sexta-feira, 4 de setembro de 2015

A CIDADANIA, A FONTE DE ENERGIA INTERIOR, A LUZ NA DEMOCRACIA E A SUSTENTABILIDADE

“A cura que advém do silêncio e 
do contato com a Fonte interior
        O real trabalho que pode ser feito em benefício da evolução e da cura de indivíduos, que estejam mental ou emocionalmente envolvidos com alguma situação, é aquele que ocorre por meio da irradiação de energia.
         Depois de esgotarmos a nossa aprendizagem nos vários campos de serviço externo, chegamos, pela vivência do silêncio, a esse caminho, o da irradiação da energia.
         A fonte de todo impulso criativo apenas pode ser conhecida quando o silêncio é o estado da matéria. A irradiação da energia, como cura, como elevação e como preenchimento de todos os espaços do universo – irradiação que se traduz em vida, amor, luz e poder –, só se faz no silêncio dos sentidos, das necessidades e dos movimentos, enfim, no silêncio do eu humano.
Quando se atinge esse estágio, é pela irradiação que as tarefas se cumprem. Nesse sentido, um segundo de puro contato com a Fonte interior tem mais valor que qualquer obra humana. Ao contatar com a energia da Essência fundamental, divina, origem de todas as essências, ao mergulhar na vibração da própria realidade interior e ao conhecer sua qualidade imanente, o indivíduo se une com o que não tem nome, não tem cor, não é definível e não é compreensível; une-se com aquilo que por nada pode ser contido, une-se com o Absoluto e o Vazio. Nos planos que estão acima da razão e do sentimento, sem nada ser, sua consciência penetra na plenitude da existência. É nesse estado de Graça que ele recebe a tarefa de irradiar a energia.
         A irradiação não é, pois, dirigida por forças humanas, não se destina a determinado ponto ou pessoa e em todos alimenta a sementa da Luz. Não é conduzida conscientemente pelo homem (e, se o fosse, não diferiria da magia), mas se esparge por todo o Cosmos, acolhe e permeia toda a Vida. Filha da sabedoria, não se restringe a tendências. Fruto do amor, não conhece separação. Sopro do Criador, eleva todas as criaturas.
         A energia de cura não tem dono; nada e ninguém a possui. Ela se doa por meio daqueles que podem prestar o serviço de irradiá-la. Esse serviço vem da comunhão com reinos espirituais, e quanto mais a energia de cura for absorvida pelos homens maior será, entre eles, a abertura para o contato com a energia divina. A irradiação é uma das principais chaves que guardam os portais de realidades sutis elevadas, mas a humanidade, em grande voltada para o nível material da vida, ainda desconhece a cura que ela promove e a finalidade desse serviço.
         O impulso que conduz uma pessoa à verdadeira cura é aquele que leva a sua consciência a desbravar universos interiores, a libertar-se da vida comum e ir ao encontro do Espírito. Enquanto os homens buscarem a cura visando a um ajuste ou reequilíbrio físico, mental ou emocional, não poderão sequer conhecer os objetivos que o Criador tem para eles. Não poderão compartilhar a Graça, uma das mais puras expressões da energia de cura.
         Como conhecer um sabor sem tê-lo provado? Como trazer a cura ao mundo sem se haver curado?
         A Água da Vida não é encontrada quando se tenta chegar à fonte, mas si quando brota do íntimo do indivíduo, saciando-lhe a sede, mergulhando-o em profundeza e abundância. Receber a Graça dessa torrente de amor infinito é saber sem ter aprendido, é ver sem ter olhado, é escutar sem ter buscado ouvir, é ser sem se lembrar do que se é.”.

(TRIGUEIRINHO. Escritor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 30 de agosto de 2015, caderno O.PINIÃO, página 18).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 1º de dezembro de 2007, caderno PENSAR, página principal, de autoria de MAURICIO ANDRÉS RIBEIRO, autor dos livros Ecologizar e Tesouros da Índia para a civilização sustentável, e que merece igualmente integral transcrição:

“DHARMA E
Sustentabilidade
        A cada dia, torna-se mais evidente que as atividades humanas causam a crise ecológica e climática atual, que ameaça a proteção e as garantias para a vida. Nesse contexto, torna-se pertinente conhecer como as diversas matrizes da civilização concebem as responsabilidades, interesses e direitos que visam, justamente, a dar proteção e garantias à vida.
         Herdeiro da civilização greco-romana, o mundo ocidental inventou o Estado democrático de direito: democracia orientada para a justiça, para a transformação, evolução, projetos de liberdade, para o novo e a modernização, o trabalho produtivo e com resultados, a esperança e o futuro. Tudo isso valoriza a razão e o analítico.
         Dos direitos individuais – à liberdade, à vida. à expressão – evoluiu-se para os direitos sociais, econômicos e culturais voltados para a saúde, o trabalho e a greve. Daí se passa para a terceira dimensão, ou geração, a dos direitos e interesses difusos que ultrapassam a perspectiva individual e incluem a proteção da coletividade, da paz e da segurança públicas, do patrimônio histórico e cultural e do meio ambiente.
         Estudiosos da democracia dos direitos, ao mesmo tempo em que apregoam suas virtudes como o regime político mais avançado já alcançado pelas sociedades humanas, apontam suas fragilidades. O filósofo Jürgen Habermas ressalta as tensões que permanentemente desafiam o Estado democrático de direito, especialmente com o terrorismo do início do século 21. O sociólogo Manuel Castells fala da necessidade de a democracia se reinventar.
         Grandes impérios enfatizaram o direito: o império romano, o direito romano; o império americano, a democracia dos direitos. Usados com estratégia de dominação efetiva, não se impõe pela força, mas pela adesão voluntária dos indivíduos e pela persuasão de argumentos jurídicos e legais. Entretanto, ao primeiro sinal de ameaça, as conquistas da democracia (direitos civis, direito individual, direito à privacidade e mesmo direitos difusos, como o ambiental) são relegadas a segundo plano, como ocorreu com os Estados Unidos depois do ataque terrorista de 11 de setembro de 2001. Além disso, quando se atingem os limites da capacidade de o planeta suportar agressões e se anunciam catástrofes climáticas, a proteção e as garantias para a vida passam a ser ameaçadas por novos fatores de risco.

CIVILIZAÇÃO INDIANA
         
         Nesse contexto, buscamos o conceito de e a prática do dharma, centrais para a compreensão da civilização da Índia. Eles nos permitem refletir sobre o desenvolvimento e a sustentabilidade. O lema é unidade na diversidade. Trata-se de uma nação multinacional, culturalmente variada. A civilização indiana absorveu de forma seletiva as pressões culturais trazidas por diversos povos que invadiram o subcontinente durante sua longa história. O dharma pode ser visto como fator de agregação, que evita a fragmentação de uma pessoa ou sociedade.
         Heinrich Zimmer nota que dharma é substantivo proveniente da raiz do sânscrito dhr, que significa sustentar, carregar. “É a lei, aquilo quem sustenta, mantém unido ou erguido”. A aceitação do próprio dharma se manifesta em algumas características associadas ao povo e à sensibilidade indianos: resignação, fatalismo, docilidade, passividade, reduzida inveja, convicção de que as adversidades expressam a vontade de Deus. Isso não impediu que, sob a liderança de Mahatma Gandhi, o país alcançasse a independência política em 1947 por meio de métodos não-violentos e da resistência passiva. Isso fez da Índia uma das sociedades com menor pegada ecológica per capita, que menos obrigam o ambiente a suportar agressões.
         O pensador Sri Aurobindo produziu extensa obra sobre temas políticos e sociais. Ele estudou na Inglaterra e é profundo conhecedor da cultura indiana. “Já se disse que a democracia é baseada nos direitos do homem; respondeu-se que ela deveria se basear nos deveres do homem; mas tanto direitos como deveres são idéias européias. Dharma é a concepção indiana na qual direitos e deveres perdem o antagonismo artificial criado pela visão de mundo que faz do egoísmo a raiz da ação e restabelece profunda e eterna unidade. Dharma é a base da democracia que a Ásia deve reconhecer, porque nisso está a distinção entre a alma da Ásia e a alma da Europa”, explica Sri.
         A imagem usada pelo pensador para definir o dharma busca a unidade diante do antagonismo artificial entre direitos e deveres. Como na fita de Moebius, aquilo que aparentemente se opõe se torna o mesmo. No dharma, exercer uma ação é, ao mesmo tempo, direito e responsabilidade.

DIREITOS HUMANOS
         
         A dharmacracia, uma forma de reinventar a democracia que vai além da defesa de direitos, integra a ética à política e articula as relações a padrões de conduta e comportamento individuais, fazendo a ponte entre o psicológico o social. A democracia será “dharmacrática” quando complementar a visão dos direitos humanos com padrões aceitáveis de cuidado na relação com a natureza e na vida individual e social.
         A dharmacracia realça a importância da compaixão, da liberdade de projeto, de valorização do natural e do indígena, da celebração comunitária e da presença convivial. Valoriza o contemplativo, a intuição e a síntese. A dharmacracia é projeto virtual que pode evoluir a partir do patamar alcançado pela democracia dos direitos. “Dharmacratizar” a política pode ser uma forma de reduzir a descrença nos políticos e nas enfraquecidas democracias dos direitos.
         Ao exercer o dharma, a espécie humana – que enfrenta impasses quanto à viabilidade de sua sobrevivência – pode buscar meios para se superar, sustentando-se por milênios na era ecozóica, que ora se inicia.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em agosto a estratosférica marca de 395,3% ao ano... e mais, em julho, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 9,56%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

     c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”