“Energia
a favor da democracia
A polarização política no
Brasil, que chegou ao seu auge nas eleições presidenciais de 2018, parece não
ter fim. Vivemos, hoje, um dilema: somos um país com a polarização política no
nível da americana, mas enfrentamos a pobreza diariamente, sem infraestrutura
básica e acesso precário à saúde, educação, segurança e tantos outros direitos
fundamentais.
Mas o
fato é que ainda estamos empregando nossa energia em uma briga polarizada e
intolerante entre nós mesmos. Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos,
a polarização política supera a média internacional de 27 países, só ficando
atrás de Índia e África do Sul. Os dados comprovam o que vemos cotidianamente:
o radicalismo político chegou a níveis de intolerância que afeta os
relacionamentos pessoais, afastando as pessoas que pensam de forma diferente.
É
preciso ultrapassar essa fronteira, evoluir. Canalizar essa energia a favor da
democracia é conduzí-la ao palco da construção política que é o Congresso
Nacional. Ali deve ser o nosso fórum de debate.
Desperdiçamos
foco (para dizer o mínimo) ao discutir com pares, em vez de concentrar naqueles
que se intitulam “nossos representantes”, repercutir as nossas opiniões com
parlamentares e senadores e, eles, sim, criarem um debate construtivo, pois
foram eleitos pelo voto popular para negociar, discutir, escutar e, assim,
criar a melhor solução a favor da população brasileira. Então, pare de brigar
com seu irmão, seu vizinho, no grupo de WatsApp, e coloque essa energia e a
força da sua opinião para pressionar o seu deputado, o seu senador; aquele que
foi eleito com o poder do seu voto.
O
caminho para fortalecer a democracia passa pela responsabilidade de cada
cidadão em entender a importância do seu papel como eleitor e, depois, de
manter o diálogo ativo com seus representantes, saber quais são as pautas em
votação e, claro, qual a posição dos seus eleitos em cada uma delas.
Aqui
entra um pouco do meu sonho como cidadão e empreendedor: usar toda a potência
da opinião política na construção de pontes; sair da briga polarizada restrita
ao nosso círculo social, que apenas segrega, e, juntos, colocar energia a favor
da democracia, criando um diálogo construtivo entre eleitor, deputados e
senadores no esforço pela construção de um país mais honesto e justo.
Se não
tivermos a consciência sobre a importância do Congresso Nacional, a clareza de
que ali é o local de debate, não vamos conseguir implementar políticas que, de
fato, melhorem a vida de todos nós, brasileiros.”.
(MARIO MELLO.
Fundador e CEO do aplicativo Poder do Voto, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 16 de agosto
de 2019, caderno OPINIÃO, página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição,
caderno e página, de autoria de DOM
WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e
presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece
igualmente integral transcrição:
“A
família, como vai?
Esta interrogação,
“família, como vai?”, tem uma pertinência social que perpassa a história de
mais de dois mil anos da Igreja Católica, e sua importância permanece ainda
hoje na sociedade contemporânea. Afinal, o bem da família é decisivo para o
futuro do mundo e da Igreja. Questão que afeta e aflige, exigindo respostas
assertivas, sem absolutamente admitir equívocos ou desfigurações perigosas que
possam impactar a realidade do lar, com suas dimensões humana, afetiva e
espiritual. A família tem força e propriedades educativas, mesmo com limites
advindos da condição humana, para alavancar, sustentar e impulsionar vidas. Por
isso, prioritário é investir na família.
“A
família, com vai?” Uma interrogação interpelante já em 1994, 25 anos atrás,
inspirou ações da Campanha da Fraternidade, envolvendo a Igreja em todo o
Brasil. A Igreja sabe que a família é uma comunidade natural na qual se
experimenta a sociabilidade humana, de modo a contribuir para o bem da
sociedade. Sem famílias fortes na comunhão e estáveis no compromisso, os povos
se debilitam. Incontestável que a família é prioridade em relação à sociedade e
ao Estado. Por isso, não pode ser desconsiderada. Constitui, assim, doutrina
pétrea para a Igreja a valorização da instituição familiar, conforme ensina o
largo e luminoso horizonte da palavra de Deus. Compreende-se porque a
antropologia cristã considera que não é bom o homem estar só. Os textos que
narram a criação do homem focalizam sobre o desígnio de Deus: o casal constitui
a primeira forma de comunhão de pessoas, comunhão assentada sobre Adão e Eva,
firmando a direção da ajustada compreensão.
Na
família se aprende a conhecer o amor e a fidelidade a Deus, a necessidade de
corresponder-lhe. Convence, pois, o quanto é importante responder a esta
pergunta desafiadora – A família, como vai? – para compor e recompor a
competência fundamental dessa experiência, a ser marcada pelo humanismo, fé e
espiritualidade. O desafio é que, hoje, a mudança antropológico-cultural
influencia todos os aspectos da vida e requer uma abordagem que seja
contemporânea, diversificada, não podendo, no entanto, negociar valores,
princípios e identidades intocáveis, sob pena de não se alcançar patamares que
configurem a família na perspectiva educativa e sustentadora para a sociedade.
Não pode a Igreja desincumbir-se, portanto, de anunciar o evangelho da família,
com voz forte e clara na complexidade da cultura contemporânea, ante os
relativismos que a ameaçam.
São
necessários, pois, novos caminhos pastorais e de conscientização, preservando,
sempre, aquilo que é inegociável. Por isso, é tarefa a elaboração de diretrizes
e indicação de práticas, considerando, fielmente, a doutrina da Igreja em
diálogo com as necessidades e desafios locais. O papa Francisco lembra que, à
luz da parábola do semeador, a missão da Igreja consiste em cooperar na
sementeira, o resto é obra de Deus. Os casais esperam e precisam que a Igreja
lhes ofereça motivações para uma aposta corajosa em um amor forte, sólido e
duradouro – capaz de enfrentar imprevistos, adversidades. A Igreja é desafiada
a acompanhar as famílias em suas dificuldades. A Igreja é desafiada a uma
conversão missionária por não se contentar com um anúncio puramente teórico e
desligado da realidade das pessoas.
O
evangelho da família precisa ser apresentado como resposta profunda às interrogações
e necessidades da humanidade. É preciso propor valores para que a família
alcance a sua dignidade e plena realização na reciprocidade, na comunhão e na
fecundidade. A Igreja é “família de famílias”, enriquecida pela vida de cada
Igreja que está no lar de cada um. Assim, o sacramento matrimonial pode
fecundar o caminho da sociedade. É, por isso, um dom precioso, sobretudo, para
o momento atual. A Igreja é um bem para a família e a família é um bem para a
Igreja. Permanece o enorme desafio de viver e ser família na complexidade
cultura da contemporaneidade. Tem, pois, pertinência a interrogação: “A
família, como vai?”, abrindo muitos debates, indicando os desafios e exigências
da indispensável retomada de valores, a
promoção de experiências com força educativa humanística e a rica vivência da
fé, busca da luz advinda do evangelho de Jesus Cristo. É a luz única que pode
iluminar a compreensão com força inigualável. A interrogação é dirigida a cada
família, à Igreja e, também, à sociedade.
Instituições
não subsistirão na direção certa e perderão o rumo em seus percursos se não se
dedicarem a investir, qualificadamente, na família. Para fazer da família
prioridade, todos têm que se deixar interrogar e responder: “Como vai a
família?”. Esse investimento urgente, como entendimentos largos e lúcidos,
poderá impulsionar com mais velocidade a busca que se está fazendo. Responder à
interrogação, superando indiferenças e relativismos, é o caminho para a
necessária abertura de um novo ciclo. Do contrário, se multiplicarão os
fracassos. Pergunte e responda: sua família, como vai?.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 129 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em junho a ainda estratosférica marca de
300,09% nos últimos doze meses, e a taxa
de juros do cheque especial chegou em históricos 322,23%; e já o IPCA, em julho, também
no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 3,22%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2019, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,422 trilhão (43,6%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 758,672 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria
grega, do direito e da justiça:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Isto
posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência,
eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com
menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
- Pelo
fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares
do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e,
ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A
alegria da vocação ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de
infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre
pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.