(Dezembro
= mês 14; faltam 156 meses para a Primavera Brasileira)
“A
concepção do ser humano nos
limites de uma ecologia integral
Em sua encíclica “Sobre
o Cuidado da Casa Comum”, o papa Francisco submeteu a uma rigorosa crítica o
clássico antropocentrismo de nossa cultura a partir da visão de uma ecologia
integral, cosmocentrada, dentro da qual o ser humano nos limites dessa ecologia
integral.
Perguntamo-nos,
não sem certa perplexidade: quem somos, afinal, enquanto humanos? Tentando
responder: o ser humano é uma manifestação da energia de fundo, de onde tudo
provém (vácuo quântico ou fonte originária de todo ser); um ser cósmico, parte
de um universo, possivelmente entre outros paralelos, articulado em 11
dimensões (teoria das cordas); formado pelos mesmos elementos físico-químicos e
pelas mesmas energias que compõem todos os seres; somos habitantes de uma
galáxia média e circulamos ao redor do Sol, estrela de quinta magnitude, uma
entre outras 300 bilhões, situada a 27 mil anos-luz do centro da Via Láctea, no
braço interior do espiral de Órion; morando num planeta minúsculo, a Terra,
tida como como um superorganismo vivo, que funciona como um sistema que se
autorregula, chamado Gaia.
Somos
um elo da corrente da vida; um animal, portador da psique ordenado por emoções
e pela estrutura do desejo, de arquétipos ancestrais e coroada pelo espírito
que é aquele momento da consciência pelo qual se sente parte de um Todo maior,
que o faz sempre aberto ao outro e ao infinito; capaz de intervir na natureza
e, assim, de fazer cultura, de criar e captar significados e valores e se
indagar sobre o sentido derradeiro do Todo e da Terra, hoje em sua fase
planetária, rumo à nooesfera, pela qual mentes e corações convergirão numa
humanidade unificada.
E somos
mortais. Custa-nos acolher a morte dentro da vida e a dramaticidade do destino
humano. Pelo amor, pela arte e pela fé pressentimos que nos transfiguramos
através da morte. E suspeitamos que, no balanço final das coisas, um pequeno
gesto de amor verdadeiro e incondicional vale mais que toda a matéria e a
energia juntas. Por isso, só vale falar, crer e esperar em Deus se Ele for
sentido como prolongamento do amor, na forma do infinito.
Pertence
à singularidade do ser humano não apenas apreender uma presença, Deus,
perpassando todos os seres, senão entreter com ele um diálogo de amizade e de
amor. Intuir que Ele seja o correspondente ao infinito desejo que sente,
infinito que lhe é adequado e no qual pode respousar.
Esse
Deus não é um objeto entre outros, nem uma energia entre outras. Se assim
fosse, poderia ser detectado pela ciência. Comparece como aquele suporte, cuja
natureza é mistério, que tudo sustenta, alimenta e mantém na existência. Sem
Ele, tudo voltaria ao nada ou ao vácuo quântico de onde cada ser irrompeu. Ele
é a força pela qual o pensamento pensa, mas que não pode ser pensado. O olho
que tudo vê, mas que não pode ser visto. Ele é o mistério sempre conhecido e
sempre por conhecer, indefinidamente. Ele perpassa e penetra até as entranhas
de cada ser humano e do universo.
Podemos
pensar, meditar e interiorizar essa complexa realidade, feita de realidades.
Mas é nessa direção que deve ser concebido o ser humano. Quem ele é e qual é seu
destino derradeiro se perde no incognoscível, sempre de alguma forma
cognoscível, que é o espaço do mistério de Deus ou do Deus do mistério. Somos
seres sendo sem parar. Por isso, é uma equação que nunca se fecha e que
permanece sempre em aberto. Quem revelará quem somos?”.
(LEONARDO
BOFF. Teólogo e filósofo, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 24 de
novembro de 2017, caderno O.PINIÃO,
página 18).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 22 de
novembro de 2017, caderno OPINIÃO,
página 7, de autoria de SEBASTIÃO
VENTURA PEREIRA DA PAIXÃO JR., advogado, vice-presidente da Federasul, e
que merece igualmente integral transcrição:
“O
pós-estadolatria
É lugar-comum dizer que
o Brasil precisa mudar. Nosso principal desafio é romper o círculo vicioso da
irracionalidade crônica e passar a impor uma lógica funcional para o desarranjo
institucional estabelecido. Não dá mais para negar uma realidade que pulsa. Os
sinais de exaurimento do modelo vigente são sensíveis e incontornáveis.
Comecemos
pelos parlamentos, outrora referências de alta cultura e inteligência. Hoje,
não mais conseguem fazer a reflexão crítica necessária aos complexos desafios
da contemporaneidade. Já os governos, entre dívidas impagáveis e uma burocracia
inorgânica, perdem capacidade de decisão e agilidade de resolução eficaz. Por
sua vez, o sistema judicial, diante da invencível enxurrada de processos, tem
extrema dificuldade em prestar uma jurisdição materialmente justa com
celeridade. Enfim, os sintomas do presente impõem o dever de repensarmos as
estruturas de poder.
Como
bem aponta Tom Nichols em seu excelente The
death of expertise, as soluções tradicionais não funcionam mais. Estamos a
viver uma grande transformação em escala global com o surgimento frenético de
novos players, negócios e possibilidades de futuro. Consequentemente, há em
curso uma substantiva alteração das variáveis da equação do poder geopolítico.
Daí a instabilidade dos tempos atuais.
Nesse
mundo em mudança acelerada, não podemos mais incentivar o mau hábito da
dependência estatal, da paralisia econômica e da agressiva implosão das contas
públicas. Especialmente a partir do Estado Novo, desenvolvemos um cacoete de
que tudo deveria passar direta ou indiretamente pelas bênçãos palacianas. Se em
um período histórico de precária urbanização e incipiente iniciativa privada
isso fez algum sentido, é hora de admitirmos que tal modelo de indução estatal
acabou. Objetivamente, a tecnologia é a maior arma criada pelo inteligência
humana para atacar o monopólio e a excessiva burocracia de máquinas públicas
fisiológicas, assistemáticas e ineficientes.
Por
mais que as forças do atraso gritem contra os ventos do progresso, estamos diante
de um jogo jogado. Assim como vendedores de lampião e querosene se insurgiram
contra a eletricidade, o cupim da burocracia será varrido pela eficiência
tecnológica. No todo, é incrível que, em uma época de progressiva desmaterialização
da economia, agilidade de procedimentos, inteligência artificial e
versatilidade dinâmica, o Brasil siga a investir em elefantes brancos e em
bonecos de palha que custam muito para fazer muito pouco.
Nossa “estadolatria”,
em vez de um ídolo, criou um monstro – um bicho feio, inchado e egoísta a seus próprios
interesses. Por assim ser, antes de ser apto a pensar o Brasil e promover o bem
comum em largo espectro, o Estado brasileiro ficou refém de profundas amarras
classistas que se projetaram sobre gigantescas fatias do orçamento público,
imobilizando-o.
Após
quase morrer de inanição, o Estado respira com o auxílio de aparelhos. Ano após
ano, vamos empurrando com a barriga como se a dívida pública pudesse tender ao
infinito. Não pode. É hora de interrompermos esta estratégia perversa de
comprometimento do futuro dos brasileiros. Chega de irresponsabilidade e
populismo demagógico. É preciso, urgentemente, explicar às pessoas que os
modelos legislativos do ontem são inaptos a regrar o hoje, além de impedir o
progresso do amanhã.
Entre
sonhos inatingíveis e possibilidades concretas, a vida ensina que só muda quem
tem a coragem de romper com hábitos vencidos, quebrando paradigmas
ultrapassados. Estamos diante da fronteira de um novo mundo. Hora de romper com
os bloqueios físicos, psíquicos e emocionais que caracterizam a pacata
cidadania do velho Brasil. Uma democracia viva requer uma mentalidade criativa,
livre e ousada, pois o mundo será dos não conformistas.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em outubro/2017 a ainda estratosférica
marca de 337,94% nos últimos doze meses,
e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 323,73%; e já o IPCA,
também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,70%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura,
ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável
desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão,
a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com
esta rubrica, previsão de R$ 946,4
bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura,
além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências
do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações,
da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da
sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da
paz, da solidariedade, da igualdade
– e com equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
55 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2016)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita
misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra
sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim!”.
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