(Janeiro
= mês 17; faltam 7 meses para a Olimpíada 2016)
“Profissões
sob ameaça
Os atuais candidatos a
vagas nas universidades brasileiras podem ter surpresas desagradáveis quando
desembarcarem no mercado de trabalho em 2020, após os quatros ou mais anos de
estudos. A maior parte dos que passam atualmente pelo funil do Enem receberá um
diploma em momento no qual a oferta e a demanda de empregos tendem a ser
diferentes da atual. A começar pelo fato de que uma parte das profissões deve
passar por um processo de profundas transformações. Ou até mesmo, em alguns
casos, por um processo de extinção.
Pais
deveriam perguntar se estão preparando seus filhos adolescentes para as profissões
do futuro ou do passado. Na linha do tempo entre o momento atual e os próximos
anos, mudanças tecnológica, comportamentais e gerenciais, entre outras,
obrigarão os estudantes a cobrar das instituições de ensino que os currículos
sejam adaptados.
E com
uma agilidade como nunca ocorreu antes. O problema é que as escolas, por
tradição, são lentas para entender a dimensão das transformações e se adaptar a
elas.
Há,
hoje, nas escolhas e na condução do processo de preparação para as profissões,
vários equívocos, agravados por uma visão de curto prazo da sociedade. Basta
avaliar, por exemplo, os vários “guias de carreira” disponíveis na internet ou
em versão impressa. Todos tendem a olhar para as atividades profissionais com o
viés do momento. Pois é, a profissão aberta a oportunidades hoje pode estar
saturada daqui a quatro anos.
“Hoje,
mais do que nunca, o chão sob nossos pés está continuamente mudando – crescendo
e se expandindo de forma que poucos foram capazes de antecipar”, atesta o
consultor e futurista Daniel Burrus. Ele assinala a influência de variáveis
como os avanços exponenciais das tecnologias e o ritmo de mudança da economia
global.
Mesmo
nos Estados Unidos, há o risco de continuidade do treinamento da próxima safra
de profissionais para posições em processo de obsolescência. “Por falta de
visão antecipativa, deixamos de prever com precisão as indústrias que ainda
serão inventadas e as profissões de amanhã”, avalia o consultor.
A
tecnologia será parte de qualquer profissão, de qualquer atividade produtiva,
seja numa indústria, na agricultura ou mesmo na produção musical. Toda empresa
é, neste momento, um negócio de tecnologia. Portanto, assinala Burrus, os
educadores e os pais de adolescentes não podem mais ignorar o componente
“tecnologia” – ou, pior, deixar de ensinar as crianças corretamente, supondo
que elas já sabem como operar dispositivos móveis e computadores e navegar de
forma adequada na internet.
Sem
uma abordagem mais antecipatória, proativa para a educação, os estudantes, de
uma forma geral, inclusive as crianças, correm o risco de ficar completamente
despreparados para a paisagem profissional do amanhã. Uma série de novas
indústrias de base tecnológica vai começar a ocupar espaços no mercado. Será um
desafio para os educadores. E também para a sociedade, incluindo os pais.”.
(Carlos
Plácido Teixeira. Jornalista e consultor, em artigo publicado no jornal O TEMPO Belo Horizonte, edição de 16 de
novembro de 2015, caderno O.PINIÃO, página
15).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 1º de
janeiro de 2016, caderno OPINIÃO, página
7, de autoria de DOM WALMOR OLIVEIRA DE
AZEVEDO, arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, e que merece igualmente
integral transcrição:
“Conquiste
a paz
Conquistar a paz é
hoje, neste Dia Mundial da Paz, uma convocação e um compromisso a ser assumido
por todos. Caminho imprescindível para constituir corrente capaz de promover
significativas mudanças na sociedade. Para que transformações ocorram é preciso
que cada pessoa faça do próprio coração lugar da paz. Trata-se de enorme
desafio, diante dos desgastes que o dia a dia impõe à dimensão existencial, as
velocidades e exigências que apressam tudo e causam incomoda aridez, as
incompreensões e embates que são fruto da falta de uma visão mais abrangente da
realidade, o descompromisso com aqueles que precisam de ajuda. Diante desse
cenário, é possível constatar que a conquista da apz é um programa de vida.
O papa
Francisco, na mensagem enviada ao mundo inteiro para este Dia Mundial da Paz,
faz uma preciosa indicação: vencer a indiferença para alcançar um mundo mais
pacífico. A indiferença é o grande mal, aponta o papa, na contramão de tudo o
que pode promover a paz. Sua raiz, recorda Francisco, está na indiferença em
relação a Deus. Suas consequências são nefastas: apatia, reações pífias à
injustiça e ao desequilíbrio social, disputas e conflitos, fontes de
insegurança e violência. A indiferença é silenciosa, mas perigosa, um
verdadeiro “barril de pólvora” nas relações sociais. Importa, ao se desejar e
buscar a paz, um sério investimento na superação da indiferença que anestesia
progressivamente os corações, deixa fora de cena o comprometimento social e
comunitário.
Um
coração insensível inviabiliza o necessário empenho para se alcançar o bem
comum. E, para vencer a indiferença, há um itinerário infalível que requer
permanente aprendizagem: o exercício da misericórdia. Para além dos planos
escritos e das estratégias elaboradas em diferentes âmbitos, prioritário é
investir na conversão do próprio coração. Cada um, à luz de princípios morais e
valores éticos, pode alcançar qualificações que irão sustentar condutas,
escolhas, os rumos da própria vida. Nessa tarefa, a experiência autêntica da fé
garante uma fecundidade inigualável. Basta reconhecer que Deus não é
indiferente. Para Deus, o importante é a humanidade – Deus não a abandona, como
bem diz o para Francisco em sua mensagem. Essa compreensão e o comprometimento
em não abandonar a humanidade são imprescindíveis para que brote no coração
humano um elevado sentido de cidadania e de respeito a cada pessoa.
Assim,
o programa de vida que precisa ser adotado por todos inclui assumir propósitos
desdobrados em ações e atitudes que sejam marcadas pelo amor, compaixão,
misericórdia e solidariedade. Decisivamente, a solidariedade é a grande força
na busca da paz. Não se avançará suficientemente enquanto a solidariedade não
for uma prioridade no coração de cada pessoa. Os processos políticos, culturais
e humanitários, por mais lúcidos que sejam, sofrerão revezes terríveis e baixas
altamente prejudiciais pela falta de amor ao próximo. Torna-se, assim,
inadiável o investimento na cultura da solidariedade e da misericórdia.
Trata-se de mecanismo eficaz para vencer a indiferença. A solidariedade é uma
virtude moral e um comportamento social com incalculável força transformadora.
Por isso mesmo, é urgente que todos se tornem agentes engajados na aprendizagem
e na vivência da solidariedade.
A
conquista da paz se faz pela contrarreação que, urgentemente, precisa surgir
para debelar a globalização da indiferença. O papa Francisco pede que todos se inspirem
nas diversas experiências louváveis que mostram o poder da solidariedade:
organizações não governamentais, grupos caritativos, que nascem dentro e fora
da Igreja, associações que socorrem vítimas de catástrofes humanas e
ambientais. O papa cita ainda o trabalho imprescindível de jornalistas e
fotógrafos ao informar a opinião pública, interpelando consciências, assim como
o papel de famílias que investem na educação dos seus filhos, ensinando-os a
agir na contracorrente da indiferença, pela aprendizagem da solidariedade.
A
urgente qualificação do jeito de ser de cada pessoa para mudar os rumos da
sociedade e torna-la mais justa, condição primordial para a paz, tem como
prioridade buscar formas para vencer a insensibilidade dos corações. Em vez de
lamentações ou de apontar o que os outros devem fazer, precisamos nos engajar
no grande mutirão que busca vencer a indiferença e conquistar a paz.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a
educação – universal e de qualidade –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação,
da sustentabilidade...);
b) o
combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em novembro a também estratosférica marca
de 378,76% para um período de doze meses; e mais, em dezembro, o IPCA acumulado nos últimos doze
meses chegou a 10,71%...); II – a corrupção,
há séculos, na mais perversa promiscuidade
– “dinheiro público versus
interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da
vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...”
– e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a
corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar
inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo,
segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a
“... Desconfiança das empresas e das famílias é
grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase
nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses
recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à
ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de
infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de
planejamento...”;
c) a
dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para
2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos
(ao menos com esta rubrica, previsão de R$
868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
-
pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente e eficaz auditoria...
(ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e
ainda a propósito, no artigo Melancolia,
Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente
degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das
contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);
Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta
de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já
combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de
poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições,
negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à
pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas
e sempre crescentes necessidades de ampliação
e modernização de setores como: a gestão
pública; a infraestrutura (rodovias,
ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada,
esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística
reversa); meio ambiente; habitação;
mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda;
agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência
social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança
pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e
desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer;
turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e
operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade
– “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade,
competitividade); entre outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela cidadania e
qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que
possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e
potencialidades com todas as
brasileiras e com todos os
brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários
previstos e que contemplam eventos como a
Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das
exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das
organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”