“Educação
tem jeito
Um país que não investe
em educação de alta qualidade condena não apenas seus cidadãos ao atraso, mas a
própria nação. E educação de alta qualidade implica professores bem
remunerados, motivados e preparados, além de escolas bem-estruturadas e
equipadas. Mesmo quando há investimento público, políticas equivocadas, desvio
de dinheiro do contribuinte, descaso e falta de preparo de gestores embalam a
receita do fiasco. No Brasil, apontam especialistas, o aprofundamento das
desigualdades sociais e o aumento da violência estão intimamente ligados ao
desastre no ensino público. Mas nem tudo está perdido, como mostram
experiências transformadoras nos estados de Goiás, Ceará, Pernambuco e no
Distrito Federal, discutidas no seminário “Experiências exitosas na educação
pública do país”, promovido pelo Correio Braziliense.
A
educação se tornou prioridade para essas unidades da Federação. Elas elevaram
os investimentos financeiros, formularam projetos criativos, passaram a
qualificar e a valorizar os docentes e tornaram a proposta pedagógica afinada
com a linguagem e as necessidades dos jovens. Mostraram que é possível oferecer
educação de qualidade, quando o setor se torna, efetivamente, prioridade do
poder público.
No
Ceará, o orçamento ganhou reforço com a destinação de 18% da arrecadação do
ICMS, o que elevou em mais de R$ 50 milhões os recursos destinados à educação.
A partilha entre 184 municípios não é equânime. O valor é ditado pela
eficiência. A regra vale para os professores, que são premiados com 14º salário
pela metas alcançadas. Os cearenses têm 77 unidades de ensino entre as 100
melhores escolas do país, de acordo com o Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica (Ideb). Mais: sete municípios estão entre os 10 mais bem avaliados pelo
Índice de Oportunidades da Educação Brasileira (Ioeb). No próximo ano, os
colégios em período integral passarão de 177 para 228, com 53 cursos técnicos.
O
aluno como centro do processo educacional, fortalecimento do protagonismo
juvenil e do projeto de vida de cada estudante. É assim, inspirado no educador
Paulo Freire, filho da terra, que Pernambuco se distanciou dos piores índices
que tinha no passado no quesito educação. A mudança veio com o diagnóstico, que
levou o novo modelo de gestão, com base não só no aumento da oferta, mas focado
na qualidade. Como o Ceará, a educação em Pernambuco adotou um modelo de gestão
por resultados, monitoramento da escola e um conjunto de indicadores de
desempenho do professor, do diretor e até do governador. Hoje, o estado festeja
a queda na taxa de evasão escolar.
Os
gestores estão cientes de que as novas tecnologias e a internet mudaram o
perfil dos jovens. Com igual convicção, Goiás trabalha para que a escola sejam
ambiente inspirador para os alunos e que estimule o diálogo e o respeito. A
proposta busca motivar os jovens a pensar fora da caixa e fazer exercícios que
os levem a vencer na vida. Produção de material pedagógico estruturado às
necessidades dos alunos. Além disso, investimentos em modelos mais arrojados
levaram Goiás a disparar nos rankings que medem a qualidade do ensino público
no país.
O
Distrito Federal planeja usar as parcerias público-privadas (PPP) para obter
recursos para os investimentos necessários na rede de ensino. O DF tem
experiências que mudaram a realidade de algumas unidades que enfrentavam
problemas com violência e drogas. Hoje, são referências para outros
estabelecimentos. O projeto “Mulheres Inspiradoras”, que vem mexendo
positivamente com a vida dos jovens, conquistou o reconhecimento nacional e
internacional, o que lhe rendeu cinco prêmios.
Se
esses modelos fossem reproduzidos em todo o país, haveria uma revolução na
educação. O Brasil seria guindado ao patamar dos países desenvolvidos, em
condições de superar as barreiras que impedem o seu desenvolvimento e
crescimento econômico, com a erradicação da miséria e com mais justiça social.
Faltam decisão política e maior engajamento das comunidades no sentido de se
apropriarem da escola e da educação dos filhos.”.
(EDITORIAL do
jornal ESTADO DE MINAS, edição de 17
de dezembro de 2017, caderno OPINIÃO,
página 6).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de
15 de dezembro de 2017, mesmo caderno, página 7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO,
arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente integral
transcrição:
“Advento
das alianças
Advento é tempo de
preparação para o Natal, quando todas as pessoas são especialmente chamadas a
reconhecer e a vivenciar a centralidade de Jesus Cristo, o Salvador. Cristo é a
razão para se viver um Natal feliz e abençoado, como rezam os cartões e as
mensagens natalinas. Trata-se do sentido das confraternizações, motivo para uma
adequada qualificação que possibilite a vivência autêntica do Natal. Por isso
mesmo, qualificar-se para celebrar o nascimento do Menino Jesus deve ser
compromisso pessoal, familiar, vivido no ambiente de trabalho, na comunidade de
fé e em todos os outros contextos possíveis. E essa adequada preparação vai
muito além do compromisso de ir às compras, enfeitar as casas ou divertir-se.
Significa compreender, ao proclamar a palavra de Deus, que este é o tempo do
advento de alianças.
Na
solidão, ninguém avança. As alianças são imprescindíveis. Programas e projetos
dependem de parcerias, do engajamento de pessoas. Assim, percebe-se uma
urgência: a necessidade de se derrubarem obstáculos que atrapalham as
participações em iniciativas orientadas para o bem. É ilusório pensar que a
força está no dinheiro, que se esvai, acaba. Muitas vezes, o dinheiro deixa sem
alicerce quem fundamenta a própria vida no compromisso de acumular bens.
Afinal, quem adota essa postura cultiva jeitos e hábitos de viver que,
frequentemente, agridem o meio ambiente e desrespeitam os que estão na penúria,
pobres que vivem nas ruas, sem cuidados básicos, morrendo de fome. Ilusão
também é acreditar que as alianças dependem de poderes conquistados – a partir
de títulos ou de lugares que se ocupa no organograma de instituições. Quem
exerce o poder o faz dentro de um contexto temporal passageiro.
Infelizmente,
consolidou-se entendimento torto a respeito de alianças, relacionando-as ao
conchavo, à artimanha para alcançar, quase sempre ilicitamente, determinadas
conquistas pessoais. Para essa finalidade, não raramente legitima-se o que é
imoral, afrontam-se valores inegociáveis e o bem comum. Assim são validados
desmandos e destroem-se os bens que pertencem a todos. O antídoto capaz de
corrigir inadequados modos de se buscarem alianças está no paradigma deste
tempo, o advento. Oportunidade para compreender a centralidade de Cristo e, consequentemente,
viver e reconhecer no Natal a proposta de aliança que o Salvador do mundo
apresenta à humanidade. Compreendida essa proposta, todos são convocados a
engajar-se para efetivá-la, consolidando-a como paradigma de todas as alianças.
A
autêntica e nova aliança é selada pela encarnação do Verbo, Jesus Cristo, o
Filho de Deus, salvador e redentor, consolidada na radicalidade da oferta de
sua vida, no ápice de sua crucificação, morte e ressurreição. Diante do que
ensina Cristo, cada pessoa deve compreender-se como servidor da vida e de todos
os irmãos, particularmente dos mais pobres. No modelo da aliança de Cristo está
o sentido que permite compreender a vida como dom. Nesse contexto, todo
interesse mesquinho e espúrio é descartado. Alcança-se uma liberdade interior
ante o dinheiro e o poder, para fazer valer sempre unicamente a verdade e o bem
de todos. A aliança selada a partir de Jesus tem força para transformar
inteligências e corações, dinâmicas sociais e culturais. Fundamenta a
civilidade nas relações. Cultiva a competência para que todos se sintam como
integrantes de um corpo – a humanidade – e se vejam como responsáveis por
mantê-lo íntegro.
Educativas
e indicativas são as imagens usadas pelo profeta Isaías para iluminar a
compreensão do povo, chamado a selar a aliança com Deus e, a partir dessa
aproximação, capacitar-se para as alianças entre povos, grupos, pessoas e
segmentos diversos, cultivando a fraternidade e a solidariedade que curam o
mundo. A aliança é o brotar de uma haste que nasce do tronco seco, fazendo
surgir o rebento de uma flor. Ser autenticamente fiel ao que propõe Cristo é o
caminho para a nova ordem, aquela que faz o inimaginável: o lobo e o cordeiro
vivendo juntos, o leopardo deitar-se ao lado do cabrito, bezerro e leão comendo
juntos, o bebê brincando sobre o ninho da serpente venenosa.
As
alianças que se alicerçam no modelo de Cristo farão da cidade uma fortificada
edificação, com portas abertas a um povo justo, cumpridor da palavra, firme em
seus propósitos, conservado na paz porque confia em Deus, a sua rocha eterna.
Alcançar essas alianças pressupõe disposição e esforço para dissipar do próprio
coração todo o ódio e rancor, empenhar-se no diálogo que requer atenta escuta
do outro, desvestir-se de todo a hipocrisia para trajar a armadura da
misericórdia e do bem. Advento, esse é o tempo de conversão e reconciliação,
para que ninguém se torne pedra de tropeço, mas alavanca de alianças, com
qualidade para abrir caminhos, oferecer respostas às crises, cultivar a participação
igualitária e solidária na sociedade.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em novembro/2017 a ainda estratosférica
marca de 333,8% nos últimos doze meses,
e a taxa de juros do cheque especial se manteve em históricos 323,73%; e já o
IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, em novembro, chegou a 2,80%);
II – a corrupção, há séculos, na
mais perversa promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 516
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2017, apenas segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável
desembolso de cerca de R$ 1,722 trilhão,
a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com
esta rubrica, previsão de R$ 946,4
bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
55 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2016)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita
misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra
sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim!”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário