quinta-feira, 2 de março de 2017

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL E O IMPERATIVO DA QUALIFICAÇÃO DA CIDADANIA, DA DEMOCRACIA E DAS LIDERANÇAS NA SUSTENTABILIDADE (5/165)

(Março = mês 5; faltam 165 meses para a Primavera Brasileira)

“A democracia direta está renascendo
        Acompanhar a cena política brasileira tem sido uma autêntica prova de paciência. Muitas vezes, dá vontade de largar de mão e ir embora. Fuga? Não, apenas uma busca legítima de uma atmosfera minimamente saudável para viver. Sim, a política no Brasil faz mal à saúde. Vivemos angustiados, irritados e inconformados em ser insistentemente tratados como palhaços. Logo, respeito quem decide ir embora e recomeçar alhures, mas admiro aqueles que ficam para estoicamente lutar.
         Indo adiante, se olharmos a política brasileira, veremos que poucos destroem a vida de muitos, condenando nosso país ao atraso, à pobreza e à ladroagem. Exatamente isso, são poucos, muito poucos. O problema é que eles são organizados e cúmplices na usurpação das instituições republicanas. De tempos em tempos, especialmente nos períodos eleitorais, discutem em público e parecem estar em lados opostos. Sabem aquela estória de esquerda e direita? Esqueçam. No Brasil, isso não existe; o lado é único: o poder pelo poder e suas inerentes facilidades.
         Portanto, a situação está posta: temos uma política que não representa o cidadão. Durante muito tempo, bastaram as tradicionais ferramentas de manipulação e mentira coletiva; com muita propaganda, enganava-se o povo, e a roda da fortuna continuava a girar. Todavia, com o advento da internet e das redes sociais, tal estratégia de sustentação do poder ficou vulnerável. Hoje, do nada pode surgir uma onda de fervor popular que venha para as ruas e emparede a política estabelecida. Estamos a viver, assim, uma espécie de renascimento da democracia direta que faz tremer as muitas instituições anacrônicas da República.
         Ora, quando as ruas fervem, os fios de sustentação do poder começam a derreter. Todavia, não basta destruirmos os museus da corrupção e passar a viver em ruínas. Objetivamente, a democracia exige uma institucionalizada eficaz, sob pena de virar um governo farsante a serviço de interesses ilícitos. E de farsas e ilicitudes já estamos cansados. Dessa forma, o aspecto altamente positivo da redescoberta da força política do espaço público deve ser conjugado com o surgimento de novos líderes confiáveis que, com decência e coragem, adentrem no jogo do poder com o firme intuito de fazer do ideal democrático uma forma concreta de governabilidade responsável e competente.
Por tudo, entramos em uma quadra democrática altamente instável e volátil. Os estáticos mecanismos da política tradicional não mais dispõem de capacidade para responder à velocidade dos acontecimentos sociais. Estamos virando uma página e abrindo outra com muitas linhas em branco. No livro aberto das possibilidades futuras, a qualidade da escrita que virá nos será fundamental e pautará o amanhã das próximas gerações. É, por isso, que a caneta do poder deve estar em boas mãos, pois a beleza histórica da democracia jamais foi firmada por maus políticos.”.

(SEBASTIÃO VENTURA PEREIRA DA PAIXÃO JR.. Advogado, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 28 de fevereiro de 2017, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 24 de fevereiro de 2017, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Cidadania e lideranças
        A cidadania sofre um avançado processo de deterioração, comprometendo o equilíbrio de processos complexos e importantes para o bem viver. São enormes os prejuízos – incluem desde as brutalidades, que ameaçam o relacionamento entre pessoas, até os descompassos nas instituições e governos –, evidenciando a gravidade dessa deterioração. Isso acelera a desumanidade na sociedade contemporânea e o descontrole dos funcionamentos que deveriam garantir, minimamente, a convivência sadia na urbanidade. Percebe-se que o ser humano, diferentemente das outras criaturas, quando se considera o conjunto da criação, percorre uma via na contramão da sua natureza, identidade e missão. A ação depredadora da humanidade no tratamento da “casa comum”, produzindo desequilíbrio ambiental, causa triste impacto. A racionalidade não consegue delinear atitudes e estilos de vida capazes de evitar os prejuízos que, cedo ou tarde, caem na conta da sociedade. Uma conta alta que resulta da dificuldade para mudar hábitos e definir prioridades.
         As posturas egoístas e interesseiras impedem as pessoas de abrir mão de certas práticas, confortos e bem-estar aparentes, aumentando descontroladamente os danos que impactam todo o planeta. Há um processo crescente de distanciamento da vida social, política e ecológica equilibrada. Parece importar ao cidadão tão simplesmente as garantias de suas benesses, confortos, o dinheiro que ganha e o seu usufruto. Tudo balizado por irracionalidades no comprar, comer, viajar e possuir. São valorizadas no cotidiano as experiências marcadas pela fugacidade. Ao mesmo tempo, cresce uma insatisfação inscrita na subjetividade humana. Esse descontentamento ateia fogo abrasador nas disputas por títulos, lugares e vantagens. O outro é sempre o inimigo e o concorrente. Um individualismo mesquinho contamina a vida familiar, e até o lar se torna palco de disputas. Acaba-se, inclusive, com a garantia dos vínculos, desde os matrimônios aos da amizade sincera.
         Não se consegue enxergar o outro. E não há cidadania sem que se enxergue o outro, particularmente os mais pobres e sofredores. No turbilhão dessa avalanche individualista, que evidencia a perda da direção do amor, a cidadania é substituída pela incivilidade. A sociedade, enlouquecida, vira uma arena de batalha. E vai ficando distante o sentida da solidariedade, o compromisso com a fraternidade, a coragem altruísta de ser bom e partilhar, sem medo de perder. É crescente o instinto devastador do apego aos próprios bens, sem se importar com o próximo, desconsiderando as dádivas de Deus. Por isso, são acirradas as brigas por privilégios, embrutecendo as relações. As pessoas são reduzidas a peças de uma engrenagem social e política, desprovidas da responsabilidade de buscar o bem maior, o respeito ao bem comum. Ignora-se o fato de que é abominável uma sociedade de privilégios que causam discriminações e a exclusão social.
          A sombra que delineia o horizonte da sociedade cega os indivíduos e, consequentemente, os conduz a situações de guerras, confirmadas pelos números de homicídios e que revelam o aumento da miséria. Triste é a mesquinhez e a indiferença de quem conseguiu um “lugar ao sol” e não abre mão de nada para oferecer um pouco a quem precisa. Uma situação que contamina a convivência entre pessoas, mas também impacta a relação entre nações, grupos e culturas. “Primeiro o meu, o que importa sou eu, a minha nação, o meu grupo, os meus aliados, meu partido, a minha Igreja”. É assim que se pensa e, por isso, a cidadania se deteriora, não se constituindo mais como parâmetro para o exercício da liderança. Os “líderes” – nos âmbitos políticos, culturais, educacionais e mesmo religiosos – tornam-se prisioneiros no tecido cidadão corroído. Tendem a lutar simplesmente para se manter no lugar que ocupam e continuar a usufruir das benesses. Buscam apenas alimentar vaidades e, assim, se contentam com uma pífia, pouco inventiva. Não oferecem respostas adequadas às necessidades de reformas e atuações.
         O assoreamento da cidadania inviabiliza o surgimento de líderes altruístas. Gera uma opacidade que impede de enxergar mais adiante. Assim, tornam-se cada vez mais raras as pessoas que se desdobram para fazer a diferença no cumprimento dos próprios deveres. Percebe-se que a cidadania comprometida por modos mesquinhos de se viver mata a natural e indispensável índole de liderança que está na essência do ser humano. Cada pessoa deve ser protagonista do desenvolvimento, responsável por rumos novos no horizonte humanitário e civilizatório. Isso quer dizer que, nas diferentes situações, da cozinha da própria casa à mesa dos tribunais e dos parlamentos, incluindo os laboratórios, as salas de aula, os templos e as ruas, é inegociável a cada cidadão desempenhar bem a sua liderança em vista de um tempo novo. Caso contrário, todos ficarão presos nas mediocridades que impedem avanços. Crescerá a barreira da resistência que atrapalha a inovação nas instituições, nos modelos e nos procedimentos.
         Urgente é investir cotidianamente na recuperação do tecido cidadão, a partir das posturas, gestos e adoção de princípios. Vencer as condutas individualistas e as disputas sem sentido, para reacender o gosto pela liderança deve revelar o amor por uma vida cidadã, que traz equilíbrio para a sociedade. Assim, é possível a cada pessoa cumprir bem o próprio papel, assumindo o compromisso com o bem maior das instituições e do povo. Essencial é o exame de consciência de cada um, com a coragem de assumir a própria responsabilidade, e a oferta da própria inteligência, das competências, a serviço de uma cidadania que conduza o mundo na direção da justiça e do amor.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em janeiro/2017 a ainda estratosférica marca de 486,75% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 328,30%; e já o IPCA também acumulado nos últimos doze meses, chegou a 5,35%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...