“Olhar atento para as águas
O
Brasil ganhou pelo menos 1,7 milhão de hectares de água em 2022. Apesar da boa
notícia, os pesquisadores alertam que o país está secando. Gerar energia,
cultivar alimentos, produzir insumos ou simplesmente matar a sede. A água é
fundamental para a economia e para a vida no planeta.
Não
podemos esquecer que o Brasil é um dos países mais ricos do mundo quando
pensamos nesse recurso. Doze por cento de toda a água doce do globo está aqui.
Mas, mesmo sendo uma potência hídrica, o país não para de secar. Em 30 anos foi
perdida uma área de 1,5 milhão de hectares em superfície de água, segundo
monitoramento do MapBiomas, que gera indicadores mensais desde 1985. O balanço
mais recente foi divulgado em fevereiro deste ano e exige um olhar atento para
o curso dessa realidade.
Mudanças
climáticas e o desmatamento estão entre os principais fatores para perda de
água no Brasil. Os ambientalistas alertam: o ciclo da água precisa estar em
pleno equilíbrio. Com isso, estamos falando das florestas, das águas
subterrâneas, das superficiais e também do uso do solo. Tudo está diretamente
relacionado.
O que o
estudo do MapBiomas evidencia é justamente um enorme desequilíbrio,
proveniente, majoritariamente, dos desmatamentos.
Enquanto, por um lado, as medições de 2022
apontaram um ganho de 1,7 milhão de hectares de superfície de água – o que
deixa o Brasil em situação mais confortável –, por outro, os dados demandam
atenção. É preciso observar que muitas dessas áreas estão concentradas em
hidrelétricas, cultivos e outras atividades que geram impactos socioambientais
negativos. Já os ambientes naturais estão perdendo água.
Conforme
divulgado pelo MapBiomas, a verdade é que o ano de 2022 deu apenas um alento ao
Brasil em relação à disponibilidade hídrica. Afinal, segundo os levantamentos,
o país vinha de uma sequência de 20 anos continuamente reduzindo a superfície
de água.
Além
disso, desde 2013 o país passou pelos dez anos mais secos da série histórica da
pesquisa. De acordo com o MapBiomas, as perdas só não foram maiores por causa
da construção de hidrelétricas.
Escassez
de água, escassez na economia. O que se vê de mais imediato e mais grave é
justamente no setor que ajuda a alavancar o superavit primário brasileiro, o
agronegócio. Decisivo para a balança comercial, o segmento depende totalmente
da oferta de água, principal recurso para a produção de alimentos.
Considerando
a necessidade de atender demandas atuais e futuras por alimentos, que vão
requerer um rápido aumento de produtividade, é urgente desenvolver caminhos
para obter resultados sem danos adicionais ao ambiente.
Para que
isso ocorra, é fundamental que os princípios de sustentabilidade sejam parte
central das políticas agrícolas nacionais. Ou é isso, ou o colapso hídrico e
produtivo é uma questão de tempo.”.
(Saulo Penaforte. Jornalista, em artigo
publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 6 de março de
2023, caderno OPINIÃO, página 15).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de
artigo publicado no site www.arquidiocesebh.org.br,
edição de 08 de março de 2023, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO,
arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:
“A Terceira vez
É
a terceira vez que a Igreja Católica no Brasil, por meio da Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), promove a Campanha da Fraternidade
dedicando-se, de modo pertinente e profético, ao tema da fome: “Fraternidade e
Fome”. A primeira vez foi em 1975, a segunda, em 1985. Essa recorrência na
promoção missionária e evangelizadora da Campanha da Fraternidade, a partir do
tema da fome, guarda elementos interpelantes à cidadania civil e à cidadania do
Reino, aos discípulos e discípulas do Mestre Jesus. O Brasil voltou ao mapa da
fome, apesar de ser reconhecidamente um “celeiro” do mundo. Muitos brasileiros
sofrem por não ter o que comer – há um Brasil que sente fome. Trata-se de
problema político e social, como também uma interpelação aos que creem em
Cristo, o Salvador e Redentor: “Dai-lhes vós mesmos de comer”, disse Jesus aos
seus discípulos, diante do sofrimento de uma multidão que estava faminta.
A
Campanha da Fraternidade, pela terceira vez, enfrenta o flagelo da fome. Há 48
anos, quando a Igreja no Brasil convocou uma Campanha da Fraternidade sobre a
fome pela primeira vez, uma multidão dos adultos de hoje, em cargos importantes
na sociedade, eram crianças, ou nem tinham nascido. Tristemente, quase meio
século depois, o flagelo da fome de muitos brasileiros não foi superado.
Comprova-se que não bastam as indispensáveis estratégias lógicas da tecnologia
e da ciência. É preciso ir além, buscando a iluminação que vem da fé, com sua
lógica essencial à qualificação da humanidade. A fé é capaz de alicerçar um
horizonte inspirador na sociedade brasileira. A fome é um dos mais graves
flagelos que ameaçam o ser humano, humilhando a todos. Exige o alcance de
soluções com rapidez, pois leva a mortes, a sequelas que serão carregadas pelo
resto da vida, considerando especialmente a fragilidade das crianças, dos
enfermos e dos idosos. Por isso mesmo, o Papa Francisco afirma, profeticamente,
na sua mensagem dedicada à Campanha da Fraternidade 2023, que a fome é um crime
– o alimento é um direito.
A Igreja
Católica, servidora da humanidade, na promoção e defesa da vida, de modo obediente
ao seu único Senhor e Pastor, Jesus Cristo, convoca fiéis, homens e mulheres de
boa vontade, a enfrentarem a fome: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. No caminho
percorrido e celebrado durante a Quaresma, a liturgia da Igreja ecoa o
compromisso de conversão dos cidadãos do Reino de Deus. Essa conversão é
testemunhada quando se busca efetivar uma nova organização social e política
capaz de superar, urgentemente, o sofrimento de quem não tem o que comer. A
fome de Deus, a ser permanentemente saciada pela proclamação e escuta da
Palavra de Deus, deve fecundar o exercício cidadão de se buscar vencer a
carência alimentar de muitas famílias. Assim, os cidadãos devem trabalhar na
superação da fome, exigindo também do poder público um tratamento adequado para
combatê-la.
A busca
pela conversão não dispensa o compromisso com ações efetivas para promover o
direito de todos à alimentação. Afrontar o problema da fome encontrando
soluções urgentes é vivência fecunda deste tempo da Quaresma, em preparação
para frutuosamente celebrar a Páscoa. Assim, não se deve apenas esperar
soluções de instâncias governamentais. A sociedade, de um modo geral, deve
investir em novo estilo de vida, mais solidário com o próximo e com a casa
comum, na perspectiva da ecologia integral. Essa perspectiva da
corresponsabilidade leva a reconhecer que a fome não é problema somente de quem
padece por não ter o que comer. Todos, compreendendo os ensinamentos de Jesus,
devem buscar soluções criativas, evidentemente reconhecendo as responsabilidades
de governantes e líderes da sociedade.
A
gravidade do problema da fome, reiteradamente apontada pela Campanha da
Fraternidade, é mal que precisa ser erradicado “pela raiz”. Isto significa
investir sempre, e cada vez mais, na solidariedade, partilhando as dores do
próximo, que é irmão e irmã. A Doutrina Social da Igreja Católica ensina,
sublinhando ser questão de honra e fidelidade ao Evangelho de Jesus, sobre o
sentido da destinação universal dos bens da Criação: deve favorecer a todos,
ser garantido como direito. Essa lição da Doutrina Social da Igreja Católica
permite contestar modelos econômicos excludentes e perversos, que precisam ser
urgentemente substituídos, sob pena de um colapso geral – já há sinais muito
evidentes de diferentes colapsos na vida da humanidade.
Neste
momento, o apelo é à compreensão do desafiador flagelo da fome. Por se saber
que tem gente passando fome no Brasil, “cai por terra” qualquer crítica aos
propósitos da Campanha da Fraternidade 2023. Eventuais críticas à Campanha apenas
escancaram o rosto dos indiferentes, distanciados da autenticidade da fé. São
atitudes que apenas indicam a importância daqueles que, efetivamente, se
dedicam à construção de um novo tempo, enquanto estão na peregrinação para o
Reino definitivo. Importante lembrar: entrarão no Reino definitivo os que
obedecem ao Senhor da vida, escutando, compassivamente, a sua interpelação:
“Dai-lhes vós mesmos de comer”. Seja, pois, acolhida, pela terceira vez, a
convocação da Campanha da Fraternidade, reconhecendo a presença de Jesus em
cada pessoa que sofre com a fome, na atenta escuta de Sua Palavra – “Tive fome
e me destes de comer”.”.
Eis,
portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e
reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história –
que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras
e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das
potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas,
soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente
desenvolvidas...
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 133 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade... e da
fraternidade universal);
b) o combate
implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e
mais devastadores inimigos que são:
c) a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2023, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,556 trilhões (49,40%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 2,010 trilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e
eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).
E, ainda, a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz:
“... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos,
mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite
da dívida pública...”.
Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
Este
é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e
perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
61
anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2022)
- Estamos nos descobrindo através da Excelência
Educacional ...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando
nossas defesas democráticas ...
- Por uma Nova Política Brasileira... pois, o
poder é para amar, servir e edificar - jamais, jamais e jamais para subir,
dominar e destruir!
- Pela excelência na Gestão Pública ...
- Pelo fortalecimento da cultura da
sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral:
econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e
preservação dos nossos inestimáveis recursos naturais ...
- A alegria da vocação: juntando diamantes ...
porque os diamantes são eternos!
- O Epitáfio: “Não chorem por mim, chorem por
todos aqueles que, ainda, não descobriram Cristo em cada Eucaristia!”.
- (Re)visitando o Santo Graal, para uma vida
virtuosa: “... porque és pó, e pó te hás de tornar. (Gen 3,19)” ...
Afinal, o Brasil é uma
águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão
olímpica e de coragem!
E P Í L O G O
CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador,
Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!
Sangue, suor e lágrimas,
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