quinta-feira, 8 de junho de 2017

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, OS DESAFIOS E ANSEIOS DA NAÇÃO E A QUALIFICAÇÃO DA CIDADANIA E DO PODER

“Brasil: uma nação dividida
        Unanimidade é algo praticamente impossível. Querer unanimidade talvez não seja o melhor caminho para se resolver qualquer situação. O contraditório é sempre salutar, pois provoca inquietações, permite o desenvolvimento dos argumentos que se opõem, propicia crescimento intelectual, possibilita o surgimento de novas ideias, de novas possibilidades.
         A unanimidade, mesmo demonstrando ser algo positivo, pois teoricamente evitaria conflitos, pode esconder outras situações não tão positivas assim, como já descritas no parágrafo anterior.
         O oposto da unanimidade seria a divisão. Grupos com pensamentos e ações distintas que convivem em uma mesma realidade e se opõem frequentemente e, em muitos casos e exemplos que podemos citar mundo afora dessa situação, desde os xiitas e sunitas no Oriente Médio, os democratas e republicanos nos Estados Unidos, e aqui na nossa terra os ditos petralhas e coxinhas. Todos esses grupos apresentam algo em comum, são rivais ferrenhos.
         A divisão, mesmo com ares de negatividade, pois teoricamente provoca conflitos, pode também esconder situações positivas, as mesmas já mencionadas no primeiro parágrafo.
Então, onde está o x da questão? Conquistar a unanimidades ou estimular a divisão? Seria conveniente chegarmos a um denominador comum ou as ideologias dos grupos devem sempre prevalecer?
         Vivemos hoje uma nação dividida, uma democracia capenga, e pode até parecer estranho escrever, mas até mesmo em meio à divisão existem situações que deveriam ser unânimes.
         Na opinião deste escriba, a divisão deveria ser a forma de se chegar ao objetivo, pois realmente os caminhos podem ser diversos. Agora, os objetivos deveriam ser unânimes: justiça social, saúde de qualidade, educação, moradia, qualidade de vida e tantas outras coisas deveriam ser o fim pelo qual existem todos os grupos que insistem em liderar uma nação.
         Mas pelo visto não é o que estamos vendo no Brasil. Nossa nação está dividida em grupos e até mesmo naquelas situações que deveriam ser unânimes. Os grupos se digladiam entre si, vivem num mar de mentiras, criam ilusões populares, discursos maravilhosos que se contradizem da prática e induzem o “nós contra eles”, os “pobres contra os ricos”, gerando uma nação fragmentada de princípios e valores políticos e sociais.
         E nós, o povo, brigamos por quem? Defendemos qual bandeira? Dos grupos? Ou daquilo que deveria ser unânime em todos eles? Seja qual grupo for, se ele não está de fato do lado da nação, de todos que dela fazem parte, ele não passa de um engodo travestido de uma grande ilusão.
         Nossa maior bandeira deveria ser a união em torno dos princípios que edificam uma nação. Defender cegamente pessoas ou grupos é contribuir para a manutenção do caos social que o Brasil está vivendo.”.

(WALBER GONÇALVES DE SOUZA. Professor, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 3 de junho de 2017, caderno OPINIÃO, página 7).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 2 de junho de 2017, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:

“Cidadania e poder
        O apreço pela cidadania define os rumos da sociedade, exigindo o compromisso com os gestos, as escolhas e, particularmente, com a honra a palavra dada. São atitudes que se alicerçam na verdade e no gosto pela transparência. Sem o sentido de cidadania, os funcionamentos da sociedade ficam comprometidos. A justiça e a solidariedade não são alcançadas. Por isso, são necessários investimentos na educação e na adoção de práticas cotidianas que emoldurem a civilidade, condição para que dinâmicas mais racionais ordenem a vida social. A história do Brasil, com seus ilustres personagens, permite que se construa uma nação mais justa. Mas, antes, é preciso encontrar os mecanismos capazes de regenerar as muitas feridas da cidadania brasileira, agredida pela indiferença, privilégios e falta de altruísmo que impedem os líderes e os representantes do povo de enxergar além dos próprios interesses.
         Em questão está o entendimento sobre o que é exercer o poder, pois na sociedade brasileira, o seu exercício se confronta com o caos, criado pelas condutas condenáveis. O poder não pode ser regido apenas pela economia de mercado com seus equívocos, afetando vidas de forma inconsequente. Sua regência deve ocorrer a partir da política, compreendida como a prática mais adequada do exercício da cidadania. O apóstolo Paulo já advertia que o dinheiro é a raiz de todos os males. Ao tomar o lugar da cidadania no exercício do poder, a economia arquiteta mecanismos que facilmente podem se distanciar da justiça e da solidariedade. A dimensão econômica é importante na configuração social, mas as consequências são sérias quando o poder deixa de ser exercido a partir da cidadania para se tornar submisso ao mercado. Os representantes do povo passam a obedecer e a reger-se por interesses que estão, quase sempre, desvinculados dos anseios da população. Afinal, quem tem dinheiro passa a ser o dono do poder.
         Urge, então, investir na cidadania para que seu tecido resista a sedução do consumismo e da ganância, que determinam as decisões políticas. Desconsiderar essa urgência é manter práticas distantes dos parâmetros humanitários balizadores da justiça e da paz. Interesses particulares continuarão a se sobrepor aos anseios cidadãos, consolidando a supremacia do lucro e do mercado sobre o bem comum. Cultiva-se, assim, a incapacidade de priorizar as necessidades dos mais pobres, o que faz crescer a discriminação e a marginalidade. Reconstruir o país exige, pois, que a comunidade política esteja a serviço do povo e não do mercado. Os políticos precisam se reconhecer como parte da sociedade, sem traí-la pela submissão ao dinheiro.
         Isso significa, no conjunto do pluralismo social, ser fiel aos princípios da solidariedade e da justiça. A sociedade tem primazia, e esse deve ser o horizonte para o compromisso de uma genuína cidadania. O serviço autêntico que a comunidade política é chamada a prestar à sociedade não pode se afastar jamais do compromisso com o desenvolvimento integral e solidário. As consequências desse distanciamento resultam em prejuízos irreversíveis – a anomia, a violência e as vergonhosas desigualdades.
         Para transformar o atual contexto, precisa florescer, em cada pessoa, a consciência da própria responsabilidade nos exercícios das tarefas profissionais, políticas e de cooperação. Para isso, oportuno é se valer das próprias raízes, de modo reverente, reconhecendo o arcabouço cultural da própria história e a trajetória dos antepassados. Esse patrimônio deve ser vetor de desenvolvimento.
         A mediocridade atual e os condenáveis interesses não podem apequenar o exercício da cidadania que lamentavelmente se revela, por exemplo, no excesso de burocratização que atrasa processos, manifestando certo prazer patológico de alguns que precisam mostrar poder. Atitudes que criam uma geração incapaz de deixar legados e até corroem o que já se conquistou. Por isso, a necessidade de um grande trabalho educativo e cultural que impulsione transformações na vida cidadã. E o primeiro passo é não delegar poder absoluto ao mercado. A economia deve estar sob domínio das necessidades humanas, o que inclui equilíbrio e vida ordenada nos parâmetros da cidadania. Assim, torna-se possível ampliar o alcance da compreensão de que e nobre ser cidadão. Nobreza por comprometer-se com o bem comum, priorizar o respeito e a defesa da dignidade humana, em todas as circunstâncias. A sociedade ganha novo rumo quando a cidadania regula o exercício do poder.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em março/2017 a ainda estratosférica marca de 490,3% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 328,0%; e já o IPCA também no acumulado dos últimos doze meses, em abril, chegou a 4,08%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- 55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016) ...

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  
        
 

        

        

           

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