que a diferença técnica e de capacidade não explica a falta de mulheres
nesse mercado. Até porque, a aptidão para a tecnologia também é uma
característica feminina. Prova disso é que o primeiro algoritmo da história foi
desenvolvido por uma mulher chamada Ada Lovelace. O protocolo STP, procedimento
que auxilia na melhor performance da rede, é invenção de Radia Perlman. E a
tecnologia usada nos telefones celulares e nas redes wi-fi tem como base o
trabalho da inventora e atriz Hedy Lamarr, feito na época da Segunda Guerra
Mundial.
O fato
é que a diferenciação de gênero é uma questão social. Apesar de homens e
mulheres serem diferentes, a capacidade técnica e as competências intelectuais
não são. Infelizmente, ainda vivemos em uma sociedade que diferencia
tratamentos na criação de meninos e meninas, impondo condutas diferentes para
cada gênero. Portanto, essa disparidade no segmento da tecnologia é um problema
cultural que começa muito cedo em nossas vidas, ainda na primeira infância.
Quando
o assunto é tecnologia, logo no início da vida muitas vezes não estimulamos o
interesse das meninas pelo tema e limitamos o contato das meninas com esse
universo tecnológico. Elas acabam sendo muito mais incentivadas a brincar de
boneca e a fazer comidinha, enquanto os meninos recebem as multitelas dos
celulares, tablets e jogos de videogame. Dessa maneira, não só deixamos de
incentivá-las e de introduzi-las a todos os benefícios que a tecnologia oferece
em termos de aprendizado, como simplesmente nem ofertamos essa possibilidade a elas.
Para
as meninas que vencem essa barreira e conseguem conhecer e se interessar por
TI, a sociedade impõe outros obstáculos que seguem pela adolescência e culminam
por se acentuar na faculdade. É no banco das universidades que o preconceito de
gênero e isolamento social se encarregam de deixar claro que “esse lugar não é
para mulheres”. De acordo com o Inep/MEC, as mulheres representam apenas 15% do
corpo discente nos cursos relacionados à computação. Constantemente atacadas
por colegas, e até mesmo por professores, as mulheres sofrem assédio moral e
poucas alunas chegam a concluir o ensino superior na área. Outra pesquisa
indica, ainda, que 79% das alunas dos cursos relacionados à TI desistem já no
primeiro ano.
As que
bravamente sobrevivem aos preconceitos precisam correr para conquistar uma
oportunidade no mercado de trabalho. Construir uma carreira, ou mesmo abrir uma
empresa, é o grande desafio feminino dentro do mercado de tecnologia. Nas
principais empresas de tecnologia, em média, apenas 30% do quadro de
funcionários é comporto por mulheres. E, ainda, estudo feito pela Harvard
Business School aponta que apenas 10% dos aportes financeiros são feitos em
startups comandadas por mulheres.
Outro
dado que acho extremamente relevante é que o último levantamento do IBGE
indicou que no Brasil existem 6,3 milhões de mulheres a mais que homens. Não
sei você, mas isso me faz pensar o quanto as empresas ainda desperdiçam
talentos. O que quero dizer é que tenho certeza de que boa parte dessas
mulheres estão mais do que aptas a exercer uma série de funções e cargos, não
só na área de tecnologia, mas em muitas outras áreas. No entanto, por existir
barreiras culturais e sociais, elas ainda são duramente negligenciadas e
excluídas do mercado de trabalho.
Para
mim, não se trata de uma exclusão de gênero, mas um desperdício de talentos,
independentemente do gênero.
Se
essa realidade social lhe parece cruel e parte de uma construção social
desigual, será que podemos mudar esse cenário? A resposta é sim! E o primeiro passo
deve ocorrer dentro de casa. É papel da família apresentar a tecnologia para as
meninas, e incentivar o interesse delas nas carreiras de exatas. O
empoderamento de lutarem por aquilo que desejam será o segundo passo – e o mais
importante, visto que precisarão percorrer um longo caminho de resistência
contra uma maré inteira puxando-as para longe da área de TI e aproximando-as
culturalmente das áreas de humanas.
O
terceiro passo, felizmente, já começa a ser dado pelo mercado de tecnologia.
Aqui na Yoctoo, consultoria boutique de recrutamento e seleção especializada em
TI e digital, já notamos o interesse das empresas em equilibrar as equipes e
trazer diversidade para o time. Se aumentarmos a oferta de mulheres
participando dos processos seletivos, consequentemente, aumentaremos também o
número dessas profissionais nesses cargos.
Não é
possível afirmar quando e se seremos capazes de chegar ao tão sonhado e falado
50/50 dentro das empresas. Mas, certamente, enquanto sociedade, devemos lutar
para criar ambiente menos agressivo para com as mulheres. Enquanto recrutadora
para o mercado de TI, espero ver esse quadro mudando em um futuro próximo e
desejo concluir muitos processos seletivos em que as mulheres sejam as
escolhidas para muitas das vagas que passam por mim, não por serem mulheres,
mas por serem, antes de tudo, excelentes profissionais.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em novembro/2017 a ainda estratosférica
marca de 333,8% nos últimos doze meses,
e a taxa de juros do cheque especial se manteve em históricos 323,73%; e já o
IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, em novembro, chegou a 2,80%);
II – a corrupção, há séculos, na
mais perversa promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
55 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2016)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita
misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra
sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim!”.