segunda-feira, 28 de maio de 2012

A CIDADANIA, O PODIUM MORAL, O SILÊNCIO E A PALAVRA

“Podium moral ainda não conquistado

O Brasil vive momento de afirmação econômica mundial e analistas da área imputam importância fundamental nesse processo o fato de sediarmos grandes eventos esportivos nos próximos anos: Copa das Confederações, Copa do Mundo e as Olimpíadas. Isso se justifica porque o planejamento e execução de obras necessitam de grande aporte financeiro dos governos, atraem investimentos privados, bem como garantem empregos e oportunidades de negócios. Não obstante, acompanhamos com preocupação as constantes alterações dos custos previstos e do descumprimento com a pauta de legados.

No entanto, quero ir além, abandonar a esfera econômica e ampliar o debate no campo da educação e da formação humana. Na primeira, discutir os valores que permeiam o esporte de alto rendimento e a sociedade, e na segunda, refletir o esporte como possibilidade de educação para a cidadania e a formação humana.

Há 2 anos, a Seleção Brasileira Masculina de Voleibol sagrou-se tricampeã mundial na Itália. Durante uma das fases da competição, Brasil e Bulgária protagonizaram mais uma polêmica disputa esportiva ao entrarem em quadra descompromissados com a vitória. A Seleção Brasileira atingiu o propósito ao perder por 3 sets a 0, porém coube ao Brasil o ônus de explicar ao mundo tal atitude. Por aqui, nossa sociedade se viu estarrecida em uma inversão de prisma: se no primeiro momento enxergávamos, por meio da Seleção, nossas aspirações de excelência, integralidade e verticalidade, vimo-nos refletidos, nas ações e justificativas dos protagonistas decompostos em pequenez, imoralidade e desapego ao virtuosismo.

Portanto, urge examinarmos algumas questões: o que faz atletas e comissões técnicas se conduzirem por essas justificativas, uma vez que as reconhecem como erradas? Outra problemática que se apresenta de forma intrínseca nas recorrentes explicações dos envolvidos é que, se ganharem o torneio, ninguém dará importância ao ocorrido, mas, se perderem, serão crucificados, ou seja, suas percepções de que para a sociedade, no âmbito do esporte, o fim justifica os meios. Em ambas evidenciam-se a existência de conflitos éticos e, na segunda, uma implícita coerção moral.

Moral e ética são valores sociais, por conseguinte, apontam a necessidade de refletirmos nossas atitudes e comportamentos, como coletividade, diante de fatos esportivos semelhantes. Poderíamos começar indagando-nos por que reverenciamos campeões mundiais de automobilismo que obtiveram títulos sabidamente por meio de atitudes escusas, tais como jogar seus carros nos de seus adversários para tirá-los da competição? Ou, ainda, terá respaldo na sociedade um atleta de futebol que renuncie a um título por acusar seu toque na bola com a mão, não assinalado pelo árbitro.

Em síntese, atualmente as competições de alto rendimento encerram um sentido pragmático e redutor em detrimento de uma inspiração elevada e estética. Porém, tais motivações podem e devem ser resgatadas pela sociedade ao compreender a prática esportiva como projetos axiológicos de formação humana e apropriando-se das vivências sociais esportivas para promover o virtuoso ciclo dialético da reflexão dos valores que a permeiam. Assim, o esporte cumpriria seu papel educacional contribuindo para a formação de cidadãos capazes de agir com autonomia da consciência moral, baseados em princípios éticos universais, a fim de conquistarmos a transformação de ambos, sociedade e esporte, em prol de ascendermos ao podium da transcendência humana: Citius (mais rápido!), Altius (mais alto!), e Fortius (mais forte!).”
(AURO BARREIROS FREIRE, Mestre em motricidade humana, professor de voleibol da Faculdade Estácio de Sá/BH, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 25 de maio de 2012, Caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma IMPORTANTE, PEDAGÓGICA e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“Silêncio e palavra

O papa Bento XVI intitulou assim a sua mensagem para o 46º Dia Mundial das Comunicações Sociais, celebrado pela Igreja Católica no mundo inteiro, no último domingo, festa da Ascensão do Senhor. Essa temática, silêncio e palavra, caminho de evangelização, é oportunidade para ricas reflexões sobre aspectos importantes do processo humano de comunicação.

De determinante importância, em todos os níveis e instâncias, a comunicação e seus processos merecem sempre maior atenção, particularmente em se tratando de sua qualificação. Gera o diálogo, que é força motriz para a novidade pretendida em termos de solidariedade, de organização social e política, na vivência familiar e comunitária. A comunicação qualificada depende, adverte o papa, da fecunda relação entre silêncio e palavra. São momentos que devem ser alternados e integrados para se conseguir um diálogo autêntico e uma profunda entre as pessoas. Sem a integração entre silencio e palavra corre-se sempre o risco de deteriorações, de confusão. O diálogo autêntico é indispensável para a paz.

É muito oportuno, como força educativa, ter presente que o silêncio é parte integrante da comunicação. O falar não precedido ou emoldurado pelo silêncio pode não produzir palavras que tenham o sentido de edificar, corrigir e devolver ao coração dos destinatários a esperança do viver. A sociedade contemporânea é muito barulhenta e desabituada ao silêncio que proporciona escuta mútua e conhecimento.

Muito importante é ter clareza acerca do que se quer dizer, como também ouvir o outro. O papa Bento XVI aponta que ao nos calarmos permitimos que a outra pessoa fale, exprima a si mesma, livrando-nos, por essa escuta, de ficarmos presos a nós mesmos, nas nossas palavras e ideias. Isso é um desastre considerando-se responsabilidades familiares, institucionais e cidadãs. Por falta do silêncio para escutar os outros, nascem os autoritarismos, fixação na própria compreensão, por vezes até medíocre e comprometedora no que se refere a conquistas e avanços indispensáveis.

Quem não se cala para escutar a Deus e os outros se enrijece na mediocridade. O relacionamento humano mais pleno e qualificado depende da capacidade de escuta. Quem não se cala para ouvir não é capaz de gerar relacionamento verdadeiro e não tem força de produzir sentido sustentador da vida. Na sua mensagem, o papa diz que “é no silêncio que se identificam os momentos mais autênticos da comunicação entre aqueles que se amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo enquanto sinais que manifestam a pessoa. No silêncio, falam a alegria, as preocupações, o sofrimento”.

Considerando-se a abundância de informações e mensagens neste tempo, o silêncio torna-se essencial para que se possa discernir, entre tantas opções, solicitações e ofertas, o que é importante, necessário, prioritário, distinguindo o que é inútil e acessório. A falta de silêncio gera um exagero de palavreado. Perde-se a indispensável ponderação no compartilhamento de opiniões pertinentes. Por isso, há quem fale demais, de tudo, e até mesmo do que não é da custa conta.

O papa Bento XVI até diz que “é necessário criar um ambiente propício, quase uma espécie de ecossistema, capaz de equilibrar silêncio, palavra, imagens e sons. Quando se considera as redes sociais, a procura por respostas, conselhos, sugestões, informações, um verdadeiro bombardeio sobre as pessoas, o silêncio cria as condições necessárias para favorecer os discernimentos diante dos inúmeros estímulos para se chegar ao que é importante e decisivo para a própria vida”. A mensagem do papa Bento XVI assinala que, “no fundo, esse fluxo incessante de perguntas manifesta a inquietação do ser humano sempre à procura de verdades, pequenas e grandes, que deem sentido e esperança à existência. Quem sou eu? O que posso saber? O que devo fazer? Que posso esperar?”.

O silêncio proporciona a reflexão que pode permitir à pessoa uma descida ao fundo de si mesma e abrir-se ao caminho de resposta que Deus inscreveu no seu coração. O silêncio é possibilidade de escutar a Deus e falar com Ele Há uma lição que vale ser aprendida e praticada. Educar-se em comunicação, diz o papa Bento XVI, é aprender a escutar, a contemplar, para além de falar. É hora de qualificar a comunicação e o falar. É urgente, para isso, exercitar-se no silenciar para que a palavra dita seja capaz de gerar vida.”

Eis, pois, mais páginas contendo RICAS, ADEQUADAS e OPORTUNAS abordagens e REFLEXÕES que apontam, em meio à MAIOR crise de LIDERANÇA de nossa HISTÓRIA – que é de MORAL, de ÉTICA, de PRINCÍPIOS, de VALORES –, para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de PROFUNDAS MUDANÇAS em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, JURÍDICAS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMBIENTAIS, de modo a promovermos a inserção do PAÍS no concerto das POTÊNCIAS mundiais LIVRES, CIVILIZADAS, SOBERANAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...

Assim, URGE ainda a efetiva PROBLEMATIZAÇÃO de questões deveras CRUCIAIS como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos, em creches; 4 e 5 anos, em pré-escolas) até a PÓS-GRADUAÇÃO (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como PRIORIDADE ABSOLUTA de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;

b) o COMBATE, implacável e sem TRÉGUA, aos três dos nossos MAIORES e mais DEVASTADORES inimigos que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir PERMANENTE e DIUTURNA vigilância, de forma a manter-se em patamares CIVILIZADOS; II – a CORRUPÇÃO, como um CÂNCER a se espalhar por todas as esferas da vida NACIONAL, gerando INCALCULÁVEIS e INTOLERÁVEIS prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, em TODAS as suas MODALIDADES, também a ocasionar INESTIMÁVEIS perdas e danos, inexoravelmente IRREPARÁVEIS;

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO, de ASTRONÔMICO e INSUPORTÁVEL desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a título de JUROS, ENCARGOS, AMORTIZAÇÕES e REFINANCIAMENTO, a exigir igualmente uma IMEDIATA, ABRANGENTE, QUALIFICADA e eficaz AUDITORIA...

Isto posto, torna-se absolutamente INÚTIL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de tanta SANGRIA, que DILAPIDA o nosso já escasso DINHEIRO PÚBLICO, MINA a nossa capacidade de INVESTIMENTO e de POUPANÇA e, mais GRAVE ainda, AFETA a confiança em nossas INSTITUIÇÕES, negligenciando a JUSTIÇA, a VERDADE, a HONESTIDADE e o AMOR da PÁTRIA, ao lado de extremas e sempre crescentes DEMANDAS, NECESSIDADES, CARÊNCIAS e DEFICIÊNCIAS, o que aumenta o ABISMO das desigualdades SOCIAIS e REGIONAIS e nos afasta num crescendo do seleto grupo dos DESENVOLVIDOS...

Estes são, e bem o sabemos, GIGANTESCOS DESAFIOS mas que, de maneira alguma, ABATEM o nosso ÂNIMO nem ARREFECEM o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, QUALIFICADA, CIVILIZADA, LIVRE, SOBERANA, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos e que contemplam EVENTOS como a CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E MUDANÇAS CLIMÁTICAS (RIO+20) em junho; a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE no RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA DAS CONFEDERAÇÕES de 2013; a COPA DO MUNDO de 2014; a OLIMPÍADA de 2016; as OBRAS do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das EMPRESAS, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INOVAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um POSSÍVEL e NOVO mundo da JUSTIÇA, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e da FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ e a nossa ESPERANÇA... e PERSEVERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...



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