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quarta-feira, 9 de setembro de 2015

A CIDADANIA, A QUALIDADE DA LIDERANÇA E OS DESAFIOS DA SAÚDE PSÍQUICA NO TRABALHO

“É preciso repensar a liderança
        Visão estratégica, foco no resultado e gestão de pessoas chegaram, desde 2009, ao topo das maiores preocupações dos executivos brasileiros. É o que mostra pesquisa da Keseberg&Partners envolvendo 6 mil deles e divulgada pela revista Exame. Todas elas demandam o desenvolvimento dos gestores em dimensões além da puramente “técnica”, gerencial ou conhecimento do próprio ambiente de negócios, sendo a dimensão humana pré-requisito e amálgama para a ampliação cognitiva. O desenvolvimento humano reflete-se diretamente na qualidade e no próprio modus operandi  dessas três grandes preocupações detectadas pela pesquisa.
         A ampliação da dimensão qualitativa do desenvolvimento humano de gestores aborda aspectos diversos, tais como: autoconhecimento; comportamentos e peculiaridades humanas; valores e princípios; motivação; comunicação interpessoal; feedback; assertividade; ‘papéis ‘ vivenciados; criatividade e imaginação; apresentações e comunicações em público; liderança; equipes e sua evolução; negociar e lidar com conflitos; ética; postura diante de crises e pressões; além das relações humanas e do desempenho nos ambientes organizacional e de negócios, como também pessoal.
         A gestão de pessoas ou administrativo do fator humano nas organizações tem uma história tão antiga quanto a própria história das civilizações. Logo que os seres humanos realizaram seu instinto natural de socialização, formando famílias, tribos, clãs e etnias, surgiram necessidades de disciplinar comportamentos, normalizar interações e estabelecer valores culturais adequados àqueles agrupamentos de pessoas. Neles, as pessoas desejam, fundamentalmente, ter “uma vida boa para si e para os outros, em um ambiente de justiça para todos”, como propunha Aristóteles. Nessa ótica, quanto mais abrangente for o conceito de “outros” e a noção de “todos”, mais complexa e eticamente desenvolvida é aquela organização social.
         Historicamente, organizações como as militares, religiosas e políticas se anteciparam na formalização de seus processos e instrumentos de gestão do fator humano, tendo em vista o exercício do poder ou a preservação de espaços de domínio. No plano das organizações empresariais, o estudo sistemático da administração organizacional e particularmente, do chamado Fator Humano é bastante recente. Somente após a Revolução Industrial e o desenvolvimento da teoria científica da administração (Fayol, Taylor, Ford) começaram a ser investigadas as possíveis relações entre pessoas, produtividade e processos produtivos.
         Na medida em que essas organizações foram mudando suas estruturas formais, adquirindo e utilizando novas tecnologias, oferecendo novos produtos e serviços aos clientes e empenhando novos esforços adaptativos pela sobrevivência, o ser humano envolvido passou por sucessivas reavaliações e redefinições. Já se chamou empregado (que pode ser utilizado para realizar uma tarefa), funcionário (que tem uma função assinalada) mão de obra (que tem uma mão para trabalhar), recurso humano (que, se esgotar, pode ser substituído), servidor (que serve a alguém ou alguma instituição), colaborador (que trabalha junto e alinhado com a organização), parceiro (que está em pé de igualdade com a organização), terceirizado (que trabalha para uma organização, mas é remunerado por outra), cliente interno (que participa da cadeia de produção consciente de seus papéis de receptor de insumos e “entregador” de produtos). O fator humano reúne tudo que está presente nas pessoas e que tem importância para o desempenho das organizações empresariais.
         O momento atual e tendências apontam para o desenvolvimento e integração de capacidades variadas e tudo começa com a “excelência humana”, que permite a integração e sinergia de pessoas, sonhos e coisas, independentemente do número de colaboradores na empresa. O bom líder evita o paternalismo/assistencialismo, buscando sempre formas que englobem adaptabilidade aos desafios que o mercado impõe, assim como estímulo à criatividade e inovação; são formas estratégicas e muito importantes quando se trata de empresas familiares ou de pequeno e médio porte, onde a sucessão geralmente é familiar.
         A liderança é, em essência, a capacidade de tornar real o desenvolvimento e a concretização do potencial humano nas dimensões necessárias ao negócio da organização.”.

(EDMARSON BACELAR MOTA. Professor de gestão de pessoas da Fundação Getúlio Vargas/Faculdade IBS, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 6 de setembro de 2015, caderno ADMITE-SECLASSIFICADOS, coluna MERCADO DE TRABALHO, página 2).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição de 5 de setembro de 2015, caderno OPINIÃO, página 7, de autoria de LÚCIA MARIA ALMENDRA CORREIA LIMA, mestre em ciências sociais, psicóloga e professora da Faculdade Arnaldo, e que merece igualmente integral transcrição:

“Saúde psíquica e trabalho
        Há muitas décadas, pesquisadores franceses, originalmente, tentam compreender com mais efetividade a relação entre a saúde mental e trabalho. Abordar o tema não equivale a desconsiderar a centralidade secular que a atividade do trabalho mantém, nem descaracterizar a possibilidade de essa atividade vir a estar relacionada com a construção de identidade das pessoas, com a realização e o prazer de profissionais, em geral. No entanto, visto de uma outra perspectiva, em que a forma como a organização do processo de trabalho se concretiza e as condições diversas que emolduram esse processo se manifestam no dia a dia do trabalhador, torna-se possível perceber e identificar como e o quanto o trabalho poderá vir a ser, igualmente, fonte geradora de adoecimento e de desprazer para as pessoas.
         De um lado, tem-se o indivíduo com sua singularidade, carregando diferente bagagem biopsicossocial, que influenciará sobremaneira sua habilidade maior ou menor e mais qualificada ou menos qualificada de relacionamento com o trabalho. De outra parte, a organização e contexto mais amplo, macroambiental, onde ela se insere. É evidente que, excetuando-se casos muito típicos ou extremos, não será suficiente para o adoecimento psíquico na relação com seu trabalho que aquele indivíduo carregue uma predisposição orgânica para isso, fazendo, da organização do processo de trabalho, apenas o desencadeador da doença. Assim, cai-se numa visão meramente organicista.
         Fatores psicossociais variados e geradores de estresse, o assédio moral contemporâneo no ambiente de trabalho, a precarização das condições de trabalho, a inversão da função psicológica do trabalho, não possibilitando ao homem mais desenvolver-se do que adaptar-se, o esvaziamento da atividade laboral como recurso de humanização do próprio homem-sujeito, a ausência de escutas no trabalho, as condições efetivas e concretas de existência das pessoas que trabalham, a atuação pouco efetiva ou acomodação das equipes multidisciplinares de saúde ocupacional dentro e fora das organizações, entre outros, poderão desfavorecer a saúde psíquica e levar ao adoecimento e sofrimento no trabalho.
         Subjetividade e realidade estão como que imbricadas, amalgamadas, são construídas num mesmo processo, uma não existindo sem a dependência da outra. Portanto, muito há que ser feito para assegurar saúde psíquica no trabalho, tanto pela procura espontânea/desejada do indivíduo para seu autoconhecimento mais real e consistente, via processo psicoterapêutico, quanto por melhor percepção e mais ações favorecedoras da saúde psíquica no e pelo trabalho, por parte das organizações e sua lideranças. O desajuste no trabalho não decorre apenas da estrutura do indivíduo. O que o homem faz de sua vida e o que a vida faz dele pesam para a saúde ou para o adoecimento quando esse homem se relaciona com sua atividade laboral.
         Até Dejours, expoente nesse tema e que parece privilegiar a estrutura psíquica, adverte, por exemplo: “A multiplicação atual de suicídios no trabalho não resulta apenas de injustiças, da desgraça ou de assédios. Resulta principalmente da experiência atroz do silêncio dos outros, do abandono pelos outros, da recusa de testemunhar dos outros, da covardia dos outros. A injustiça ou o assédio que, em outro momento, teriam sido uma experiência penosa ou dolorosa podem, no contexto de hoje, degenerar brutalmente para uma crise de identidade”. E, extrapolando, por mais contraditório que possa parecer, a patologia é ainda a última expressão da vida concreta do indivíduo, vamos dizer assim. Adoece-se para continuar vivo. A doença poderia ser concebida, desse modo, como uma forma extrema e necessária de defesa para o lidar-se com os conflitos e permanecer vivo.
         Yves Clot, outro expoente na França nessas questões, ao discorrer sobre o nosso poder de agir, lembra o que Vigotsky afirmou: “A vida está, a cada momento, plena de possibilidades não realizadas”. Assim, a saúde psíquica não é algo a priori, mas sim uma conquista que compromete, com seriedade e preventivamente, todas as partes da situação de trabalho. O poder de agir sobre si mesmo e sobre o mundo, envolvendo os outros, é construído. E, quanto mais flexível se apresentar ou for constituída a organização do processo de trabalho, maior será o poder de agir das pessoas, ou seja, maior será a possibilidade de real autonomia.”.

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade –, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas (enfim, 125 anos depois, a República proclama o que esperamos seja verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria; a pátria da educação, da ética, da justiça, da civilidade, da democracia, da participação, da sustentabilidade...);

     b)    o combate implacável, sem eufemismos e sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa de juros do cartão de crédito atingiu em agosto a estratosférica marca de 395,3% ao ano... e mais, em julho, o IPCA acumulado nos últimos doze meses chegou a 9,56%...); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa promiscuidade  –  “dinheiro público versus interesses privados” –, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de vária ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor, de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional;  eis, portanto, que todos os valores que vão sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 515 anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios, malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos, quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, a falhas de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à corrupção e à falta de planejamento...”;

     c)     a dívida pública brasileira - (interna e externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com projeção para 2015, apenas segundo a proposta do Orçamento Geral da União, de exorbitante e insuportável desembolso de cerca de R$ 1,356 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 868 bilhões), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega:
- pagar, sim, até o último centavo;
- rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
- realizar uma IMEDIATA, abrangente, qualificada, independente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do governo: o aumento sem limite da dívida pública...”);

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo e nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática e desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a   Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do Pré-Sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo da justiça, da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!

“VI, OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”  
  
     


              

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

A CIDADANIA, A GESTÃO DA EDUCAÇÃO E A PUBERDADE DA CONSTITUIÇÃO

“Gestor da educação
        
         A educação está atenta aos novos tempos. Internet, velocidade da informação vinda de todos os lados. Mas para isso, é necessária a presença de um gestor, alguém que tenha o discernimento para dizer quais saberes tornam o diferencial de vida. Esse gestor que tem vários nomes: professor, educador, mestre ou mesmo facilitador da aprendizagem. Nos tempos atuais em que as relações passam a ter também virtuais, podemos nos apossar de vários saberes, independentemente de onde eles estão. Nesse cenário se encontra o professor, que décadas atrás era reverenciado e hoje é interpretado. Estamos na era da renovação na educação. Hoje, o momento do reconhecimento de um professor é quando o aluno se supera. Esse discípulo passa a pensar por si só, questiona e aprende a ver e interpretar a nova realidade. Ele é capaz de construir opiniões próprias. Entretanto, para que isso ocorra, esse educador tem que gostar e acreditar naquilo que ensina. A máxima maior e que vale na educação e em toda a gestão é amar aquilo que se faz, e fazer da melhor forma possível na primeira vez.
         O professor é o exemplo e, com isso, ele aprende e também molda os seus alunos na convivência diária. A relação professor/aluno é construída a todo momento, seja ela no campo presencial ou virtual. E assim temos um enorme celeiro de aprendizagem, negociação e gestão. Negociar na educação é apresentar ao aluno as várias possibilidades de aprendizado e que não ocorre apenas dentro da escola, mas a todo momento. E, para termos algo, isso tem que ser negociado de forma que ambos os lados sempre ganhem para perpetuar a relação do ganha-ganha. Assim sendo, o papel do professor se torna ainda mais eloquente a partir do momento que ele se torna facilitador, ensinando que, numa negociação, temos que ter algo maior, que é a chamada educação total, a educação que passa por pais, pela escola, pelo professor e por toda uma civilização escolar. A ação de dar e receber se torna ainda maior no ensino-aprendizagem, pois aqui o diálogo é diário e ininterrupto e acima de tudo de forma inteligente, utilizando-se de todas as novas tecnologias, e ainda utilizando o discurso em que o escutar, o olhar e o desejo se fazem presentes. E assim um saber se sobrepõe ao outro e sucessivamente, para que essa construção se consolide na educação do amor, em que tudo pode, desde que se tenham limites.
         A gestão em sala de aula vem para agregar todos os valores até então descritos aqui e muitos outros que vão além dos muros. Hoje, 15 de outubro, data em que se comemora o Dia do Professor, é hora de todos nós professores passarmos a pensar na ideia da gestão como sendo parte do seu fazer pedagógico. O professor precisa acreditar que ele é também um gestor. É aquele profissional que trabalha mediando os processos, tornando-os mais significativos para seus alunos, dando espaço para os diálogos, para a reflexão. Já a escola precisa estar mais atenta às questões que estão além dessa nova realidade, preparando para um trabalho coletivo de toda uma equipe escolar na qual todos estejam unidos para um ensino de qualidade. Sendo assim, parabéns a todos os educadores que fazem a diferença em cada ser humano neste nosso país.”

(PATRÍCIA ALVARENGA. Professora, coordenadora do curso de gestão em RH da Unatec, em artigo publicado no jornal ESTADO DE MINAS, edição de 15 de outubro de 2013, caderno OPINIÃO, página 9).

Mais uma importante e oportuna contribuição para o nosso trabalho de Mobilização para a Cidadania e Qualidade vem de artigo publicado no mesmo veículo, edição, caderno e página, de autoria de JOÃO GUILHERME PORTO, que é advogado, mestre em direito, professor na Faculdade Arnaldo, e que merece igualmente integral transcrição:

“Puberdade da Constituição
        
         O momento é propício para falar em Constituição, em Assembleia Constituinte e em mudanças de paradigmas. O mundo acompanha atento a fase de tensão que aflorou em diversas nações após a denominada Primavera Árabe. Aqui mesmo no Brasil, durante as manifestações de meados do ano, instaurou-se um verdadeiro bafafá sobre a necessidade de se convocar uma nova Assembleia Constituinte, fato que tem promovido um imenso debate. Ora, quando falamos em 25 anos da promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil, surge na sociedade a ideia de estarmos diante de algo antigo e ultrapassado para as necessidades atuais, o que, a meu ver, não corresponde à realidade do ponto de vista técnico-científico. Na verdade, estamos diante de algo contemporâneo e moderno, de uma Constituição que ainda não atingiu sua idade adulta, quando a analisamos, frente por exemplo, à Constituição norte-americana, vigente desde 1787.
         A Constituição de 1988 é, sim, uma carta contemporânea, apesar de um pouco extensa, há certo exagero na presença de normas formalmente constitucionais, ou seja, aquelas que são consideradas constitucionais somente por estarem presentes no texto da Carta Magna, mas sem dúvida alguma, há um escopo denso e eficaz de normas materialmente constitucionais, aquelas que efetivamente dizem respeito a direitos fundamentais, à organização do Estado e ao exercício do poder.
         Em vez de algo que atingiu a idade adulta, a nossa lei maior é algo em fase de amadurecimento, os direitos e garantias individuais presentes em seu texto são normas com as quais estamos aprendendo a conviver e a aplicar. Às vezes somos críticos demais com nós mesmos, mas, se fizermos uma pequena regressão histórica, veremos o quão importante são os direitos, os processos e procedimentos ali estabelecidos.
         Os mais críticos podem dizer que esses direitos e procedimentos não se aplicam a toda a sociedade, são meramente palavras escritas em uma folha de papel ou mero repertório de normas para favorecimento de uma minoria. Porém, acredito que estamos em evolução, e que sua aplicabilidade prática se tornará cada vez mais efetiva, ano após ano. Para sairmos do mundo da abstração, vejamos o exemplo do nosso sistema eleitoral. Pois bem, sabemos que ele precisa de aperfeiçoamento, mas nesses 25 anos de vigência da Constituição brasileira passamos a ter direito ao voto, escolhemos nossos representantes, mesmo que de forma equivocada. Aprender a votar também é um processo em evolução, mas enfim votamos. Quando não concordamos com os caminhos escolhidos pelo presidente da República eleito legalmente pelo povo, pudemos optar pelo seu impeachment, escolhemos novamente, optamos por um partido, optamos novamente pelo mesmo, mudamos de opção, reafirmamos a mudança, e quem sabe, se quisermos, poderemos mudar novamente no ano que vem.
         Mas, mesmo assim, aqueles, os mais céticos, poderão alegar que o povo é conduzido, o povo não sabe votar. Pode até ser verdade, mas se não sabe, precisa aprender, pois para aprender é necessário experimentar, e isso a nossa Constituição garante. Assim como, quanto à condução da nossa sociedade em um pensamento de massa, poderíamos afirmar que a mídia conduz, mas hoje ela é livre e a nossa Constituição garante a livre manifestação, sendo prova disso a livre manifestação nas redes sociais e a existência de mídias alternativas, ou seja, estamos em evolução.
         Poderíamos discorrer horas e horas sobre diversos temas trazidos na Carta Magna, e que avançam em sua puberdade histórica, mas destaco mais um de precípua importância: a garantia ao devido processo legal. Os mais eufóricos e generalistas vão provavelmente falar que o processo é moroso, que a Justiça é para poucos e não funciona. Porém, imagine ter um filho morto só porque luta contra o regime atual, imagine não poder manifestar, ler, assistir ao que quiser sem ser censurado, ser preso, exilado sem ser processado. Pois é, são atrocidades, que a Constituição garante que não devam existir mais. Os rebatedores falarão que, hoje, as pessoas estão sendo mortas nas ruas do Brasil. Sim, estão. A violência é exacerbada, mas é fruto de um passado de desigualdades, instabilidades políticas, de corrupção e má índole das pessoas, e isso não é a Constituição que muda, aliás, pode até vir a ser, quando o direito à educação previsto em seu artigo 205, quando o direito à cultura, à saúde e tantos outros que ali estão alcançarem a sua maturidade.
         Enfim, por mais que pareça utópico, o problema não está na elaboração de uma nova Constituição, na convocação de uma nova Constituinte. Podemos acreditar na eficácia da nossa lei maior e que sua aplicabilidade ou não é fruto de um processo de evolução. Por melhor que seja a norma, ela só será plena diante da conduta de quem a aplica e da percepção da sociedade que a ela se submete.”

Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, adequadas e oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança de nossa história – que é de ética, de moral, de princípios, de valores –, para a imperiosa e urgente necessidade de profundas mudanças em nossas estruturas educacionais, governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas, financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no concerto das potências mundiais livres, civilizadas, soberanas, democráticas e sustentavelmente desenvolvidas...

Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras cruciais como:

     a)     a educação – universal e de qualidade, desde a educação infantil (0 a 3 anos de idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira série do ensino fundamental, independentemente do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação (especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas públicas;

     b)    o combate, implacável e sem trégua, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são: I – a inflação, a exigir permanente, competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares civilizados, isto é, próximos de zero; II – a corrupção, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando incalculáveis prejuízos e comprometimentos de variada ordem; III – o desperdício, em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e danos, inexoravelmente irreparáveis;

     c)     a dívida pública brasileira, com projeção para 2013, segundo o Orçamento Geral da União, de exorbitante e intolerável desembolso de cerca de R$ 1 trilhão, a título de juros, encargos, amortização e refinanciamentos (apenas com esta rubrica, previsão de R$ 610 bilhões), a exigir igualmente uma imediata, abrangente, qualificada e eficaz auditoria...

Isto posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos a falta de recursos diante de tão descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais contundente ainda, afeta a credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias, hidrovias, portos, aeroportos); a educação; a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana (trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às commodities; assistência social; previdência social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas; polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência, tecnologia e inovação; sistema financeiro nacional; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações; qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –, transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade, criatividade, produtividade, competitividade); entre outros...

São gigantescos desafios, e bem o sabemos, mas que, de maneira alguma, abatem o nosso ânimo nem arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta grande cruzada nacional pela cidadania e qualidade, visando à construção de uma Nação verdadeiramente justa, ética, educada, civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, desenvolvida e solidária, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos os brasileiros, especialmente no horizonte de investimentos bilionários previstos e que contemplam eventos como a Copa do Mundo de 2014; a Olimpíada de 2016; as obras do PAC e os projetos do pré-sal, à luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas tecnologias, da sustentabilidade e  de um possível e novo mundo da justiça,  da liberdade, da paz, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...

Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a nossa esperança... e perseverança!...

O BRASIL TEM JEITO!...