“Avaliação e ética
A avaliação sempre foi a
grande vilã da educação. Alguns a percebem como o fim de um processo de ensino,
aprendizagem, tempo e espaço para se tirar a prova do que o aluno aprendeu ou
não. Outros acreditam que a avaliação seja personagem principal de todo o
processo, a grande protagonista de tudo, em que os holofotes devem estar
virados o tempo todo. Todos concordam que ela só tem valor se servir de
diagnóstico do aprendizado e instrumento de tomada de decisões.
No
ensino remoto, como avaliar se o aluno, de fato, aprendeu ou não, se ele está
em casa, longe dos olhares afiados dos professores e poderá fazer sua avaliação
com consultas?
Devido a
uma cultura de que a avaliação é para aprovar ou reprovar apenas, o que muitos
buscam são respostas certas para conseguir “pontinhos” e pronto. Nessa perspectiva,
o que acaba acontecendo é uma cola desesperada para ser aprovado, sem
preocupação alguma com o objetivo maior da avaliação, que é o resultado do
aprendizado.
Será que
nós, escola, conseguimos, com nossa prática pedagógica, comunicar que avaliar é
importante para saber se aconteceu de fato o aprendizado? Que, ao avaliar um
aluno, estou avaliando o meu trabalho também?
E que os resultados do processo precisam ser reais para que eu possa
tomar novos rumos na minha prática e buscar soluções estratégicas para melhorar
o ensino?
Se a
avaliação não servir como um instrumento para melhorar a prática pedagógica e
para que os alunos consigam consolidar de fato o aprendizado, ela não será
válida.
É
preciso que os pais e alunos saibam da importância desse instrumento para
melhoria de todo o processo educativo.
Se, com
um resultado real em mãos, a escola não faz diversas análises, nada nunca
mudará. A avaliação não pode ser um fim em si, ela precisa ser um novo recomeço
para diversos alunos e propostas pedagógicas.
Em casa,
pais e alunos, é preciso que vocês saibam o quanto é importante fazer uma
avaliação mantendo a realidade do conhecimento do seu filho; só assim, seu
professor poderá saber se ele deverá avançar ou não em certas habilidades, ou
dar mais oportunidades para desenvolverem habilidades que serão necessárias e
indispensáveis para que novos conhecimentos sejam construídos.
Falo
aqui não apenas de avaliação e sua importância no processo de
ensino-aprendizagem, falo também de ética. Quem estará enganando quem ao se
fraudar uma avaliação? Precisamos que saibam por que fazemos avaliações, qual o
objetivo maior em se avaliar e o tanto que esse instrumento nos serve como
aliado na melhoria do nosso trabalho, o quanto podemos mudar práticas quando o
resultado não é satisfatório, o quanto podemos socorrer alunos com dificuldades
específicas.”.
(Jacqueline
Caixeta. Educadora, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição 17 de junho de 2020, caderno OPINIÃO, página 15).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no jornal FOLHA DE S.PAULO, edição de 19 de
julho de 2020, caderno opinião,
coluna TENDÊNCIAS / DEBATES, página A3,
de autoria de Maria Alice Setubal,
socióloga, é presidente do conselho da Fundação Tide Setubal e do Gife (Grupo
de Institutos, Fundações e empresas), e que merece igualmente integral
transcrição:
“Desigualdades
no
cenário
pós-pandemia
A crise da pandemia de Covid-19
descortinou os grandes desafios relativos à concentração de riqueza e suas
consequências nas desigualdades sociais, territoriais, tecnológicas e de gênero
e raça ao redor do mundo. A busca por um patamar social de bem-estar com espaço
seguro e justo para a humanidade, assim como as questões das mudanças
climáticas, coloca em xeque o desenvolvimento econômico no qual as pessoas e o
cuidado com o planeta não sejam prioridade.
Amartya
Sen, Nobel de Economia em 1998, enfatiza, no conceito de desenvolvimento, a
ampliação das aptidões das pessoas para que, saudáveis, empoderadas e
criativas, escolham seus projetos de vida. Diante de tantos desafios, a
economia do século 21 precisa atuar sobre as concepções distributivas e de
regeneração do plante.
No Brasil,
a crise sanitária já deixou milhões de famílias sem nenhum sustento, e as
previsões de queda do PIB tornarão esse quadro ainda mais grave. Enfrentar essa
situação exigirá um olhar sistêmico para políticas sociais, econômicas e
ambientais e a articulação da sociedade civil, do setor privado e dos governos.
A renda
básica emergencial parece apontar para uma real diminuição da pobreza nos meses
de abril e maio, o que nos leva a considerá-la como instrumento importante para
o alcance de um patamar mínimo de dignidade, assim como para a ativação das
atividades econômicas. Vale destacar que a pobreza tem cor e gênero: são as
mulheres chefes de família e os negros e negras que mais sofrem nesse cenário.
Ainda no
âmbito da economia, o pós-pandemia deverá acentuar demandas já existentes
anteriormente. As empresas devem contribuir par ao bem-estar da sociedade, indo
além do seu propósito de apenas gerar ganhos aos acionistas. A construção de um
mercado confiável exigirá também políticas e incentivos para micro, pequenos e
médios empreendedores e investidores, de modo que eles tenham espaço para
diversidade, criatividade e atividades econômicas nos diferentes territórios.
Nesse sentido, a articulação entre o investimento social privado, as
organizações da sociedade civil com o setor privado e as políticas públicas
será também fundamental.
Nada
disso, porém, pode ser construído sem a escuta e o envolvimento das periferias,
que protagonizam diariamente a criação de soluções para a precariedade dos
territórios. No enfrentamento da Covid-19 não foi diferente, e são inúmeros os
mecanismos de ajuda humanitária às populações e as soluções de ativação para
empreendimentos e empreendedores. Projetos como a Digital Favela, liderada por
Celso Atayde, da Favela Holding, e pela agência da Peppery, plataforma com
marcas e influenciadores das periferias que mostra o potencial de seus
produtos; o Comércio da Quebrada, com o portal Mondial Shop de e-commerce
dedicado aos pequenos comerciantes da Brasilândia; o Fundo Volta por Cima
(aliança do Banco Pérola com a Anip – Articuladora de Negócios de Impacto da
Periferia, composta por A Banca, Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da
FGV-Eaesp e Artemisia), que visa conceder empréstimos a juro zero a
empreendedores de impacto; além do Fundo Éditodos, grupo de organizações que
reúne vários atores do ecossistema de empreendedorismo negro no Brasil, entre
outros.
Estamos
em ano de eleições municipais, com o país mergulhado em uma intersecção de
crises sem precedentes. Nesse contexto, os valores e as vocações das periferias
são fundamentais na construção das políticas públicas. O território importa,
por isso precisamos das lideranças periféricas ocupando esses espaços para
assim termos realmente um formato inovador para alcançar impactos que deem
sentido à qualidade na vida das pessoas. É o momento daqueles que têm uma
agenda progressista de enfrentamento das desigualdades sociais, raciais,
tecnológicas e de gênero.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas
abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa
história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em junho a estratosférica marca de
300,31% nos últimos doze meses, e a taxa
de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 110,24%; e já o IPCA, em
julho, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,31%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a "... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...";
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega,
do direito e da justiça:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Isto
posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
- Pelo
fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares
do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e,
ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A
alegria da vocação ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de
infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre
pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário