segunda-feira, 11 de outubro de 2021

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, O PODER DA HUMILDADE E ALTRUÍSMO NAS TRANSFORMAÇÕES ÉTICAS E HUMANITÁRIAS NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E AS LUZES DO EVANGELHO DA VIDA, SOLIDARIEDADE E FRATERNIDADE UNIVERSAL NA SUSTENTABILIDADE

“Descer para subir

        Nunca aprendi tanto nestes últimos meses em que pude colaborar com uma ação social na comunidade do Papagaio, em Belo Horizonte. Pode ser que você já tenha visto essa comunidade quando sobe a avenida Nossa Senhora do Carmo, via de grande fluxo e uma das entradas da nossa cidade. Talvez o lugar possa passar desapercebido, invisível, mas lá pulsam vida, respeito ao outro, valores de família e educação. Trabalho honesto e dedicado.

         Os próprios moradores, com outros de vários pontos da cidade, se unem para fazer marmitas e distribuir entre eles e entre outros que precisam. “Quem tem fome, tem pressa”. Um olhar cuidadoso entre os que, mesmo em suas dificuldades, conseguem olhar para o outro.

         Pessoas de uma inteligência e sensibilidade que me marcaram como pesquisador da performance e profissional das relações. Pessoas de uma conexão e samba no pé, são “Bacharéis do Samba” da vida real. Aliás, é preciso saber sambar para dançar essa música da transformação social. Mesmo com um mundo de cabeça para baixo.

         Ao lado de Meirinha, Berê, Priscila, Ketlen, Gisele, Patrick, Bruna, Drica, Samaris, Noemi, Alejandro, Josef Poderosa e os muitos apoiadores invisíveis, que contribuem com as doações a cada ação, aprendi a descer dos meus conhecimentos e visões prévias para subir o morro da evolução da vida. Lá não importam meus títulos, não importam os livros que escrevi, quem eu sou, onde moro e a relevância do que eu faço. Sou, nesse cenário, o faxineiro e o assistente de cozinha.

         Essa experiência ecoou na minha alma ainda mais ao comemorar, há alguns dias, os 100 anos de um dos educadores mais marcantes na história do Brasil: o professor Paulo Freire. Mesmo que, ultimamente, alguns insistam em politizar todos os temas e, claro, queiram desconstruir o papel e o significado de Paulo Freire, é preciso rigor para falar desse ícone na relação com os mais simples e desconsiderados em nossa sociedade. Suas indignações e transformações são vistas nessa ação no Papagaio e no Carrapato: ou fale de vida e respeito ao outro, ou fique calado!

         É inegável que ele tem um lugar no mundo garantido pelo reconhecimento do seu trabalho, com contribuições para a educação, as artes, as ciências e até a engenharia. E nós aprendemos a ler aquela realidade ali. Paulo Freire, em sua antropologia, apontava que possuímos três marcas. A primeira é a de curiosidade, a partir da qual podemos aprender a ler o mundo. A segunda marca é a de sermos seres inacabados e, por isso, precisarmos dos outros para nos ajudarem a subir o morro dos outros olhares. E a terceira marca é que somos seres da partilha. O quanto vamos aprender a compartilhar vai marcar o quanto vamos receber nesta vida.

É urgente colocar ainda mais a psicologia a serviço da transformação social de estruturas opressoras e reforçar como ponto de partida o estudo da realidade. A manifestação da fome e da violência na vida cotidiana é explícita, multifacetada e, muitas vezes, naturalizada como uma resposta normal das pessoas aos seus problemas. A violência e a fome são parte de processos que empobrecem a vida e a qualidade das relações entre as pessoas. A violência física, psicológica, simbólica ou a violência estatal e a violência revolucionária são diferentes manifestações de processos de grande relevância para a psicologia.

Mas, se você não souber descer dos seus achismos e construir diálogo, nunca vai subir às outras fases da vida. “Se nada ficar destas páginas, algo, pelo menos, esperamos que permaneça: nossa confiança no povo. Nossa fé nos homens e na criação de um mundo em que seja menos difícil amar.” (E que aprendamos a descer para subir – inserção ousadamente minha). (Trecho de “Pedagogia do Oprimido”, Paulo Freire).”.

(Otávio Grossi. otaviogrossi@saudeintegral.com.br, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 4 de outubro de 2021, caderno OPINIÃO, página 16).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.domtotal.com, edição de 08 de outubro de 2021, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:

“Evangelho da vida

        O Dia do Nascituro, 8 de outubro, contribui para lembrar a sociedade: a vida deve ser defendida em todas as suas etapas, desde a primeira, na concepção, até a última, no declínio com a morte natural. Proteger a vida significa ser contra o aborto, mas também exige uma crítica profética à falta de políticas públicas e a outras dinâmicas sociais que igualmente matam. O Evangelho da vida está no centro da missão e da mensagem de Jesus. Por isso mesmo, a Igreja deve ser irrestritamente fiel aos valores do Evangelho da vida, buscando sempre partilhá-los. Cenários e práticas que ameaçam a existência de cada pessoa devem incomodar os cristãos. Esse incômodo aponta para a autenticidade da fé celebrada, professada e testemunhada. Os discípulos de Jesus não podem estar em paz enquanto convivem com desigualdades e com práticas que ameaçam a inviolabilidade da vida. Dissociar a vivência da fé cristã do compromisso com a defesa de cada pessoa, especialmente dos mais vulneráveis, é sério risco, um tipo de anestesia paralisante. E não basta defender ferrenhamente apenas uma etapa da vida, se esquecendo, desconsiderando ou silenciando-se em relação aos prejuízos cruéis impostos às muitas outras.

         A profecia cristã tem um dimensionamento global – exige a defesa da vida em todas as suas fases. Não se pode, pois, correr o risco de cair no desequilíbrio, constituindo uma espécie de fanatismo a respeito de determinada etapa enquanto se cultiva a indiferença pelas demais. Assim, as narrativas cristãs em defesa da vida, articulando linguagem e compreensão, precisam contribuir para que a sociedade reconheça: todos têm direito de viver dignamente. É preciso dedicar atenção ao conjunto de estatísticas que expõem atentados contra a vida. Essa realidade deve incomodar os discípulos de Cristo, chamados a constatar: uma sociedade que se diz cristã é ferida por vergonhosas desigualdades e privilégios – pesos ainda maiores sobre os ombros dos pobres e desvalidos.

         A fé cristã vivida com autenticidade precisa inspirar nova compreensão e, consequentemente, atitudes condizentes com as muitas lições do Evangelho, orientadas para a defesa da vida em todas as suas etapas. Trata-se de insubstituível ponto de partida para os discípulos de Jesus que evita alienações, indiferenças, redução da fé a um instrumento intimista e subjetivista – rejeitando a sua essencialidade, distanciando-se do verdadeiro Deus da vida. Distanciamento comprovado pela carência de mudanças na sociedade atual, um palco de disputas e manipulações fratricidas , homicidas e feminicidas, com exclusões inaceitáveis para um autêntico cristão.

         O núcleo central da missão redentora de Jesus Cristo, sublinhado em sua palavra – “Eru vim para que todos tenham vida, a tenham em abundância” – precisa ser cotidianamente reconhecido. A palavra forte do Mestre ilumina essa verdade: homens e mulheres são chamados a uma plenitude de vida que ultrapassa as dimensões da existência terrena, por consistir em participar da própria vida de Deus. Aí estão raízes intocáveis e inegociáveis da sacralidade da vida. E o reconhecimento de que a vida é dom sagrado leva ao compromisso com a inviolabilidade do dom de viver de cada pessoa, principalmente dos pobres e sofredores. A grandeza temporal da vida tem raízes na sublimidade da vocação sobrenatural, apontando que a vivência autêntica da fé cristã significa profética luta em defesa do ser humano.

         O reconhecimento do direito à vida, considerando todas as suas etapas, é o alicerce seguro que sustenta a convivência humana e a comunidade política. Cresce, pois a urgência de os cristãos – e dos que a eles se aliam por partilharem convicções, princípios e valores – anunciarem o Evangelho da vida. As muitas crises na sociedade brasileira – sanitária, econômica, política, ética, social, cultural – devem interpelar os discípulos de Jesus, homens e mulheres de boa vontade, para desarmar as armadilhas arquitetadas pela ganância e pelo lucro – com suas manipulações e inverdades que enjaulam cidadãos e cidadãs em lógicas prejudiciais ao desabrochar da vida plena, atrasando, sempre mais, o sonho de uma sociedade impulsionada pela fraternidade universal.

         Os cristãos não ignorem a realidade desafiadora da contemporaneidade, hibernando em “zonas de conforto”. Ao invés disso, é urgente crescer na veneração e no compromisso com a vida do outro, especialmente do pobre e indefeso, por uma sociedade solidária e fraterna. A doutrina do Evangelho da vida só é vivida e testemunhada quando inspira a busca por rumos novos, capazes de afastar a sociedade dos cenários vergonhosos da desigualdade social e de outros atentados contra a vida, dom inviolável. É hora de novas lógicas, gerando renovadas narrativas com força libertadora. Lembra bem o papa Francisco: ninguém se salva sozinho. Todos no mesmo barco. Valha, de verdade, o Evangelho da vida.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

 Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);

 

b)  o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:

 I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em agosto a estratosférica marca de 336,11% nos últimos doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 124,89%; e já o IPCA, em setembro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 10,25%);

 II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 521 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...);

 III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

 

c)  a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2021, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,236 trilhões (53,83%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,603 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

 

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)

 

(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

 

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

 São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

 Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

 “VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

60 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação: juntando diamantes... porque os diamantes são eternos! 

 

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem!  

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

 

 

 

       

 

        

          

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