terça-feira, 21 de março de 2023

A EXCELÊNCIA EDUCACIONAL, AS URGÊNCIAS E DESAFIOS DA INOVAÇÃO, EMPREENDEDORISMO E BOA GOVERNANÇA NA TRAVESSIA DAS PANDEMIAS E A TRANSCENDÊNCIA DA INTERIORIDADE, JUSTIÇA E SOLIDARIEDADE NA PROMOÇÃO DA NOVA ORDEM CIVILIZATÓRIA NA SUSTENTABILIDADE

“Hesitocracia e governança radical

       Em setembro de 2021, durante o segundo ano da pandemia, o então presidente da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), Diogo Costa, criou um termo para ilustrar um importante aspecto que caracteriza muitas das sociedades contemporâneas: “Hesitocracia”. O conceito tenta captar aspectos de um fenômeno que vemos nos diversos tipos de governos (municipal, estadual, distrital e ou federal) que compõem a federação brasileira. A hesitocracia manifesta-se na dificuldade que governos têm em avançar soluções ágeis que atendam as demandas dos eleitores.

         Não é difícil encontrar exemplos de falta de agilidade de nossos governos em relação a outros. Catástrofes como enchentes nos EUA ou terremotos no Japão, por exemplo, são atendidas com respostas  muito mais rápidas  (e eficientes) por parte de seus governos do que os nossos conseguem fazer em casos similares.

         É verdade que, tal como nestes países, temos, formalmente, três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), uma Constituição escrita (inclusive respeitada pelas Forças Armadas) e um sistema de competição política com eleições e uma economia de mercado. As regras do jogo escritas, que chamamos em economia, de instituições formais, formalmente falando, são as mesmas. Há, contudo, instituições informais que variam de sociedade para sociedade. Um exemplo é a hesitocracia.

         O leitor poderá argumentar que autocracias podem ser menos sujeitas à lentidão na tomada de decisões. Afinal, em sociedades governadas por autocratas, a oposição não costuma ter muita voz fora das prisões. Contudo, também é verdade que as democracias maduras são tão ou mais eficazes do que as autocracias, o que, eu e o leitor, provavelmente, concordamos ser um bom sinal, já que preferimos viver sob uma democracia.

         Também é bom lembrar que, em algum momento de sua história, sociedades que hoje possuem governos muito mais ágeis, já foram como a nossa. Não quer dizer que nossa evolução esteja garantida, mas também precisamos descartar essa ótima possibilidades em nossas reflexões sobre o futuro.

         Como construir condições para que a tomada de decisões no governo seja mais ágil e efetiva? A resposta passa pela ideia de governança radical que entendo como uma governança que abraça a inovação e busca estimular a experimentação institucional, visando possíveis mudanças e leis de forma a diminuir a deletéria “hesitocracia”.

         Alternativamente, pode-se dizer que a ideia de governança radical trata do desenho de ideias que dariam à sociedade condições para sustentar uma relação entre setor público e privado em que se abandona a hesitocracia e se abraça o inovacionismo. Eu e o leitor, creio, preferimos ter mais empreendedores inovadores e menos empreendedores que usem da hesitocracia para se proteger da concorrência.

         Uma ilustração do meu argumento é a mudança que aplicativos de transporte trouxeram para os reguladores públicos. Todd Henderson e Salen Churi, em seu livro “The Trust Revolution”, chamaram a atenção para o fato de que a principal concorrência dos aplicativos não era com os taxistas, mas com reguladores, subitamente retirados de sua zona de conforto e pressionados como desafio de regular a nova modalidade de transporte sem destruir os benefícios da inovação. Uma regulação que sufoca a inovação seria uma destruição destrutiva.”.

(Claudio D. Shikita. Doutor em economia e professor do Ibmec BH, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 14 de março de 2023, caderno OPINIÃO, página 16).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Excelência Educacional vem de artigo publicado no site www.arquidiocesebh.org.br, edição de 17 de março de 2023, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e que merece igualmente integral transcrição:

“‘Partir de Cristo’

       ‘Partir de Cristo’ é a primeira indicação para quem busca alcançar o sentido indispensável da vivência e das celebrações deste tempo da Quaresma. Os ritos e exercícios da Quaresma ganham vigor quando se reconhece a centralidade de Cristo na vida pessoal e na relação com o semelhante. Os que creem em Cristo sabem o que pode ocorrer quando discípulos se distanciam do Mestre Jesus: condutas contaminadas por escolhas e atitudes que estão na contramão da fraternidade universal. O mundo pede aos cristãos maior proximidade com o seu Mestre. Clama por um jeito novo de ser, que desperte sensibilidades para que sejam encontradas novas direções, capazes de levar à renovação da sociedade, tão desgastada. Primordial é exercitar-se, individual e comunitariamente, na competência espiritual e humana de sempre “partir de Cristo”, alimentando a convicção de que conhecer Jesus pela fé é experimentar a verdadeira alegria procurada pelo coração humano. Essa alegria tem efeitos transformadores pela graça de segui-lo.

         Seguir Jesus é oportunidade para vencer irracionalidades que vitimam  a sacralidade da dignidade humana e nutrir uma esperança que não é enganadora. Quaresma constitui, assim, um tempo favorável para práticas que alicerçam o dom do encontro, ou do reencontro com Jesus Cristo. Tempo para nutrir-se da convicção de que partir sempre Dele garante qualidade ética e existencial ao viver humano. A proximidade com Cristo possibilita a cada pessoa ser instrumento da paz, revestindo a interioridade com as propriedades da misericórdia, inesgotáveis no coração do Mestre e Senhor. O Evangelho tem essa novidade precisada pelo coração de todos, para que cada um se fortaleça na condição de discípulos e discípulas de Jesus. Trata-se de uma experiência forte e transformadora. Por isso, vivenciar as propostas e interpretações do tempo quaresmal é colocar ao próprio alcance valiosa experiência de ser cristão autêntico. Isto possibilita superar muitos desgastes existenciais.

         O encontro com Jesus Cristo, pela fé, é muito mais que experiência casual. Oferece um novo horizonte à própria vida, alcançando a desejável, urgente e decisiva orientação que é buscada por todos, capaz de conferir sentido à existência de cada um. A Quaresma, culminando com a vivência da Semana Maior, a Semana Santa, é a possibilidade concreta e graciosa de se desenhar um novo horizonte na própria história, com repercussões na vida familiar e social. A vivência quaresmal, iluminada pela força da Palavra de Deus, permite saciar a sede experimentada no coração humano. Leva a um aprendizado essencial partir sempre de Cristo, em tudo que fizer. A recuperação da centralidade de Cristo na própria vida e nas dinâmicas da comunidade de fé é meta primordial da celebração do tempo da Quaresma. Leva ao coração de todos mais força e sabedoria para enfrentar as circunstâncias dramáticas da contemporaneidade. Ilumina iniciativas para que efetivamente possam levar mais equilíbrio aos relacionamentos, alicerçando a edificação de uma sociedade mais justa e solidária.

         Quaresma é dom do encontro com Jesus Cristo que possibilita ao ser humano reencontrar-se com a sua própria e genuína essência. Uma experiência que leva ao aprendizado de lições insubstituíveis para uma vida social e comunitária nos parâmetros da justiça e da solidariedade, alavancas na promoção da paz. Pode-se reconhecer, a partir dos focos de guerra, das situações de penúria enfrentadas por tantos injustiçados, em diferentes contextos, que a humanidade experimenta o seu próprio caminho como enigma indecifrável. E ao compreender o próprio horizonte como enigma indecifrável, percebe-o como fardo pesado e insuportável, sem sentido, sem um rumo a ser seguido. Consequentemente, não são reconhecidas as razões para se investir no compromisso com a solidariedade. A indicação é recuperar Cristo Mestre como “caminho, verdade e vida”.

         Iluminadora, pois, é esta convicção: não reconhecer os rumos do próprio caminho leva um viver desvinculado da verdade, a uma vida sem vida. Trilhar o caminho da Quaresma permite o aprendizado da autêntica liberdade. A vivência frutuosa do tempo quaresmal pelas práticas recomendadas do jejum, da esmola e da oração, recupera a alegria essencial ao coração humano. É oportuno ter presente o que diz o Documento de Aparecida, fruto saboroso e inspirador da 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e Caribenho: “A alegria do discípulo é antídoto frente a um mundo atemorizado pelo futuro e oprimido pela violência e pelo ódio”. Seguir, pois, este princípio – partir sempre de Cristo – é conquistar uma alegria que ultrapassa um mero bem-estar egoísta: faz nascer no próprio coração a alegria que resulta do conhecimento e do encontro com Jesus Cristo – o melhor presente que se pode receber, comprovadamente. Aprenda-se  sempre e cada vez mais este princípio: em todas as ações, decisões, pensamentos, sempre partir de Cristo.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas, civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e sustentavelmente desenvolvidas...

 Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

a) a excelência educacional – pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas, gerando o pleno desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional (enfim, 133 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade... e da fraternidade universal);

 

b)  o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:

 I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em outubro a estratosférica marca de 399,5% nos últimos doze meses, e a taxa de juros do cheque especial chegou ainda em históricos 132,5%; e já o IPCA, em fevereiro, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 5,60%);

 II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade    “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 522 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...);

 III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

 

c)  a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para 2023, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 2,556 trilhões (49,40%), a título de juros, encargos, amortização e financiamentos (ao menos com esta última rubrica, previsão de R$ 2,010 trilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega, do direito e da justiça:

 

- pagar, sim, até o último centavo;

- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;

- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br).

 

E, ainda, a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”.

 

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

 São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela excelência educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da visão olímpica, do direito, da justiça, da verdade, da espiritualidade conciliadora, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal!

 

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

 

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

61 anos de testemunho de um servidor público (1961 – 2022)

 

- Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...

- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...

- Por uma Nova Política Brasileira... pois, o poder é para amar, servir e edificar - jamais, jamais e jamais para subir, dominar e destruir!

- Pela excelência na Gestão Pública ...

- Pelo fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e, ambiental, com proteção e preservação dos nossos inestimáveis recursos naturais ...

- A alegria da vocação: juntando diamantes ... porque os diamantes são eternos!

- O Epitáfio: “Não chorem por mim, chorem por todos aqueles que, ainda, não descobriram Cristo em cada Eucaristia!”.

- (Re)visitando o Santo Graal, para uma vida virtuosa: “... porque és pó, e pó te hás de tornar. (Gen 3,19)” ...

 

 Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem!  

 

E P Í L O G O

 

CLAMOR E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO

 

“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de infinita misericórdia!

Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre pedra

Dos impérios edificados com os ganhos espúrios, ilegais, injustos e

Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da dilapidação do

Nosso patrimônio público.

Patrimônio esse construído com o

Sangue, suor e lágrimas,

Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!

Senhor, que seja assim! Eternamente!”.

 

 

 

 

 

 

 

 

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