quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A CIDADANIA, A LIBERDADE DA SANTIDADE E AS COMPETÊNCIAS EDUCACIONAIS

“O atrevimento da santidade

Paul Johnson é um dos grandes historiadores e intelectuais contemporâneos. Autor do extraordinário Tempos modernos: o mundo dos anos 1920 aos 1980, seus textos são sempre provocadores. Dono de uma cultura invejável e sinceridade afiada, Johnson não sucumbe aos clichês vazios. Em seu livro Os heróis, ele destaca a importância das lideranças morais. “Os heróis inspiram, motivam (...) Eles nos ajudam a distinguir o certo do errado e a compreender os méritos morais da nossa causa”, diz Johnson. Os comentários dele trazem à minha memória um texto que exerceu forte influência no rumo da minha vida: Amar o mundo apaixonadamente, homilia proferida por São Josemaria Escrivá, fundador do Opus Dei e primeiro grão-chanceler da Universidade de Navarra, durante missa celebrada no campus daquela prestigiosa instituição. São Josemaria – cuja festaa Igreja celebra em 26 de junho – foi um mestre na busca da santidade no trabalho profissional e nas atividades cotidianas.

“A vocação cristã consiste em transformar em poesia heroica a prosa de cada dia.” A vida, o trabalho, as relações sociais, tudo o que compõe o mosaico da nossa vida é matéria para ser santificada. São Josemaria, um santo alegre e otimista, olha a vida com uma lente extremamente positiva: “O mundo não é ruim, porque saiu das mãos de Deus”. O autêntico cristão não vive de costas para o mundo, nem encara o seu tempo com inquietação ou nostalgias. O verdadeiro cristão não vive focado no retrovisor. “Qualquer modo de evasão das honestas realidades diárias é para os homens e mulheres do mundo coisa oposta à vontade de Deus.” A luta do nosso tempo, com suas luzes e suas sombras, é sempre o desafio mais fascinante.

Articular verdade e liberdade é, talvez, um dos mais interessantes recados de São Josemaria. Insurge-se, vigorosamente, contra o clericalismo que se oculta na mentalidade de discurso único, na injusta dogmatização das coisas que são legitimamente opináveis. São Josemaria afirma que um cristão não deve “pensar ou dizer que desce do templo ao mundo para representar a Igreja”, nem que “as suas soluções são as soluções católicas para aqueles problemas”. Por defender esse pluralismo, sofreu incompreensões, inclusive de algumas pessoas da Cúria Romana, que entendiam, por exemplo, que na Itália os católicos tinham o dever de votar no Partido da Democracia Cristã.

São Josemaria não deixa de enfatizar o valor insubstituível da liberdade – particularmente a liberdade de expressão e de pensamento – contra todas as formas de intolerância e sectarismo. Para ele, o pluralismo nas questões humanas não é algo que deve ser tolerado, mas, sim, amado e procurado. A sua defesa da liberdade, no entanto, não fica num conceito descomprometido, mas mergulha na raiz existencial da liberdade: o amor – amor a Deus, amor aos homens, amor à verdade. Sua defesa da fé e da verdade não é, de fato, “anti-nada”, mas a favor de uma concepção da vida que não pretende dominar, mas, ao contrário, é uma proposta que convida a uma livre resposta de cada ser humano. Seus ensinamentos se contrapõem a uma tendência cultural do nosso tempo: o empenho em confrontar verdade e liberdade. Tenta-se impor, em nome da liberdade, o que poderíamos chamar de dogma do relativismo. Essa relativização da verdade não se manifesta apenas no campo das ideias. De fato, têm inúmeras consequências no conteúdo ético da informação.

A tese, por exemplo, de que é necessário ouvir os dois lados da mesma questão é irrepreensível; não há como discuti-la sem destruir os próprios fundamentos do jornalismo. Só que passou a ser usada para evitar a busca da verdade. A tendência a reduzir o jornalismo a um trabalho de simples transmissão de diversas versões oculta a falácia de que a captação da verdade dos fatos é uma quimera. E não é. O bom jornalismo é a busca apaixonada da verdade. A figura de São Josemaria Escrivá, o seu amor à verdade e a sua paixão pela liberdade tiveram grande influência em minha vida pessoal e profissional. Amar o mundo apaixonadamente não é apenas um texto moderno e forte. Sua mensagem, devidamente refletida, serve de poderosa alavanca para o exercício da nossa atividade profissional.”

(CARLOS ALBERTO DI FRANCO, Doutor em comunicação pela Universidade de Navarra (Espanha), consultor em estratégia de mídia, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de11 de junho de 2012, Caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma IMPORTANTE e OPORTUNA contribuição para o nosso trabalho de MOBILIZAÇÃO PARA A CIDADANIA E QUALIDADE vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 22 de outubro de 2012, Caderno OPINIÃO, página 9, de autoria de ROGÉRIO RODRIGUES, Professor das Instituições Arnaldo Janssen, e que merece igualmente INTEGRAL transcrição:

“Educação e competências

O mundo pós-moderno descobriu a necessidade da competência. Depois de uma trajetória errática no campo das avaliações, relativizando conceitos e fazendo concessões, uma luz de densidade efetiva pousou sobre a fronte do Homo sapiens. A consciência da necessidade da eficácia nos processos e na compreensão do mundo convenceu todos de que o importante é a competência. Até então, as razões para uma pessoa ocupar um cargo, ter acesso formal aos degraus acadêmicos mais elevados, relativizaram, por questões de conveniências diversas, o conceito da competência.

A formação acadêmica pautava-se num conjunto de objetivos ligados apenas aos conteúdos programáticos, sem nenhuma preocupação com o seu processamento e sua inserção na vida cotidiana. Faltava significado para esses elementos. É necessário lembrar que mesmo esses ralos objetivos só eram pensados na hora da avaliação formal, nas provas. Pouquíssimos educadores elaboravam suas atividades de ensino com o olho nos seus objetivos, poucos acompanhavam realmente o desenvolvimento de seus alunos, em face de tais metas.

Por outro lado, a revolução tecnológica de maior impacto para a humanidade, que é o advento da informática e, consequentemente, a internet, mudaram as demandas relacionadas ao conhecimento sob o ponto de vista do seu processamento, liberando o potencial humano para atribuições mais nobres ligadas mais objetivamente à pesquisa. Antes do computador, a aprendizagem contava muito com a memorização e o conhecimento armazenado nos livros, que tinham limitações relacionadas ao tempo, não somente pela dificuldade de consulta, como também pela demora de atualização. Hoje, pode-se diminuir a preocupação com a memória ou armazenagem da informação e se dedicar mais à pesquisa.

Em face dessa realidade, é possível destacar, com um razoável grau de generalidade, as duas competências essenciais para a construção do conhecimento: a competência advinda do aletramento eficiente, que instrumentaliza o homem, colocando-o no acesso a todas as linguagens, sujeito capaz na busca de informação e conhecimento.

E a competência de desenvolver metodologias próprias de investigação, aprendizagem e processamento.

A primeira competência citada refere-se ao processo de alfabetização e domínio da linguagem escrita, no que diz respeito a extrair o significado da palavra, expresso nas construções textuais, transformando em vida e consciência um código com sua sintaxe. De posse desse instrumental, é possível dominar outras linguagens, sejam elas próprias de outras culturas ou próprias de algum ramo do conhecimento. Essa é a competência das competências.

A segunda competência citada tem pelo menos duas gradações, mas ambas dizem respeito à descoberta de metodolodias. As gradações referem-se à aprendizagem e ao processamento do conhecimento. Um boa figura para esta competência é a do craque de futebol, que recebe a bola de qualquer jeito, em qualquer circunstância, e domina-a, coloca-a no chão, faz com ela o que quer. Assim, espera-se o mesmo de um estudante competente. O processo de aprendizagem tem um grau de subjetividade, uma vez que cada indivíduo é único. Seria de grande valia propiciar experiências que permitissem ao estudante, por exemplo, descobrir sua metodologia própria para estudar eficientemente cada ramo do conhecimento.

A posse dessas duas grandes competências é como ter uma caixa de ferramentas que se basta, é como estar equipado continuamente, uma vez que as competências de cada um são inalienáveis. Então, todas as outras competências derivam dessas duas. Pode-se trabalhar a aprendizagem, desde o ensino médio, com esse novo paradigma, utilizando os conteúdos com outra tônica, que contempla de maneira maximizada a investigação, a contextualização real, reforçando os conteúdos como modelos de situações concretas. Nada disso exclui ou minimiza a importância dos conteúdos. Eles são imprescindíveis.”

Eis, portanto, mais IMPORTANTES, PEDAGÓGICAS e IMPORTANTES abordagens e REFLEXÕES que acenam, em meio à MAIOR crise de LIDERANÇA de nossa HISTÓRIA – que é de ÉTICA, de MORAL, de PRINCÍPIOS, de VALORES –, para a IMPERIOSA e URGENTE necessidade de PROFUNDAS MUDANÇAS em nossas estruturas EDUCACIONAIS, GOVERNAMENTAIS, JURÍDICAS, POLÍTICAS, SOCIAIS, CULTURAIS, ECONÔMICAS, FINANCEIRAS e AMBIENTAIS, de modo a promovermos a inserção do PAÍS no concerto das POTÊNCIAS mundiais LIVRES, SOBERANAS, CIVILIZADAS, DEMOCRÁTICAS e SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDAS...

Assim, URGE ainda a efetiva PROBLEMATIZAÇÃO de questões deveras CRUCIAIS como:

a) a EDUCAÇÃO – UNIVERSAL e de QUALIDADE, desde a EDUCAÇÃO INFANTIL (0 a 3 anos, em creches; 4 e 5 anos, em pré-escolas) – e mais o IMPERATIVO modernidade de matricularmos as nossas crianças de seis anos na 1ª série do ENSINO FUNDAMENTAL, independentemente do mês de NASCIMENTO –, até a PÓS-GRADUAÇÃO (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como PRIORIDADE ABSOLUTA de nossas POLÍTICAS PÚBLICAS;

b) o COMBATE, implacável e sem TRÉGUA, aos três dos nossos MAIORES e mais DEVASTADORES inimigos que são: I – a INFLAÇÃO, a exigir uma PERMANENTE e DIUTURNA vigilância, de forma a manter-se em patamares CIVILIZADOS; II – a CORRUPÇÃO, como um CÂNCER, a se espalhar por TODAS as esferas da vida NACIONAL, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o DESPERDÍCIO, em TODAS as suas modalidades, também a ocasionar INESTIMÁVEIS perdas e danos, inexoravelmente IRREPARÁVEIS;

c) a DÍVIDA PÚBLICA BRASILEIRA, com projeção para 2012, segundo o ORÇAMENTO GERAL DA UNIÃO, de ASTRONÔMICO e INTOLERÁVEL desembolso da ordem de R$ 1 TRILHÃO, a título de JUROS, ENCARGOS, AMORTIZAÇÃO e REFINANCIAMENTOS, igualmente a exigir uma IMEDIATA, ABRANGENTE, QUALIFICADA e eficaz AUDITORIA...

Isto posto, torna-se absolutamente INÚTL lamentarmos a FALTA de RECURSOS diante de tanta SANGRIA que DILAPIDA o nosso já frágil DINHEIRO PÚBLICO, MINA a nossa capacidade de INVESTIMENTO e de POUPANÇA e, mais GRAVE ainda, AFETA a confiança em nossas INSTITUIÇÕES, negligenciando a JUSTIÇA, a VERDADE, a HONESTIDADE e o AMOR da PÁTRIA, ao lado de extremas e sempre crescentes DEMANDAS, NECESSIDADES, CARÊNCIAS e DEFICIÊNCIAS, o que aumenta o colossal ABISMO das nossas DESIGUALDADES sociais e regionais e nos afasta num crescendo do seleto grupo dos SUSTENTAVELMENTE DESENVOLVIDOS...

São, e bem o sabemos, GIGANTESCOS DESAFIOS mas que, de maneira alguma, ABATEM o nosso ÂNIMO nem ARREFECEM o nosso ENTUSIASMO e OTIMISMO nesta grande CRUZADA NACIONAL pela CIDADANIA E QUALIDADE, visando à construção de uma NAÇÃO verdadeiramente JUSTA, ÉTICA, EDUCADA, CIVILIZADA, LIVRE, SOBERANA, DEMOCRÁTICA, DESENVOLVIDA e SOLIDÁRIA, que possa PARTILHAR suas EXTRAORDINÁRIAS e generosas RIQUEZAS, OPORTUNIDADES e POTENCIALIDADES com TODAS as BRASILEIRAS e com TODOS os BRASILEIROS, especialmente no horizonte de INVESTIMENTOS BILIONÁRIOS previstos e que contemplam EVENTOS como a 27ª JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE no RIO DE JANEIRO em 2013; a COPA DAS CONFEDERAÇÕES de 2013; a COPA DO MUNDO de 2014; a OLIMPÍADA de 2016; as obras do PAC e os projetos do PRÉ-SAL, segundo as exigências do SÉCULO 21, da era da GLOBALIZAÇÃO, da INTERNACIONALIZAÇÃO das empresas, da INFORMAÇÃO, do CONHECIMENTO, da INOVAÇÃO, das NOVAS TECNOLOGIAS, da SUSTENTABILIDADE e de um POSSÍVEL e NOVO mundo da JUSTIÇA, da LIBERDADE, da PAZ, da IGUALDADE – e com EQUIDADE –, e da FRATERNIDADE UNIVERSAL...

Este é o nosso SONHO, o nosso AMOR, a nossa LUTA, a nossa FÉ, a nossa ESPERANÇA... e PERSEVERANÇA!...

O BRASIL TEM JEITO!...



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