quinta-feira, 2 de setembro de 2021

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS URGÊNCIAS E EXIGÊNCIAS DA QUALIFICAÇÃO HUMANA PARA UMA NOVA ORDEM CIVILIZATÓRIA NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E AS LUZES DA ESPIRITUALIDADE, JUSTIÇA, PARCIMÔNIA, DISCIPLINA E ALTRUÍSMO DAS LIDERANÇAS EFETIVAS NA SUSTENTABILIDADE (58/112)

(Setembro = mês 58; faltam 112 meses para a Primavera Brasileira)

“Réquiem ao Homo sapiens

        O Homo sapiens é a mais surpreendente criação da natureza: capaz de inventar sapato e, 5.500 anos depois, deixar um bilhão de seus semelhantes descalços. Nesse período, deixou de jogar pedras com a mão e passou a jogar bombas atômicas, com a mesma ética belicista do passado. Passou do cultivo manual para tratores robóticos e sementes manipuladas, mas, em vez de distribuir para quem tem fome, joga fora a comida que sobra. A natureza criou um animal que evoluiu na lógica para manipular a natureza, mas incapaz de regular o uso de sua força de forma sustentável e decente.

         O escritor Arthur Koestler parece ter razão com a hipótese de que o Homo sapiens foi resultado de um erro de mutação, desenvolvendo um cérebro lógico, com moral que não evolui: a lógica da bomba atômica, a ética da política tribal. O resultado é que a racionalidade técnica provocou o aquecimento global e deixou a ética e a política despreparadas para evitar a catástrofe. A mutação deveria ter desenvolvido a responsabilidade moral.

         O Homo sapiens condena-se à extinção na busca de aumentar o tempo de sua vida com o máximo de riqueza e consumo. A maior maravilha criada pela natureza é uma espécie que marcha para o suicídio, ao usar o poder do cérebro lógico a serviço do individualismo com voracidade de consumir e ganância por lucro.

         A suspeita de que o Homo sapiens é suicida parece confirmada pelo relatório das Nações Unidas que detalha as mudanças climáticas, com desarticulação da agricultura, elevação no nível do mar, extinção de animais. Apesar de a humanidade ser alertada dos riscos há mais de 60 anos, as políticas nacional e internacional não conseguiram barrar catástrofes ecológicas e desigualdade socia.

         As mudanças climáticas mostram que voracidade de consumo, ganância de lucro e a política individualista conspiram contra o futuro da humanidade. O Homo sapiens parece caminhar para o próprio fim. Salvo se usar biotecnologia e inteligência artificial para desenvolver um “neo-homo-sapiens”, forte, inteligente e longevo, deixando para trás bilhões de “neo-neandertais”, debilitados física e mentalmente, passíveis de extinção física.

         Se optar pela catástrofe ecológica da extinção ou pela catástrofe moral da ruptura da espécie, o atual Homo sapiens e sua humanidade deixarão de existir. Koestler terá tido razão: por um erro de fabricação, o Homo sapiens é a única espécie programada para o suicídio.

         Felizmente, ainda há esperança de que a inteligência possa despertar sua própria irresponsabilidade moral, a falta de valores éticos comprometidos com a sobrevivência da espécie. Mas a história das últimas décadas parece dar razão a Koestler e justificar um réquiem ao Homo sapiens.”.

(Cristovam Buarque. Professor emérito da UnB e membro da Comissão Internacional da Unesco para o Futuro da Educação, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 27 de agosto de 2021, caderno OPINIÃO, página 21).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 30 de agosto de 2021, caderno A.PARTE, página 2, de autoria de VITTORIO MEDIOLI, e que merece igualmente integral transcrição:

“Materialista ou místico

        É no silêncio que mais se aproveita a felicidade espiritual e no barulho que se esconde o triste vazio materialista.

         “O homem meramente profano, o mais comum, precisa de ruídos; o homem místico é silenciosamente solitário. O homem plenamente crístico (evoluído espiritualmente) é dinamicamente solidário. Ela sabe que as coisas materiais não apagam o desejo; pelo contrário, quanto mais festejadas, tanto mais acendem outros desejos. O ‘querer egoísta’ não tem fim, exige novas posses, sempre maiores e mais esplendorosas – os profanos necessitam intensificar os estímulos a cada momento, para almejar novos prazeres; e, não raro, procuram narcotizar-se para obliterar a parte divina da consciência humana. Como quem bebe água salgada para apagar a sede, ascendendo-a cada vez mais, perdem seu tempo, e a vida, na procura do supérfluo e inútil”.

         A pior das discórdias, a mais trágica das guerras, é o conflito que o homem traz dentro de si mesmo, o conflito entre o ego de sua humana personalidade e o Eu espiritual da sua divina individualidade.  “Fatti non fummo per viver come bruti”, ensina Dante Alighieri.

         Por isso, o homem que chegou ao conhecimento de si mesmo, o místico, é invulnerável aos ataques profanos; ninguém pode ofendê-lo, ninguém pode empobrecê-lo, ninguém lhe pode infligir perda de espécie alguma, uma vez que ninguém pode obrigá-lo a perder o que ele é.

         O homem que estabeleceu a paz de Deus em sua alma é um poderoso fator para restabelecer a paz em outros indivíduos e na sociedade. O filósofo místico norte-americano Emerson disse, certa vez, a um homem que falava muito em paz, mas não a possuía dentro de si: “Não posso ouvir o que dizes, porque aquilo que tu és fala mais alto”.

         Isso pode se aplicar, ainda hoje, em larga escala, às figuras mais expostas social e politicamente, mostrando a imaturidade que aflige a eles e se reflete na nação.

         Quem não é pacificado dentro de si mesmo não pode ser pacificador fora de si. Quanto mais perturbado o homem é internamente, pela ausência de harmonia espiritual, tanto mais necessita de alegrias externas, geralmente ruidosas, asquerosas e violentas. Esse homem não tolera a solidão, que lhe traz consciência mais nítida da sua vacuidade e da sua desarmonia interior; por isso, evita quanto possível estar a sós consigo. Procura companhia por toda parte e, quando não a pode ter em forma de pessoas, canaliza para dentro da sua insuportável solidão os ruídos da rua, do mundo infernizado. Alguns vão mais longe e recorrem a entorpecentes e bebidas para povoar sua triste solidão.

         Quem teme a meditação foge da autoanálise, necessita de toda espécie de distrações para esquecer a si mesmo.

         Geralmente, os homens mais felizes são ignorados pela humanidade. Os milionários da felicidade são, quase sempre, os grandes anônimos da história, os “não-existentes” nos noticiários. Estes nem pela mídia são tratados, são homens que aparecem em público com raras exceções. Expressam-se por meio de mensageiros. São os irmãos anônimos que estão presentes onde haja serviços a prestar, difíceis de serem identificados por detrás das suas obras. Os muitos e os ruidosos, que falam de si, são marionetes muitas vezes danosos, porque não encontram espaço no anonimato da benevolência universal, em que os méritos são retribuídos com a felicidade mais intensa.

         Os verdadeiros redentores da humanidade são tão felizes no cumprimento da sua missão que nunca esperam pelos aplausos de plateias. São igualmente indiferentes aos louvores e às injúrias, porque eles vivem na poderosa e invisível comunidade a serviço da evolução, ou seja, do lado oposto do destruidor, e dos conflitos egoístas.

         O homem justo, espiritual, pelo simples fato de existir, contraria o injusto porque ao lado dele acentua as deficiências e as falhas do outro.

         Quem não adota a honestidade interior não tolera, minimamente, a realidade de sua inferioridade em relação ao sábio. Disso eclodem dois tipos de reação. Pode-se despertar em alguns, os superiores, o vivo desejo de ser tão espiritual quanto o sábio místico, ou, em sentido oposto, uma agressividade destruidora: “Se não consigo ser em paz comigo, como o sábio é com ele, melhor apagar sua presença”.

         Enfrentar o martírio pode o destino do místico, como o de um cordeiro entre lobos esfomeados. Mas nessa missão, no ápice de sua solidariedade, encontra a função de nutrir as feras enquanto abre-lhe outra oportunidade de redenção.

         O egoísta não é útil nem amado, o místico é, por dentro, unicamente de Deus e, por fora, um ajudante de todas as criaturas de Deus. Sem dúvida, o grande aliado da evolução.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

 Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);

 

b)  o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:

 I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em julho a estratosférica marca de 331,49% nos últimos doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 123,48%; e já o IPCA, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 8,99%);

 II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 521 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...);

 III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

 

c)  a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2021, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,236 trilhões (53,83%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,603 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

 

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)

 

(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

 

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

 São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

 Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

 “VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

60 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação: juntando diamantes... porque os diamantes são eternos! 

 

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem!  

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

 

 

 

 

 

 

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