quarta-feira, 8 de julho de 2020

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS LUZES DAS ESCOLAS E JUVENTUDE NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E A TRANSCENDÊNCIA DAS LIÇÕES DO PÁSSARO AMARELO NA SUSTENTABILIDADE



 “Educação, pandemia e juventude
        Hoje proponho uma reflexão acerca dos rumos que estamos dando à educação no Brasil e o que, de fato, desejamos de nossa atual juventude em sua maturidade. Com base em recente pesquisa divulgada em 23 de junho, pelo Conselho Nacional da Juventude (Conjuve), cerca de 28% dos jovens entre 15 e 29 anos pensam em deixar os estudos quando as escolas reabrirem. No caso das faculdades, que ofertam períodos semestrais ou trimestrais, essa realidade poderá chegar bem antes.
         Do ponto de vista econômico, esse cenário é trágico, pois enfraquece ainda mais as perspectivas de jovens e adolescentes quanto ao futuro profissional. No que tange à educação, compreendida como instrumentalização moral, técnica e ética para a vida, temos um déficit ainda maior, uma vez que uma grande parcela é deixada à margem da história pelas desigualdades da exclusão digital.
         Reconhecer a história das desigualdades no Brasil passou a ser um discurso comum e, muitas vezes, banalizado, principalmente por aqueles que querem parecer “politicamente corretos” sem, em contrapartida, realizar nada para transformar essa realidade. Frases como “o Brasil é um país do futuro” e “a juventude é o futuro da nação” têm sido repetidas por décadas e até séculos, sem que esse famigerado futuro se torne presente.
         Esse cenário que se arrasta e que arrasta os jovens das classes menos privilegiadas economicamente, somado ao inusitado da pandemia que vivemos, faz surgir para os estudantes dos ensinos médio e superior uma névoa quase intransponível sobre suas expectativas futuras. Sentimentos que deveriam ser comuns para a juventude, como, por exemplo, alegria, liberdade, esperança e busca de aventuras, são substituídos pelo tédio, medo, ansiedade e impaciência.
         A pesquisa realizada pelo Conjuve evidencia o que muitos sabem e poucos realizam: nossos adolescentes e jovens estão “gritando” por apoio das instituições governamentais. O Estado precisa construir uma base sólida que garanta políticas públicas eficazes para acolher, apoiar e incluir esses indivíduos em uma realidade que não pode ser mudada.
         Dados como o divulgado pela diretora da Unesco no Brasil, Marlova Noleto, de que 258 milhões de jovens estão excluídos do sistema educacional não podem ser recebidos como meros números estatísticos que vão abrilhantar teses acadêmicas ou projetos audaciosos que não saem do papel. É preciso que as instituições verdadeiramente comprometidas com a educação sejam incentivadas por políticas governamentais a implementar e ampliar ações que minimizem os abismos sociais e educacionais já conhecidos.
         Curiosamente, dos 33.688 jovens entrevistados pela pesquisa Conjuve, em todos os Estados da Federação, no período de 15 a 31 de maio, 44% destacam a necessidade de valorização dos educadores; 46% reconhecem a importância da ciência para o mundo, e 48% acreditam que devemos ter mais atenção nas relações humanas e de solidariedade.
         Os principais medos vividos por esses jovens estão relacionados à perda de entes queridos (75%) e ao receio de serem infectados (48%) ou de infectarem alguém (45%). Eles também acreditam em novas formas de estudar, apesar de 50% desses entrevistados não estarem certos se vão realizar as provas do Enem e 28% estejam cogitando a ideia de abandonar as escolas.
         Como pode ser avaliado, ainda, pelos dados da pesquisa do Conjuve neste momento em que o ensino presencial passou a ser remoto, apenas 54% dos jovens negros possuem acesso à internet, contra 78% dos mesmos jovens brancos; 70% dos jovens estão emocionalmente abalados com as incertezas do futuro; e 60% dos entrevistados acreditam ser necessário que as escolas desenvolvam atividades para os auxiliarem a lidar com as emoções e gerir melhor seu tempo e organização das atividades.
         Por fim, ouso afirmar, obviamente respaldada em parte pelo educador Paulo Freire, que as instituições devem promover uma prestação de serviços educacionais capaz de aliar qualidade, compromisso e respeito às especificidades do educando; os educadores devem discutir saberes fundamentais à prática educativa-crítica e moderna, sempre em sintonia com a realidade dos alunos; e ao Estado cumpre a tarefa de garantir, por meio de políticas e investimentos, o desenvolvimento e a inclusão da juventude no melhor cenário de uma nação que se pretende futurista.”.

(Cida Vidigal. Educadora e coordenadora do curso de direito da Faculdade Batista, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 1 de julho de 2020, caderno OPINIÃO, página 15).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 8 de junho de 2020, caderno A. PARTE, página 2, de autoria de VITTORIO MEDIOLI, e que merece igualmente integral transcrição:

“A vergonha
        Quando me mudei de continente, há 44 anos, tive que escolher muito bem as coisas que levaria na mala, de apenas 20 kg. Somente o essencial, e nela entrou o texto de uma prece singela, publicada em 1887, atribuída ao cacique Sioux Yellow Lark, doado a mim por uma pessoa muito importante na escolha de mudar, a mais difícil de minha vida. Num papel amarelado pelo tempo, ainda dobrado no passaporte que aqui me trouxe, em 1976, limpando gavetas, eu a li hoje com emoção. Seja pelos sentimentos expressos, seja pelas lembranças da ruptura com planos e sonhos de infância, especialmente acalentados pelos meus pais.
         Repetiria a escolha, sem dúvida e sem qualquer arrependimento. Acredito que Deus me deu a inspiração certa para embarcar no destino que me aguardava.
         A prece sinaliza que existem forças superiores que unem a humanidade, independentemente dos estudos, da cultura, da cor da pele e do país de nascimento. Sempre que a leio, imagino o cacique, “Pássaro Amarelo”, olhando, ao entardecer, para um ponto indefinido entre a planície e um céu vergado de cores, clamando a Deus:

“Ó Imenso Espírito, cuja voz sinto nos ventos/
e cujo respiro dá vida ao mundo todo,/ouve-me./
Prostro-me frente a Ti, um dos tantos filhos Teus,/
insignificante e frágil./

Preciso da Tua força, da Tua sabedoria./

Permite-me caminhar entre as coisas belas/
e deixa que meus olhos admirem/
o pousar do sol vermelho e ouro./

Faz que minhas mãos respeitem/
o que Tu criaste,/
e meus ouvidos sejam preparados/
para ouvir a Tua voz./

Deixa-me sábio, de forma que eu reconheça as coisas/
que Tu ensinaste ao meu povo,/
as lições que escondeste em cada folha,/
em cada rocha./

Procuro força, não para ser superior aos meus irmãos,/
mas para ser preparado a combater/
o meu maior inimigo: eu mesmo./

Deixa-me sempre pronto para retornar a Ti,/
com mãos limpas e olhos francos,/
de forma que, quando a minha vida se findar/
como a luz no ocaso,/
o meu espírito possa chegar a Ti/
sem qualquer vergonha”.
        
Nada mais para dizer, quase tudo que um homem precisa ser.
         Contudo, para eliminar a incômoda presença dos índios na América, levou-se a cabo um genocídio com a narrativa de que os povos indígenas eram uma ameaça grave para os colonizadores, e não o contrário.
         Na tribo vivia-se sem dinheiro e sem complicações, regidos apenas pelo bom senso, por leis naturais, aquelas que o cacique Sioux pedia ao Supremo para poder compreender em seu íntimo, respeitar e usar para o bem o de seu povo.
         A humanidade acelerou-se vertiginosamente. Estonteia pensar que o número de seres humanos sobre a Terra em apenas 70 anos triplicou, e nós fazemos parte desse fenômeno incrível.
         O desenvolvimento que conseguimos em tão breve tempo remete ao mito de Ícaro, a pandemia em curso pode ser o ponto em que as asas entram em combustão ao se aproximar do sol tão cobiçado.
         Guerras, sofrimento, extermínios, embora fossem “necessários” para adquirir o desenvolvimento atual, custaram o esquecimento da “vida” singela e feliz, como era no começo.
         Ver nos dias atuais os “caciques civilizados” se digladiando, no momento que recomendaria a união, a sabedoria, o esquecimento de diferenças, deixa a prece do líder Sioux como uma oportuna leitura.
         Como poderão se reunir com o Supremo sem sentir vergonha de suas atitudes?”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em abril a estratosférica marca de 313,43% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 119,32%; e já o IPCA, em maio, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 1,88%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação ...  

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...        

E P Í L O G O

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.






        

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