segunda-feira, 25 de outubro de 2021

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, A TRANSCENDÊNCIA DO DIREITO, JUSTIÇA, SOLIDARIEDADE E FRATERNIDADE NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E AS LUZES DO AMOR INCONDICIONAL, VALORES E PRINCÍPIOS ÉTICOS E MORAIS NA QUALIFICAÇÃO DA POLÍTICA NA SUSTENTABILIDADE

“Nei Lopes, pensador do direito à imaginação

        Os meus maiores professores de direito foram, paradoxalmente, aqueles que não colocavam leis e códigos como ponto central de suas aulas.

         Para esses mestres as questões jurídicas, embora de inegável relevância, nem de longe poderiam dar conta de explicar o mundo e seus problemas. Antes, pela contrário, é o debruçar-se sobre o mundo e suas complexidades que nos permite entender o que o direito é.

         Por isso, meus grandes mestres no direito também são grandes mestres na observação da vida e da sociedade.

         Nascido no Rio de Janeiro em 1942, Nei Lopes formou-se em ciências sociais e direito pela Faculdade Nacional de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro e se tornou um dos maiores compositores e escritores brasileiros.

         Logo notou que os muros da faculdade de direito não eram apenas físicos, mas intelectuais. Muros que se erguem para separar o direito da vida real, cheia de sofrimentos e contradições que leis não podem dar conta. Muros que aparecem na forma de um palavrório impessoal, uma linguagem “cheia de preliminar”, como Nei Lopes aponta em sua música “Justiça Gratuita”.

         Em seus mais de 37 livros, suas músicas e poesias, dedicou-se a desvendar aspectos da vida que não poderiam ser retratados nos limites dos manuais de direito. Como artista, tem uma contribuição imensa para a cultura brasileira. Suas composições musicais revelam como, em um país marcado pela pobreza e pela violência, pessoas criam em seu cotidiano sentidos éticos, estéticos e políticos para a própria existência.

         Destaco a contribuição de Nei Lopes no campo teórico, notadamente nos estudos sobre o pensamento africano e o pensamento brasileiro.

         Temos em Nei Lopes um dos mais importantes estudiosos contemporâneos das culturas africanas e afrolatinas. Ao menos duas importantes lições sobre a formação social brasileira surgem da pena de Nei Lopes. A primeira é que somos nós, brasileiros, constituídos por uma “africanidade”, cujas marcas não estão apenas em nossos corpos, mas sobretudo em nossas almas.

         A segunda lição é que faz parte da história do Brasil a negação sistemática dessa mesma africanidade, algo que se revela na ação das instituições políticas e jurídicas, tradicionalmente fiadoras do racismo e da desigualdade. As contradições entre o Brasil oficial e o Brasil dos subúrbios, periferias e favelas são genialmente retratadas por Nei Lopes na música “Águia de Haia”.

         Ao nos apresentar a filosofia africana, Nei Lopes fornece subsídios para uma reflexão crítica acerca de temas cruciais da filosofia do direito. Em “Filosofias Africanas: Uma Introdução”, escrito em parceria com Luiz Antonio Simas, escreve: “Conforme a boa herança africana, o indivíduo se situa no mundo não se afirmando contra o outro e contra aquilo que supostamente não lhe diz respeito, mas se percebendo como uma parte da Natureza, força ativa que estabeleceu e conserva a ordem natural de tudo que existe (...) toda pessoa é útil e valiosa na comunidade, do nascimento até a morte”.

         Assim, fica aberta uma perspectiva filosófica sobre as relações humanas que não se restringe às visões de mundo predominantes e que são bem aceitas nas escolas de direito.

         Nei Lopes é, definitivamente, um pensador do direito, do direito fundamental à imaginação, que consiste em projetar um mundo de respeito a todas as formas de viver; direito de imaginar um mundo de solidariedade, de substancial igualdade e de amor verdadeiro.

         Vida longa a Nei Lopes, doutor do direito e da vida.”.

(Silvio Almeida. Professor da Fundação Getúlio Vargas e do Mackenzie e presidente do Instituto Luiz Gama, em artigo publicado no jornal FOLHA DE S.PAULO, edição de 9 de julho de 2021, caderno poder, página A12).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.domtotal.com, edição de 22 de outubro de 2021, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:

“Golpes na ‘política melhor’

        O papa Francisco dedica o quinto capítulo da Carta Encíclica Fratelli Tutti à “política melhor”, oferecendo o desenho humanístico de um importante itinerário para a humanidade. Lições a serem aprendidas para consertar os desmontes sofridos pela política, promovendo correções e avanços na sociedade brasileira. Muitos problemas precisam ser enfrentados, a exemplo do desinteresse pelo contexto político. Esse desinteresse também é consequência dos que desvirtuam a política. É necessária uma civilizada reconfiguração do exercício da política que, além de resgatar a nobreza própria de seus discurso, possa priorizar o bem comum e os parâmetros de uma sociedade democrática, em coerência com o que ensina a Doutrina Social da Igreja Católica.

         Assim, poderão ser superados atrasos alimentados por segmentos que se organizam nas instâncias do poder para beneficiar seus pares, mesmo descumprindo determinações da Carta Magna da Nação. A “política melhor” na sociedade brasileira tem sido, ao longo da história, sem obviamente deixar de reconhecer e reverenciar os que a promoveram de modo exemplar, fortemente golpeada, produzindo atrasos. Golpes que mostram a baixa estatura de representatividades, criando obstáculos para os que buscam exercer adequadamente a política.

         No atual momento, que pede uma reconstrução nacional, é especialmente importante investir na qualificação de critérios para escolhas relacionadas às instâncias de poder. O papa Francisco adverte, na sua Carta Encíclica, sobre o golpe na “política melhor” vindo de uma agressividade insana – insultos, impropérios, difamação, afrontas verbais que buscam destroçar a figura do outro.

         A agressividade social tem golpeado duramente a “política melhor”, com facilidades possibilitadas por dispositivos tecnológicos e, particularmente, pela pobreza de raciocínios: defensores aguerridos do que é indefensável se entrincheiram, atrasando passos na direção do bem comum. A mediocridade na tergiversação própria da política – das interações na vida cotidiana às instâncias do poder – explicita parcialidades que iludem, tornando difícil projetar, legislativa e executivamente, o que garante avanços.

         Lamenta-se muito pela manutenção onerosa de estruturas a serviço da disseminação de agressividades e de mediocridades no âmbito político, apontando a necessidade de cuidados para não ocorrerem retrocessos. Os golpes na “política melhor” precisam ser denunciados, expostos à sociedade, possibilitando aos cidadãos adequado discernimento na definição da escolha para a sua representação política. Não se pode acompanhar desinteressadamente, sem assumir o compromisso de se buscar efetivar incidentes transformações, quando se constata um vício civilizatório que compromete o bem comum.

         Os golpes na “política melhor” geram prejuízos, com a priorização dos interesses oligárquicos e o sacrifício do desenvolvimento integral. A sociedade fica refém de um tipo de representatividade que se limita a interesses partidários – muitos são alavancas para o retrocesso, pois se submetem à hegemonia do dinheiro – inviabilizando a construção de consensos.

         Toda mediocridade na representação dos cidadãos é um golpe na “política melhor”, com consequências negativas irreversíveis. Não menos graves são os golpes deferidos por diferentes tipos de ideologias que se abdicam do sentido de respeito. Mas é importante advertir: cegamente, ou interesseiramente, existem aqueles que se revelam combativos contra determinada ideologia, mas estão dominados por outra.

         Verifica-se na contemporaneidade a perda de todo decoro – uma perda ainda mais lamentável quando é constatada em um parlamentar – comprometendo o sentido inegociável de respeito a todos. Consequentemente, a civilização se inscreve em um tempo de muitas grosserias, envolvendo até autoridades políticas.

         A “política melhor” é, também, muito golpeada por interesses econômicos que viabilizam operações digitais, garantindo controle e dominação de modo antidemocrático. Não menos pesados são os golpes desferidos na “política melhor” por pessoas que se dizem religiosas, mas se enfileiram nas redes de violência verbal, com destemperos que comprovam as estreitezas de entendimentos, eivados por intolerâncias.

         Certo é o que diz o papa Francisco sobre o caminho para que a comunidade mundial efetive a fraternidade, na vivência da amizade social, em todos os níveis. Esse caminho precisa da política melhor – serviço ao bem comum.

         Vem, pois, uma indicação desafiadora: é necessária uma política salutar capaz de reformar as instituições e dotá-las de bons procedimentos, em uma visão ampla capaz de uma reformulação integral por meio de diálogos interdisciplinares, rejeitando e se contrapondo ao mau uso do poder, fazendo frente à corrupção, efetivando o respeito a leis e o compromisso com o bem comum. Um modo eficaz de conter golpes na “política melhor” – por excelência, expressão da caridade.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

 Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);

 

b)  o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:

 I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em agosto a estratosférica marca de 336,11% nos últimos doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 124,89%; e já o IPCA, em setembro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 10,25%);

 II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 521 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...);

 III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

 

c)  a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2021, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,236 trilhões (53,83%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,603 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

 

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)

 

(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).

 

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

 São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

 Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

 “VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

60 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira ...

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...

- A alegria da vocação: juntando diamantes... porque os diamantes são eternos! 

 

Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem!  

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrima,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

 

 

 

 

 

  

        

Nenhum comentário: