“O rumo está na escola
Em
artigo publicado no “Correio Braziliense”, Luiz Carlos Azedo me provocou com o
título “Onde perdemos o rumo”: estancados na economia, com pobreza e violência
nas ruas e democracia fragilizada.
Nascemos
sob o rumo insustentável da economia baseada na escravidão. Fomos governados
por populismo e ditadura, com desrespeito ao equilíbrio fiscal, permanente
concentração de renda, depredação ambiental. Tentamos rumo baseado em fazendas,
minas, lojas, indústrias, estradas, hidrelétricas, uma nova capital, nunca em
escolas.
Perdemos
o rumo quando o quase imperador gritou “Independência ou Morte” em vez de
“Independência e Escola”; e por esperarmos 350 anos pela Lei Áurea com o único
abolindo a escravidão, sem estes outros: “a terra pertence a quem nela produz”
e “fica estabelecido um sistema nacional de educação para todos”. A bandeira
republicana adotou o lema “Ordem e Progresso”, em vez de “Educação é
Progresso”, e até hoje 12 milhões de adultos não leem o que nela está escrito.
Perdemos
o rumo ao implantarmos industrialização ineficiente, que tirou recursos da
infraestrutura social e provocou inflação; ao adotarmos o desenvolvimento sem
sustentabilidade monetária, ecológica, fiscal, urbana, cultural ou política; e
por até hoje não termos Estado eficiente, democrático e republicano.
Mas a
causa principal do nosso descaminho tem sido o desprezo endêmico à educação em
geral e aceitação da desigualdade, conforme a renda e o endereço do aluno.
Perdemos o rumo ao imaginar que a boa educação é consequência do crescimento e
da democracia, em vez de entendermos que crescimento sustentável e democracia
sólida são consequências da educação.
Cada vez
mais a educação será o vetor do progresso econômico, a plataforma da
distribuição de renda e justiça social, a argamassa do regime democrático e o
enlace para a sustentabilidade. Sem levar isso em conta, não encontraremos o
rumo para o futuro que desejamos e para o qual temos potencial.
Não
damos condições para nossas crianças permanecerem em escola com qualidade até o
fim do ensino médio porque não as vemos como principal instrumento da criação
de riqueza para o país. Não aceitamos que o rumo esteja em escola de máxima
qualidade para todos: não acreditamos que o Brasil possa ter uma educação das
melhores do mundo, nem que seja possível no Brasil a educação ter a mesma
qualidade para todos, independentemente da renda e do endereço da criança.
Temos
recursos para implantar um Sistema Único de Educação de Base com qualidade. Não
podemos adiar esse rumo. É possível financeira e tecnicamente, também
politicamente, se entendermos que educação é o vetor do progresso, e
moralmente, se percebermos a indecência e estupidez de não garantir que a
qualidade seja a mesma para todos.”.
(Cristovam Buarque. Professor emérito da UnB e
membro da Comissão Internacional da Unesco para o Futuro da Educação, em artigo
publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 24 de setembro de
2021, caderno OPINIÃO, página 23).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de
artigo publicado no site www.cnbb.org.br,
edição de 15 de outubro de 2021, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE
AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente
integral transcrição:
“Reconstrói a Igreja
A
Igreja Católica, nos seus mais de dois mil anos de história, inspirada e
interpelada, em primeiro lugar, pela Palavra de Deus – luz luzente no caminho e
lâmpada para os pés –, e pelas riquezas de sua tradição, acolhe o desafio de
buscar respostas necessárias a um mundo que precisa ter o sabor do Evangelho de
Jesus Cristo. A fidelidade ao Evangelho e à Tradição alicerçam a escuta desta
convocação também ouvida por São Francisco de Assis, há muitos séculos: “Reconstrói
a minha Igreja”. Agora, essa convocação nasce no coração amoroso do Papa
Francisco, que interpela o Povo de Deus para viver o tempo do Sínodo, até
outubro de 2023. Uma reconstrução para marca a contemporaneidade com
funcionamentos que garantam o incondicional respeito ao dom inviolável da vida,
por uma sociedade justa e solidária. Caminho que envolve todos os fiéis, com
abertura para escutar homens e mulheres de boa vontade, especialmente na
chamada fase diocesana. Essa fase terá início nas mais de 3000 dioceses de todo
o mundo, nas igrejas-catedrais, a partir do próximo domingo, 17 de outubro. Um
processo sinodal com a singularidade da participação de todos, fruto do
entendimento profético e da convocação evangélica do Papa Francisco.
O Sínodo
remete a Igreja aos horizontes sempre inspiradores e interpelantes do Concílio
Vaticano II, com a irremediável tarefa de revisitar suas fontes, retomar
experiências e banhar-se da mística do Evangelho para dar conta, neste tempo do
terceiro milênio, do laborioso desafio da reconstrução. A grande meta é ser,
sempre mais, uma Igreja de comunhão, participação e missão. A instância Sínodo
dos Bispos, nascida por inspiração de São Paulo VI, então Papa, para dar
continuidade às inspirações, indicações e práticas do Concílio Vaticano II,
incorpora e efetiva uma importante inovação: além de ser mecanismo de consulta,
torna-se caminho para a participação do Povo de Deus, preparando a celebração
da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, em outubro de 2023. Os
católicos todos estão convidados a compreender a importância do processo
sinodal para adequadamente participar – clarividentes na consideração das
céleres e profundas mudanças culturais e civilizatórias contemporâneas,
conscientes da necessidade de novas respostas aos desafios atuais, pela
convicção de que o seguimento de Jesus é precioso. O Evangelho é arca de
respostas ansiadas pelo coração humano e, com a contribuição do processo
sinodal, poderá inspirar um novo jeito de ser, viver e missionar.
“Para
uma Igreja Sinodal: comunhão, participação e missão”, eis a convocação do
processo iniciado pelo Papa Francisco. Refletindo sobre o caminho percorrido,
todos os fiéis, lado a lado, juntos, devem investir, sempre mais, em nova
aprendizagem sobre viver a comunhão, participar da Igreja e abrir-se à missão.
Continuamente aperfeiçoar o “caminhar juntos”, amadurecendo a compreensão de
que todos são o Povo de Deus peregrino. Cada cristão católico está, pois,
especialmente convocado a se expressar, com espírito de amoroso pertencimento,
de modo orante e lúcido, em atenta escuta ao Espírito Santo de Deus, sobre os
novos caminhos que a Igreja deve seguir em sua missão. Indispensável é sempre
se recordar que o Espírito Santo tem inspirado o caminho da Igreja, nestes mais
de dois mil anos, convocando os fiéis a dar efetivo testemunho do amor de Deus,
pela oportunidade de cada um de contribuir para o bem da humanidade.
O
processo sinodal convocado e iniciado pelo Papa Francisco inspira cada pessoa a
assumir suas responsabilidades para que a comunidade cristã, de modo cada vez
mais credível, em diálogo e cooperação com outros segmentos da sociedade civil,
capacite-se para oferecer respostas, ações e práticas com o sabor do Evangelho
de Jesus Cristo. O grande apelo é para que todos caminhem juntos neste tempo de
aceleradas transformações para uma grande reação missionária. Todos convictos
de que é tarefa da cidadania civil, fecundada pela cidadania do Reino de Deus,
reconstruir a sociedade, para que seja mais fraterna e justa, superando
vergonhosas desigualdades.
As
muitas crises, agravadas pela pandemia da COVID-19, evidenciam ainda mais a
necessidade urgente de se reconstruir a humanidade pela experiência da fé. Para isso, é imprescindível a missionária
reconstrução da Igreja – servidora e sacramento de salvação. Neste processo de
reconstrução, a Igreja inteira está desafiada a confrontar a cultura do clientelismo,
superar os abusos de poder, investir no agir eclesial, com a participação de
todos, encantando o mundo com um jeito novo de ser e de viver o Evangelho de
Jesus. Renove-se a Igreja pela ação do Espírito Santo e pela escuta amorosa da
Palavra de Deus, em uma grande experiência mística e profética: reconstruir a
Igreja é contribuir com o Sínodo. Participe. Informe-se, compreenda e contribua
com o processo sinodal que reconstrói a Igreja.”.
Eis,
portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e
reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história –
que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 131 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são:
c) a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2021, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,236 trilhões (53,83%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,603 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e
eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz:
“... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos,
mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite
da dívida pública...”).
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
60
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)
- Estamos nos descobrindo através da Excelência
Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando
nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira ...
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da
sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral:
econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e
preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação: juntando diamantes...
porque os diamantes são eternos!
Afinal, o Brasil é uma
águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão
olímpica e de coragem!
E P Í L O G O
CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador,
Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e
não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados
com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do
saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse
construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e
dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim!
Eternamente!”.
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