“A arte do desperdício
Sempre
me foi dito, com entusiasmo, que “o Brasil é o país do futuro”, de vastas
riquezas naturais, celeiro do mundo, com água abundante, terras cultiváveis e
gente trabalhadora. Concordo parcialmente, já que é frustrante termos perdidos
tantas vezes, na nossa história, os bondes do desenvolvimento e ainda sermos o
país do amanhã.
Não
investimos com qualidade em educação, protegemos alguns setores econômicos em
demasia, complicamos as leis tributárias, travamos o Orçamento público e
gastamos acima da nossa capacidade. Como todas as decisões geram efeitos
colaterais, impedimos o aumento da produtividade, sufocamos as inovações
tecnológicas, tiramos a competitividade da indústria ante as transformações
globais e desencadeamos um rápido crescimento da dívida e da aversão de se
investir no Brasil.
Além
disso, quando o mundo inteiro cresceu, ficamos estagnados devido à nossa
habilidade em decidir mal e à letargia em resolver os erros que cometemos.
Neste momento, poderemos perder outro bilhete rumo ao progresso: os juros baixos.
Os juros
baixos incentivam os poupadores a buscarem alternativas de geração de valor
para o patrimônio, já que a renda fixa não oferecerá o retorno esperado. Nesse
sentido, o setor produtivo se torna mais atrativo, sendo um dos principais
destinos de todo esse capital privado até então entesourado.
Exemplificando
o poder transformador do fluxo de capitais proporcionado pelas baixas taxas de
juros, o Brasil registrou no ano passado 28 IPOs (“initial public offering”, ou
oferta pública inicial) com uma captação total de R$ 117 bilhões. Já no ano de
2021, 13 empresas concluíram a abertura de capital, com captação de mais R$
10,6 bilhões, e outras 30 empresas, como as mineiras Mater Dei e Urba, entraram
com os pedidos e estão aguardando o momento de estrearem na Bolsa de Valores.
Considerável fatia desses recursos financiará a expansão de atividades das
companhias, propiciará o surgimento de novos negócios e ampliará os
investimentos em tecnologia que aumentarão a produtividade da economia, gerando
mais empregos e renda para a população.
Nitidamente,
estamos diante de uma oportunidade de substituirmos o crescimento nacional com
base em gastos públicos, subsídios e aumento de dívida por uma dinâmica privada
de alocação de capital.
E o que
é necessário para a perenidade desse ciclo? Enquanto nação, é essencial
aprovarmos as mudanças de longo prazo que o Brasil necessita, viabilizando a
sustentabilidade da dívida pública, a estabilidade econômica e um ambiente
favorável ao empreendedorismo.
Pelo
nosso passado, receio não conseguirmos, mas, como um otimista, torço para que o
economista Roberto Campos não esteja tão certo em sua irônica frase: “O Brasil
não perde uma oportunidade de perder uma oportunidade”.”.
(Daniel Perdomo. Economista e sócio do Trium
Capital, escritório credenciado à XP Investimentos, em artigo publicado no
jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição 2 de março de 2021, caderno OPINIÃO,
página 19).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de
artigo publicado no jornal FOLHA DE S.PAULO, edição de 14 de dezembro de
2020, caderno opinião, coluna TENDÊNCIAS / DEBATES, página A3, de
autoria de Filippo Grandi, eleito pela Assembleia Geral da ONU em 2016,
é o 11º Alto Comissário da ONU para Refugiados; foi eleito para o cargo até 30
de junho de 2023, e que merece igualmente integral transcrição:
“Meu desafio ao mundo: façam
a paz e tirem-se do emprego
Nesta
segunda-feira (14), o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados
(Acnur) completa 70 anos de idade. Para uma organização que deveria deixar de
existir três anos após ser criada, este é um aniversário desconfortável que não
temos a intenção de celebrar.
Enquanto
um mundo despedaçado se reconstruía após a Segunda Guerra Mundial, o Acnur
deveria encontrar um novo lar para os refugiados da Europa. Naquele 14 de
dezembro de 1950, seu mandato era limitado no tempo, geograficamente e
explicitamente apolítico, como se sua existência lembrasse as misérias que
deveriam ser varridas junto com escombros da guerra.
Mas
mudanças na ordem mundial trouxeram novos conflitos e mais refugiados: desde
húngaros escapando da revolta de l956, esmagada por forças soviéticas, a
argelinos deslocados pela guerra de independência do país em 1957 e os
conflitos que acompanharam a era pós-colonial. Ano após ano, em todos os
continentes, o Acnur foi chamado para ajudar um número crescente de pessoas
forçadas a se deslocar.
O ano de
2019 marcou quatro décadas de deslocamentos vindos do Afeganistão. E 2021 será
10º ano do conflito na Síria. E assim vamos: vários aniversários indesejados,
novos conflitos emergindo ou se mantendo à tona, enquanto os impactos dos
antigos ainda permanecem. Um mundo que prometeu embarcar em uma nova era de paz
se mostrou muito bom em escolher brigas, mas pouco adepto a resolvê-las.
Colegas
do Acnur do passado e do presente têm muito orgulho da diferença que fizeram na
vida de quem protegeram e salvaram. E se orgulham de enfrentar novos desafios, como
as mudanças climáticas e, mais recentemente, a pandemia do coronavírus –
fatores que ampliam os já significativos problemas causados pelo deslocamento
forçado.
Ao mesmo
tempo, desejam não terem feito isso. Se partes conflitantes concordassem um
cessar-fogo, se as pessoas deslocadas pudessem retornar para casa em segurança,
se governos compartilhassem a responsabilidade pelo reassentamento, se os
países mantivessem suas obrigações sob as leis internacionais de asilo e o
princípio da não devolução (não mandar de volta quem fugiu de ameaças às suas
vidas), então nós no Acnur teríamos muito menos com o que se preocupar.
Em 1994,
fui parte da equipe de emergência do Acnur no então Zaire, agora República
Democrática do Congo. Em quatro dias, 1 milhão de pessoas cruzaram a fronteira
com Ruanda, apenas para cair em um surto de cólera que matou dezenas de
milhares. Colegas comprometidos em proteger essas pessoas estavam, em vez
disso, cavando sepulturas. Você pode pensar nas vidas que salvou, nos momentos
em que o desespero de uma pessoa refugiada se torna esperança devido às suas
conquistas. Mas você nunca deixa de pensar nas vidas que não conseguiu salvar.
Há quase
um ano, o número de pessoas refugiadas, deslocados internos, solicitantes de
asilo e apátridas atingiu 1% da população mundial. Imagino qual percentual
poderíamos considerar inaceitável: 2%, 5% ou mais? Quantas pessoas precisam
sofrer as perdas e indignidades do deslocamento forçado antes que líderes
políticos trabalhem para solucionar as causas das fugas?
Então,
no 70º aniversário do Acnur, lanço um desafio à comunidade internacional:
tirem-me do emprego. Busquem construir um mundo sem a necessidade de uma
agência da ONU para refugiados, no qual ninguém seja forçado a fugir. Não me
entendam mal: se o problema permanece, nosso trabalho é crucial – o paradoxo é
que nós não deveríamos existir. Se seguimos contando muitos outros
aniversários, a única conclusão será a de que a comunidade internacional
falhou.
Mas, se
os fatores que forçam deslocamentos massivos fossem resolvidos em apenas meia
dúzia de países, milhões de pessoas refugiadas poderiam voltar para casa, assim
como milhões de deslocados internos. Isso seria um bom começo – e algo a ser
realmente celebrado.”
Eis,
portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e
reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história –
que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
b) o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são:
c) a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2021, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,236 trilhões (53,83%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,603 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e
eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz:
“... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos,
mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite
da dívida pública...”).
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
59
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2020)
- Estamos nos descobrindo através da Excelência
Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando
nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da
sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral:
econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e
preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação: juntando diamantes...
porque os diamantes são eternos!
Afinal, o Brasil é uma
águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão
olímpica e de coragem!
E P Í L O G O
CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador,
Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e
não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados
com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do
saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse
construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e
dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim!
Eternamente!”.
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