“A lição Rouanet
Embora
menos visível que outras, a Lei Rouanet está entre aquelas com maior impacto na
vida nacional. Deu vida a milhares de eventos culturais, que só ocorreram
graças ao patrocínio de recursos privados com incentivo público. Além do
fundamental aporte financeiro, a Lei Rouanet quebrou o vício do apadrinhamento
político e induziu artistas e empresários a dialogar.
A Lei
Rouanet mudou a vida cultural brasileira, mas ofuscou o filósofo e sua obra
literária. A marca intelectual de Rouanet é muito maior do que a importância da
lei que leva seu nome. Por maior que tenha sito sua obra como ministro, sua
criação como filósofo e crítico é mais permanente, mas nada vai tirar nem
apagar seu nome das ideias marcantes que produziu.
Um livro
como “As razões do iluminismo”, de 1988, deixa a marca de Rouanet no
entendimento da crise no pensamento mundial. Ele analisou dúvidas que se
insinuavam como críticas progressistas sobre a racionalidade, a modernidade e o
conhecimento, mas eram retrógradas nas orientações para o futuro.
Rouanet
entendeu os erros e maldades da modernidade, da razão e da ilustração
intelectual, denunciou desastres criados pelo iluminismo, mas não aceitou jogar
fora as grandes conquistas do renascimento. Não adotou o futuro como
continuidade da tendência histórica nem criticou o presente preferindo o
passado. Propôs reorientar o rumo do pensamento e da realidade, sem ficar
agarrado nostalgicamente a boias de salvação de ideias obsoletas.
Rouanet
trouxe o sonho de uma modernidade ética, capaz de fazer avançar a razão, para
que ela, não os misticismos ou os saudosismos, oriente a humanidade na direção
de um mundo melhor e mais belo, não apenas mais rico.
Ele
criticou para avançar. Seu pensamento serve de base àqueles que propõem um
desenvolvimento ecologicamente sustentável, com princípios éticos, com
racionalidade econômica e respeito à Terra e sua vida. Esta é apenas uma de
muitas contribuições que fazem a lição de Rouanet ser ainda maior que a Lei
Rouanet.
Sua obra
como crítico nos deixou, entre outros, o formidável livro “Os Dez Amigos de
Freud”. Ao tomar conhecimento de uma lista de autores selecionados por Freud,
como escritores que ele admirava, mergulhou em suas obras, estudou suas vidas,
sugeriu por que Freud os admirava se muitos deles foram esquecidos nos anos
seguintes. A coleção de críticas é um texto que deslumbra, a ponto de o leitor
lamentar ter concluído a leitura. Um desses raros livros que instigam pela
quantidade de informações sobre aqueles “amigos de Freud”, os ambientes em que
viveram, as obras que eles criaram.”.
(Cristovam Buarque. Professor emérito da UnB e
membro da Comissão Internacional da Unesco para o Futuro da Educação, em artigo
publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 15 de julho de
2022, caderno OPINIÃO, página 15).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de
artigo publicado no site www.domtotal.com,
mesma edição, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo
metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:
“Apelos à cidadania
Muitos
apelos ao exercício da cidadania devem sensibilizar e tocar a sociedade
brasileira, urgentemente, pois o atual contexto impacta preocupantemente a
subjetividade dos cidadãos. Reações e pronunciamentos, decisões e escolhas
mostram que há carência de destreza humanística. Consequentemente, contribuem
para efetivar situações perigosas, prejuízos irreversíveis, encenando
descontroles e destemperos arriscados que impedem o desenvolvimento integral e
a construção da paz. É nesse cenário que são acentuadas as polarizações,
apontando a necessidade de se dar devida atenção aos apelos à cidadania.
Urgente é a purificação de paixões e sentimentos que desmontam os mais
basilares princípios de civilidade.
O
fenômeno das polarizações impacta diferentes realidades, a exemplo do campo
esportivo, agravando confrontos entre torcedores. Contamina instituições e
fortemente atinge o mundo da política. Há de se cuidar muito, com a
contribuição de todos, para que a veloz circulação de informações,
posicionamentos e manifestação de sentimentos não seja temperada por
intolerâncias. Cada cidadão deve, pois, fazer uma pausa, repensar-se, avaliando
seus pontos de vista, suas reações, para assumir o firme propósito de se
posicionar adequadamente – de modo sempre colaborativo e dialogal,
considerando, acima de tudo, o bem comum. Na contramão deste caminho, há uma
crescente difusão de posicionamentos contaminados por parcialidades e
preconceitos, fenômeno impulsionado com as facilidades oferecidas pelas redes
sociais.
As
facilidades tecnológicas que possibilitam a circulação de opiniões variadas
precisam ajudar a constituir espaços para o diálogo, capazes de inspirar
entendimentos. Nessa perspectiva, é preciso ter cuidado para não acirrar
batalhas, agravadas por mecanismos desleais, a exemplo das fake News, do gosto
mórbido por certos conteúdos que desrespeitam individualidades, acentuando
preconceitos e ódios. Especialmente neste ano eleitoral, deve-se acolher um
forte apelo à cidadania, para que sejam seguidos da Carta Encíclica Fratelli
Tutti, do Papa Francisco. Não se pode tratar a política como um jogo de
paixões, defesa de uns pela perversidade dos ataques a outros. Sem investir na
amizade social, a política se torna exercício de guerra e de desacatos, das
agressividades e das disputas, jamais uma prática a serviço do bem comum.
Às
vésperas da oficialização de candidaturas, às portas da campanha eleitoral, os
brasileiros devem exercer a cidadania com zelo, cuidando para que ódios não
pautem discussões ou a defesa de valores. Isto requer muita serenidade.
Importante lembrar aos cristãos um princípio orientador de sua mística
existencial e relacional: os místicos acentuam sempre que os cristãos, nesta
vida, não têm uma cidade permanente, mas estão em busca daquela que há de vir,
o reino definitivo. Por isso, os cristãos têm o dever de fecundar, neste tempo
de passagem, a cidade onde vivem com os valores do reino de Deus, pela vivência
exemplar de uma cidadania fundamentada na amizade social. É uma incoerência
fazer da vida um campo de batalha, onde são defendidos valores e princípios a
partir do ódio e do preconceito. As diferenças que caracterizam toda
coletividade precisam ser inteligentemente administradas para que gerem
entendimentos construtivos, sem massacres e seus resultados demolidores. Assim,
populismos que incentivam polarizações não se justificam, pois prejudicam
todos, inclusive com impactos negativos na vida democrática.
Contraponto
às polarizações, investir na solidariedade está entre os fortes apelos à
cidadania neste momento, para que as eleições não se tornem fenômeno demolidor.
A solidariedade é remédio que cura ódios e indiferenças, quando assumida como
virtude moral e comportamento social. Ela oferece aos cidadãos a possibilidade
de muitas e urgentes correções.Nesta direção, sabe-se do papel fundamental da
família, lugar privilegiado para a educação da convivência, por meio de uma
experiência autêntica de amor. No contexto familiar exerce-se a administração
das diferenças, aprendendo a escutar diferentes apelos, gerenciar escolhas que
muitas vezes se conflitam. Um aprendizado a ser levado para o exercício da
cidadania, para o ambiente da política, garantindo mais qualidade ao
relacionamento humano.
O
caminho da solidariedade, da abertura para o encontro com o outro, o diferente,
que também é irmão, exige o afastar-se da sensação de onipotência, arma
perigosa. Todos precisam reconhecer-se frágeis, fixando o olhar no rosto de
cada irmão e irmã, para desenvolver o gosto pela solidariedade, pelo diálogo.
Abre-se, assim, o bonito caminho para a colaboração, efetivando lógicas que
respeitem a casa comum, o sentido da fraternidade universal. Sem investimentos
nos muitos apelos à cidadania, especialmente para que haja humildade e
sinceridade no coração, limpo do ódio e do preconceito, a sociedade brasileira
não conseguirá fazer das eleições um singular momento para fortalecer a
democracia. Atrasos e perdas continuarão a prejudicar o bem comum. Os maus
presságios relacionados ao período
eleitoral, com sinais de que será um “tempo de guerra”, um “salve-se quem
puder”, sejam transformados a partir da acolhida aos apelos à cidadania.”.
Eis,
portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e
reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história –
que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto
das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas,
soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente
desenvolvidas...
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 132 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade... e da
fraternidade universal);
b) o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são:
c) a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2022, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,468 trilhões (52,18%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 1,884 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e
eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).
E, ainda, a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz:
“... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos,
mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite
da dívida pública...”.
Isto
posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
Este
é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e
perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
60
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2021)
- Estamos nos descobrindo através da Excelência
Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando
nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira... pois, o
poder é para amar, servir e edificar!
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da
sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral:
econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e
preservação dos nossos recursos naturais ...
- A alegria da vocação: juntando diamantes...
porque os diamantes são eternos!
- O Epitáfio: “Não chorem por mim, chorem por
todos aqueles que, ainda, não descobriram Cristo em cada Eucaristia!”
Afinal, o Brasil é uma
águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão
olímpica e de coragem!
E P Í L O G O
CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador,
Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e
não está ficando, pedra sobre pedra
Dos impérios edificados
com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do
saque, da rapina e da dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse
construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e
dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário