“Floresta amazônica e importância para regime de chuvas
A
região amazônica do Brasil possuía, originalmente, 356 milhões de hectares de
cobertura vegetal, dos quais 280 milhões de hectares eram de floresta tropical
densa. Destes, 273,5 milhões de hectares eram de florestas de terra firme, e
6,6 milhões de hectares, florestas de várzea (periodicamente inundadas no
período de chuvas). Isso correspondia a 78% da cobertura florestal do Brasil e
a 30% da área mundial de floresta tropical densa. Nos últimos 50 anos, o
processo de ocupação humana da Amazônia provocou o desmatamento e a consequente
redução da floresta. Segundo os professores Thomas Lovejoy e Carlos Nobre, da
Jorge Mason University e do Instituto Nacional de Ciências e Tecnologia para
Mudanças Climáticas, respectivamente, o bioma amazônico perdeu 17% nos últimos
50 anos devido ao desmatamento, sendo que o limite seria de 20% para que
não houvesse consequências irreversíveis
para o clima e o ciclo hidrológico.
A
importância da floresta amazônica é conhecida por vários motivos, a exemplo de
constituir um reservatório da biodiversidade. Entretanto, sua importância e
participação no ciclo hidrológico, em especial para o regime de chuvas das
regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, são pouco conhecidas pela
população.
A
floresta amazônica recebe uma grande carga de humidade advinda do oceano
Atlântico, que provoca chuvas na região, as quais promovem o crescimento da
floresta e a umidade do solo. Ao mesmo tempo, o calor provoca a perda de água
nos ecossistemas da Amazônia devido à evaporação a partir do solo úmido e pela
transpiração das árvores. É o fenômeno conhecido “evapotranspiração”,
responsável pela formação de nuvens que complementam as nuvens vindas do oceano
Atlântico.
As
nuvens que se formam a partir da umidade gerada pela evapotranspiração da
floresta geralmente são empurradas a 5.000 m de altitude por ventos que sopram do
oceano Atlântico para o Pacífico (de leste para oeste) até esbarrarem na
cordilheira dos Andes.
Essas
nuvens acumulam-se sobre o leste da região amazônica, até que o chamado
“sistema anticiclone”, a 3.000 m de altitude, no sentido anti-horário, começa a
transportar as nuvens na direção sul, margeando os Andes e chegando às regiões
Sul, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil.
O
desmatamento acaba com a floresta, e o solo seca, fazendo com que a
evapotranspiração não ocorra. Sem nuvens, não existem chuvas. Sem chuvas, os
níveis dos reservatórios das hidrelétricas e de captação de água entram em
colapso, afetando todo o sistema hídrico nacional. É o que está ocorrendo nos
dias atuais.
Cientistas
alertam que a situação tende a se agravar se providências concretas não forem
adotadas pelos governos e pela sociedade organizada para a efetivação de ações
relativas à preservação e à conservação da floresta amazônica.”.
(Mauro Silva Reis. Ex-professor da UFV,
ex-presidente do IBDF (atual Ibama) e ex-diretor da FAO, em artigo publicado no
jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 21 de setembro de 2021, caderno
OPINIÃO, página 21).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de
artigo publicado no site www.domtotal.com,
edição de 24 de setembro de 2021, de autoria de DOM WALMOR OLIVERIA DE
AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente
integral transcrição:
“Viver melhor
Viver
melhor há de ser mais que um simples slogan ou apelo por determinada campanha.
Menos ainda deve instigar a construção de um cotidiano nos limites de uma
medíocre “zona de conforto”, alimentada pela ilusão de condições cômodas para
um viver que não é senão feito de mesquinhez e distanciamento da solidariedade.
Esse é um risco real e comum a empurrar indivíduos e segmentos da sociedade
para as estreitezas que alimentam
indiferenças e incapacitam para a indispensável escuta dos clamores dos pobres
e do planeta – das dores dos outros.
Viver
melhor seja um programa de vida correndo nos trilhos da existência entre as
“bitolas” da conscientização, que ilumina o entendimento adequado da realidade
em torno e no seu alcance mais amplo, e a experiência alimentadora do vigor e
da ternura que alavancam o dia a dia. O viver melhor requer a arte de não se
desencarrilhar dessas duas e insubstituíveis bitolas de qualificação da
existência humana, para conduzi-la no horizonte de seu verdadeiro sentido.
Evidente é o desafio que revela inexistente flexibilidade existencial para não
desligar-se de uma ou outra dessas “bitolas”, que têm força de alavanca e
equilíbrio.
O viver
melhor remete a questões cruciais e pesadas da realidade. Considerável e
preocupante é o número daqueles que não estão dando conta de sustentar o
próprio viver. Reside aí importante alerta: providências precisam ser
empregadas nos ambientes familiares, nos círculos de trabalho, nas relações
interpessoais e naquelas estabelecidas no interno das instituições religiosas,
artísticas e tantas outras.
Há um
combate ferrenho a ser travado, porque as estatísticas dos que desistem de
viver é alarmante. Crescente é o trabalho para salvar vidas, com embasamento
científico, procedimentos terapêuticos e relacionais qualificados, apontando
para o sentido amplo da responsabilidade sobre a própria vida e a do outro, com
dedicação, atenção e ajuda.
Há uma
ciência própria a aprender na capacitação do entendimento da alma humana,
avançando na aotocompreensão para fecundar a competência do próprio viver. O
luto ampliado no horizonte da sociedade, amalgamando, tristemente,, números
altos de vítimas da Covid-19 e dos que tiram ou tentam dar fim à própria vida,
com outros indicadores relevantes dos cenários vergonhosos da desigualdade
social, aponta para a necessária condição de aprendizes de um autêntico viver
melhor.
As
“bitolas” da conscientização e da experiência contêm diferentes lições e
indicam a necessidade de muitos exercícios. Sua desarticulação produz
descarrilamentos e descompassos que incidem prejudicialmente sobre a vida de
todos. Por isso, é fundamental a qualificação da cidadania, considerada o
conjunto equilibrado e articulado da participação esperada de cada indivíduo, o
que requer clareza a respeito de processos sociopolíticos e econômicos e a
profundidade do viver como dom.
A
sociedade brasileira está exigindo resposta nova que haverá de ser resultado do
envolvimento de todos na compreensão do que está ocorrendo. Criar, assim, a
lucidez que permite identificar onde está o descompasso para que não se defenda
o indefensável. O cidadão precisa compreender e se preocupar – considerando
novas respostas e novas escolhas – saber que o Brasil vive uma conjunção de
crises alimentadas por muitas tensões, alavancadas por indivíduos, segmentos e
até instituições desprovidos da necessária qualidade de balizamento em
parâmetros éticos e morais. É preciso, sem paixões partidárias e
entrincheiramentos em torno de nomes, reconhecer que o Brasil está mergulhado
numa conjunção de crises sem precedentes.
São
contradições irracionais, a exemplo da constatação de recordes de safras
obtidos pelo agronegócio e destinadas à exportação, quando mais da metade da população
se encontra em situação de miséria e fome. Não se pode considerar como
consequência qualquer a gravíssima crise hídrica, a pior dos últimos 90 anos. A
crise ambiental pesa sobre a sociedade brasileira, aprofundada por claras
manipulações de decisões e escolhas pela hegemonia pecaminosa da força do
dinheiro.
Há grave
crise no âmbito dos direitos humanos – entidades de defesa dos direitos
humanos, organizações indígenas e de trabalhadores, no campo e na cidade, suas
lideranças e seus técnicos estão submetidos a pressões e ações criminosas.
Preocupante
é a evidente corrosão democrática, com ameaças aos pilares da democracia. A
vigente crise político-social, que afeta o equilíbrio e o desenvolvimento
integral e pacífico da sociedade brasileira, precisa entendida pelo cidadão, de
modo a identificar seus agentes danosos, condição para se elaborar novos
critérios e juízos. E de escolhas por uma proposta que resulte em mudanças de
lideranças, comandos e funcionamentos pautados pela prioridade do bem comum.
A escola
da conscientização precisa contar com o conjunto da sociedade – iniciando um
grande número de matriculados no “beabá” que poderá salvar todos dos
enquadramentos nocivos, juízos equivocados e obscurantistas.
A
compreensão do funcionamento complexo da sociedade é exigente e indispensável,
como alavanca de participação cidadã e democrática na construção do bem comum,
por meio de agentes que sejam promotores da justiça e defensores dos direitos.
O
desempenho desse papel, individual e conjuntamente, nos vários âmbitos, requer
gente de envergadura humanística e comprovado equilíbrio emocional. Não se pode
pretender o “viver melhor” dispensando ou negligenciando a “bitola” da
experiência que, em sua essência, se temperam e articulam entendimentos capazes
de dar razão à vida, alimentar as convicções da solidariedade, garantir a
competência dialogal, não permitindo imposições partidárias e cartoriais
comprometendo o bem maior.
A
experiência é alicerce indispensável para não se dar hegemonias a ideologias ou
a escolhas comprometedoras. A conscientização é escola que não se pode
dispensar, para se compreender a complexidade da sociedade civil e gerar
participação lúcida. A experiência articula o afeto emocional assentado na
espiritualidade, nos valores e princípios de inquestionável universalidade. A
sociedade brasileira está desafiada a percorrer seu caminho nos trilhos do bem
comum, emoldurados e impulsionados pelas “bitolas” de lúcida e profética
conscientização, de experiência afetivo-emocional movida por um humanismo
integral para se buscar, permanente e urgentemente, o “viver melhor”.”.
Eis,
portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e
reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história –
que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são:
c) a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2021, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,236 trilhões (53,83%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,603 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e
eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz:
“... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos,
mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite
da dívida pública...”).
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal
sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa
capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
60
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)
- Estamos nos descobrindo através da Excelência
Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando
nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da
sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral:
econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e
preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação: juntando diamantes...
porque os diamantes são eternos!
Afinal, o Brasil é uma
águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão
olímpica e de coragem!
E P Í L O G O
CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador,
Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e
não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados
com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do
saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse
construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e
dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim!
Eternamente!”.
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