sexta-feira, 4 de maio de 2012

A CIDADANIA, AS CRISES E A SUSTENTABILIDADE

“Desafios da sustentabilidade

Segundo o relatório das Nações Unidas para o Meio Ambiente, a humanidade consome mais de 30% além da capacidade de reprodução da biosfera. Déficit que vem aumentando em 2,5% ao ano. Isso nos permite comparar a situação com a de uma família que gasta mais do que seu orçamento. É preciso ficar atento, porque as atividades econômicas podem estar nos levando para um caminho da insustentabilidade. No início do século 20, já se vislumbrava uma preocupação com o meio ambiente, porém, muito ligada a motivos particulares. Somente nos anos 70, tal conscientização assumiu um caráter coletivo. Nessa época surgiu a busca pela proteção de grandes componentes da natureza e o indivíduo voltou sua atenção para a água, para o ar e para a vida selvagem. Também nessa década foram iniciados os primeiros acordos e convenções sobre o meio ambiente. Atualmente, o tema é destaque no mundo inteiro e grandes empresas se preocupam e são cobradas pela sociedade para ter uma vida mais ecologicamente correta. Algumas exigem até que suas parceiras também façam o mesmo.

Uma pequena empresa pode poluir pouco, mas um agrupamento de pequenas empresas pode poluir tanto quanto uma grande. O fato é que, apesar da discussão e da mobilização pelas práticas sustentáveis, ainda existem muitos desafios a serem vencidos para conseguirmos aliar competitividade de mercado e sustentabilidade. O termo sustentabilidade quer dizer utilizar da natureza sem abuso. É usufruir sem gerar escassez, levando em consideração o futuro e as próximas gerações. Grandes empresas estão criando departamentos que estudam e avaliam quais práticas podem diminuir o efeito da atividade industrial no meio ambiente. Além disso, algumas tentam aliar responsabilidade social e ambiental, criando cooperativas de reciclagem para complementar a renda da comunidade em torno das fábricas. Outras corporações estão aproveitando esse cenário para desenvolver uma imagem positiva perante seu público. Esse comportamento é justificável pela confiança e pela preferência que os consumidores depositam nas empresas ecologicamente corretas. Como resultado, a estratégia é lucrativa não apenas para as organizações, mas também para a sociedade em sua totalidade.

Uma pesquisa realizada pela Nielsen aponta que 46% dos brasileiros estão dispostos a pagar mais caro por produtos e serviços que venham de empresas com programas sustentáveis. Outros 71% dizem preferir trabalhar em empresas com práticas sustentáveis. Diante de um planeta que está sentindo na pele os efeitos do aquecimento global, uma instituição que leve em consideração as questões sociais e ambientais se destacará das demais. De fato, de uma forma ainda embrionária, isso já está começando a se tornar realidade. Em alguns mercados não se compram produtos fabricados de forma ambientalmente incorreta ou por empresas irresponsáveis socialmente. Se esse fator for realmente considerado como de diferenciação competitiva pela maioria da sociedade mundial, teremos então os “custos” da sustentabilidade incorporados a todos os produtos e serviços. Não seria essa alternativa uma esperança para um mundo melhor?”.
(SUSANA FEICHAS, Coordenadora executiva do MBA em Gestão do Ambiente e Sustentabilidade da FGV/IBS, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 2 de maio de 2012, Caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de FREI BETTO, Escritor, autor, em parceria com Marcelo Gleiser e Waldemar Falcão, de Conversa sobre a fé e a ciência (Agir), entre outros livros, e que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“A terceira crise

A atual crise econômica do capitalismo manifestou seus primeiros sinais nos EUA em 2007 e já faz despontar no Brasil sinais de incertezas. O sistema é um gato de sete fôlegos. No século passado, enfrentou duas grandes crises. A primeira, no início do século 20, nos primórdios do imperialismo, ao passar do laissez-faire (liberalismo econômico) à concentração do capital por parte dos monopólios. A guerra econômica por conquistas de mercado ensejou a bélica: a Primeira Guerra Mundial. Resultou numa “saída” à esquerda: a Revolução Russa de 1917.

Em 1929, nova crise, a Grande Depressão. Da noite para o dia, milhares de pessoas perderam seus empregos, a Bolsa de Nova York quebrou, a recessão se estendeu por longo período, com reflexos em todo o mundo. Dessa vez a “saída” veio pela direita: o nazismo. E, e conseqüência, a Segunda Guerra Mundial. E agora, José?

A terceira crise difere das anteriores. E surpreende em alguns aspectos: os países que antes compunham a periferia do sistema (Brasil, China, Índia, Indonésia), por enquanto estão melhor que os metropolitanos. Neste ano, o crescimento dos países latino-americanos deve superar o dos EUA e da Europa. Deste lado do mundo são melhores as condições para o crescimento das economias: salários em elevação, desemprego em queda, crédito farto e redução das taxas de juros.

Nos países ricos se acentuam o déficit fiscal, o desemprego (24,3 milhões de desempregados na União Europeia), o endividamento dos Estados. E na Europa, parece que a história – para quem já viu esse filme na América Latina – está sendo rebobinada: o FMI passa a administrar as finanças dos países, intervém na Grécia e na Itália e, em breve, em Portugal, e a Alemanha consegue, como credora, o que Hitler tentou pelas armas – impor aos países da Zona do Euro as regras do jogo.

Até agora não há para essa terceira crise. Todas as medidas tomadas pelos EUA são paliativas e a Europa não vê luz no fim do túnel. E tudo pode se agravar com a já anunciada desaceleração do crescimento da China e a consequente redução de suas importações. Para a economia brasileira será drástico.

O comércio mundial já despencou 20%. Há progressiva desindustrialização da economia, que já afeta o Brasil. O que sustenta, por enquanto, o lucro das empresas é que elas operam, hoje, tanto na produção quanto na especulação. E, via bancos, promovem a financeirização do consumo. Haja crédito! Até que a bolha estoure e a inadimplência se propague como peste.

A “saída” dessa terceira crise será pela esquerda ou pela direita? Temo que a humanidade esteja sob dois graves riscos. O primeiro, já é óbvio: as mudanças climáticas. Produzidas inclusive pela perda do valor de uso dos alimentos, agora sujeitos ao valor de compra estabelecido pelo mercado financeiro. Há uma crescente reprimarização das economias dos chamados emergentes. Países como o Brasil, regridem no tempo e voltam a depender das exportações de commodities (produtos agrícolas, petróleo e minério de ferro, cujos preços são determinados pelas transnacionais e pelo mercado financeiro).

transnacionais, que controlam das sementes transgênicas aos venenos agrícolas, o latifúndio brasileiro passa a ser o elo mais fraco. O segundo risco é a guerra nuclear. As duas crises anteriores tiveram nas grandes guerras suas válvulas de escape. Diante do desemprego massivo, nada como a indústria bélica para empregar trabalhadores desocupados. Hoje, milhares de artefatos nucleares estão estocados mundo afora. E há inclusive minibombas nucleares, com precisão para destruições localizadas, como em Hiroshima e Nagasaki.

É hora de rejeitar a antecipação do apocalipse e reagir. Buscar uma saída ao sistema capitalista, intrinsecamente perverso, a ponto de destinar trilhões para salvar o mercado financeiro e dar as costas aos bilhões de seres humanos que padecem entre a pobreza e a miséria. Resta, pois, organizar a esperança e criar, a partir de ampla mobilização, alternativas viáveis que conduzam a humanidade, como se reza na celebração eucarística, “a repartir os bens da Terra e os frutos do trabalho humano”.”

Eis, pois, mais páginas contendo IMPORTANTES, GRAVES e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que apontam, em meio à MAIOR crise de LIDERANÇA de nossa HISTÓRIA – que é de MORAL, de ÉTICA, de PRINCÍPIOS, de VALORES –, para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de PROFUNDAS MUDANÇAS em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, JURÍDICAS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMBIENTAIS, de modo a promovermos a inserção do PAÍS no concerto das POTÊNCIAS mundiais LIVRES, CIVILIZADAS, SOBERANAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...

Assim, URGE ainda a efetiva PROBLEMATIZAÇÃO de questões deveras CRUCIAIS como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos, em creches; 4 e 5 anos, em pré-escolas) até a PÓS-GRADUAÇÃO (especialização, mestrado, doutorado e pós-graduação), como PRIORIDADE ABSOLUTA de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;

b) o COMBATE, implacável e sem TRÉGUA, aos três dos nossos MAIORES e mais AVASSALADORES inimigos que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir PERMANENTE e DIUTURNA vigilância, de forma a manter-se em patamares CIVILIZADOS; II – a CORRUPÇÃO, como um CÂNCER a se espalhar por TODAS as esferas da vida NACIONAL, gerando INCALCULÁVEIS e INTOLERÁVEIS prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, em TODAS as suas modalidades, também a ocasionar INESTIMÁVEIS perdas e danos, inexoravelmente IRREPARÁVEIS;

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO, de ASTRONÔMICO e INSUPORTÁVEL desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a título de JUROS, ENCARGOS, AMORTIZAÇÃO e REFINANCIAMENTOS, a exigir igualmente uma IMEDIATA, ABRANGENTE, QUALIFICADA e eficaz AUDITORIA...

Destarte, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de tanta SANGRIA, que SOLAPA o nosso já escasso DINHEIRO PÚBLICO, MINA a nossa ECONOMIA e a nossa capacidade de INVESTIMENTO e de POUPANÇA e, mais GRAVE ainda, AFETA a confiança em nossas INSTITUIÇÕES, negligenciando a JUSTIÇA, a VERDADE, a HONESTIDADE e o AMOR da PÁTRIA, ao lado de extremas e crescentes DEMANDAS, NECESSIDADES, CARÊNCIAS e DEFICIÊNCIAS, que além de perpetuar as DESIGUALDADES sociais e regionais, nos afastam cada vez do seleto grupo dos DESENVOLVIDOS...

São, e bem o sabemos, GIGANTESCOS DESAFIOS mas que, de maneira alguma, ABATEM o nosso ÂNIMO nem ARREFECEM o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, CIVILIZADA, QUALIFICADA, LIVRE, SOBERANA, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que permita a PARTILHA de suas EXTRAORDINÁRIAS e abundantes RIQUEZAS com TODOS os BRASILEIROS e com TODAS as BRASILEIRAS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos e que contemplam EVENTOS como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO+20) em junho; a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE no RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA DAS CONFEDERAÇÕES de 2013; a COPA DO MUNDO de 2014; a OLIMPÍADA de 2016; as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das EMPRESAS, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INOVAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um POSSÍVEL e NOVO mundo da JUSTIÇA, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e da FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA... e PERSEVERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...







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