segunda-feira, 24 de agosto de 2020

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS URGÊNCIAS E EXIGÊNCIAS DA JUSTIÇA TRIBUTÁRIA E DESENVOLVIMENTO INTEGRAL E AS LUZES DO PODER E UNIVERSALIDADE DOS PRINCÍPIOS E VALORES MORAIS NA SUSTENTABILIDADE

“Comportamento e desenvolvimento sustentável

       O padrão de consumo é absolutamente insustentável. O mundo não suporta a “democratização” do consumo nos moldes de produção existentes. Trata-se de um desafio global, complexo e urgente. Nesse sentido, faz-se necessário um esforço transdisciplinar para a compreensão dos desafios e das soluções factíveis sob as perspectivas política, social, econômica, tecnológica, ambiental e jurídica.

          O direito, e aqui no que se refere diretamente ao direito tributário, pode constituir-se num instrumento importante para a efetividade do desenvolvimento sustentável. Com efeito, o direito tributário agasalha três tipos de funções clássicas da tributação. A primeira, a mais conhecida e utilizada, limita-se à função de arrecadação de recursos para custeio das atividades do estado (função fiscal). A segunda – denominada “função parafiscal” – é aquela em que o Estado arrecada com vistas a financiar determinadas atividades, por meio de terceiros (como o Sistema S, por exemplo). A terceira – conhecida como “função extrafiscal” – refere-se à possibilidade de a tributação interferir no domínio econômico, com objetivos não arrecadatórios. É nesse ponto que a política tributária pode emergir como poderoso instrumento a favor do desenvolvimento sustentável.

          O ponto é simples, mas de implementação complexa: como o sistema tributário pode contribuir para o desenvolvimento sustentável? Partimos do pressuposto de que a tributação pode induzir empresas, instituições e cidadãos a realizar determinado comportamento. No âmbito da reforma tributária, é possível instituir uma nova política de tributação, que puna atividades com alto grau de externalidades negativas.

          Em outras palavras, o sistema tributário deve levar em consideração as consequências colaterais da produção de determinado produto e/ou serviço e estimular produtos que diminuam as externalidades negativas e/ou soluções que ajudem a minorar as consequências da produção (logística reversa, indústrias de reciclagem, energias renováveis, entre outras).

          Nosso ordenamento jurídico já caminha nesse sentido. A Constituição Brasileira, no capítulo “Dos Princípios Gerais da Atividade Econômica”, dispõe que a defesa do meio ambiente poderá se dar “mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação” (inciso VI, art. 170 da CF), abrindo as portas para alternativas de vulto no âmbito da política tributária de todos os entes federados, com ganhos efetivos para o meio ambiente.

          Num momento de reinício de debate a respeito da reforma tributária e a apresentação de uma modesta proposta pelo governo federal, precisamos de um maior esforço do Congresso Nacional para a aprovação de uma política tributária que conjugue uma maior justiça social, ganhos de eficiência e mecanismos de incentivo ao desenvolvimento sustentável.

          Trata-se de tarefa complexa, mas que não pode mais ser deixada de lado. É hora de repensar nosso modelo de desenvolvimento e de ousar na reformulação do anacrônico sistema tributário brasileiro, que rouba mercados, empregos e qualidade de vida.”.

(Thiago Camargo. Advogado e sócio do escritório Marcelo Guimarães Advogados e da Sinapse Consultoria e Projeto, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 19 de agosto de 2020, caderno OPINIÃO, página 21).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.domtotal.com, edição de 21 de agosto de 2020, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:

“Quero a luz

       Desejar a luz faz lembrar o coração inquieto de Agostinho de Hipona que, ao sentir-se confrontado pelo mal, perguntava-se: “Quem desembaraçará este nó enredado e emaranhado?” – “É asqueroso, não o quero fitar nem ver. Quero-vos a Vós ó Justiça e Inocência tão bela e tão formosa, com puros resplendores e insaciável saturação!”.

          “Quero a luz” é a expressão de um desejo a ser operado pela força de princípios inegociáveis, a exemplo da preciosa recomendação do apóstolo Paulo, em sua carta aos Romanos: “Não te deixes vencer pelo mal, vence antes o mal com o bem”. É incontestável, sabe-se muito bem, que em toda tentativa de vencer o mal com o mal, o resultado da batalha é a derrota ainda maior. Nesse horizonte se desenha preciosa lição com força de remédio ante os dramáticos cenários que pesam sobre os ombros da humanidade: somente o bem pode derrotar o mal. É essa também a receita terapêutica para sanar realidades feridas pelos constantes combates fratricidas que enfraquecem instituições no seu interno, multiplicam as violências, validam preconceitos, a exemplo das posturas racistas e excludentes.

          Nesse cenário se põe a discussão acalorada a respeito de razões. Mas razões não podem ser desvinculadas de princípios. E os princípios são inegociáveis. Ao contrário disso, corre-se o risco de se permitir tudo. Não se pode simplesmente considerar que a batalha em curso seja um conjunto de meras acareações, apenas para deliberar a perspectiva de quem tem razão, agindo como se o conjunto da vida pudesse ser tratado em partes estanques. Em questão está o jogo que envolve o mal, o bem e o amor.

          Diante de trágicas experiências, é próprio do comportamento humano procurar identificar as raízes do mal, explicar suas causas e fazer valer dinâmicas para a sua superação. Desafio que se torna ainda mais complexo no contexto da administração do dom precioso da liberdade humana. Assim, incontestavelmente, o bem e o mal ganham o rosto e o nome daqueles que os escolheram livremente. “Quero a luz” deve representar o desejo de, humildemente, se abrir e aprender a gramática da lei moral universal. Na gramática da lei moral está inscrito o compromisso intocável da responsabilidade para com a vida de cada pessoa, considerada dom sagrado, defensável e promovido em qualquer que seja a circunstância, por ser um bem acima de todo e qualquer bem.

          Ao contemplar os cenários da sociedade mundial, não se pode camuflar a efetiva difusão de numerosas manifestações sociais e políticas da maldade – da desordem social à anarquia, da injustiça à violência contra o outro – fecundadas pela indiferença e amparadas em relativizações dos valores e dos princípios intocáveis da lei moral. O mundo está afligido por muitos males sociais e políticos, com a eclosão das violências. O investimento permanente na aprendizagem, na prática dos princípios e valores da gramática da lei moral contracena com o exercício do poder. O poder que todos têm, em medidas diferentes, como parte da composição do tecido de sua cidadania, de sua confissão de fé e nos contextos de sua representatividade e responsabilidades interage com os cenários da vida social e política.

          Ensinava, com simplicidade, um mestre a seus neófitos que o poder é exercício vinculado ao desempenho de uma autoridade que lhe compete. E a autoridade, vinculada à capacidade de ser autor do bem, fruto da verdade e da consideração de princípios intocáveis que inspiram legislações, fomentam hábitos, que definem práticas e constituem o tecido da cultura, tendo a vida sempre como um dom precioso e intocável. Incontestavelmente os grandes equívocos da humanidade nascem do uso inadequado, injusto e confuso do poder individual, a partir de sua condição ou advindo do exercício que a profissão lhe compete – na vivência cidadã e nos serviços públicos.

          No conjunto das muitas obscuridades encontram-se, pois, exercícios equivocados no uso e desempenho do poder. Ora, porque se tem excessivo poder, em instâncias que tomam decisões estreitadas por interesses próprios – não há vontade política de preservar a vida e defendê-la –, ora porque, não raramente, um poder é exercido sem a esperada competência humanística, apenas com o objetivo de usufruir das benesses. Há uma gama de descompassos em andamento no exercício do poder, sem poupar qualquer que seja a instância, da religiosa à judiciária, da instância familiar à política, com passagem pelos desencontros cotidianos de civilidade. Revela-se, assim, a fonte de desmandos, a falta de pudor em fazer valer o que, subjetivamente, se considera oportuno.

          As sociedades mundial e local encontram-se numa travessia marcada por muitas agruras, dentre elas as feridas expostas de um poder fragilizado pelas muitas práticas equivocadas, pela incapacidade de se efetivar o que se configura na legislação, a começar pela Constituição Federal. Esse horizonte dos descompassos que envolvem desde opiniões aos seus resultados, comprometendo a vida no seu conjunto, pede uma aprendizagem nova. Isso, para conter a exorbitância no uso do poder, evitando-se a relativização do intocável, a mistura do que é imiscível – dinâmicas que atrasam processos, adoecendo o planeta e as pessoas em disputas figadais por interesses que comprometem o inegociável princípio da solidariedade. À luz da inquietação de Agostinho de Hipona, ante o mal crescente e os descompassos, todos estão desafiados a um mea culpa e a um anseio renovado por deixar ecoar no coração o desejo-experiência de querer a luz.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a)    a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);

b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em junho a estratosférica marca de 300,31% nos últimos  doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 110,24%; e já o IPCA, em julho, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,31%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

c)    a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)

(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

 Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

58 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação ...  

 

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...  

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

 

 

 

 

 

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