“Tecnologia:
virada na história cultural da humanidade
O que mais nos
impressiona numa leitura sobre a evolução do homem é a capacidade de criar,
como forma de adaptação, diante dos desafios ao longo da história. Das
ferramentas criadas a novos modos de pensar a vida, de pensar o próprio mundo.
Na medida em que os grupos foram crescendo, foi sendo instituída uma
complexidade nas relações sociais. E quando se pensa nessas relações, não
podemos deixar de abordar a questão da educação como necessidade inerente à
conservação da própria cultura. Toda criação humana é convergente.
Entre
as várias criações humanas, e aqui haveria milhares a citar, podemos dar
destaque especial à tecnologia digital, a criação do computador. Num primeiro
momento, para uso restrito, mas que diante de um novo quadro e contexto social
contemporâneo atingiu dimensões para a própria surpresa humana. Essa tecnologia
contribuiu para que se instituísse nova concepção de mundo, nova visão de
homem. Através das redes, o homem transforma o mundo e transforma-se.
Com
esse avanço, o que ficou mais evidente foi a capacidade humana de se comunicar,
de aproximar, de criar convergências. Como em toda mudança, há aspectos
negativos e positivos. Porém, o que é mais importante e necessário realçar é
que nesse novo contexto a concepção de mundo muda de forma assustadora, bem
como as pessoas criam formas diferentes para se relacionar utilizando
diferentes mídias. Entre essas, destaque à telefonia móvel. O celular, que num
primeiro momento teve a função de facilitar a vida das pessoas, possibilitando
a comunicação em mobilidade, hoje congrega recursos diferentes e diversificados,
o que deu condição ao homem de ampliar as suas relações sociais através das
diversas redes instituídas com a chegada da internet.
Essas
transformações provocadas pela tecnologia digital também foram sentidas na
educação. As relações também foram afetadas. O espaço escolar já não é o mesmo.
Podemos fazer uma distinção entre uma escola conectada e uma escola
desconectada – aquela faz parte de um grande universo ligado via satélite,
enquanto esta reduziu o seu universo ao próprio espaço da escola. As duas falam
linguagens diferentes porque o acesso ao conhecimento ocorre por vias
diferentes. Contudo, de uma forma geral, as escolas estão interligadas, o que
tem provocado mudanças drásticas no processo de ensino/aprendizagem. O que na
verdade aconteceu, com a chegada da tecnologia às escolas, foram alguns
deslocamentos na forma de ensinar.
Dentro
desse novo contexto, professores e alunos, por exemplo, passam a ser parceiros
que se movimentam juntos na construção de uma educação que favoreça o pensar o
mundo de uma forma mais crítica, em que o conhecimento é construído – e não
oferecido pronto. Essa nova parceria deve ter como aliada fundamental a
tecnologia. Esta deve ser meio, e não o fim dentro desse novo processo
educacional. Uma escola aparelhada tecnologicamente é uma escola comprometida
com a nova realidade que se apresenta, e que aponta em direção a uma nova era
que se renova a cada instante e que exige de todo o corpo escolar um
comprometimento com o futuro de uma sociedade educada e sustentada por pilares
amparados na consciência de que a pesquisa será o caminho mais seguro e efetivo
para se conhecer melhor a si mesmo e ao mundo que nos cerca. E a educação o
único caminho que provoca a libertação do homem na busca pelo conhecimento.”.
(EUDÁSIO
CAVALCANTE MELO. Professor graduado em filosofia e pós-graduado em
história, psicopedagogia, gestão educacional e mídias na educação, em artigo
publicado no jornal ESTADO DE MINAS,
edição de 7 de junho de 2018, caderno OPINIÃO,
página 7).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de
8 de junho de 2018, mesmo caderno e página, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo
Horizonte, e que merece igualmente integral transcrição:
“Governos
e ‘desgovernos’
A vida de um povo
depende muito da maneira como seus representantes e dirigentes governam, mas
determinante é a força da participação cidadã nos rumos de seu país. Pode-se
dizer que os sucessos de uma administração, ou o seu oposto, os “desgovernos”,
são também de responsabilidade de todos os cidadãos. Afinal, cada pessoa é
responsável por acompanhar, fiscalizar e contribuir com as ações de seus representantes.
Essa participação do povo é processo complexo, pois exige investimentos
educativos e culturais, para que as atitudes cidadãs sejam pertinentes e
capazes de incidir nos processos de gestão. Uma qualificada participação
popular não pode ser confundida com as configurações ideológico-partidárias
que, não raramente, limitam-se à proliferação confusa de siglas, de conceitos
equivocados sobre a realidade, com atitudes que beneficiam pequenos grupos,
alimentando esquemas de corrupção que tanto prejudicam o bem comum.
A
qualificada participação popular relaciona-se à profunda compreensão dos
próprios direitos e deveres. Alicerça-se no reconhecimento da dignidade de
todos. É incontestável a força que está no povo, capaz de promover grandes
transformações, principalmente quando investimentos educativos enriquecem o
tecido cultural de uma população. A cultura pode permitir ao povo estabelecer
dinâmicas marcadas pela solidariedade, respeito mútuo e por um fecundo sentido
de objetividade. Consequentemente, reconhece-se o valor da vida e são reduzidos
os índices de violência, por exemplo. Eis, pois, uma verdade: são necessários
investimentos em processos educacionais para uma eficaz participação popular. E
diante dessa verdade, causa particular preocupação o comprometido estado da
educação na sociedade brasileira.
Além
do espantoso número de jovens que não têm a oportunidade de ingressar nos
processos da educação formal, é alarmante a quantidade dos que já abandonaram
as salas de aula. Percebe-se que o mundo da educação é um dos que são mais
impactados pelos “desgovernos”, com pessoas despreparadas ocupando cargos de
gestão. Mesmo diante de graves erros, insistem nos equívocos, preocupando-se
apenas com a manutenção do próprio cargo. A incompetência, aliada à falta de
capacidade para uma autocrítica, produz passivos. Corroem não apenas os
funcionamentos institucionais, mas também causam um vício – a síndrome da
desconexão. O sintoma é a incapacidade para enxergar os males que certos
processos causam na vida de organizações e indivíduos.
A cura
para esse mal não é simples, demanda muito tempo. Por isso, instituições, não
raramente, contam, em seus quadros, com profissionais de sólida formação
conceitual e acadêmica, mas incapazes de exercerem bem as suas atribuições.
Desconectados da realidade, permanecem presos ao egoísmo, atuam de modo
descompromissado com o bem comum. Por isso, as metas não são alcançadas e as
soluções para os problemas nunca são encontradas. No lugar da inventividade e
da inovação, contentam-se com a própria mediocridade.
Assim
os “desgovernos” são consolidados. A sociedade torna-se mais complacente com os
medianos, e até se assusta quando surge alguém capaz de propor algo novo. A
incompetência que se generaliza faz com que muitos passem a tratá-la como algo
natural. E as terríveis consequências manifestam-se em diferentes âmbitos, a
exemplo do campo político. O exercício da política, que deveria ser entendido
como ação solidária, passa a ser percebido com desconfiança e rejeição. As
pessoas se distanciam da tarefa de escolher bem seus candidatos, postura que é
fruto dos “desgovernos” e, ao mesmo tempo, contribui para gerá-los. É
importante reconhecer que a mudança social almejada depende da adequada escolha
dos nomes que representarão o povo nos próximos anos. E isso depende da
participação cidadã mais efetiva, do investimento nos processos educativos e
culturais que consolidem atitudes orientadas pela solidariedade.
Na
contramão da qualificada participação do povo estão os descompassos gerados em
muitos lugares, inclusive nas redes sociais. No ambiente digital, por exemplo,
em vez de se aproveitarem as oportunidades da tecnologia para criar conexões e
formatar novos costumes, são propagados infrutíferos ataques pessoais. Ora,
para se construir uma sociedade melhor é preciso que todos caminhem juntos,
vencendo as diferentes formas de egoísmo. Isso significa abandonar radicalismos
e a indiferença diante da exclusão social. Esses males atrapalham a qualificada
participação cidadã e o povo precisa combatê-los. Assim se encontrará lucidez
para superar os “desgovernos” e, com a participação de todos, efetivar governos
que priorizem a promoção do bem, da justiça e da paz.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 128 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em abril a ainda estratosférica marca de
331,57% nos últimos doze meses, e a taxa
de juros do cheque especial em históricos 320,96%; e já o IPCA, também no
acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,76%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade –
“dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se
espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e
irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito,
a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato,
Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso
específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e
que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos
já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
56 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2017)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
- Pelo
fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares
do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e,
ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita
misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra
sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.
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