segunda-feira, 13 de junho de 2011

A CIDADANIA, A FORÇA DA EDUCAÇÃO INFANTIL E A INTERNET

“Educação e internet no Brasil

Foi-se a época que para ganhar notoriedade, no Brasil, era preciso ser artista ou uma pessoa pública, de preferência do eixo Rio-São Paulo-Minas.

A aldeia global, prometida pela globalização e executada cada vez mais com sucesso pela internet, vem disseminando a sociedade de informação como um caminho sem volta, no qual qualquer pessoa pode se comunicar com outra e disseminar suas ideias pelo mundo em questão de minutos ou segundos.

Uma nordestina, do Rio Grande do Norte, veio agora a agitar a internet e ganhar o Brasil. O “fenômeno Amanda Gurgel” levanta duas questões muito importantes: a força que a internet tem hoje de lançar líderes e em formar opinião e também a do mérito de expor, numa linguagem direta, os problemas que a educação enfrenta no país. A internet é um meio de comunicação fundamental na atualidade. É, podemos dizer, o meio de comunicação da moda, de onde outros meios de comunicação extraem pauta para seus veículos. Hoje, facilmente, durante uma tarde de domingo, você vê na TV um vídeo com ou sem conteúdo, extraído do YouTube. Geralmente vídeos que já contabilizam vários milhões de acessos no mundo todo.

Amanda Gurgel se encaixa no perfil de fenômeno-opinião da Internet. A professora potiguar fez seu pronunciamento de 8 minutos sobre a educação no Rio Grande do Norte e no Brasil, em geral. Virou heroína. Os comentários no YouTube são aos montes em defesa da tese incisiva da mestra. Ela exibiu seu contracheque de R$ 930 e falou que não tinha vergonha de seu salário, quem deveria ter eram os deputados. Disse que as escolas viraram depósitos de alunos. Frisou ainda que a educação nunca foi prioridade de nenhum governo. Cabra corajosa, da peste mesmo!

Curiosamente, nossos olhos brilham com manifestações desse tipo, que deveriam ser corriqueiras e incentivadas, em uma sociedade democrática. O brasileiro conquistou a duras penas o direito de votar, de ser votado, de manifestar sua opinião livremente, mas abdica desse direito, muitas vezes em nome de interesses diversos, de desleixo ou acomodação mesmo. O povo simplesmente aceita. Felizmente a internet vem despertando, com essas manifestações difundidas, um pouco da cidadania.

A nossa Amanda ensinou aos deputados e ao Brasil que educação deve ser prioridade. Uma ótima lição. Mas será praticada? Ou virá um discurso pró-educação evasivo que vai substituído quando a mídia repercutir algum outro problema enfrentado pela sociedade? Sim, porque seria inocência de nossa parte não perceber que a política no Brasil age por fruto de fatos de repercussão: tal qual o caso de Realengo e a reabertura das “entregas espontâneas” de armas de fogo por parte de populares e tentativa de emplacar um plebiscito sobre venda de armas sete anos depois de um referendo sobre o mesmo assunto.

Espero que o discurso de Amanda Gurgel não seja em vão. Todos esperam que a educação, assim como qualquer outro tema de importância nacional, seja tratada como projeto de Estado e não como fruto do momento. Queremos muito mais que professores e alunos na escola, queremos uma escola em que professores e alunos não estejam lá por mera obrigação, e sim por satisfação em desbravar o conhecimento científico proporcionado por condições dignas de ensino e aprendizado, em um ambiente seguro e saudável. Assim, cumprido esse patamar, a internet e sua repercussão terá prestado um serviço irrefutável à educação no Brasil.”

(JOSÉ EUSTÁQUIO LOPES DE FARIA JÚNIOR, Advogado, bacharel em Direito pela Faculdade Pitágoras – câmpus Fadom (Divinópolis), em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 25 de maio de 2011, Caderno OPINIÃO, página 11.

Mais uma IMPORTANTE, PEDAGÓGICA e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, Caderno CIÊNCIA, página 24, de autoria de MAX MILLIANO MELO, que merece PARCIAL transcrição:

“A FORÇA DA EDUCAÇÃO INFANTIL

Crianças que frequentam a pré-escola aos 4 e 5 anos tendem a ter mais sucesso acadêmico e melhores empregos, diz estudo. População pobre é a mais beneficiada nessa fase de ensino

Brasília – Enquanto o poder público historicamente destinou menos recursos para a educação infantil, tida como secundária e opcional, as famílias, muitas vezes, encaram as escolinhas como um simples passatempo para os filhos. No entanto, uma pesquisa destacada pela edição de hoje da Science mostra que a educação dos pequenos está longe de ser brincadeira. Depois de acompanhar, por 25 anos, cerca de 1,4 mil norte-americanos nascidos em bairros de baixa renda, pesquisadores da Universidade de Missouri, nos Estados Unidos, descobriram que ter contato desde cedo com um ambiente escolar de qualidade pode ter grande impacto positivo na saúde, na qualidade de vida e no mercado de trabalho, entre outros aspectos.

Os alunos acompanhados pelos cientistas foram divididos em dois grupos: os que frequentaram a pré-escola aos 4 ou 5 anos de idade e os que ingressaram diretamente no ensino fundamental, aos 6. “Na ocasião, entre 1985 e 1986, escolhemos participantes com uma boa aptidão escolar. Aqueles que frequentaram o jardim de infância tiveram em efeito em grande escala em um conjunto amplo de aspectos socioculturais e de saúde até a vida adulta”, conta ao Estado de Minas Arthur Reynolds, líder do estudo. “Isso ocorreu não apenas porque as crianças tiveram acesso à pré-escola, mas porque frequentaram programas de alta qualidade, com atividades muito além das tradicionalmente ligadas ao jardim de infância, como brincar”, afirma (veja o quadro).

Para conseguir acompanhar durante duas décadas e meia os milhares de crianças – que no fim do estudo já eram adultos com seus próprios filhos – os pesquisadores tiveram a ajuda de uma ampla rede de instituições públicas. “O estudo contou com a colaboração de longo prazo das escolas públicas. Assim, à medida que os participantes iam mudando de nível de ensino, eles continuavam sendo acompanhados”, explica Reynolds. “Também coletamos dados administrativos, além de realizar entrevistas com alunos, pais e professores. Todas essas informações nos ajudaram a manter 90% da amostra original na vida adulta, acrescenta.

Embora todos os participantes residissem em bairros de baixa renda quando começaram a ser acompanhados, nem todos eram considerados pobres, segundo a definição do governo dos EUA. “Isso nos permitiu perceber que os mais desfavorecidos economicamente colhem mais benefícios da educação infantil do que os que são menos desfavorecidos”, afirma o pesquisador, para que o estudo pode estimular investimentos na educação dos menores em lugares onde isso ainda não é uma realidade. “Se a educação pré-escolar produziu efeitos positivos num dos maiores sistemas educacionais do mundo, isso pode ser reproduzido em praticamente qualquer lugar. Com recursos e envolvimento os pais, esse é um excelente exemplo a seguir”, completa.

DESAFIOS Para especialistas em educação, o Brasil é um dos países onde a ampliação da educação (NOTA: OBRIGATORIEDADE

Nos próximos cinco anos, o Brasil precisará resolver a falta de acesso à educação infantil. Segundo a Emenda Constitucional nº 56, de 11 de novembro de 2009, passa a ser obrigatória a frequência na escola dos 4 a 6 anos. Antes que a lei fosse aprovada, o país percorreu um longo caminho. Até a década de 1960, eram obrigatórios apenas os quatro anos que compõem a primeira fase do ensino fundamental. Em 1971, uma lei federal ampliou o então chamado primeiro grau para oito anos. Em 2005, uma nova ampliação aconteceu, quando o ingresso de crianças com 6 anos passou a ser obrigatório, e o ensino fundamental para a ser de nove anos. Além da educação infantil, o ensino médio também deixará de ser facultativo até 2016.) infantil ainda é um desafio. Segundo o pedagogo e professor da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) Cleyton Gontijo, durante muitos esse nível educacional permaneceu em segundo plano nas políticas públicas brasileiras. “Nos últimos anos, o país experimentou um avanço grande. O ensino fundamental foi universalizado e o ensino médio teve uma forte ampliação. Mas só depois que esses dois níveis foram estabilizados é que a atenção e os recursos governamentais puderam ser direcionados para a educação infantil”, lembra o especialista.

Para Cleyton Gontijo, além de todos os efeitos positivos descritos na pesquisa norte-americana, existe outra questão que, por si só, seria suficiente para justificar a ampliação do acesso à educação infantil. “Dois pontos importantes causaram uma mudança drástica no comportamento das crianças nas últimas décadas. A primeira é a estrutura cada vez menor da família. Hoje não há núcleos familiares com vários irmãos e primos”, afirma Gontijo. Segundo o último censo do IBGE, feito em 2010, a taxa de fecundidade, ou seja, o número médio de filhos por casal, era de 1,94. Há 30 anos, esse número era de 4,4 crianças por casal. “Outro ponto foi o aumento da violência, que faz com que as crianças, muitas vezes, não possam brincar na rua com os vizinhos”, diz o pedagogo brasileiro.

Com um núcleo familiar menor e “presas” em casa, as crianças passaram a necessitar mais da escola, um importante local de socialização e de desenvolvimento de habilidades, criatividade, senso estético e motricidade. “Além disso, do ponto de vista educacional, o acesso cada vez mais cedo à escola torna a criança mais preparada para a alfabetização”, acrescenta. Por essa razão, em 2016, a pré-escola deve se tornar obrigatória para todas as crianças brasileiras.

ACESSO TÍMIDO A coordenadora-geral de Educação Infantil da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Rita Coelho, admite que o acesso ao ensino de qualidade para os estudantes mais novos ainda é um problema. “Esse é o nível que apresenta as mais altas taxas de profissionais não habilitados e de espaços físicos inadequados. Os indicadores de qualidade na educação infantil são os mais baixos entre todos os níveis educacionais”, afirma a gestora pública. “Assim como qualquer política social em um país marcado por desigualdades, o acesso à educação infantil é desigual. Esses problemas se apresentam especialmente para as comunidades pobres, negras, do campo e das periferias”, completa.

Para ela, o atraso é fruto de uma cultura que, por muito tempo, não valorizou as crianças mais novas. “Segundo a Constituição de 1988, a educação infantil não fazia parte do sistema educacional nacional. As crianças menores demoraram muito para serem vistas como sujeitos de direito. Essa visão de que para os pequenos qualquer coisa serve atrasou a profissionalização da educação infantil”, conta Rita. “Tanto a qualidade da oferta, a quantidade de vagas oferecidas e os recursos investidos cresceram muito, mas, como são políticas muito recentes, ainda é um desafio enorme crescer bem sem abrir mão da qualidade.”

ENTREVISTA/MAROPE MMANTSETSA

Diretora de Educação Básica a Superior e Aprendizagem da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco)

Por que a educação infantil tem um papel tão importante na formação sociocultural das crianças?

Históricamente, todo cuidado relacionado ao desenvolvimento dos primeiros anos da criança eram responsabilidade da família. A tarefa de educar, promover a saúde e manter a salvo as crianças ficava a cargo de um membro da família, muitas vezes a mãe. Nos últimos anos, tem havido uma profunda revolução familiar. Todos os membros da família trabalham fora, e passaram para a escola a responsabilidade de prover a educação da criança. No entanto, como se manteve sem importância durante tanto tempo, a educação infantil não necessariamente está preparada para receber essa tarefa, do ponto de vista quantitativo e de qualidade.

Por que a maioria dos países não dá a devida importância à educação infantil?

Muitos pais passam pouco tempo com seus filhos e, por isso, eles não veem os benefícios da educação. Se veem os custos e não os resultados, tendem a não valorizar a escola. Outro ponto é que a maioria dos governantes, em especial dos países em desenvolvimento, ainda não consegue perceber os benefícios sociais do desenvolvimento educacional. Se você perguntar aos ministros de desenvolvimento ou finanças se a educação é uma prioridade, eles imediatamente responderão que sim. Porque eles já descobriram a ligação entre educação pública e melhoria da mão de obra, crescimento econômico e progresso social. Mas eles não conseguem, na prática, estabelecer conexão entre investimento em educação na construção de uma sociedade socialmente justa e humanitária, que também é uma das funções das políticas públicas. É necessário ver o investimento em educação como oportunidade, e não como custo. Só assim a educação infantil, muito menos ligada à formação de trabalhadores, será prioridade de Estado.

Para a senhora, há solução para o problema?

A situação está melhorando, mas o progresso é muito lento. Atualmente, o desenvolvimento é desigual. O progresso vem mais rápido para as famílias mais influentes. Quando você priva, desde cedo, o acesso de uma criança à educação, especialmente as mais pobres, reproduz os mesmos padrões de preconceito e de injustiça que existem na sociedade hoje. A popularização da educação infantil atende a necessidade de mudança social por meio da igualdade de oportunidade, equidade social, respeito mútuo e cultura de paz.”

Eis, pois, mais RICAS e PROFUNDAS abordagens e REFLEXÕES que acenam para a URGENTE e INADIÁVEL necessidade de se colocar a EDUCAÇÃO BÁSICA, em particular, a EDUCAÇÃO INFANTIL, o ENSINO FUNDAMENTAL, a EDUCAÇÃO ESPECIAL, o ENSINO MÉDIO e a EDUCAÇÃO PROFISSIONALIZANTE como PRIORIDADE ABSOLUTA de ESTADO e da SOCIEDADE, para assim ALIMENTARMOS os nossos SONHOS e ESPERANÇAS de vermos o PAÍS inserido DEFINITIVAMENTE no CONCERTO dos PAÍES prósperos e DESENVOLVIDOS...

Tal é a magnitude da CAUSA, que merece nos reportarmos ao saudoso CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE (1947), se referindo à mestra inesquecível HELENA ANTIPOFF, in Boletim da Sociedade Pestalozzi do Brasil nº 42, Dez., pág. 6, em A casa de Helena:

Russa translúcida de sorriso tímido

(assim a contemplo na retrovisão da lembrança).

Helena 1929 enfrenta os poderes burocráticos.

Suavemente,

instaura em Minas o seu sonho-reflexão.

Traz um sinal novo para gente nova.

Ensina

a ver diferente a criança,

a descobrir na criança

uma luz recoberta por cinzas e costumes,

e nas mais carentes e solitárias revela o

princípio da vida, ansioso por sol. (...)

Esses GIGANTESCOS DESAFIOS, mais ainda nos MOTIVAM e nos FORTALECEM nesta grande CRUZADA pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos para eventos como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL (RIO + 20) em 2012, a COPA DAS CONFEDERAÇÕES de 2013, a COPA DO MUNDO DE 2014, a OLIMPÍADA DE 2016, as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigência do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um NOVO mundo, da PAZ e FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...

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