sexta-feira, 17 de julho de 2015

A CIDADANIA, A RIQUEZA DO MUNDO INTERIOR E OS DESAFIOS DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

“O mundo interior é receptivo às nossas perguntas
        Poucos sabem que se perguntarem algo ao inconsciente poderão obter resposta. O importante seria estar sempre receptivos a ela. Na verdade, há várias maneiras de interrogar o inconsciente. Certas pessoas conversam consigo mesmo, outras escrevem, outras formulam perguntas mentalmente, voltadas para o interior de si próprias. Há também as que buscam orientação interna sem chegar a formular perguntas – simplesmente se colocam em um estado expectante e tranquilo. A forma como sucede o contato com o inconsciente é determinada pelo temperamento de cada um.
         Um aspecto que conta muito para esse contato com o inconsciente efetivar-se é a intensidade com que emitimos a indagação. É importante plasmar as ideias de modo claro e coerente, estando bem consciente do seu princípio, meio e fim, e entrega-las com desapego ao mundo interior. Desse desapego vem o equilíbrio e a paz que propiciam à intuição revelar-se.
         Se nos concentramos excessivamente e fazemos a pergunta com ansiedade, impedimos que a resposta venha, pois nossas expectativas agem como um obstáculo entre nós e a realidade interna. Por outro lado, se não dedicarmos a isso amor e atenção suficientes, o apelo não chega às camadas profundas do nosso ser, onde a solução está pronta. Há, pois, um delicado equilíbrio a ser conseguido tanto na maneira de fazer a pergunta quanto na espera tranquila pela resposta.
         O grau de energia necessário para emitir a pergunta é descoberto com a prática, com a dedicação. É um processo rico de ensinamentos.
         Depois de formular a pergunta com clareza e enviá-la corretamente, devemos pôr de lado o assunto, para que o mundo interior possa agir sem perturbações nem interferências. Se, por exemplo, insistirmos na mesma pergunta, se ficarmos pensando no assunto ou se cobrarmos a resposta, atrairemos novamente para a superfície da consciência o que deveria estar sendo trabalhado em quietude, nas áreas profundas do ser. Impediremos, assim, que nos seja revelada a solução.
         Um meio de evitarmos que a mente interfira é fazer a pergunta antes de adormecer ou antes de nos ocupar com alguma tarefa que nos vá absorver toda a atenção.
         Suponhamos que nos acometam dúvidas sobre se fizemos a pergunta corretamente, ou que queiramos perguntar de novo, ou que o assunto insista em voltar à mente. Se surgirem esses ou outros impasses com os quais não saibamos lidar, torna-se necessário esquecer por completo a pergunta e nos despreocupar. Devemos agir como se nada estivesse acontecendo e como se não tivéssemos feito pergunta alguma. Temos de nos desligar de tudo e não insistir mais, até que a tranquilidade seja reencontrada.
         Não haverá dificuldade a partir do momento em que se instala em nós a certeza de que, ao fazermos uma pergunta, a resposta estará sendo elaborada pelo inconsciente. O fator fé é essencial. Fé em que a alma, no nível intuitivo, está sempre pronta a nos atender e atenta às nossas necessidades.
         Se não temos fé na sabedoria desse nosso ser interno, envolvemo-nos com questões psicológicas e intelectuais, e a mente, que deveria estar calma para refletir o que vem do profundo, inquieta-se e não cumpre seu papel de espelho refletor.
         O mecanismo intuitivo de cada um de nós é original e único. Não devemos, pois, ter ideias preconcebidas de como deve funcionar.”

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 5 de julho de 2015, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 14 de julho de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de VIVINA DO C. RIOS BALBINO, psicóloga, mestre em educação, professora da Universidade Federal do Ceará e autora do livro Psicologia e psicologia escolar no Brasil, e que merece igualmente integral transcrição:

“Violência contra mulheres
        Infelizmente, nem com a Lei Maria da Penha de 2006 o Brasil consegue aplacar os altíssimos índices de violência contra mulheres. Os dados são alarmantes e os fatos diários na mídia são horripilantes. Somente nos últimos dias, quatro episódios de horror ganharam a mídia: uma grávida teve a barriga corta com uma lâmina, seu bebê retirado e roubado, sendo ela morta em Minas; um marido em briga com a esposa arrancou o olho da companheira, deixando-a cega na Bahia; estupro coletivo e morte de adolescentes no Distrito Federal, e outras duas jovens foram espancadas, estupradas e sendo uma morta no Ceará. Relatório da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Violência conta a Mulher, de 2013, apontou o assassinato de 43,7 mil mulheres no país entre 2000 e 2010 – 41% delas absurdamente mortas em suas próprias casas, muitas por companheiros ou ex-companheiros. Como fechar os olhos contra tamanha crueldade em pleno século 21, com a vigência de tantos tratados nacionais e internacionais de cumprimento dos direitos humanos?
         Infelizmente, esses crimes diários contra mulheres não ganham a grande mídia, especialmente televisiva, muito menos a comoção nacional e condenação exemplar dos agressores. Agressões e mortes de mulheres ocorrem Brasil afora em todos os rincões. Nas capitais, periferia e interior do país, mulheres são vítimas de atrocidades e mortes a cada minuto. A perplexidade maior é a indiferença da população frente a esses horrores cometidos contra mulheres, crianças, adolescentes, adultas e idosas. Até mulheres autoridades têm sido alvo de agressões nas redes sociais. As cruéis violências contra meninas e mulheres causam repugnância e a indignação da população deve ser forte, punindo com rigor esses crimes. A presidente da República sancionou, recentemente, a Lei do Feminicídio, que o assassinato por razões de gênero. Menosprezo ou discriminação contra mulheres agora é crime hediondo. De acordo com o Código Penal Brasileiro, a pena para esses crimes vai de 12 a 30 anos de prisão. Esse tempo ainda pode ser aumentado em um terço se o crime ocorrer enquanto a vítima estiver na condição de gestante ou nos três meses após o parto.
         Outro fato positivo foi constatar o empenho do Supremo Tribunal Federal no combate aos crimes contra mulheres – o Projeto Justiça pela Paz em Casa, envolvendo o Judiciário e todas as universidades brasileiras, na sua segundo edição, a ser realizada em agosto. Coordenado pela ministra Cármen Lúcia, o objetivo é dar solução a processos pendentes de julgamento em crimes que envolvem mulheres como vítimas. Defendendo o compromisso das universidades com os desafios sociais, constatar a inclusão das universidades e dos acadêmicos nesse trabalho conjunto com o Supremo Tribunal Federal nesse grande desafio social é fator altamente positivo a ser seguido para outras campanhas. Recentemente, reitores das universidades brasileiras estiveram reunidos para definir ações para essa segunda campanha. Há convênios e concessão de estágios nas áreas de psicologia, direito e serviço social para atender às varas especializadas, como as d violência doméstica e familiar contra a mulher. Sem dúvida, um importantíssimo trabalho e que envolve também a prevenção.
         Um esforço conjunto do Judiciário com as instituições de ensino superior na criação de uma cultura de paz a começar nos lares da população. Outras instituições que defendem os direitos das mulheres integram esse importante projeto contra a violência doméstica. Segundo a juíza Elaine Cavalcante, “essas instituições são instrumentos de educação e transformação da sociedade brasileira para a eliminação da discriminação racial, sexual e pela universalização dos direitos sociais, civis e constitucionais inerentes à cidadania das mulheres em geral”. Sem dúvida, um longo caminho que ainda precisa ser percorrido pela busca da igualdade de gênero no Brasil.
         Torna-se necessário e urgente realizar um grande “mutirão” organizado pelo Estado, sociedade civil e mídia para maior eficácia da prática da Lei Maria da Penha e da Lei do Feminicídio, além de exaustivas, necessárias e continuadas campanhas preventivas na mídia, escolas e locais de grande circulação de pessoas, como ônibus e metrôs sobre essas cruéis e continuadas violências contra a mulher no Brasil. Os homens precisam ser reeducados desde pequenos e saber que agredindo mulher vão sofrer severa punição.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do IBGE, a inflação de junho medida pelo IPCA – Índice de Preços ao Consumidor Amplo – e acumulada nos últimos doze meses atingiu 8,89%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a simples divulgação do balanço auditado da Petrobras, que, em síntese, apresenta no exercício de 2014 perdas pela corrupção de R$ 6,2 bilhões e prejuízos de R$ 21,6 bilhões, não pode de forma alguma significar página virada – eis que são valores simbólicos –, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, e segundo o estudo “Transporte e Desenvolvimento – Entraves Logísticos ao Escoamento de Soja e Milho, divulgado pela Confederação Nacional do Transporte, se fossem eliminados os gastos adicionais devido a esse gargalo, haveria uma economia anual de R$ 3,8 bilhões...);

     c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

O BRASIL TEM JEITO!