(Maio
= Mês 47; Faltam 13 meses para a Copa do Mundo)
“O
Brasil no ranking da corrupção
Corrupção
não é um assunto novo no Brasil. Alguns chegam a atribuir à nossa formação
cultural e racial as origens de tantas ocorrências no país. No entanto, ao
contrário do que se prega com facilidade, para muitos brasileiros é
inadmissível qualquer ato que possa ferir seus preceitos éticos apreendidos.
Quando o governo pratica a corrupção, a frustração é ainda maior, já que
políticos devem trabalhar em prol da população. Contudo, podemos, algumas
vezes, nos considerar diretamente responsáveis por aqueles que estão nos
parlamentos e governos em geral. Afinal, por meio da nossa escolha, eles estão
no poder para conduzir, da melhor forma, como serão usados os recursos e gerir
a coisa pública.
A ONG
Transparência Internacional divulgou o Índice de Percepção da Corrupção em 176
países, avaliando-os de zero (absolutamente corrupto) a 100 (muito
transparente). Em 2012, o Brasil passou a ocupar a 69ª posição no ranking,
quatro a menos que no anterior. Na América Latina, ficamos atrás do Chile e do
Uruguai, que dividiram a 20ª posição. Os demais países latinos tiveram
pontuação abaixo de 50, no que pesa à percepção da população sobre subornos,
abuso de poder e acordos ilegais. O primeiro lugar do ranking, como países
menos corruptos, foi compartilhado por Dinamarca, Finlândia e Nova Zelândia,
com 90 pontos.
Esse
levantamento é apenas um indício dos níveis de corrupção no mundo, ainda muito
elevados. Não existe uma fórmula exata para aproximar do nível 100, porém,
algumas medidas e ações são passíveis de análise pelos governantes. A maioria
da população brasileira desconhece informações acerca dos órgãos públicos. A
transparência entre governo e cidadão é imprescindível para uma relação de
confiança. Os jovens e estudantes de hoje, por exemplo, não se interessam por
política, talvez porque as recentes notícias às quais têm acesso sejam sempre
ligadas a atos de corrupção.
Não se
ouve falar mais em caras-pintadas, como nos anos 1990, por exemplo. O mais
rebelde que os fazem, em termos de protestos, e ativar redes sociais e
compartilhar sua indignação, mas não “ultrapassam as janelas de nossas casas”.
O descrédito nas instituições democráticas também é algo lamentável que,
talvez, leve a isso.
Nem
todos são engajados para lutar por justiça. Entretanto, os cidadãos que buscam
isonomia, isenção, transparência e seus direitos conseguem alcançar grandes
vitórias. Parece, contudo, que as iniciativas particulares ou
não-governamentais repercutem com mais facilidade e capilaridade social. Temos
que saber analisar os dados que são passados. Até porque, a pesquisa da ONG
Transparência Internacional menciona a percepção da população sobre seu estado.
A Lei
da Ficha Limpa é um exemplo interessante. A pressão pública, nesse caso, é
totalmente validade. Os cidadãos se mobilizarem e “forçar” seus representantes
a aprovar um projeto de lei nascido da vontade popular é exemplo primordial de
democracia institucionalizada. Ainda que esse projeto de lei pudesse prejudicar
e afastar algumas figuras da política nacional. Louvável que, no caso,
integrantes do poder escutem o povo e façam a vontade desse, pois ali estão
buscando a legitimidade de seus cargos no Legislativo e no Executivo. Se a lei
deu resultado nas últimas eleições, somente o tempo dirá. Mas a impressão da
população, ao menos, é de que pode participar das decisões do estado.
Agora,
abordando o Judiciário, temos que falar do julgamento do século, em que o
Supremo Tribunal Federal (STF) julgou e condenou políticos e empresários. O
julgamento do mensalão vem sendo tratado como algo extraordinário, fantástico.
Entretanto, é preciso analisar até que ponto essa cobertura midiática acaba
afetando os seres humanos que julgam pessoas de bem e pessoas do mal, num
maniqueísmo cruel. Muitas vezes, o
sujeito é levado a julgamento e, antes mesmo de ter analisadas suas razões e
provas, tem revogado seu princípio constitucional da inocência. Esse –
importante lembrar – inserido na Constituição de 1988, como forma de defesa
contra abusos de outrora, como os ocorridos no período ditatorial. Será que
ninguém mais foi condenado no Brasil por atos similares? Será que ninguém foi
condenado injustamente nesse episódio específico? Será que a sede por justiça e
probidade não é tamanha que a população quer, a qualquer custo, ver pessoas
atrás das grades? Ainda que o julgamento de um ou de outro, no meio de tantos,
tenha sido injusto? São questões passíveis de reflexão.
O
Judiciário não deve se prestar a clamores da população. Isso não é sinônimo de
justiça. A Constituição e as leis devem ser seus guias, com análise específica
de cada caso e razão das partes, a fim de se tentar encontrar a resposta para
aquela situação específica.
A
democracia significa a busca incessante dos povos. O Brasil, jovem democracia
de 24 anos apenas, ainda é considerado um país muito corrupto e mudanças estão
acontecendo a passos pequenos. A melhora nesse ranking de transparência
internacional, talvez, seja indício dessas modificações. A sociedade também
deve estar atenta para cobrar e ter mais participação nos debates públicos,
ajudando no combate à corrupção.
Essa, entendida aqui como qualquer ofensa àquilo que é constitucionalmente estabelecido, merece dar espaço cada vez maior aos ditames de um texto da década de 1980, que se consolida a cada dia.”
Essa, entendida aqui como qualquer ofensa àquilo que é constitucionalmente estabelecido, merece dar espaço cada vez maior aos ditames de um texto da década de 1980, que se consolida a cada dia.”
(ARTHUR
GUERRA. Especialista em direito público e sócio do escritório AS Guerra
Sociedade de Advogados, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 26 de abril de 2013, caderno DIREITO & JUSTIÇA, página 8).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de
29 de abril de 2013, caderno OPINIÃO, página
9, de autoria de CARLOS ALBERTO DI
FRANCO, que é diretor do Departamento de Comunicação do Instituto
Internacional de Ciências Sociais (IICS), doutor em comunicação pela
Universidade de Navarra (Espanha), e que merece igualmente integral
transcrição:
“Crime,
emoção e racionalidade
Recente pesquisa Datafolha
mostrou que 93% dos moradores da capital paulista concordam com a diminuição da
idade em que uma pessoa deve responder criminalmente por seus atos. Outros 6%
são contra, e 1% não soube responder. Em consultas anteriores, em 2003 e 2006,
a aprovação à medida pelos moradores da cidade foi de 83% e 88%,
respectivamente.
A
redução da maioridade penal é o recurso de uma sociedade acuada pela força da violência
cotidiana. Ao completar 16 anos, o adolescente brasileiro pode votar. Está
capacitado para escolher o presidente da República, mas, paradoxalmente, não é
considerado responsável por seus atos no campo criminal. Vive sob um regime
penal diferenciado. Não é, na prática, punido pela barbaridade de um
assassinato. E tem consciência disso.
Os
defensores da manutenção da atual legislação penal afirmam que não se deve
legislar sob a influência da emoção provocada por um crime bárbaro. Nem sempre.
A indignação pode ser positivamente transformadora. A Lei da Ficha Limpa, por
exemplo, só foi aprovada sob o impulso da revolta popular com os recorrentes
escândalos de corrupção. A emoção, devidamente orientada pela racionalidade,
costuma produzir bons resultados.
Reduzir
a maioridade penal é uma proposta que emerge com o vigor incontido da revolta,
da indignação e da dor. Tem forte carga emocional. Reconheço. Funcionará? Sim,
desde que articulada no contexto de políticas públicas sérias e de um
verdadeiro esforço de recuperação.
As
drogas, especialmente o crack, estão na raiz da imensa maioria dos homicídios.
O empenho na recuperação deve ser a grande aposta que todos nós, governantes,
cidadãos, jornalistas, formadores de opinião, devemos fazer. É preciso punir
com firmeza. Mas é necessário investir na recuperação dos infratores.
É
elevadíssimo o número de delinquentes com problemas de dependência de drogas.
Ora, dependência não tratada é recaída segura lá na frente. O que significa, na
prática, alto risco de retorno à criminalidade. O governo deveria firmar
convênios com comunidades terapêuticas, sobretudo nas cidades que contam com
algumas instituições idôneas.
Impõem-se
também políticas públicas voltadas para a educação, esporte, cultura e lazer.
Juventude abandonada é uma bomba relógio ativada. A preocupação social,
felizmente, começa a mobilizar muita gente. Multiplicam-se iniciativas sérias
de promoção humana e social. Sem um autêntico mutirão de inclusão social, a
simples punição não dará resultados sustentáveis. O crime deve ser punido. Mas
é preciso diagnosticar as causas profundas da criminalidade. A injustiça, a
falta de oportunidades e a péssima qualidade da educação, resultado acabado de
tanto desgoverno, são o caldo de cultura da violência e da criminalidade. Não é
possível olhar a pobreza como ferramenta de marketing político ou com o
distanciamento de uma pesquisa acadêmica.
Os
bandidos juvenis são criminosos perigosos. Frequentemente, mais violentos que
os adultos. Matam. Roubam. Estupram. Precisam ser retirados do convívio social.
Imediatamente. Vamos reduzir a maioridade penal. Mas, ao mesmo tempo, não
abandonemos a racionalidade. É preciso investir pesado na recuperação e no
resgate social. Só isso, de fato, conseguirá virar o jogo da delinquência
alucinada.”
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes,
incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise
de liderança de nossa história – que é de ética,
de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas
estruturas educacionais, governamentais,
jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais,
de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais
livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente
desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de
questões deveras cruciais como:
a) a
educação – universal e de qualidade, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade
absoluta de nossas políticas públicas;
b) o
combate, severo e sem trégua, aos
três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente e
diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar
por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e
comprometimentos de variada ordem; III – o desperdício,
em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e
danos, inexoravelmente irreparáveis;
c) a
dívida pública brasileira, com
projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e
intolerável desembolso de cerca de R$ 1
trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos
(apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma
imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tanta
sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa
capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de extremas e sempre crescentes necessidades
de ampliação e modernização de
setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
saúde; saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos
tratados, macrodrenagem urbana; logística reversa); meio ambiente; mobilidade urbana (trânsito, transporte,
acessibilidade); habitação; emprego,
trabalho e renda; agregação de valor às commodities; assistência social;
previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública;
forças armadas; polícia federal; defesa civil; minas e energia; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; logística; turismo; esporte,
cultura e lazer; sistema financeiro nacional; comunicações; qualidade (planejamento
– estratégico, tático e operacional –, eficiência, eficácia, efetividade,
economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que,
de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada,
qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que
possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e
potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos
e que contemplam eventos como a Copa das Confederações em junho; a 27ª Jornada
Mundial da Juventude no Rio de Janeiro em julho; a Copa do Mudo de 2014; a
Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das
exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das
empresas, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias,
da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da
paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a
nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...
O
BRASIL TEM JEITO!...