“Apagão
de talentos ou talentos apagados
Depois de dois anos de
recessão, a economia brasileira ainda apresenta dados contraditórios. A
instabilidade política e as incertezas na economia continuarão a ser algumas
das referências mais significativas para o país. Enquanto alguns setores se
defrontam com quedas expressivas, outros já iniciaram a recuperação.
Com
base nesse cenário ainda confuso, entre os temas da agenda que voltam à
discussão está a necessidade de pessoas capacitadas e preparadas para enfrentar
essa nova realidade. O que dizem os especialistas é que precisaremos, em um
futuro breve, de alguns milhares de “talentos” em todas as funções.
A
expressão talento não é por acaso. Precisa-se de gente para trabalhar, mas não
de qualquer tipo. Precisa-se de talentos diferenciados. Quer dizer, pessoas que
não necessitem de treinamento e já entrem em campo para jogar (plug and play); pessoas que se adaptem
rapidamente às necessidades da empresa; pessoas que decodifiquem as mudanças e
se adiantem a elas; pessoas que protagonizem e empreendam o caminho futuro da
empresa. Se for isso, de fato, trata-se de raros talentos. A busca, dessa
forma, será intensa e estressante, pois a quantidade necessária parece não
condizer com a quantidade disponível no mercado, daí a expressão “apagão de
talentos”.
Por
outro lado, duas outras situações interessantes se abrem para análise diante de
um cenário tão inusitado. A primeira diz respeito àqueles que já estavam se
acostumando a viver fora das empresas: os mais seniores que, diante da demissão
voluntária ou involuntária, tornaram-se consultores organizacionais. A
restrição de idade é olhada pelo lado positivo, além de internalizar
imediatamente suas qualificações e competências, podem treinar outros e formar
sucessores.
Essa é
uma solução de curto prazo, porque o repertório desse profissional entra em
utilização assim que ele inicia seu trabalho; de médio prazo, porque ele pode
prover capacitação a outros; e de longo prazo porque forma pessoas para o
futuro. O rompimento de estereótipo de “mais velho” se mostra, nesse momento,
de muita utilidade e inteligência, reflexo da escassez do mercado.
No
caso da segunda situação, dos recém-consultores, a análise é praticamente a
mesma. Eles começam a voltar para as empresas e iniciar seu aporte de
competências ao processo de trabalho. Muitos justificam esse retorno por causa
da “proposta irrecusável” feita pela empresa, já que trabalhar e empreender
sozinho é bem diferente do vínculo empregatício. Hoje, o trabalho como
terceiro, como contratado por tempo determinado, ou por projeto, é
perfeitamente admissível, sem falar na flexibilidade das formas de remuneração
desenvolvidas para sustentar esses tipos de contrato. Parece que tudo se
encaixa muito bem.
Olhando
agora para dentro da empresa, o que podemos ver nessa questão de necessidade de
talentos?
A
exigência atitudinal que recai sobre as pessoas foi e tem sido muito alta
diante da insegurança desse período transitório. Exige-se rapidez no entendimento
da complexidade para se obterem vantagens competitivas e isso acaba se
traduzindo em um dia a dia organizacional para poucos sobreviventes. Serão esses
os verdadeiros talentos? Na verdade, e no fundo de toda essa discussão, estão
sempre esses “heróis”, que devem ser os agentes das tais transformações e
mudanças.
Paralelo
à situação, nunca se falou tanto em sintomas do estresse no trabalho, crises comportamentais
e assédio moral dentro das empresas. Coachs estão trabalhando como nunca no
acolhimento dos dramas individuais. Os estudos de clima organizacional
denunciam todas as dificuldades enfrentadas pela maioria na experiência do
cotidiano. Os talentos internos, em algumas empresas, estão se apagando ou
sendo apagados.
Apesar
do momento, talvez seja a hora de um esforço de recuperação interna. Esses
talentos, cuja contribuição é e foi inegável em qualquer cenário, precisam ser
valorizados e trazidos novamente à batalha, só que agora de uma forma
diferente.
Os
ajustes nas condições de trabalho e de gestão que geram, em parte, essas
consequências inadequadas de comportamento precisam ser enfrentados. As
queixas, para quem quer ouvi-las, estão por toda parte. Diagnósticos não
faltam. Estudos de clima, de engajamento e mesmo a comunicação informal são
suficientes para prover informações significativas que justifiquem uma
intervenção saneadora nesta questão.
Está
na hora de acender novamente os talentos internos, eles merecem.”.
(NORBERTO
CHADAD. Engenheiro metalúrgico, CEO da Thomas Case & Associados e Fit
RH Consulting, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 10 de junho de 2018, caderno ADMITE-SE CLASSIFICADOS, coluna MERCADO DE TRABALHO, página 2).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de
15 de junho de 2018, caderno OPINIÃO,
página 7, de autoria de DOM WALMOR
OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que
merece igualmente integral transcrição:
“Lucidez
nas escolhas
As escolhas, quando
feitas com lucidez, podem promover a qualificação da vida pessoal e o
desenvolvimento integral da sociedade. A liberdade de escolha é um direito, mas
é necessário conhecer as consequências de cada decisão. Por isso mesmo, não é
aconselhável que as escolhas sejam feitas simplesmente por comodidades e
conveniências. Nem devem ser determinadas por dinâmicas psíquicas e afetivas de
indivíduos, pois causam impactos nos contextos sociopolíticos e culturais.
Assim, somente a lucidez nas escolhas, fruto do indispensável exercício de
discernimento, é capaz de gerar o equilíbrio necessário às decisões voltadas
para o bem comum.
E todo
processo de discernimento é complexo. Revela fragilidades individuais,
independentemente das condições sociais, acadêmicas e econômicas. Sendo assim,
o segredo do bom discernimento reside na competência humana e espiritual para
articular conceitos, informações e enxergar, com maior nitidez, a realidade.
Mas, em diversas situações, as pessoas não estão capacitadas para bem
discernir. Ainda mais preocupante é quando indivíduos com grandes
responsabilidades se mostram despreparados. Gestores que têm o dever de
representar o povo fazem escolhas inadequadas, causando impactos devastadores
na sociedade.
Por
isso mesmo, é preciso critério para escolher esses gestores, especificamente no
processo eleitoral. Muitos submetem seus nomes ao sufrágio das urnas movidos,
exclusivamente, pela vaidade. E pior, é cada vez mais comum a presença na
política de pessoas que buscam ocupar cargos apenas para atender a interesses
particulares, ou satisfazer o desejo de ter o “poder nas mãos”. Afinal,
espera-se do gestor um governo competente no discernimento e nas escolhas,
priorizando a eficácia na solução dos diferentes problemas, sem atrasos e
prejuízos. Mas, infelizmente, o que se contata, com frequência, são pessoas que
ocupam lugares estratégicos sem a mínima percepção de suas próprias
responsabilidades. Em vez de apresentarem resultados, prevalece um falatório
com justificativas intermináveis.
Esse
cenário é especialmente preocupante na atualidade, quando as instituições são
desafiadas a se remodelar, adequando-se à realidade contemporânea. E nas
instâncias do poder, os que representam o povo, em vez de oferecer soluções
para os muitos problemas, estão mais preocupados com a manutenção de cargos e
privilégios. Nem sequer se dedicam ao necessário exercício da autocrítica,
essencial para não se repetir erros. Falta lucidez. Uma patologia que ameaça
diferentes instituições, submetidas às desconexões e às idiossincrasias de seus
dirigentes.
Urgente
é o surgimento de novos líderes capazes de conduzir processos com desapego e
inteligência. Particularmente, essa é uma inquestionável necessidade para o
Brasil, que precisa rearticular os rumos da democracia, tão fragilizada pela
gestão daqueles que seguiram os caminhos da mesquinhez, em vez de priorizar o
bem comum. Nesse sentido, o cidadão brasileiro está desafiado a escolher bem
seus representantes nas eleições deste ano. Devem ser buscados gestores e
legisladores capazes de perceber a complexa realidade do país.
Entre
os muitos desafios a serem enfrentados está, pois, a qualificação da comunidade
política. A oportunidade singular para isso é o voto nas urnas. Para não
perdê-la, cada pessoa deve escolher seu candidato com lucidez, considerando as
propostas que realmente buscam o bem da sociedade. Dos políticos, é esperada a
clara compreensão da real importância do povo, a exemplo do que ensina a
doutrina social da Igreja: o povo não é uma multidão amorfa, massa inerte a ser
manipulada e instrumentalizada, mas um conjunto de pessoas com o direito de
formar a sua própria opinião a respeito da coisa pública, de exprimir a sua
sensibilidade política e de fazê-la valer de modo consoante com o bem comum.
Não basta aos políticos a ambição para ocupar lugares nos processos de
governança. É preciso intuir novos caminhos. O ponto de partida será sempre o
cultivo/aprendizagem do discernimento, para garantir a lucidez nas escolhas.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 128 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em abril a ainda estratosférica marca de
331,57% nos últimos doze meses, e a taxa
de juros do cheque especial em históricos 320,96%; e já o IPCA, em maio, também
no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,86%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida,
que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas,
oportunidades e potencialidades com todas
as brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além
de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do
século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da
informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da
sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da
paz, da solidariedade, da igualdade
– e com equidade –, e da fraternidade
universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
56 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2017)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
- Pelo
fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares
do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e,
ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita
misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra
sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.
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