“Manifesto
de esperança
Em tempos de pandemia da
Covid-19, temos consumido muitas informações, sobretudo as vinculadas na
internet. De que modo reagimos às intempéries? Como bom mineiro, me faço a
seguinte pergunta: como nosso espírito mineiro enfrenta tudo isso?
Trazemos
conosco a mesma realidade do rio, que contorna os percalços e acidentes
geográficos. Na linguagem atual, o mineiro é resiliente. A resiliência é a
capacidade de se recuperar de situações difíceis e aprender com elas. É o poder
de recuperação diante dos desafios.
Minas é
marcada pelas montanhas e acidentes geográficos. As Gerais, ao contrário, têm
uma vegetação rala, mais seca, mais planícies. Ambas trazem, a seu modo, as
dificuldades em seu bojo. Político mineiro e mais longevo ministro da educação
do Brasil, Gustavo Capanema retrata um pouco além: “no do Sul, a calma, a
paciência, a serenidade; no da Zona da Mata, a bravura, a dureza, a teimosia, a
energia, a pugnacidade; no das montanhas e da mineração, o idealismo, o sonho,
a filosofia, o quixotismo.”.
O
mineiro não enfrenta, não bate de frente, encarapaça-se, engaiola-se para não
se magoar, nem se ferir, nem ferir o outro. Sente antecipadamente a dor do seu
próximo. É a forma que encontra de cuidar carinhosamente do seu semelhante. O
quanto isso é valioso agora! Para isso, é preciso força. Aquela que vem de
dentro da gente e que, se a gente acredita, brota como uma semente lançada.
O olhar
que se volta para os desafios de hoje é o mesmo que se dirige para o horizonte
e nos traz a esperança de que seguiremos nessa odisseia humana para tempos mais
fraternos, mais geradores de vida. Por isso é preciso ter clareza de que
precisamos seguir uma rotina adaptada ao momento, fazer coisas que nos dão
prazer, não nos isolar do contato afetivo, pelos meios possíveis, e ter
consciência de que este momento vai passar.
Mineiro
reclama, esbraveja. Faz isso como um desabafo, mas logo está disposto a
recomeçar. Ele é um louco-teimoso! Mas, ao mesmo tempo, tem a paciência de
esperar e prosseguir renovando suas energias. É assim que a cor da esperança do
mineiro tem a marca de sua persistência e ânimo. Esperamos um amanhã, breve e
cheio de reencontros.
O
escritor mineiro Rubem Alves, ao se perguntar onde está sua esperança, escreve:
“Minha esperança está numa multidão de indivíduos, independentemente do seu
lugar social ou econômico, que vivem possuídos pelo sonho da vida, da beleza e
da bondade”. Por isso, esperança, Minas Gerais! Siga sua missão, levadas por
bons mineiros e mineiras de alma e corações leves, porque os dias logo voltarão
ao normal.”.
(Geraldo
Trindade. Bacharel em filosofia e teologia e padre na Arquidiocese de
Mariana, em artigo publicado no jornal O
TEMPO Belo Horizonte, edição de 1 de junho de 2020, caderno OPINIÃO, página 9).
Mais uma importante e oportuna contribuição para o
nosso trabalho de Mobilização para a
Excelência Educacional vem de artigo publicado no mesmo veículo e edição,
página A.PARTE, página 2, de autoria
de VITTORIO MEDIOLI, e que merece
igualmente integral transcrição:
“Em
breve
A passagem da pandemia
deixará o mundo diferente. As previsões são de um ambiente socioeconômico
revolto, segundo a McKinsey & Company, uma das maiores consultorias de
gestão, que atende as mais importantes corporações e fundações do planeta.
Distribuiu aos seus clientes no mês de maio um estudo global de tendências
comportamentais e mercadológicas decorrentes da pandemia e no qual analisa o
quadro que desponta no horizonte pós-Covid-19.
Nas
considerações iniciais encontram-se a China e o continente asiático, passando
pela Europa, pelo Norte e pelo Sul da América, seguindo o percurso do coronavírus
e traçando os momentos vivenciados em cada país.
O estudo
lista as perdas dos setores econômicos mais atingidos. Em primeiro lugar a
indústria aeronáutica, seguida por petróleo e gás, instituições bancárias,
seguradoras, automotivo, moda, agricultura, financeiro, eletroeletrônicos,
alimentação. Só a tecnologia digital não perdeu espaço, e apenas o farmacêutico
cresceu – 20%.
A queda
do PIB prevista para 2020 encontra o Brasil como o país mais penalizado do
planeta, com queda de 8,6%, e o menos impactado, a China, com queda de 4,4%. A
média mundial é prevista em 6,5% em relação a 2019. Nessa triste realidade pesa
a qualidade dos políticos nacionais. Se em outros países se uniram contra o
inimigo (Covid-19), aqui a instabilidade levou a maioria a se aproveitar para
incendiar o ambiente. Sempre usando da estratégia surrada do “quanto pior,
melhor”, dos pedidos de impeachment. Políticos sem responsabilidade social,
refratários às consequências, com visão que não vai além do próprio umbigo,
blindados em salários e prerrogativas escandalosas, despreparados moral e
socialmente.
Se a
China voltará aos níveis de produção de 2019 já em 2021, a previsão da McKinsey
para o Brasil é de retornar ao “antes” apenas em 2023. Os três meses de
isolamento custarão três anos para recuperar a perda de empregos e receitas
públicas. Mais uma vez o despertar do gigante, deitado em berço esplêndido,
sofrerá atraso imperdoável.
Os
Estados Unidos e a Europa também se recuperarão plenamente apenas em 2023.
A China
já está batizada a conquistar mais penetração nos mercados globais com suas
gigantescas corporações, as mais capitalizadas, e, ainda, apoiadas por um
governo centralizado, determinado e sem oposição interna. Superará em ordem de
grandeza os rivais e assumirá o vértice mundial.
O Brasil
desponta como uma das fronteiras de expansão dos interesses da China, com
destaque para matérias-primas estratégicas e produtos agrícolas que abastecem
suas distantes indústrias de transformação e alimentam 1,4 bilhão de
habitantes.
O Brasil,
que prefere exportar seus recursos em vez de transformá-los, que abdicou de seu
potencial estratégico, será teatro de uma nova colonização asiática.
A
previsão de retorno à plena normalidade sanitária é prevista para o fim de
2021, quando uma vacina deverá desmontar as medidas excepcionais. Até lá não se
registrarão novas explosões de contágio, mas retornos de ocorrências que
encontrarão barreiras numa população mais prevenida, protegida e retraída.
Viajará
menos, consumirá em casa, cuidará mais de sua estética, ficará mais tempo no
mundo virtual, consumirá mais alimentos frescos, privilegiará a proteção de sua
saúde, escolherá produtos mais econômicos, confortáveis, ambientalmente
corretos.
Assistiremos
a uma escalada de atitudes para ter ar e águas mais limpas, de cuidados com a
reciclagem, com produtos sustentáveis que colaboram com a despoluição do
planeta e do clima.
As
fontes energéticas renováveis deixarão o carvão e o petróleo como última e rara
opção em 2030.
O consumo será mais consciente, as compras
pela internet crescerão em ritmo vertiginoso, e as pessoas exigirão informações
claras do que vão consumir. A fidelidade às “marcas” sofrerá uma reviravolta, a
afetividade com as antigas poderá ser substituída por uma ligação mais forte
com outras marcas alinhadas com o “novo” tempo. Nisso uma oportunidade enorme
para quem souber entender a nova onda.
A
incerteza econômica levará à procura por lojas e marcas com preços menores, que
ofereçam uma relação custo-benefício mais conveniente. Entretanto, a “origem
correta” e consoante a sustentabilidade ambiental pesará nas escolhas como
nunca, em detrimento do preço.
A
permanência em casa com a família crescerá, pois nelas se terá um local mais
seguro, sem risco de contágio. Disso as melhorias habitacionais e adaptações
das residências para atividades profissionais e de convivência prolongada com
seletas companhias.
As
metrópoles, em geral poluídas e barulhentas, perderão seu apelo. Haverá
migração para locais “naturais”, que ofereçam saúde e qualidade de vida, e
acessibilidade.
O estudo
detecta que as empresas “resilientes” terão oportunidade de se expandir em
detrimento das mais conservadoras e acomodadas.
A
consultoria McKinsey sugere a urgência em qualquer empreendimento de
reequilibrar custos, fechar setores não estratégicos, enxugar despesas,
repensar as rotinas, rever a linha de produtos, simplificar, reinventar à luz
da nova realidade.
Dois
terços dos entrevistados acham “mais importante do que antes limitar impactos
de mudanças climáticas”.
A
experiência pandêmica deixará, em breve, as empresas realmente resilientes, mas
contundentes em revelar seus propósitos, em gerar ação, tomar partido e
reforçar a conexão afetiva com os consumidores, as vencedoras do novo tempo.”.
Eis, portanto, mais páginas contendo importantes, incisivas e
oportunas abordagens e reflexões que acenam, em meio à maior crise de liderança
de nossa história – que é de ética, de
moral, de princípios, de valores –, para
a imperiosa e urgente necessidade de profundas
mudanças em nossas estruturas educacionais,
governamentais, jurídicas, políticas, sociais, culturais, econômicas,
financeiras e ambientais, de modo a promovermos a inserção do País no
concerto das potências mundiais livres, justas, educadas, qualificadas,
civilizadas, soberanas, democráticas, republicanas, solidárias e
sustentavelmente desenvolvidas...
Assim, urge ainda a efetiva problematização de questões deveras
cruciais como:
a) a excelência educacional – pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional –, desde
a educação infantil (0 a 3 anos de
idade, em creches; 4 e 5 anos de idade, em pré-escolas) – e mais o imperativo
da modernidade de matricularmos nossas crianças de 6 anos de idade na primeira
série do ensino fundamental, independentemente
do mês de seu nascimento –, até a pós-graduação
(especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado), como prioridade absoluta de nossas políticas
públicas, gerando o pleno
desenvolvimento da pessoa, da cidadania e da qualificação profissional
(enfim, 130 anos depois, a República proclama o que esperamos seja
verdadeiramente o início de uma revolução educacional, mobilizando de maneira
incondicional todas as forças vivas do país, para a realização da nova pátria;
a pátria da educação, da ética, da justiça, da liberdade, da civilidade, da
democracia, da participação, da solidariedade, da sustentabilidade...);
b) o combate implacável, sem eufemismos e
sem tréguas, aos três dos nossos maiores e mais devastadores inimigos que são:
I – a inflação, a exigir permanente,
competente e diuturna vigilância, de forma a manter-se em patamares
civilizados, ou seja, próximos de zero (segundo dados do Banco Central, a taxa
de juros do cartão de crédito atingiu em março a estratosférica marca de 326,4%
nos últimos doze meses, e a taxa de
juros do cheque especial chegou ainda em históricos 130,0%; e já o IPCA, em
abril, também no acumulado dos últimos doze meses, chegou a 2,40%); II – a corrupção, há séculos, na mais perversa
promiscuidade – “dinheiro público versus interesses privados”
–, como um câncer a se espalhar por todas as esferas da vida nacional, gerando
incalculáveis e irreversíveis prejuízos, perdas e comprometimentos de vária
ordem (a propósito, a lúcida observação do procurador chefe da força-tarefa da
Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol: “A Lava Jato ela trata hoje de um tumor,
de um caso específico de corrupção, mas o problema é que o sistema é
cancerígeno...” – e que vem mostrando também o seu caráter transnacional; eis, portanto, que todos os valores que vão
sendo apresentados aos borbotões, são apenas simbólicos, pois em nossos 518
anos já se formou um verdadeiro oceano de suborno, propina, fraudes, desvios,
malversação, saque, rapina e dilapidação do nosso patrimônio... Então, a corrupção
mata, e, assim, é crime...); III – o desperdício,
em todas as suas modalidades, também a ocasionar inestimáveis perdas e
danos, indubitavelmente irreparáveis (por exemplo, segundo Lucas Massari, no
artigo ‘O Desperdício na Logística Brasileira’, a “... Desconfiança
das empresas e das famílias é grande. Todos os anos, cerca de R$ 1 trilhão, é
desperdiçado no Brasil. Quase nada está imune à perda. Uma lista sem fim de
problemas tem levado esses recursos e muito mais. De cada R$ 100 produzidos,
quase R$ 25 somem em meio à ineficiência do Estado e do setor privado, à falhas
de logística e de infraestrutura, ao excesso de burocracia, ao descaso, à
corrupção e à falta de planejamento...”;
c) a dívida pública brasileira - (interna e
externa; federal, estadual, distrital e municipal) –, com previsão para
2020, apenas segundo o Orçamento Geral da União – Anexo II – Despesa dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social – Órgão Orçamentário, de exorbitante e
insuportável desembolso de cerca de R$
1,651 trilhão (44,79%), a título de juros, encargos, amortização e
refinanciamentos (ao menos com esta rubrica, previsão de R$ 1,004 trilhão), a exigir alguns fundamentos da sabedoria grega,
do direito e da justiça:
- pagar,
sim, até o último centavo;
-
rigorosamente, não pagar com o pão do povo;
-
realizar uma IMEDIATA, abrangente,
qualificada, independente, competente e eficaz auditoria... (ver também www.auditoriacidada.org.br)
(e ainda
a propósito, no artigo Melancolia, Vinicius
Torres Freire, diz: “... Não será possível conter a presente degradação
econômica sem pelo menos, mínimo do mínimo, controle da ruína das contas do
governo: o aumento sem limite da dívida pública...”).
Isto
posto, torna-se absolutamente inútil lamentarmos
a falta de recursos diante de tão
descomunal sangria que dilapida o nosso já combalido dinheiro público, mina a
nossa capacidade de investimento e de poupança e, mais grave ainda, afeta a
credibilidade de nossas instituições, negligenciando a justiça, a verdade, a honestidade e o amor à pátria, ao lado de abissais desigualdades sociais e
regionais e de extremas e sempre crescentes necessidades de ampliação e modernização de setores
como: a gestão pública; a infraestrutura (rodovias, ferrovias,
hidrovias, portos, aeroportos); a educação;
a saúde; o saneamento ambiental (água tratada, esgoto tratado, resíduos
sólidos tratados, macrodrenagem urbana, logística reversa); meio ambiente; habitação; mobilidade urbana
(trânsito, transporte, acessibilidade); minas e energia; emprego, trabalho e renda; agregação de valor às
commodities; sistema financeiro nacional; assistência social; previdência
social; segurança alimentar e nutricional; segurança pública; forças armadas;
polícia federal; defesa civil; logística; pesquisa e desenvolvimento; ciência,
tecnologia e inovação; cultura, esporte e lazer; turismo; comunicações;
qualidade (planejamento – estratégico, tático e operacional –,
transparência, eficiência, eficácia, efetividade, economicidade – “fazer mais e
melhor, com menos” –, criatividade, produtividade, competitividade); entre
outros...
São, e bem o sabemos, gigantescos desafios mas que, de maneira
alguma, abatem o nosso ânimo e nem
arrefecem o nosso entusiasmo e otimismo nesta
grande cruzada nacional pela excelência
educacional, visando à construção de uma Nação verdadeiramente participativa, justa, ética, educada,
civilizada, qualificada, livre, soberana, democrática, solidária e
desenvolvida, que possa partilhar suas extraordinárias e generosas
riquezas, oportunidades e potencialidades com todas as brasileiras e com todos
os brasileiros. Ainda mais especialmente no horizonte de investimentos
bilionários previstos em inadiáveis e fundamentais empreendimentos de
infraestrutura, além de projetos do Pré-Sal e de novas fontes energéticas, à
luz das exigências do século 21, da era da globalização, da internacionalização
das organizações, da informação, do conhecimento, da inovação, das novas
tecnologias, da sustentabilidade e de um possível e novo mundo do direito, da justiça, da verdade, do diálogo, da liberdade, da paz, da solidariedade, da igualdade – e com equidade –, e da fraternidade universal...
Este é o nosso sonho, o nosso amor, a nossa luta, a nossa fé, a
nossa esperança... e perseverança!
“VI,
OUVI E VIVI: O BRASIL TEM JEITO!”
58 anos
de testemunho de um servidor público (1961 – 2019)
-
Estamos nos descobrindo através da Excelência Educacional ...
-
ANTICORRUPÇÃO: Prevenir e vencer, usando nossas defesas democráticas ...
- Por
uma Nova Política Brasileira ...
- Pela
excelência na Gestão Pública ...
- Pelo
fortalecimento da cultura da sustentabilidade, em suas três dimensões nucleares
do desenvolvimento integral: econômico; social, com promoção humana, e,
ambiental, com proteção e preservação dos nossos recursos naturais ...
- A
alegria da vocação ...
Afinal, o Brasil é uma águia pequena que já ganhou
asas e, para voar, precisa tão somente de visão olímpica e de coragem! ...
E
P Í L O G O
CLAMOR
E SÚPLICA DO POVO BRASILEIRO
“Oh! Deus, Criador, Legislador e Libertador, fonte de
infinita misericórdia!
Senhor, que não fique, e não está ficando, pedra sobre
pedra
Dos impérios edificados com os ganhos espúrios,
ilegais, injustos e
Frutos da corrupção, do saque, da rapina e da
dilapidação do
Nosso patrimônio público.
Patrimônio esse construído com o
Sangue, suor e lágrima,
Trabalho, honra e dignidade do povo brasileiro!
Senhor, que seja assim! Eternamente!”.