“
‘Economia de Francisco’
Num mundo conturbado, em
que sobrevivem guerras, bolsões de miséria e doenças, o papa Francisco vem dando
lições que não só renovam a Igreja Católica, mas divulgam valores fundamentais
para um novo mundo que precisa ampliar diálogos e reduzir desigualdades. Ao
convocar para os dias 26 a 28 de março de março um encontro de líderes do
catolicismo e de pensadores do mundo contemporâneo, a realizar-se em Assis, na
Porciúncula, onde nasceu são Francisco, o papa dá continuidade, com maior
objetividade e aprofundamento conceitual e político, do que vem chamando de “A
economia de Francisco”. A Igreja Católica procura, sob a liderança do papa
Francisco, encontrar novos caminhos para reencontrar-se com os ideais de
justiça social, de construção de uma nova ordem econômica, em que o acesso aos
bens da civilização se faça sem as desigualdades que afastam milhões, em todo o
mundo, dos direitos humanos básicos. É o respeito ao ambiente, tema que
preocupa todos.
Vida e
pensamento de são Francisco, que sua famosa oração exprime (“Onde houver ódio
que eu leve o amor”) e que o papa adotou, trazem muitas lições à humanidade que
se encontra perante vários limites críticos para uma convivência solidária que
permita a construção de uma sociedade mais justa. Francisco, o papa, não só
procura reestruturar o Vaticano e sua cúria conservadora, mas trazer mensagens
renovadoras para o enfrentamento dos grandes problemas do mundo atual. Em sua
encíclica Laudato Si, de maio de 2015,
trata da crise global econômica e, no Sínodo sobre a Amazônia, exalta que o
planeta Terra, “a casa de todos nós”, tem recursos limitados.
A lição
fundamental decorre da denúncia da “crise do capitalismo”, que tenta se renovar
pelo neoliberalismo e retorna à lição de Adam Smith (“A Riqueza das Nações”, de
1776), que sustenta que o livre mercado, como uma “mão invisível”, por si seria
capaz de promover a justiça social. A acumulação infinita do capital e o
consumismo não se justificam perante os recursos finitos do mundo, que precisa
de uma “mão visível” da responsabilidade social, capaz de reduzir desigualdades
e preservar a natureza, condições essenciais à vida digna. A evolução tecnológica
e científica deve servir a uma “economia do bem viver”, com paz entre as nações
e as sociedades e respeito à natureza.
O mundo
gasta US$ 1 trilhão em armas e pouco e no campo social. A desigualdade aumenta.
Os modelos ideológicos se desmancham. Governos em crise se mostram incapazes de
transformações fecundas. Protestos ganham as ruas e pedem melhores condições de
vida, nos países ricos e nos pobres. O papa Francisco incentiva o encontro
entre pessoas para um novo diálogo e um novo humanismo. Propõe uma nova ciência
econômica, em que valores humanos predominem. E se torna porta-voz de milhões
de pessoas, esperançosas de novos tempos de renovação pela solidariedade, pela
ética na política e nos governos.”.
(Mauro Werkema.
Jornalista, em artigo publicado no jornal O
TEMPO Belo Horizonte, edição de 24 de janeiro de 2020, caderno OPINIÃO, página 20).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.domtotal.com,
mesma edição, de autoria de DOM WALMOR
OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente
da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente
integral transcrição:
“Do
lado de quem?
‘Do lado de quem você
está?’. Eis uma interrogação que provoca e contribui para revelar configurações
partidárias que presidem relacionamentos. Inscreve-se nesse questionamento a
tentativa humana de demarcar lugares – o que por vezes, evidencia vela
pretensão de poder, que também se assenta na segurança do corporativismo dos
aliados. A definição de “lado” hospeda a ilusória sensação de se estar “em
casa”, confortavelmente, sem adversários por perto. Um equivocado sentimento de
segurança que, não raramente, se fundamenta nas configurações sempre frágeis e
limitadas de uma ideologia qualquer.
A
interrogação – “do lado de quem você está?” – alimenta ainda a curiosidade, um
dos fermentos nas disputas. Esse questionamento cabe, na medida certa, quando
se trata de torcidas esportivas ou disputas partidárias, até mesmo do
discernimento sobre interesses que se tem. Quer-se sempre saber o “lado”
daqueles que exercem altos cargos nas esferas públicas ou privadas, de pessoas
com significativa projeção social e política, dos formadores de opinião. Mas é
importante sublinhar: o desmedido apego à questão “do lado de quem você está?”
pode impedir a vivência mda unidade, que exige a inclusão da diferença, possibilidade
real de enriquecimento em todos os aspectos.
E, para
a superação de possível morbidez quando se move somente pelo que é partidário –
considerando cenários da política, por exemplo – é preciso responder a questão
sobre o “o lado de quem você está” de forma diferente. Tomar partido em
variados campos, a exemplo da política, pode ser força propulsora na sociedade,
mas não se deve buscar apenas defender e reforçar determinado “lado”, ideologia
ou discurso que privilegia a identificação de alguma referência
simbólico-cromática.
“Do lado
de quem você está?”. É possível uma resposta diferente, ao se lançar olhar
atento e interessado sobre a sociedade, identificando os seus cenários, no
exercício qualificado da cidadania: estar junto dos mais pobres, condição que
alicerça o humanismo solidário. E os discursos que comprovadamente estão do
lado dos pobres ultrapassam umbrais de academias ou de diretórios partidários,
pois sempre serão seguidos de hábitos, de gestos e de atitudes dedicados aos
que mais sofrem. Essa prática testemunhal, sem risco de simplesmente reforçar
ou requentar falas, é o verdadeiro lado – sem a parcialidade que apenas gera
divisões entre grupos e pessoas. Ao invés disso, estar com os pobres sustenta a
unidade.
A
prática testemunhal, na proximidade junto aos que mais precisam, sinaliza
distanciamento de lógicas perversas: a busca por acumular sempre mais riquezas
sem ter a coragem de dedicar-se à partilha, à generosidade; o apego ao
privilégio de integrar instâncias de decisão e exigir, dos outros, somente dos
outros, a adoção de rumos novos. A prática testemunhal guarda a força da
coerência necessária para a superação de todo tipo de exclusão e de
preconceito. Sabe-se do risco de se apegar a um determinado lado, achando-se no
direito de ser indiferente e até odiar os que estão em outro lugar. Esse apego
é característica dos que apenas querem justificar privilégios, alcançar
comodidades tranquilizadoras da consciência de seu próprio grupo, ampliar
espaços de atuação, inclusive misturando religião e opções confessionais com
interesses políticos espúrios.
A
interrogação intrigante, “de que lado você está?”, continuará a ser repetida, e
mal ou bem respondida, até que um qualificado tecido civilizatório se constitua
e a cidadania não seja pautada pelas parcialidades, nas hegemonias, mas na
unidade edificada e mantida pela justiça. Hoje, diante da ausência de
entendimentos mais lúcidos, torna-se importante identificar “lados” para, a
partir do convencimento, promover adesões ao caminho que leva a correções dos
funcionamentos da sociedade, dominada pelo consumo e pela ganância.
Esse
rumo a ser buscado exige a clareza para compreender que vale menos o lugar
ocupado a partir do campo ideológico. O importante é estar junto dos pobres,
assumindo um lado que exige coragem para defender direitos e promover a
justiça, o território da solidariedade. Nesse horizonte, a partir da tarefa,
compartilhada por todos, de se construir um mundo melhor, pode valer a sugestão
de substituir a intrigante interrogação “de que lado você está?” por um
exercício de autorreflexão. Avaliar, para além das ideias, a própria
participação na mudança requerida. Assim, torna-se possível responder, com mais
clareza, nova interpelação: “em que lugar você está?”.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente
desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em novembro a ainda estratosférica marca
de 318,3% nos últimos doze meses, e a taxa
de juros do cheque especial chegou em históricos 306,6%; e já o IPCA, tem
dezembro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 4,31%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega,
do direito e da justiça:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação
econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do
governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Isto
posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
- Pelo
fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares
do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e,
ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A
alegria da vocação ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de
infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre
pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.