sexta-feira, 25 de junho de 2010

A CIDADANIA E A JUSTIÇA SOCIAL E ECONÔMICA

“ 8. O Estado e o indivíduo

[...] Por exemplo, é verdade que o Brasil não tem recursos para investir o necessário no bem-estar da maioria de seu povo. É também verdade que isto constitui uma contingência inevitável e que nem os próprios políticos de oposição têm podido oferecer sugestões eficazes. Mas é também verdade que parte da população, a minoria, vive muito mais ricamente do que seria humanamente necessário e que essa vida é levada à custa da miséria da maioria. Qual é a verdade? Há ou não há recursos? É possível ou não modificar por completo a situação?

Como é verdade que não existem condições para alimentar e dar trabalho aos pobres, quando muitos ricos não trabalham e jogam comida fora, quando é comentado abertamente que os depósitos brasileiros clandestinos no exterior sobem a várias dezenas de bilhões de dólares, quando somos um dos maiores exportadores de gêneros alimentícios do mundo e, ainda assim, periodicamente assistimos à perdas de safras por falta de infra-estrutura de armazenamento e transporte, além de também presenciarmos a destruição de outras tantas safras – de pintos a cebolas – pelos seus próprios produtores, movidos por distorções no mercado? Cabe a cada um de nós examinar essas “verdades”.”
(JOÃO UBALDO RIBEIRO, in Política: quem manda, por que manda, como manda. – 3. ed. ver. por Lucia Hippolito. – Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1998, páginas 64 e 65).

Mais uma IMPORTANTE contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no Jornal ESTADO DE MINAS, edição de 21 de junho de 2010, Caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de VERA CORDEIRO, Fundadora da Associação Saúde Criança, empreendedora social, que merece INTEGRAL transcrição:

“Justiça social e econômica

A globalização no século 21 trouxe um crescimento econômico e tecnológico incomensurável. Porém, a fome afeta, pelo menos, mais de 1 bilhão de seres humanos no planeta. Entre os mais de 6 bilhões de habitantes, segundo a Organização das Nações Unidas, 799 milhões sofrem de desnutrição, cerca de 1 bilhão não têm moradia adequada, 2,4 bilhões não dispõem de saneamento básico adequado e cerca de 2 bilhões vivem sem eletricidade. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as principais causas de mortes no mundo estão relacionadas à pobreza, como fome, diarreia, pneumonia, tuberculose, malária, doenças perinatais, que poderiam ser prevenidas ou curadas a baixo custo, por meio de alimentação saudável, água potável, vacinação, reidratação adequada e remédios. Esses dados são inadmissíveis. É também inadmissível a “tranquilidade” com que ainda hoje muitos convivem com a extrema pobreza e desigualdade.

Ante esse cenário socioeconômico, quem são os verdadeiros pobres? Aqueles que vivem em condições desumanas e lutam diariamente para sobreviver? Ou seriam aqueles que, tendo poder e recursos, não se reúnem para mudar essa realidade? Frente a esse cenário – e com muita vontade de mudar esse futuro – , foi criada, em 1991, a Associação Saúde Criança (ASC). No início, um grupo de profissionais da saúde. Ao longo do tempo, agregou mais de 600 voluntários. Estamos mudando o conceito de saúde e trabalhando para que esses números assombrosos mudem. Essa é a nossa função – somo empreendedores sociais.

Bill Drayton, fundador da organização pioneira Ashoka, diz que “o empreendedor social não é o que dá o peixe, nem ensina a pescar; é aquele que não descansará enquanto não revolucionar a indústria da pesca”. O trabalho da entidade está fundamentado na ideia de que a saúde é o fator principal para que uma pessoa exerça suas capacidades e se torne um cidadão produtivo. O desenvolvimento de um país está essencialmente ligado às oportunidades que ele oferece à população de fazer escolhas e exercer sua cidadania. Porém, não há cidadania sem saúde integral. E como podemos assegurar que um indivíduo seja saudável? Por meio de um programa que contemple não somente a prestação de serviços hospitalares, mas que também faça a prevenção (alimentação adequada, moradia digna, saneamento, capacidade de trabalho e cidadania.

Para os mais pobres, as doenças têm consequências negativas em suas vidas que se multiplicam. A ASC vai no cerne desse problema, trabalhando com a família inteira, de maneira integral, criando oportunidades para que as crianças que não estão doentes possam frequentar a escola, para que o responsável dentro daquela família aprenda uma profissão e para que todos tenham acesso à Justiça, se necessário. Aprendam também como se alimentar melhor, manter a mínima higiene e promover o seu autossustento. Essa metodologia também está sendo adotada em 26 centros de referência de assistência social do governo de Belo Horizonte. Estamos inspirando a política pública na cidade do Rio de Janeiro, iniciando o trabalho no complexo Pavão-Pavãozinho-Cantagalo. Alguns dos resultados desses 19 anos da Associação Saúde Criança são: a redução em 66% das reinternações dos pacientes, aumento de cerca de 40% na renda familiar e uma economia anual para os gastos públicos de R$ 2,5 milhões, considerando uma só das diversas instituições da rede. A nossa vida e daqueles que viviam em condições indignas foi transformada. Acredito que todos somos agentes de mudança.”

São, pois, páginas como essas, com ações efetivamente transformadoras, que nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando a construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCACA, LIVRE, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS como os eventos da COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016 e os projetos do PRÉ-SAL, inserindo definitivamente o PAÍS na era da MODERNIDADE e de um mundo da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

Um comentário:

Anônimo disse...

Tenho lido muito sobre como estatísticas e projetos do governo no enfrentamento a pobreza e a fome, mas não tenho encontrado um centro voltado para a reflexão de Bill Drayton, fundador da organização pioneira Ashoka, diz que “o empreendedor social não é o que dá o peixe, nem ensina a pescar; é aquele que não descansará enquanto não revolucionar a indústria da pesca”. Sim, ser diferente e apresentar um diferencia nas ações. Temos centenas de boas ações, mas ainda esbarramos no assistencialismo puro e simples que veio desde a extinta LBA e ainda perpassa no Bolsa Família. Não basta dar o peixe, não basta ensinar a pescar, tem-se que revolucionar a industria da pesca e transformar o trabalho do pescador em rentável e gerador não de uma baixa renda mas de um salário dígno que mostre um novo horizonte. Ainda se tem um longo caminho a percorrer, em um país onde as desigualdades são extremas e onde ainda temos escolas com bancos velhos e que quando chove não tem aula pois tudo alaga, onde ainda temos famílias vivendo em casebres e mesmo debaixo de lomas em lixões, onde ainda temos crianças sendo exploradas em jornada de trabalho que nem adulto dá conta, que ainda temos jovens analfabetos, que ainda temos mães vendo seus filhos morrerem por uma diarréia. Brasil, da Copa do Mundo, das Olímpiadas e das mães que choram lágrimas de sangue vendo seus filhos morrerem por falta de assistência e por causa da falta de infra-estrutura urban que garanta agua potável e o fim de esgotos e lições a céu aberto.....