“Em
tempo de incerteza
No momento em que se
demonizam a política e, especialmente, os políticos, é útil repensar alguns
ensinamentos antigos que remontam aos filósofos gregos, criadores da política e
até hoje os melhores pensadores dessa atividade.
A
política nasce com a necessidade da vida justa e feliz em sociedade e se exerce
pela busca de consensos em favor de atitudes de interesse público. É inerente,
portanto, à construção do bem comum. Mas não está imune às divergências e aos
desvios, dos quais dialeticamente até se alimenta pelo debate e pela arte da
persuasão, de que foram mestres os sofistas. Está claro que também não está
imune aos maus políticos que, encantados pelo poder e suas benesses, afastam-se
do interesse público e se perdem pelos descaminhos da corrupção. Não há,
portanto, soluções duradouras fora da política.
Com
essa compreensão, torna-se falso o dilema entre o político e o técnico, como se
fossem funções antagônicas e incapazes de uma convivência proveitosa e
civilizada da boa política, também demonizada quando os políticos perdem seu
compromisso fundamental com a realização do bem comum, desviando-se do
fundamento ético imanente a sua função. Mas é fundamental lembrar que o
político tem seu sentido, origem e poder na representação que exerce pelo voto
popular que lhe confere um mandato. O voto, origem da representatividade
política, é o ato maior da democracia, até porque permite aos cidadãos realizar
a transitoriedade dos mandatos.
A
meritocracia, comumente apresentada como condição de uma racionalidade
distintiva dos técnicos, não pode prescindir da visão política, que se
fundamenta na busca do bem comum. Nem pode ser critério único para a escolha de
governantes sob o argumento de que o saber técnico é capaz de suprir sabedoria
infalível. Também nem sempre o conhecimento técnico supre a virtude maior do
compromisso político que decorre de um mandato popular, eleito pelo voto
legitimador dos cidadãos. A tecnocracia, quando pretende tornar-se uma forma de
governo, não só transforma-se em um desvio democrático, mas, como tem mostrado
a história universal, fracassa por não ser capaz de captar e interpretar as
aspirações da sociedade em sua humana diversidade.
Não há
que se desprezar ou negar a política porque os maus políticos a desvirtuam. Os
atropelos democráticos, que geralmente se apresentam como messiânicas soluções para corrigir
desvios éticos da política, aproveitando-se do desencanto da sociedade, não têm
se revelado eficazes na construção de novos tempos de desenvolvimento econômico
harmônico e socialmente e socialmente justo. A política, imprescindível como
busca do bem comum, será sempre a mediadora do diálogo propiciador da livre
convivência, estimuladora das melhores aptidões humanas. Mas, em tempos de
incerteza, são muitos os riscos.”.
(Mauro
Werkema. Jornalista, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 4 de novembro de 2018, caderno O.PINIÃO, página 17).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 2 de
novembro de 2018, caderno OPINIÃO,
página 11, de autoria de DOM WALMOR
OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que
merece igualmente integral transcrição:
“A
sabedoria dos ciclos
A sabedoria dos ciclos
ensina, com simplicidade, que a vida não se configura a partir de elos que se
abrem e se fecham. Importante saber a hora certa para iniciar um ciclo ou
fechá-lo. Administrar de forma equivocada os ciclos da vida resulta em perdas.
Paga-se caro pela falta de sabedoria na gestão de diferentes fases. Trata-se,
obviamente, de um desafiador processo existencial. Por falta dessa sabedoria,
tropeça-se nas escolhas. E a vida é feita de escolhas.
Perde-se
muito com a incompetência para conduzir processos. Os resultados são atropelos
e descompassos gerando prejuízos. Desperdiça-se a oportunidade para ganhos que
poderiam levar indivíduos e a sociedade a alcançarem metas importantes. Essa
incompetência em reger processos deriva, em parte, da síndrome da desconexão: a
pessoa desconhece qual é o seu lugar e a relevância da sua participação em
ambientes institucionais, segmentos diversos ou mesmo no contexto mais amplo da
sociedade.
As
opiniões são desconexas, indivíduos se acham “donos” da verdade – pura ilusão.
Essa síndrome leva à perda da capacidade para discernir e interpretar a
realidade. Consequentemente, mistura-se tudo, sem adequada leitura dos cenários
sociopolíticos, culturais, religiosos, entre tantos outros. Perde-se a noção
dos ciclos da vida. Saber reconhecê-los é fundamental para identificar e gerir
bem as muitas etapas, desde seu início, o desenrolar dos processos, até o
momento de sua conclusão.
Somente
assim podem-se alcançar conquistas, pois a vida, em sua complexidade, é muito
mais que um conjunto de dados matemáticos. Exige sabedoria na articulação das
muitas variáveis que definem cada ciclo, produzindo avanços e encontrando
respostas, recuperando sentidos e reabilitando valores. A sabedoria dos ciclos
na composição da vida pessoal, familiar, religiosa e política é uma referência
civilizatória no tecido de uma sociedade, nas suas práticas sociais e
políticas.
A
inevitável experiência da morte revela uma verdade: os diferentes ciclos da
vida, invariavelmente, chegam a um fim. Por isso, é preciso urgência em
gerenciá-los bem, pois a morte – fim de um ciclo – não pode significar
fracasso. Em vez disso, deve representar a passagem para uma nova etapa. O
Mestre ensina: a morte é caminho para uma vida que não passa, cuja garantia vem
d’Aquele que morreu e ressuscitou, Jesus Cristo, o único Senhor e Salvador. Na
morte de Jesus, a morte humana, experiência sob o signo do pecado, torna-se
acesso à vida. Deus permanece fiel ao ressuscitar Jesus para uma vida nova.
Identificada
com a morte de Cristo, a morte humana torna-se sacramento pascal da passagem
deste mundo para o Pai. A morte, assim, fecha um ciclo, o tempo que é dado a
cada pessoa, como dom de Deus. Compreende-se, no horizonte desse desfecho
decisivo, a importância de se gerenciar, com qualidade, os diversos ciclos da
existência. É imprescindível qualificar-se, humana e espiritualmente, para reger
os diferentes processos da vida, de modo adequado.
A
sabedoria para se viverem ciclos conta muito também na configuração ou
recomposição do tecido social e político de uma sociedade. As eleições de 2018,
com suas peculiaridades e muitos desafios, significaram o fechamento de um
momento político. Agora, nos primeiros passos de uma nova etapa, é ainda mais
fundamental a participação dos cidadãos, das instituições e diferentes
segmentos da sociedade. Configura-se no horizonte a exigência de reformulações profundas,
a substituição de dinâmicas, a adoção de técnicas modernas para respostas
eficazes. Um tempo para repensar e redefinir a sociedade brasileira.
Não
falte lucidez para o mea culpa que se
fizer necessário, nem a abertura para o diálogo, de modo a superar
intolerâncias. Assim, não se perderá o valor da democracia. Cada pessoa e
diferentes instituições estarão unidas para superar destrutivas polarizações e
acusações. As muitas diferenças não serão obstáculos para os avanços, pois
prevalecerá a força da unidade e da comunhão que permitem ao povo se reconhecer
como pertencente a uma mesma pátria. Avanços e correções, conquistas e novas
respostas serão possíveis se todos forem aprendizes da sabedoria dos ciclos.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 128 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em setembro a ainda estratosférica marca
de 278,69% nos últimos doze meses, e a
taxa de juros do cheque especial se manteve em históricos 301,36%; e já o IPCA,
em outubro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,56%); II – a
corrupção, há séculos, na mais
perversa promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2018, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,847 trilhão (52,4%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,106 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega,
do direito e da justiça:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Isto
posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
57 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2018)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
- Pelo
fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares
do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e,
ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador e Legislador, fonte de infinita
misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra
sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.
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