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sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

A CIDADANIA, O PODER DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL E ESPIRITUAL E A LUZ DA LITERATURA

“Inteligência emocional e inteligência espiritual
        Por muitos anos, empresas utilizaram no seu processo seletivo testes que identificavam qual inteligência múltipla os candidatos tinham desenvolvido, para, assim, direcioná-los a vagas compatíveis com seu perfil, alinhando-o às necessidades da organização. Essa teoria foi criada por Howard Gardner, psicólogo e pesquisador norte-americano, na década de 1980. Gardner amplia o conteúdo do QI, desmembrando em várias partes para o QM, inteligências múltiplas. Assim, nesse contexto, ele propôs uma ideia diferente de se falar da inteligência, dividindo-a em sete competências: linguística, matemática, musical, corporal, espacial, naturalista ecológica, interpessoal e intrapessoal. Ou seja, um funcionário para a área financeira deveria ter a inteligência matemática.
         Tais técnicas ainda são utilizadas, porém não são mais suficientes para determinar uma competência. O fato é que vivemos a cada momento uma época diferente. Em 1990, o psicólogo Daniel Goleman defendeu a ideia de que a inteligência emocional deveria ser desenvolvida nas pessoas que ainda não a tivessem, e que seria uma das melhores ferramentas para se utilizar na vida profissional.
         Para Goleman, a inteligência emocional refere-se à nossa capacidade de identificar os nossos próprios sentimentos e também os sentimentos dos outros, de motivar e de gerir bem nossas emoções dentro de nós mesmos. Ele diz que o QE é um conjunto de autocontrole, zelo e automotivação. Essas aptidões podem e devem ser ensinadas aos profissionais no mercado de trabalho, para que tenham melhor desempenho em sua vida profissional e até mesmo nas tomadas de decisão do cotidiano.
         Um profissional de inteligência emocional desenvolvida consegue driblar situações com sabedoria e sem infringir a ética, evitando possíveis conflitos. Diante de um chefe surpreendentemente agressivo nas palavras e mal-humorado, ele vai detectar contexto maior e, assim, não vai reagir ou responder negativamente, mas buscar identificar o motivo da ação, evitando um conflito maior.
         Há hoje diversas obras sobre esse assunto, mas esta é ainda a maior dificuldade de muitas pessoas, que não controlar as emoções diante de situações adversas. Vivemos um período de crises econômicas e de incertezas; é necessário desenvolver a inteligência emocional e ter resiliência a essas questões. Pelo menos até que viesse um novo complicador, trazido por Danah Zohar, responsável pela identificação da terceira inteligência, que é o QS – inteligência espiritual. Para ela, muitas pessoas têm de tudo, são bem-sucedidas, têm família, casas gigantescas, uma conta bancária polpuda, saúde, mas ainda assim não são felizes porque falta uma inteligência maior, uma inteligência divina, que é entender sua missão como ser único neste universo.
         Danah Zohar, física e filósofa americana, coloca inteligência espiritual num contexto mais amplo de sentido e valor, tornando-os mais efetivos.
         Usando a inteligência emocional, vou identificar em qual situação me encontro e decidir de que forma vou reagir. Já a inteligência espiritual tem relação com o significado de uma situação para mim e se quero estar nessa situação e como reajo. Na situação do exemplo citado acima, do seu chefe que chegou mal-humorado, usando inteligência emocional, entendo que ele está com problemas e que não me abalo com suas atitudes. Já com a inteligência espiritual, vou querer ajuda-lo a resolver o problema ou fazê-lo repensar a situação.
         As empresas hoje são focadas para o capitalismo, os profissionais trabalham mais com menos recursos e precisam produzir e vender mais. Tais práticas levaram a questões como a da sustentabilidade. Com a inteligência espiritual, percebemos que o outro precisa estar bem. Como contribuir com o crescimento e desenvolvimento das pessoas que estão na minha empresa ou à minha volta? O que posso fazer para ser melhor? Com a procura das respostas para essas e outras perguntas, descobrimos nossa missão na Terra e passamos a pensar mais o coletivo.
         Algumas empresas, como Natura, Magazine Luiza e MacDonald’s, já trabalham com espiritualidade nos negócios, mantendo preocupação direta com a sustentabilidade, com o meio ambiente, e têm um treinamento específico com os gerentes.
         O profissional feliz e bem-sucedido precisa desenvolver as três inteligências, age conscientemente nas situações cotidianas. O líder dotado de inteligência espiritual tem empatia e envolve a equipe para a percepção de um todo da sua existência no universo, na família e na empresa.”.

(FRANCINE DE OLIVEIRA. Professora de gestão de pessoas da FGV/Faculdade IBS, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 24 de janeiro de 2016, caderno ADMITE-SE CLASSIFICADOS, coluna MERCADO DE TRABALHO, página 2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 19 de janeiro de 2016, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de CLÁUDIO DA CRUZ FRANCISCO, graduado em ciência da informação (PUC Minas), e que merece igualmente integral transcrição:

“Literatura de cada dia
        O leitor, independentemente da preferência pelo gênero literário, é privilegiado pelas proezas, mais semelhantes a um ato de solidariedade, advindas dos escritores. Pode parecer estranha, essa máxima, porém é preciso valorizar e ressaltar a importância desse trabalho. É um instante especial degustar os “alimentos textuais” produzidos com carinho por aqueles que mergulham e navegam entre as palavras. Têm com elas uma relação de amor, confiança e fidelidade.
         A solidariedade supracitada diz respeito à questão do compartilhamento de ideias e todo o esforço dedicado no intuito de concluir uma obra, seja romance, poesia, crônica, conto e outros “alimentos” que nos satisfazem. Possibilitam uma boa digestão.
         Ler sempre foi essencial à vida do ser humano. É no transitar consciente e viajar por ruas de narrativas longas e curtas. Admirar o encanto das paisagens, recheadas de versos e novos capítulos a cada esquina.
         Literatura pode ser comparada a uma ciência multidisciplinar. É atrelada de forma direta e indireta a várias áreas do conhecimento. Temos grandes nomes na área de administração, economia, filosofia, literatura propriamente dita, meio ambiente, sociologia e outras abordagens. Presença constante em infinitas questões de interesse da sociedade como as políticas públicas, difusão cultural e artística, alfabetização, inclusão social e digital.
         É válido destacar que, desde a Pré-História, as primeiras ferramentas de trabalho e os dados registrados em cavernas, conforme estudos teóricos, já mostravam a importância e preocupação da leitura e comunicação para a sociedade. O surgimento da escrita, em seguida à invenção do alfabeto e do aperfeiçoamento da linguagem, e a base desse contexto.
         Os escritores compartilham sonhos, aventuras e sabedoria. Presenteiam os leitores com o seu olhar sobre o cotidiano através de sua lente de emoções e sentidos. Deixam pistas que instigam a curiosidade. Um leitor com os olhos atentos ou através da leitura em braile, ao dobrar um capítulo, se depara com o imprevisível, moldado por energias, capazes de espantar o tédio, transformar lágrimas em sorriso e ainda fazer o coração palpitar. E alguns momentos, nos convidam à reflexão.
         Contamos com obras que permitem uma viagem que alterna entre a sensação de êxtase e estado de paz. E o melhor, de forma curiosa, criativa e vibrante. Enterra toda a monotonia.
         Os escritores não são mágicos, mas abençoados com dons que os capacitam a transportar seus sonhos para um valioso pedaço de papel. Abrir passagens para que os leitores conheçam outros ciclos existenciais e fictícios. Conhecer e se encantar com personagens, sertões, cidades, culturas e linguagens diferentes.
         O fruto desses “atos solidários” adormece em prateleiras de bibliotecas públicas, itinerantes e comunitárias e aguarda ser acordados. É importantes destacar o ambiente virtual. Hoje contamos com o acesso gratuito ao acervo de alguns escritores, projetos de incentivo como trechos de obras e poemas dentro dos coletivos em algumas cidades. Outro destaque são sites que oferecem uma literatura diversificada e de qualidade.
         Boa parte dos profissionais da literatura nasce com dom para desenvolver os trabalhos e outros descobrem a vocação com o passar dos tempos. Mas de qualquer forma, a maioria tem a iniciativa, alimentada pelos sonhos, de lapidar e aprimorar habilidades. Afinal de contas, como em outras ocupações, exige dedicação, esforço e alegria. E o resultado? Conhecimento e experiência para elaborar uma obra que contribuem para a evolução da humanidade no quesito cultura e formação de opinião. É uma construção saudável que envolve a relação homem, inspiração, palavras, informação e conhecimento.
         Uma viagem a um mundo literário possibilita um mergulho num mar de sabedoria, indagações, curiosidades e mistérios. E nós, leitores, no papel de visitantes desse universo ilimitado conhecido como literatura, sentimos o sabor do descobrimento.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:
a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);
b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em dezembro a também estratosférica marca de 431,4% para um período de doze meses; e mais,  em 2015, o IPCA acumulado nos doze meses chegou a 10,67%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;
c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2016, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,348 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,044 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Destarte, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”

- Estamos nos descobrindo através da Cidadania e Qualidade...
- ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas...
- Por uma Nova Política Brasileira...  

 
        

   
    

  

terça-feira, 26 de novembro de 2013

A CIDADANIA, A ECOALFABETIZAÇÃO E A FORÇA DA ESPIRITUALIDADE NA PROMOÇÃO DA SAÚDE

“Ecoalfabetização de adultos e crianças
        
         A ecoalfabetização é um dos modos de promover a consciência ecológica e de reduzir a ecoalienação. Adultos e crianças devem ser ecoalfabetizados. A ecoalfabetização de adultos é especialmente necessária para governantes e empresários, devido ao poder político e econômico  de que dispõem.
         Dentro de governos, frequentemente constata-se o desalinhamento e a falta de convergência nos pensamentos e nas ações de distintas áreas, que caminham na contramão de uma abordagem ecológica. Há vários exemplos disso: bancos de desenvolvimento que financiam atividades predatórias, tais como frigoríficos e pecuária na Amazônia; a redução de impostos para fontes de energia poluentes ou para modos de transporte que congestionam as cidades; a adoção de práticas destrutivas do meio ambiente natural na agricultura; ações de fomento à pesca com visão a curto prazo que destroem a capacidade de reprodução dos estoques pesqueiros a longo prazo; a pressão de órgãos públicos e empresas de infraestrutura viária ou de energia para escapar aos controles ambientais.
         De importância fundamental é o alinhamento dos dirigentes de bancos públicos e de desenvolvimento com as diretrizes ecológicas, liberando crédito para empreendimentos licenciados ou de acordo com a legislação ambiental, evitando que o capital seja investido em projetos ambientalmente destrutivos. A concessão de crédito bancário ecologicamente responsável exige consciência ecológica, para que os bancos renunciem a oportunidades de negócio social ou ambientalmente destrutivas.
         A ecoalfabetização dos responsáveis pelas licitações e contratos públicos pode poupar recursos públicos e integrar considerações ambientais na seleção de fornecedores de produtos e serviços. Ecoalfabetizar os governantes é capacitá-los para aplicar os conhecimentos das ciências ecológicas e a sabedoria da consciência ecológica em suas ações.
         O divórcio entre conceitos e práticas da ecologia e de economia está na origem da crise ecológica atual. Poucos gestos públicos incorporaram em sua formação a consciência ecológica. Ainda é fragmentada e deficiente a formação ecológica em universidades e nas escolas de governo e de administração.
         A ecoalfabetização nas escolas e institutos de pesquisa econômica aplicada ajudaria a redefinir conceitos de riqueza. É preciso colocar as ciências econômicas em seu devido lugar, como partes das ciências ecológicas. Merecem investimento as escolas de governo e de administração, pois da ciência e consciência ecológica de gestores públicos emanam decisões ecologicamente responsáveis (ou irresponsáveis).
         A mudança de mentalidades e de modelos mentais resultante da ecoalfabetização em todas as ares dos governos poderia facilitar a articulação intersetorial, a adoção de agendas bilaterais da área ambiental com ministérios ou secretarias com potencial de conflitos e disputas – agricultura, desenvolvimento agrário, ciência e tecnologia, desenvolvimento industrial, transportes, energia e mineração.
         As ciências ecológicas se desdobram em múltiplos campos, da ecologia política à social, da ecologia energética à ecologia industrial. A ecoalfabetização precisa levar em consideração o amplo e variado espectro das ciências ecológicas e recusar o enfoque reducionista que enxerga a ecologia apenas em sua dimensão das ciências biológicas, que estuda a interação de bichos e plantas com o seu ambiente. Ela também precisa informar sobre as relações ecológicas harmônicas, como a simbiose e o comensalismo, e dasarmônicas, como o parasitismo e predação, por exemplo.
         A ecoalfabetização também é necessária em cada formação profissional e nos níveis básicos da educação. No campo da comunicação e do jornalismo, é relevante ecologizar todas as editorias, pois os meios de comunicação constituem veículos eficazes para promover a ecoalfabetização.

LIÇÃO A longo prazo, a ecoalfabetização precisa se incorporar na formação das novas gerações. No livro Alfabetização ecológica – A educação das crianças para um mundo sustentável (Cultrix 2006), Fritjof Capra e um grupo de professores e pesquisadores americanos constatam que há deficiências no conhecimento sobre a ecologia. Propõem que, por meio da alfabetização ecológica, as crianças se familiarizem com os conceitos e as práticas ecológicas e compreendam o impacto que seus hábitos e estilos de vida provocam sobre o ambiente natural e social.
         Entre as experiências inspiradoras realizadas na Califórnia está a de repensar e colocar em prática alternativas para a merenda escolar. Podem-se rastrear, então, todas as etapas do processo produtivo e das tecnologias que possibilitam que a merenda chegue ao prato das crianças. Os alimentos produzidos localmente reduzem os gastos de energia envolvidos nos transportes de longa distância. É valiosa a capacidade de produzir localmente os alimentos. As crianças visitam os locais de cultivo das hortas e componentes de sua merenda, conhecem o quanto de água, de terra, de agrotóxicos, de sementes, de tecnologias é necessário para produzi-la; acompanham seu transporte, processamento, preparo na cozinha; tomam conhecimento das perdas de alimentos ao longo do sistema de abastecimento alimentar, até o seu prato.
         Todo o ciclo do alimento, de sua origem a seu destino final, pode ser conhecido do ponto de vista técnico e científico, bem como do ponto de vista econômico. Também pode ser estudado o seu trânsito pelo corpo, como os dejetos humanos são tratados nos sistemas de esgotos e devolvidos ao sistema hídrico. Nas experiências realizadas na Califórnia, a reflexão sobre a merenda escolar levou a decisões de privilegiar alimentos produzidos localmente, de forma orgânica, o que gerou aumento de renda e de emprego para os produtores rurais nas proximidades das escolas.
         A ecoalfabetização pode formar a consciência ecológica de adultos e de crianças, atuais e futuros governantes e dirigentes de empresas.”

(MAURÍCIO ANDRÉS RIBEIRO, que é autor de Ecologizar, Tesouros da Índia e Ecologizando a cidade e o planeta, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 23 de novembro de 2013, caderno PENSAR, página 2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no jornal O TEMPO, edição de 22 de novembro de 2013, caderno O.PINIÃO, página 22, de autoria de LEONARDO BOFF, que é filósofo e teólogo, e que merece igualmente integral transcrição:

“A importância da espiritualidade para a saúde dos seres humanos
        
         Via de regra, todos os operadores de saúde foram moldados pelo paradigma científico da modernidade, que operou uma separação drástica entre corpo e mente e entre ser humano e natureza. Criou as muitas especialidades que tantos benefícios trouxeram para o diagnóstico das enfermidades e também para as formas de cura. Reconhecido esse mérito, não se pode esquecer que perdeu a visão de totalidade: o ser humano inserido no todo maior da sociedade, da natureza e das energias cósmicas, a doença como um fratura nessa totalidade e a cura como uma reintegração nela.
         Há uma instância em nós que responde pelo cultivo dessa totalidade, que zela pelo eixo estruturador de nossa vida: é a dimensão do espírito.
         Neurobiólogos e estudiosos do cérebro identificaram a base biológica da espiritualidade. Ela se situa no lobo frontal do cérebro. Verificaram empiricamente que sempre que se captam os contextos mais globais ou ocorre uma experiência significativa de totalidade, ou também quando se abordam de forma existencial (não como objeto de estudo) realidades últimas, carregadas de sentido e que produzem atitudes de veneração, de devoção e de respeito, se verifica uma aceleração das vibrações em hertz dos neurônios aí localizados. Chamaram esse fenômeno de “ponto Deus” no cérebro ou de emergência da “mente mística” (Zohar, Q. S., “Inteligência Espiritual”, 2004). Trata-se de uma espécie de órgão interior pelo qual se capta a presença do Inefável dentro da realidade.
         Esse “ponto Deus” se revela por valores intangíveis, como mais compaixão, mais solidariedade, mais sentido de respeito e de dignidade. No termo, espiritualidade não é pensar Deus, mas sentir Deus mediante esse órgão interior e fazer a experiência de sua presença e atuação a partir do coração. Ele é percebido como entusiasmo (em grego, significa ter um deus dentro) que nos toma e nos faz saudáveis e nos dá a vontade de viver e de criar continuamente sentidos de existir.
         Que importância emprestamos a essa dimensão espiritual no cuidado da saúde e da doença? A espiritualidade possui uma força curativa própria. Não se trata de forma nenhuma de algo mágico e esotérico. Trata-se de potenciar aquelas energias que são próprias da dimensão espiritual, tão válidas como a inteligência, a libido, o poder e o afeto, entre outras dimensões do humano.
         A espiritualidade reforça na pessoa, em primeiro lugar, a confiança nas energias regenerativas da vida, na competência do médico e no cuidado diligente da enfermeira. Sabemos pela psicologia do profundo e do transpessoal o valor terapêutico da confiança na condução normal da vida.
         Não raro, os próprios médicos se surpreendem com a rapidez com que alguém se recupera, ou mesmo como situações, normalmente dadas como irreversíveis, regridem e acabam levando à cura. No fundo, é crer que o invisível e o imponderável são parte do visível e do previsível.
         Pertence também ao mundo espiritual a esperança imorredoura de que a vida não termina na morte, mas se transfigura através dela.
         Força maior, entretanto, é a fé de sentir-se na palma de Deus. Entregar-se, confiadamente, à sua vontade, desejar ardentemente a cura, mas também acolher serenamente sua vontade de chamar-nos para si: eis a presença da energia espiritual. Não morremos, Deus vem nos buscar e nos levar para onde pertencemos desde sempre, para a sua Casa e para o seu convívio. Tais convicções espirituais funcionam como fontes de água viva, geradoras de cura e de potência de vida. É o fruto da espiritualidade.”

Eis, pois, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas transformações em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e abundantes riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...


O BRASIL TEM JEITO!...