segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A LIÇÃO DE MARIANA E UMA LUZ PARA O BANCO MUNDIAL NA SUSTENTABILIDADE

“A tragédia humana e ambiental sem reparação
        A tragédia em Bento Rodrigues está completando dois anos sem medidas enérgicas para reparar os danos patrimoniais, a desarticulação do cotidiano dos flagelados e a destruição de expressiva parcela da Bacia Hidrográfica do Rio Doce. Como foi o maior desastre ambiental neste país, tornou-se o mais contundente registro da inércia administrativa, incúria da empresa responsável pela barragem e lentidão da Justiça. Infelizmente, o Estado brasileiro nunca demonstra agilidade para apurar os fatos e determinar ações necessárias para ressarcir logos os cidadãos e recuperar áreas afetadas por catástrofes. Além das 19 vítimas fatais, houve, nesse caso, a morte de muitos animais e vegetais, atingindo espécies marinhas até o santuário ecológico de Abrolhos, no oceano Atlântico. Mesmo assim, as sucatas espalham-se por todo lado, a lama tóxica mantém-se no solo, e os cursos d’água estão assoreados por metais pesados. Ainda não foram abertos espaços para que a natureza se recupere por sua própria força, recompondo fauna e flora. As famílias continuam em casas alugadas em Mariana, sem reposição de seu principal patrimônio. Muitos ribeirinhos não retomaram a pesca como atividade profissional e garantia de sua alimentação. A qualidade da água nas cidades é ruim.
         Os prejuízos às comunidades atingidas são imensuráveis, porque vão além das perdas materiais. Houve fragmentação da cosmologia do grupo que se integrava a seu torrão natal, interpretando o mundo a partir dele. Ele perdeu, irremediavelmente, sua história sedimentada naquela área, com a consistência das experiências vividas desde o nascimento e compartilhadas em todos os momentos de dor ou alegria. A incerteza obscurece o horizonte de todos, pois percebem que ficará cada dia mais difícil recuperar sua casa, seu trabalho e seu cotidiano em povoado bicentenário. Os flagelados sentem a falta da igreja, da escola, do quintal e das reservas hídricas sem poluição, a poucos passos da residência.
         É inacreditável que o segundo Estado brasileiro em população e o quarto em área territorial não se tenha mobilizado para resolver os graves problemas decorrentes do desastre ambiental em Bento Rodrigues. Além de sua inoperância, não cobra empenho da União, que se beneficia com o extrativismo mineral voltado para exportação, assegurando resultados positivos na balança comercial pela comercialização do minério de ferro. Exaure, então, Minas Gerais, desencadeando sérios problemas ambientais e socioeconômicos. O poder público prefere submeter-se aos interesses das empresas para movimentar a economia, deixando que elas reduzam custos na montagem da infraestrutura, no respeito às comunidades do entorno e na absorção dos princípios da sustentabilidade, porque elas querem garantir altos lucros em meio às flutuações do câmbio e aos humores do mercado internacional. Nenhum país desenvolvido admitiria esse descaso em relação à população e ao ambiente depois de uma tragédia dessa magnitude.”.

(Gilda de Castro. Antropóloga, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 4 de novembro de 2017, caderno O.PINIÃO, página 19).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 2 de dezembro de 2017, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de PAULA CRUZ, doutoranda do Instituto de Relações Internacionais da PUC-Rio e pesquisadora do BRICS Policy Center, e que merece igualmente integral transcrição:

“Banco Mundial e a educação
        O relatório elaborado pelo Banco Mundial para o governo Temer é questionável em vários aspectos. No que toca à educação superior, o que se verifica é um malabarismo argumentativo, cujas recomendações tendem a criar novos problemas para o já deficitário sistema de educação superior brasileiro, além de não combater a desigualdade.
         Primeiro, o Brasil não tem gastado muito em educação superior, se comparado a outros países. No caso da OCDE, são esses que, em geral, têm reduzido vertiginosamente investimentos públicos na área. Isso tem sido altamente criticado, tendo, inclusive, sido relacionado ao suicídio de um professor no Reino Unido, em 2014. Há hoje nesses países uma séria discussão sobre os efeitos nocivos da redução de investimentos e paralela adoção de critérios de produtividade e eficiência gerencialistas sobre questões de saúde mental nas universidades. Ademais, no Brasil, o recente aumento de investimentos deve considerar o patamar inicial excessivamente baixo decorrente das políticas adotadas nos anos 90, contextualização também ausente no relatório.
         Quanto aos Brics, o relatório ignora o fato de que, diferentemente do Brasil, em vários desses países as universidades são instituições majoritariamente direcionadas às atividades de ensino, recebendo, portanto, pouco ou nenhum financiamento para atividades de pesquisa (que, aqui, absorvem a maior parte dos investimentos em educação superior). Ao lado de alguns institutos de pesquisa, no Brasil, são as universidades públicas as maiores responsáveis por produzir ciência e tecnologia, fatores essenciais para a geração de crescimento econômico sustentável. Reduzir ainda mais os investimentos já altamente defasados nessas instituições significa aprofundar a crise, criando dificuldades ainda maiores para a retomada do crescimento.
         Segundo, a desigualdade de acesso à educação superior não será superada nem sequer minimizada, com a cobrança de mensalidades nas universidades públicas. Ao contrário, a tendência é de aumento de uma massa de jovens altamente endividados, que, ao aumentar a demanda por contratação imediata, tende a diminuir os já extremamente baixos salários praticados no Brasil, gerando graves problemas sociais e econômicos. Os efeitos negativos de políticas como essas são cada vez mais reconhecidos nos EUA, como mostra o estudo de Goldrick-Rab, Paying the price: college costs, financial aid, and the betrayat of the american dream (2016), e os documentários Ivory Tower (2014) e Starving the Beast (2016).
         Historicamente, a cobrança de taxas no sistema público de educação superior foi justificada em países como os EUA como forma de cofinanciamento de um sistema em expansão. Ao contrário, o que se está propondo ao Brasil não é a expansão, mas a simples transferência de responsabilidade pelo pagamento dos custos atuais do sistema, ou seja, do financiamento que hoje é feito com os impostos já pagos pelos cidadãos para os bolsos individuais das famílias do estudante ou através do seu próprio endividamento. O relatório argumenta que isso seria justo, pois a maioria dos estudantes das universidades públicas brasileiras pertence à parcela 40% mais “rica” do país. O que o relatório, curiosamente, deixa de salientar é que, no Brasil, esses 40% mais "ricos" incluem todas as pessoas cuja renda familiar mensal é igual ou superior a R$ 1.356. Segundo o Datafolha (2013), apenas 30% das famílias brasileiras têm renda mensal superior a R$ 2.034 e, destas, apenas 9% ganham mais de R$ 3.390. Ao propor a criação de bolsas para os 40%, mais pobres, o relatório exclui da possibilidade de elegibilidade, portanto, todos os jovens da classe média intermediária e classe média baixa brasileira. Isso significa não uma maior inclusão, mas perda do direito à educação superior por uma parte considerável da população brasileira que, ao contrário do que o relatório leva a entender, não pode, em absoluto, ser considerada rica.
         A cobrança de mensalidade só poderia ser justificada se, além de acompanhada da ampliação do sistema, atingisse, de fato, as famílias mais ricas do Brasil, o que corresponderia a, no máximo, 14% da população. Porém, essa é uma política que o atual governo não tem se mostrado disposto a adotar. Como o próprio relatório reconhece, “certamente, há escopo para aumentar a tributação dos grupos de alta renda (por exemplo, por meio de impostos sobre a renda, patrimônio ou ganhos de capital) e reduzir a dependência dos tributos indiretos, que sobrecarregam os mais pobres. [Porém,] Tais medidas não são discutidas em detalhe neste relatório”. Cabe perguntar, então, em que momento o governo Temer irá recomendar ao Banco Mundial um relatório para tratar dos privilégios daqueles que realmente se beneficiam da estrutura aristocrática que, ainda hoje, prevalece no nosso país, em vez de buscar justificativas enganosas para um arrocho ainda mais violento sobre a população brasileira assalariada e um golpe inaceitável nos direitos básicos a ela assegurados pela nossa Constituição.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, democráticas, soberanas, educadas, civilizadas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em outubro/2017 a ainda estratosférica marca de 337,94% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial registrou históricos 323,73%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, em novembro, chegou a 2,80%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 946,4 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
55 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2016)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...      

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim!”.





    

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