“Convergir para não sucumbir
Há
mais de uma década, quando ressaltava a importância da cultura de paz nas rodas
de conversa entre artistas, políticos, empresários – enfim, no círculo de
amigos que costuma frequentar –, era vista como pessoa utópica, quase ingênua.
Meus colegas do “Casseta & Planeta” faziam piada do meu título de
embaixadora da paz. Eu apenas sorria, pois sabia que estimular relações
saudáveis regidas pela cooperação nada tinha a ver com ser boazinha. Tratava-se
de uma questão de inteligência, e acreditava que, mais ou mais tarde, o tempo
agiria a meu favor.
As
pautas primordiais da atualidade – pandemia, aquecimento global, bombardeios na
Faixa de Gaza e o avanço acelerado das tecnologias disruptivas, sem que a
regulamentação internacional possa garantir que a ética prevaleça (ou seja,
esse momento histórico surreal que estamos vivendo) – acentuaram a relevância
de tratarmos de construir uma visão pacificadora.
Ouso
arriscar que pode ser considerado ingênuo aquele que ainda não percebeu que
promover o diálogo entre liberais, conservadores e progressistas é algo
imprescindível no Brasil. Precisamos provar que a convivência por meio de uma
dialética sofisticada, que faça jus à pluralidade do nosso povo, é possível.
A
urgência em romper com a incapacidade de renunciar ao autoengano que nos mantêm
em bolhas alimentadas por notícias manipuladas, tentando provar que adversários
são inimigos, é soberana. Somo um só povo, não podemos mais agir como
adversários de nós mesmos. Muito menos como inimigos!
Diante
de milhões de brasileiros desempregados, passando fome e do inevitável aumento da
violência, investir em caminhos capazes de gerar acertos, acordos e reconciliações
– enfim, apostar todas as nossas fichas num ponto de convergência onde soluções
possam surgir – deve ser considerada “a ordem do dia”.
Daí
surge uma parceria entre a Embaixada da Paz (associação fundada pelo meu grupo
de colaboradores com o objetivo de promover a cultura da paz) e o STJ (Superior
Tribunal de Justiça), sob a presidência do ministro Humberto Martins.
Nosso
primeiro evento é uma conferência que acontecerá nesta quinta-feira (27), às
8h30, pelo canal do YouTube do STJ (https://www.youtube.com/watch?v=ZFKcCwyEmAo),
para discutir a miséria como origem da violência, com a presença de autoridades
brasileiras e dois grandes expoentes internacionais: José Ramos-Horta, ex-presidente
do Timor-Leste (Nobel da Paz em 1996), e o ativista Kailash Satyarthi (Nobel em
2014), ambos falando sobre a superação da miséria humana personificada na
escravidão e na guerra.
Chegou a
hora de a nação amadurecer, porque é disso que se trata. Amadurecer.
Numa
situação conflituosa, cabe àquele que tiver maior maturidade conduzir os
acontecimentos de modo a evitar que a violência se estabeleça. Precisamos nos
preparar para lidar com o despreparo do outro e favorecer a atitude coletiva
pacífica.
É hora
de declarar a paz.”.
(Maria Paula. Atriz, psicanalista com mestrado
em desenvolvimento humano e saúde (UnB) e embaixadora da paz, em artigo
publicado no jornal FOLHA DE S.PAULO, edição de 26 de maio de 2021,
caderno opinião, página A3).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de
artigo publicado no site www.domtotal.com,
edição de 04 de junho de 2021, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO,
arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:
“Romaria pela ecologia
O
Dia Mundial da Ecologia, 5 de junho, será vivido com a celebração da 2ª Romaria
Arquidiocesana pela Ecologia Integral, promovida pela Arquidiocese de Belo
Horizonte, em sintonia e emoldurada pelos parâmetros da Carta Encíclica Laudato
Si’, do Papa Francisco, sobre o cuidado com a casa comum. A programação é
coordenada pelo Vicariato Episcopal para Ação Social, Política e Ambiental,
especificamente por seu Setor Ambiental, articulado em três importantes
comitês: sobre a mineração na Serra da Piedade, sobre a água – precioso e
disputado bem – e sobre a mineração em muitos outros lugares do território
mineiro. A 2ª Romaria Arquidiocesana pela Ecologia Integral será no Santuário
Basílica Nossa Senhora da Piedade – Padroeira de Minas Gerais, um território
ameaçado por lógicas predatórias e equivocadas nos licenciamentos ambientais.
Essa situação requer a mobilização da sociedade civil, que deve exigir mais
coerência do poder público na preservação da natureza, dedicando atento
acompanhamento de instâncias judiciárias para se evitar mais passivos
ambientais – prejuízos provocados por ilegalidades que, posteriormente, serão
reconhecidas, mas que já estão causando danos em nome do enriquecimento de
poucos.
Esse
horizonte de decisões monocráticas de instâncias judiciárias e de
licenciamentos ambientais questionáveis indica a necessidade de se realizar a
2ª Romaria Arquidiocesana pela Ecologia Integral. A 1ª Romaria foi celebrada em
25 de janeiro de 2020, um ano depois da terrificante tragédia-crime ocorrida em
Brumadinho, com o rompimento da barragem do Córrego do Feijão. A barbárie de
Brumadinho exige uma memória reverente aos que se foram e dedicação solidária a
quem ainda sofre com as consequências do dano socioambiental. A Romaria
Arquidiocesana pela Ecologia Integral é, pois, emoldurada por profundo respeito
à vida, e busca promover o aprendizado de novas lições. Por meio da Romaria, é
fortalecida a voz de clamores que não podem ser abafados sob pena de se
anestesiar sensibilidades ante a desmandos, permissividade e impunidades. A
indiferença em relação à hegemônica lógica do lucro, com aquiescência às
brutalidades da depredação e da desconsideração da vida, não pode prevalecer.
Cada ser humano precisa reconhecer a sua missão no cuidado, por regência, de
todas as criaturas, em respeito ao seu Criador.
A
celebração da 2ª Romaria Arquidiocesana pela Ecologia Integral no Santuário
Basílica da Padroeira de Minas Gerais, referência na devoção mariana, centro de
espiritualidade, mas também santuário ecológico de proporções ambientais
exuberantes, em flora, fauna, água, biomas do Cerrado, Mata Atlântica e Campos
Rupestres, é um sinal de alerta na contramão da mineração extrativista e
inconsequente. A Romaria é também convite a um novo marco civilizatório para o
cuidado com a casa comum, com o objetivo de promover um inteligente e
sustentável desenvolvimento integral, investindo em novo estilo de vida.
Reforça-se o pertinente alerta ao antropocentrismo moderno, que acabou
colocando a razão técnica acima da realidade. Devem ser reconhecidos os limites
que a realidade estabelece no que, habitualmente, é chamado de
“desenvolvimento”, para que avanços sejam, de fato, humanos, sociais e
fecundos.
Cada vez
mais pessoas se convençam sobre a importância urgente e inegociável de se
pautar a vida por uma ecologia integral. Isto significa reconhecer a
interrelação entre as dimensões ambiental, econômica, social e cultural. Nessa
compreensão está inscrita a exigência de reflexões sobre as condições de vida e
de sobrevivência na sociedade, com honestidade, conforme acentua o Papa
Francisco, para questionar e substituir modelos de desenvolvimento, de produção
e de consumo prejudiciais ao planeta e, consequentemente, à humanidade. Compreende-se,
pois, que promover educação e espiritualidade ecológicas é tarefa missionária,
intrinsecamente vinculada à fé cristã.
A
humanidade precisa passar por mudanças, caso contrário avançará com um
desenvolvimento ilusoriamente lucrativo, mas, na verdade, suicida, por produzir
irreversíveis prejuízos, com pandemias e outras catástrofes pesadas demais. Há
um grande desafio cultural, espiritual e educativo a ser assumido por todos,
oportunidade para viver longo processo de regeneração. Esse processo, para ser
exitoso, demanda estudos técnicos com convincente lucidez e, especialmente,
atitudes cada vez mais balizadas por princípios ético-morais inegociáveis. As
discussões, os confrontos científicos, a coragem de se questionar marcos
regulatórios e legislativos ineficazes para a proteção ambiental são
indispensáveis à recuperação da casa comum.
A
mudança no estilo de vida poderá influenciar, a partir de pressão salutar,
aqueles que detêm poder político, econômico e social. Por isso, toda a
sociedade deve enfileirar-se em uma constante Romaria pela Ecologia Integral.
Um percurso pedagógico que contempla sensibilizar-se pelos clamores dos pobres
da Terra. Amanhã, a Romaria pela Ecologia Integral será presencial, com as suas
restrições em razão da necessidade de se respeitar o distanciamento social, e,
particularmente, congregando pessoas pelas redes tecnológicas de comunicação.
Mas todos, a cada dia, sintam-se convidados a participar da Romaria pela
Ecologia Integral, motivados a encontrar nova compreensão que permita fazer
surgir renovado jeito de viver, impulsionando, assim, o desenvolvimento
sustentável.”.
Eis,
portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e
reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história –
que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
b) o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são:
c) a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2021, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,236 trilhões (53,83%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,603 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e
eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz:
“... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos,
mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite
da dívida pública...”).
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
59
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2020)
- Estamos nos descobrindo através da Excelência
Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando
nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da
sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral:
econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e
preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação: juntando diamantes...
porque os diamantes são eternos!
Afinal, o Brasil é uma
águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão
olímpica e de coragem!
E P Í L O G O
CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador,
Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e
não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados
com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do
saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse
construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e
dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim!
Eternamente!”.
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